006┊Coffee Shop

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URREA, Noah
Orange County ─── Califórnia
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Eu só conseguia pensar em Joalin, Josh e as cartas. O que será que eles estão conversando?

- Por que ela o chamou de novo? - me virei para a cacheada.

- Não deve ser algo sério. - respondeu. - O que está te atormentando? Ele já deve ter chegado, e bem.

- Sei disso. - respondo olhando para o mar e em seguida para Any.

- Então me responde; o que está lhe incomodando? - questiona com um tom de voz firme, mas seu rosto entregava a preocupação. - Noah, o que está havendo?

- Eu só consigo pensar que a Lin deve estar reclamando com o Josh ou pensando e planejando em mil maneiras de dizer o que não quero ouvir. - digo rápido fazendo-a piscar várias vezes seguidamente.

- Você não quer ouvir o contrário do que sente por ela, certo? - assenti e ela respira fundo. - Sei que machuca não ser correspondido, porém não irá resolver nada pensar em mil coisas que te deixam apreensivo dessa forma. Pensa positivo, igual ao Noah Urrea que eu conheço! - muda a postura rapidamente e coloca a mão em meu ombro. - Ou, pelo menos, pensa em outra coisa...

Any pega minha mão direita e a segura, enquanto eu bato com os dedos da outra na lateral de minha calça.

- Uma vez na vida eu gostaria de não ser a pessoa com o coração quebrado.

A mesma arqueia uma das sobrancelhas e logo coloca um sorriso fraco em seu rosto, característico dela.

- Eu sei que ela faria de tudo para te ver feliz e não lhe magoar.

Trocamos sorrisos e ambos suspiramos profundamente. A cacheada pega seu celular e vejo-a entrar em sua conversa com Josh.

"Está tudo bem com vocês?"
"Sim, amor, está sim. E Noah?"

Olho para Any e depois faço um "sim" com a cabeça.

"Ele está bem."

Os dois se despedem e ela se levanta do banco. Fiz uma cara estranha, até perceber que a garota apontava para a cafeteria que nós sempre passamos. Caminhamos até lá em silêncio, mas sempre trocávamos sorrisos pequenos de modo involuntário.

Quando chegamos, pedimos o de sempre, que eram basicamente algo de morango para Any e cappuccino para mim. Nos sentamos em uma mesa perto da janela, e ela mexe em seus dedos por diversas vezes. O clima instaurado chegava em níveis constrangedores.

- Olha como estamos encarando essa situação. - ela quebra o silêncio e me viro em sua direção. - Olha, nossa melhor amiga vai morar do outro lado do mundo, deveríamos fazer algo em relação à isso, não?

- O quê? Raptá-la? - pergunto e ela ri, colocando a mão na própria testa.

- Sei que está nervoso por conta das cartas, mas o que vai fazer depois da viagem?

- Isso depende da resposta dela. - respondo. - Tem uma última coisa que eu irei fazer.

- O quê? - Any pergunta curiosa e com um sorriso no rosto.

- Tem uma carta que eu não entreguei. É parecido com uma carta definitiva. Eu escrevi como me sentiria caso ouvisse 'aquilo que não quero ouvir'. E ela nunca vai ser entregue, eu irei rasgá-la antes. - respondo sabendo que meu rosto devia estar vermelho.

- Você fez isso por quê? Não estou querendo ser evasiva, nem gostaria de te deixar desconfortável. Mas... - ela coloca um cacho atrás da orelha e se encolhe na cadeira.

- Entendi a intenção, não tem problema. - respiro fundo. - Eu não quero que a Joalin se sinta de alguma forma presa a mim. Simplesmente não quero que ela ache que precise fazer algo mesmo que não corresponda meus sentimentos. Ela vai conhecer pessoas novas, garotos novos, ambientes novos; e eu vou continuar aqui. E não vou segurá-la. Ela é livre para fazer o que quiser, e eu respeito pois sei de tudo que ela passou para conquistar isso, Any. Não gostaria de ter o peso na consciência de que a forcei à alguma coisa. - paro um instante para pensar. - Acho que a amo demais para fazer isso.

- É admirável da sua parte. - diz assim que termino. - Eu também quero que vocês dois sejam felizes, extremamente. O que mais quero agora, na verdade, é fazer algo para Joalin. - ela faz uma cara alegre e coloca o dinheiro da conta na mesa. - Vai para a sua casa. Eu vou para a minha. Nos encontramos em exatamente trinta e cinco minutos aqui em frente.

- O que, exatamente, precisamos fazer? - questiono ainda confuso.

- Colocar outras roupas para vê-los daqui à algumas horas. - diz simples. - Você vai entender logo, apenas vamos.

Any pega a minha mão rápido e me puxa para fora do restaurante.

- Por...

- Só faça, Noah, eu sei o que estou planejando. - ela me dá um abraço e vai correndo a caminho de sua casa.

Eu gostaria de entendê-la algum dia. Mesmo.

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