Ele não respondeu minhas cartas, fui na casa dele duas vezes uma antes do natal e outra depois, das duas vezes a mãe dele me disse que ele não estava, disse que ele estava em Hogwarts. Eu sabia que eram possivel que ela estivesse mentindo, ela não gostava de mim _ pelo que eu entendia ela não gostava de quase ninguém, nem imagino como ela foi gostar do monstro que era o pai de Severo. _ também podia ser que eu tivesse me enganado e confundido ele com outra pessoa, mas eu não acreditava nisso, lembro perfeitamente dele entrando no trem com a Blackwood. Não sei porque ele não responderia minhas cartas.
Inesperadamente, Potter me escreveu esse ano, me desejando feliz natal junto a uma caixinha embrulhada. Conversamos um pouco. Ele estava sendo bem menos idiota que de costume desde aquela briga com os idiotas da sonserina, que Sophia disse ter sido por minha causa. Eu não achava que ele deveria ter brigado e rolado pelo chão com aqueles meninos insuportáveis, mas parte de mim esta grata que ele tenha sentido a necessidade de faze-lo.
Aceitei seu presente por não ter a aparência de algo caro, era uma pulseira fina e prateada com um pequeno Lírio.
Sorri balançando a cabeça assim que vi a flor. Parecia óbvio que ele me daria algo com lírios, ja que ele só me chamava disso. Eu gostei muito, porque nunca encontrei algo com um lírio. Eu escrevi agradecendo e a guardei.
Usei ela pela primeira vez no Ano Novo e depois no dia de volta as aulas.
Acordei cedo, tomei um banho e fui me arrumar, coloquei uma roupa que eu gostava, não velha, mas tambem não tão nova. Algo que apenas caia bem em mim.
Nas voltas as aulas não precisavamos colocar o uniforme antes de sair do trem, ja que chegariamos no fim da tarde e iriamos para o banquete de retorno a escola logo em seguida. Os alunos que queriam trocar de roupa ou "retocar o visual" por vezes faziam isso no trem, mais ninguem se arrumava mesmo, mesmo. A maioria só vestia roupas boas, do tipo que você usa para passear na praça da esquina com os amigos ou em uma reunião pequena de familia, nada de especial. Mas claro que haviam exceções, era o caso de grande parte da sonserina, com suas roupas visualmente caras e cheirando a novas, algumas com toda a certeza feitas sob medida. Um exagero, na minha opinião.
Eu tambem dificilmente usava maquiagem, tinha uma pele sensível e sempre que eu passava não demorava a surgirem espinhas no meu rosto, eu ainda estava com duas por ter me maquiado no natal. Nada grande ou alarmante.
Deixei o cabelo solto, ele estava em um dia bom e faziam ondas.
Desci com a minha mala e encontrei
Petunia na mesa de jantar tomando seu café com papai. Ela fechou a cara assim que olhou de mim para a mala, pediu licença e levou seu prato ainda com seu café inacabado para a cozinha, pude ela dizendo a mamãe que ja tinha acabado, e então ouvi a porta da sala abrindo e fechando. Petunia tinha saído, ela saia muito quando eu estava em casa, tinha uma amiga com quem era grudada e morava com o pai em Yorshire, só vinha para Londres nas férias para ficar com a mãe, minha mãe falou sem dar muita atenção.
A verdade é que minha relação com Petunia não era a mesma a muito tempo, ela não dizia, mas estava na cara dela que para era eu era algum tipo de aberração. Uma vez ela e mamãe tiveram um discussão séria na cozinha no meio da noite, eu tinha descido para beber água e escutei metade da conversa, foi horrivel. Eu lembro de ter chorado muito. Minha irmã ficou de castigo até que eu fosse para a escola. Depois disso ela passara a me ignorar, e fazia isso com êxito. Se meus pais percebiam não falavam nada.
Meus pais me levaram para a estação, meu pai gostava de atravessar a parede, ele dizia que era fantástico.
Não vi Severo em lugar nenhum, ainda não tinha muita gente, então ele não devia ter chegado. Me despedi de meus pais e fiquei ali esperando alguem que eu conhecesse chegar, me juntei a Dorcas e Marlene assim que chegaram, quase juntas.
Tive tempo para pensar e colocar as idéias no lugar quando estava em casa. Eu ainda não sabia o que sentia pelo Severo, e reconheci que não era junto com ele o que eu estava fazendo " dando encima" dele quando eu nem sequer tinha idéia do que queria, ou se queria ter algo com ele. Não controlo o ciúmes que tenho dele, tambem não sei se isso tambem tem haver com eu ter ficado com inveja da Amélia por ela ser aceita entre os amigos dele sem ser sangue-puro ou uma grande idiota, por ela se encaixar com facilidade sem deixar de ser ela mesma. Sophia me falou dela no trem quando iamos para casa no natal e eu estava frustrada por não ter encontrado nem ela nem Severo. Ela gostava de Amélia, dizia que Amélia era uma pessoa meiga e educada, e que se eu parasse de "atirar pedras" na garota poderiamos ser boas amigas, e assim ela poderiam parar de evitar a lufana por sentir que esta "me traindo". Eu não iria tão longe com essa coisa de amigas. Porem, aceitaria o conselho dela e de Marlene, continuar como amiga_ e só amiga _ dele, e deixar que seja ele a tomar a decisão se gosta de mim ou da Amélia. Ja que segundo Joshua, eu estava enfiando os pés pelas mãos, e se ele fosse o Severo, ele teria me mandado para os quintos dos infernos com a minha frescura._ Joshua estava irritado comigo por ficar nesse " atiça e corre" com Severo.
Vi no canto da visão certa comoção e vozes sussurando de forma audível, mas não o suficiente para distinguir todas as palavras. Como a essa altura a estação estava praticamente abarrotada de alunos, só uma coisa interessante podia chamar a atenção da maioria daquela forma.
Ja sabia o que ia ver antes mesmo de virar, Miracle fazia a mesma coisa todo o ano, com uma entrada tirunfal. Como metamorfogo, ele tinha um arsenal de beleza ilimitado ao alcance das mãos_ e de todas as partes do seu corpo_ ele sempre parecia mais bonito nos dias de embarque, não, isso não foi bem colocado, ele era bonito todos os dias do ano, mas no dia de embarque ele ficava inacreditavelmente perfeito. Ele obviamente gostava, porque sempre fazia isso.
Dito e feito, as pessoas abriram distância de sua beleza etéria com se assombrados por uma admiração ou dominancia digirida ou saida de Richard, logo pudi vê-lo, por entre algumas pessoas a minha frente.
As feições naturalmente bonitas eram as mesma, porem seus cabelos eram dourados e lisos, mais curtos que de costume, a pele um branco levemente dourado de sol, os olhos eram deslumbrantes em um tom de violeta que até eu fiquei sem folego. Vestia-se de forma simples, camisa social de um branco quase roxo, de um tecido fino e leve, o primeiro botão aberto, calças jeans claras, e um tênis branco_a coisa mais condizente a um ser humano em toda a sua figura.
Ele tinha se superado hoje.
Pisquei duas vezes antes de olhar para a irmã dele.
Sophia era quase invisivel ao seu lado, acenei para ela para mostrar onde estavamos. Nesse meio tempo ele sorriu e acenou para alguém na direção oposta. Marlene arquejou ao meu lado com o sorriso impossivelmente perfeito. Mas não foi a unica.
Maldição.. por que ele não volta logo a ser só um cara com a beleza acima da média. _ pensei em rezar para ele não permanecer com essa aparência o resto do ano.
Sim, eu ainda me rescentia pelo terceiro ano quando aquele canalha desumanamente lindo passou três meses me rondando e seduzindo só para me descartar como um lenço usado depois de um único beijo.
Lista vermelha é o caramba, ele não perdoava ninguem.
Eu só queria que ele tivesse ficado feio e gordo com o tempo. Mas a vida não é justa.
Ele seguiu na direção do aceno e conforme as pessoas abriram caminho ele chegou em seu objetivo.
Foi ai que vi Severo, ele e Amélia. Ele usava um camisa cinza, uma jaqueta de couro e jeans escuros. Estava bonito. Blackwood tambem estava, a ideia do conjuto que usava era simples, mais a blusa era linda e mais curta, deixava aparecer uma faixa fina de pele lisa de sua citura fina, o jeans destacava o quadril lado e se possivel, ela tinha ganhado bunda. _ me senti meio mal por estar feliz que os seios permaneçam pequenos. _ o cabelo estava desajeitado mas combinava com ela. E a pele dela era mas perfeita do que eu conseguia me lembrar. Era pequenina e proporcional, fazia um contraste visial muito bom com Severo, de modo que se fossem um casal, seriam do tipo que minha tia olha na rua e diz, que casal bonito.
Eu estava incomodada, droga. Não tem o que fazer, não me sinto bem com eles junto.
Continuei olhando depois que a maioria desviou o olhar, Amélia não parecia impressionada com Richard, só surpresa, e olhava mais para Severo que para ele, não demorou muito para que mais alguem se unisse ao grupo e uma garota alta, cabelos longos e castanhos, vestido rosa pastel justo e saltos baixos se juntou ao grupo passando o braço pelo de Richard de forma familiar. Lira Lestrange, claro. Era uma das amiguinhas mais frequentes de Miracle, Sophia não ia com a cara dela. Dizia que ela usava o irmão dela para se promover. Eu acho que tem mais haver com a aparência dele que com a popularidade dela, ja que Sirius é muito popular e ela prefiriu ficar com Richard assim mesmo, mas é a minha opinião. Pra mim ela devia ter escolhido o Sirius, é bem mais provavel que ele saia da galinhagem do que Miracle.
— Da pra parar de secar eles?!— Sophia exclamou surgindo ao meu lado.
— Desculpe. — digo envergonhada parando de olhar.
Só voltei a vê-los no trem, acabei encontrando Severo no corredor durante a viagem, estavamos ambos indo beber água.
Vi ele antes que me visse e por impulso tirei a pulseira que James me deu e escondi no bolso do moletom, só para depois lembrar que não tinha com ele saber quem havia me dado. Mais como ele ja tinha me visto e estava bem perto, deixei ela no meu bolso mesmo.
Enquanto bebiamos água, Severo me fez a unica pergunta que eu não estava, e a única que me deixaria nervosa naquele momento. Foi estranho.
— O que tem no seu bolso? — ele apontou para meu moletom.
— Nada. — falei rapido demais e automaticamente, acabei deixando por isso para não ter que explicar porque menti. Nem eu sabia.
Ele me observou, mas não disse nada. E eu não mexi no assunto.
No entanto, quando estavamos retornando a nossas cabines, dois alunos do primeiro ou segundo ano passaram correndo e esbarrando em mim, cai de quatro no chão pelo desequilíbrio gerado pelo impacto, a pulseira prata saiu rolando pelo chão, metal reluziu pela luz da tarde como se debochasse da minha cara, fechei os olhos ciente que Snape viu e que eu tinha feito merda. Não pensei que pudesse piorar.
— Olha, você usou mesmo. James vai ficar feliz. — olhei alarmada para a voz e vi Sirius com a pulseira na mão, mas ele ja não olhava para mim, e sim para Severo de um jeito irônico.
Levantei e olhei para Severo, ele esperou cinco segundos inteiro para que eu negasse, percebi isso. Mas eu não tinha como fazer isso, só consegui olhar para ele com um olhar de desculpa.
O olhar dele ficou duro de um jeito que eu nunca vi, e ele sair andando sem falar nada e passando por Black com se ele nem estivesse ali.
— Severo, espera. — chamei paralisada mas com vontade de ir atrás dele.
Ele continuou andando, não se virou para trás em nenhum momento.
E daquela vez eu não podia juga-lo, eu sabia que merecia.