once upon a plug {l.s}

By infactIarry

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Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

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Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

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By infactIarry

LOUEH

Quarta semana seguida com att nas quartas? Meu deus, raptaram a Nathalie e colocaram uma para substituir e ser consistente, só pode.

Embora eu ache que a próxima att deva atrasar um pouquinho k, estamos indo bem, sim?

Estou amando o engajamento e as respostas de vocês nos últimos caps, e recebi muitas mensagens aqui e no Twitter sobre isso. Queria deixar meu muito obrigada super especial por lerem minha história e darem sentido ao que faço com tanto amor.

E, ainda, digo que esse capítulo...

wow

Ele é...

wow

Intenso.

Em um bom sentido.

Muitos segredos revelados, inclusive.

Como eu disse antes, a partir de agora, teremos várias revelações por cap, afinal, estamos nos aproximando para o final da fanfiction.

(eu não to chorando, vocês que estão)

E bem, quem me segue no tt sabe de antemão que esse capítulo me arrancou várias lágrimas de emoção, e vão descobrir o porquê ao longo do cap.

que está...

Super ba ba dei ro, se me permitem dizer.

Espero que gostem, boa leitura e... boa sorte!

No capítulo anterior...

- Lou, o que está acontec..?

- Por que você não me diz que porra está acontecendo, Harry? - em um surto, Louis soltou as folhas que restavam em seus braços, mal ligando quando algumas voaram com o vento. Seus olhos batalhavam para manter as lágrimas dentro e sua garganta tentava de todas as maneiras colocar as angústias para fora.

Confuso e conseguindo resgatar uma folha antes que voe, Harry repousou os olhos no papel por apenas um segundo antes de sua visão embaçar por completo e sua nuca esquentar.

Não não não não não não não.

Não podia ser.

Não.

- Louis, eu...

- Mas que porra, Harry.

E antes mesmo de conseguir esticar o braço para agarrá-lo, Louis já havia partido, correndo pelo campo enquanto seus soluços eram ouvidos em ecos devastadores. Deixou para trás um Harry atônito rodeado de folhas impressas espalhadas pela grama, segurando, em uma mão, a cópia de uma das dezenas de fotos nuas que haviam tirado no estúdio, e na outra, seu coração alarmado.

Harry queria dizer, com orgulho no peito, que foi atrás de Louis.

Que gritou para que o esperasse.

Que mal ligou para o que estava acontecendo ao redor e foi prestar-lhe socorro.

Mas seria mentira.

Tudo que conseguiu fazer foi fitar o ar vagamente e piscar confuso, até Liam tocar em seu braço e o acudir.

- Ei, Harry. - sentia um aperto leve na pele mas sua mente havia estagnado na expressão facial de Louis antes de correr para fora do campo, e tão desesperada quanto seu coração, falhava em mandar comandos para o resto de seu corpo, nem mesmo conseguindo falar ou reagir. Mas os olhos de Liam repousavam compreensivos sobre sua confusão generalizada, e aninhou-o mais para perto enquanto os jogadores encaravam curiosos. Os gritos, as folhas, as revelações. Havia sido um show e tanto para apenas alguns minutos. - Vem, vamos sair daqui.

Vamos sair dos olhos atentos, prontos para atacar quaisquer corpos que ousem se movimentar, foi o que quis realmente dizer mas se conteve pois todos os ouvidos também estavam dispostos em suas direções.

O time era família, mas até mesmo dentro de uma família, há quem confie mais do que outros.

Após um breve olhar trocado com Chad e Patrick, e também com Travis, Liam escoltou um Harry estático para fora do gramado, sabendo que atrás de seus ombros, os dois jogadores estavam recolhendo as folhas restantes espalhadas pelo campo, evitando assim que mais comentários sejam proferidos, e o treinador estava colocando em ordem a bagunça que se instalara.

O que Liam não sabia era que, assim que cruzasse a porta de metal do campo de futebol, se depararia com dezenas daquelas mesmas folhas espalhadas pelos paralelepípedos, coladas nas paredes e até mesmo grampeadas nos murais dos prédios acadêmicos.

Em destaque na arquitetura clássica em tons de marrom, basicamente composta por tijolos, madeiras e cerâmica, as folhas brancas eram um contraste e tanto - como se a foto nua gritante impressa na mesma já não fosse o bastante para capturar os olhos atentos dos universitários que passavam ali.

Foi, inclusive, o necessário para acordar Harry do transe causado pelo choque.

Firmando os pés no chão, obrigando Liam a parar também, dispersou os olhos verdes para o ambiente que os cercava, e como se fosse ainda pior, notou, estampado em suas testas, a maneira com que cada universitário presente parecia realizar uma conta mental bem simples:

Harry, curso de fotografia.

Louis, (ex)namorado de Harry.

Fotos nuas de Louis espalhadas pelo campus: vingança de Harry por seu término.

Parecia um exagero - e era - mas considerando que a maioria daquelas pessoas não sabiam dos mínimos detalhes da história, ou muito menos das configurações que estavam naquele momento, era ao menos justificável.

E talvez a cena de Louis atravessando o campus como uma bola de irritação e rancor apenas para jogar as mesmas fotos na cara de Harry e acusá-lo de ter sido o responsável não ajudasse muito na contenção de danos causados pelos rumores.

Harry podia ver e sentir o julgamento em sua direção, e com olhos flamejantes em raiva e punhos rígidos em inerência, se desvencilhou dos braços de Liam para fazer a única coisa que sua mente podia cogitar fazer em uma situação daquelas.

Procurar Louis.

- Ei, o que pensa que está fazendo? - a voz de Liam atravessou o vento, já que ambos agora estavam correndo pelos paralepípedos vestindo suas roupas do time, e isso também não ajudava a conter os rumores de que tudo aquilo fora causado por Harry, intencionalmente.

Nem mesmo virou o olhar para trás, apenas manteve o foco à frente e a velocidade constante.

Precisava falar com Louis.

Precisava garantir que ele soubesse que não tinha nada a ver com aquilo.

- O que pensa que eu vou fazer, Liam? - levemente sem fôlego, exclamou, a tempo de sentir a mão do amigo contra seu braço, dessa vez mais firme, quase puxando-o para a direção oposta. - O que você está fazendo? Me solta.

Liam firmou os pés no chão e puxou Harry para si, chocando seus peitorais juntos enquanto obrigava-o a parar de correr. Seus olhares estavam conectados, e os verdes não pareciam muito satisfeitos com o que havia acabado de fazer.

Peitoral com peitoral, testas quase unidas e respirações entrecortadas se misturando.

Seus corpos emanavam energia caótica um para o outro, e isso não contribuía para amenizar o contraste da agitação de Harry e a calmaria de Liam.

Mas, eventualmente, seus sistemas encontrariam o equilíbrio, a energia presente se forçando a dispersar em quantidades iguais dentre ambos os corpos.

Liam tremia os cílios, um sinal claro mas sutil de que estava tão agitado quanto, e só escondia melhor a olho nu.

- Antes que aja por impulso e estrague tudo, - manteve a voz rígida, em uma tentativa de forçar Harry a compreender. Sabia que aquele momento estava trazendo à tona todos os tipos de sentimentos para ambos os lados, mas haviam prioridades. - Antes de falar com Louis, tem uma coisa que precisa fazer.

Harry revirou os olhos, impaciente e irritado com os olhares que estava recebendo. A presença do corpo de Liam contra o seu estava desconcertando seus sistemas, que já não funcionavam propriamente.

- Não tem nada mais importante do que Louis agora, Liam.

- Exatamente. - retrucou, o aperto firme no braço do outro enquanto mantinha seus peitorais colados em uma clara batalha para respirar. - E é por isso que você vai procurar as fotos dele.

- Olha ao redor, Liam! - gritou, as bochechas rubras e a testa franzida em irritação. Com força, soltou seus braços para gesticular freneticamente para o que os rodeava, desde as folhas que pisavam até as presentes nas mãos dos universitários curiosos. Todas estampando o corpo e rosto de Louis. - Elas estão por todo lado, se não percebeu.

Liam respirou fundo, tentando não esquecer do fato de que Harry estava à flor da pele no momento, e voltou a trazê-lo para perto, onde poderia falar baixo.

- As originais, seu idiota. - isso pareceu clarear a mente de Harry, e recebendo um olhar ponderativo, afrouxou o aperto em seus braços para transmitir calma. A energia começava a se dissipar entre os corpos, buscando o equilíbrio. - Eu sei que não foi você. Mas alguém fez tudo isso. E antes de explodir na cara de Louis com várias desculpas que só vão deixá-lo mais atordoado, não acha que é melhor, primeiro, encontrar as originais? Não precisamos de um segundo incidente como esse, ou estou errado?

Os braços de Harry chacoalhavam de ansiedade, e toda sua expressão facial estava contorcida em pensamentos. Parecia estar dividido entre acalmar Louis e evitar outro desastre.

Mas Liam tinha razão.

Liam sempre tinha razão.

Quem quer que fosse o responsável por aquilo, havia encontrado as fotos originais.

Mas como?

- A-as fotos... Elas estão no dormitório. - Harry havia erguido um dos braços para agarrar o ombro do amigo, e se não fosse por isso, provavelmente corria o risco de cair para trás. Seus olhos estavam atordoados e sua mente sobrecarregada. - No meu criado-mudo. Está t-trancado... Não tem como... Como?

Liam apenas negou para o ar, suspirando irritadiço. Parecia a beira de um colapso nervoso, a dois passos de um soco e a três de uma crise de choros.

Mas como sempre agia quando Harry precisava de si - se manteve racional.

Por isso estavam em equilíbrio.

Um agia emotivamente e o outro tomava decisões mediante a razão.

- É isso que vamos descobrir. - segurou-o pela cintura, apoiando seus corpos. - Vem, vou mandar uma mensagem para Zayn enquanto isso. Acho que eles ainda não sabem.

- Pede pra ele e Niall cuidarem de Louis. - mesmo confuso, Harry manejou de murmurar. Quanto mais tempo passavam naquele ambiente rodeado de fotos íntimas e pessoais que definitivamente não deveriam ter sido expostas, mais sobrecarregados pareciam ficar. Uma mistura de ânsia com raiva. - Quem poderia ter feito uma coisa dessas? Com... com qualquer um. Especialmente com Louis.

O maxilar de Liam estralou, seu olhar perdido entre os diversos rostos alheios que dispersavam comentários provavelmente desrespeitosos e de falso cunho em suas direções. Quando voltou a fitar Harry, bufou.

- Ninguém mexe com o Louis e sai ileso. Vamos descobrir quem foi o desgraçado que fez isso.

Harry esticou o olhar para o amigo e sorriu. Se tinha uma coisa capaz de clarear sua mente dentre tanto caos, era a certeza de que iriam pegar o culpado.

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- Liam... - Harry começou e sua voz falhou quase que imediatamente, seu corpo todo processando em confusão.

Estavam em seu dormitório, e após cinco segundos desde que a porta havia sido aberta, já tinha a chave de seu criado-mudo em mãos, facilmente alcançando-a de dentro de uma meia escondida no guarda-roupa. A mesma meia vermelha felpuda que havia comprado quando Louis foi morar temporariamente com Stan.

Cambaleou agitado até o criado-mudo, e precisou de mais de uma tentativa para acertar a fechadura, recolhendo o que lhe restou de sanidade para enfim abrir a maldita gaveta.

- O que? - Liam piscou ansioso, ainda segurando a maçaneta da porta, e mentiria se dissesse que seu coração não estava na boca. - O que foi, Harry?

Os olhos verdes piscavam atônitos, e os dedos agitados percorreram atrapalhadamente o conteúdo da gaveta para então encontrar o maço de fotos polaroids que guardava no fundo, sob todo o resto.

Harry perdeu o resto de fôlego que lhe restava.

- Está tudo aqui...

O corpo de Liam chacoalhou em antecipação.

- Todas? - mesmo que pudesse ver Harry agarrando o maço e retirando o elástico com dedos vacilantes, para então folhear foto por foto, que revelavam o corpo de Louis cada vez mais nu e exposto para suas lentes, Liam repetiu agitado. - Estão todas aí?

Desviou o olhar no instante em que Harry virou em sua direção, e com ele, o conteúdo das fotos polaroids.

Louis não havia consentido com aquela exposição, e diferente das pessoas no campus, e principalmente da pessoa que divulgou em primeiro lugar, Liam não compactuaria com aquilo.

Piscou desconfortável para a parede do quarto, e suspirou quando a voz de Harry ecoou, confusa e atordoada.

- E-eu não entendo. Elas estão no mesmo lugar que eu deixei, e estão todas aqui. C-como..? - parecia sofrer para realizar a conexão dos fatos, se é que havia algo para conectar, e buscou a racionalidade que Liam tão prontamente esbanjava, como um último sinal de desespero. - Agora procuramos Louis ou..?

Mas Liam negou, como se já tivesse se preparado para aquele momento.

- Niall e Zayn estão cuidando dele. Nós... - voltou a unir seus olhares, evitando a qualquer custo as polaroids de Louis no trajeto para o verde brilhante. - Nós precisamos recolher as fotos espalhadas pelo campus. Não podemos deixar que mais e mais pessoas vejam o que está lá fora. Se corrermos, talvez conseguimos terminar tudo antes do final do período e...

- O final do período. - Harry ecoou, só então se dando conta de que os milhares de universitários terminariam suas aulas do dia e sairiam para ver Louis nu pelo campus. Seu nível de desespero aumentou catastroficamente, e como conseguiu levantar do chão e caminhar até a porta, onde Liam já o esperava, só um milagre explicaria. - Precisamos ir.

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Louis já havia sido quebrado de diversas maneiras ao longo da vida.

Reclusão familiar.

Linchamento por orientação sexual.

Relacionamento tóxico.

Abuso mental.

Abuso físico.

Abuso psicológico.

Coração partido.

Mas ele nunca havia sido tão envergonhado como naquele dia.

O ardor que sentia sob a pele causava-o calafrios, desde os pés até os pelinhos finos das bochechas, que esquentavam quase que de forma permanente, o dando a sensação de tontura e superaquecimento.

Queria vomitar mas seu estômago não pertencia mais ao corpo, seu cérebro falhando em reconhecê-lo como órgão, apenas congelado na cena de mais cedo, quando saiu do estúdio no qual ensaiava para o musical de seus sonhos e então se viu imerso em um pesadelo que jamais poderia sequer imaginar em ter.

Exposto não fazia jus aos sentimentos que açoitaram seu corpo quando viu estampar as folhas espalhadas pelo campus - ou melhor, quando viu seu corpo nu estampando-as.

Havia algo implícito no contexto da imagem que gritava bem mais alto do que a nudez.

Toda sua linguagem corporal e facial na polaroid impressa denunciava conforto, segurança e compaixão. E como poderia não denunciar tais coisas? Afinal, era o que sentia quando olhava para frente, ou melhor, para a lente da câmera.

Que Harry manuseava.

Mas aqueles universitários, fitando a mesma foto, - eles não viam o conforto, a segurança, e muito menos a compaixão. Eles só viam seu corpo nu.

Um objeto.

E isso tomava o sistema de Louis como uma avalanche.

Não era chateação, não era raiva, não era frustração.

Era muito mais que isso.

Era, acima de tudo, vergonha.

Porque aquelas imagens representavam algo íntimo - não no quesito de nudez - mas sim de exposição de caráter, de sentimentos, de veracidade.

Louis permitiu que aquelas fotos fossem tiradas, em primeiro lugar, porque Harry estava do outro lado, observando-o através das lentes e apreciando quem era, não como estava.

Não era uma simples foto nua.

Era uma representação de quem era e de quem gostaria de ser, sob os olhos de quem ama.

Expor isso, expor a si mesmo, de forma tão escrupulosa, inadmissível e inóspita, fazia cada célula de seu corpo reverberar nojo.

Sentia-se sujo.

E foi com essa sensação desgostosa que empurrou a porta do dormitório, desesperadamente cambaleando até o banheiro. Precisava de um banho. Precisava sentir-se puro de novo. Precisava se livrar do julgamento não solicitado e tão gratuitamente recebido. Precisava sentir algo além de vergonha, quem sabe a água quente ardendo suas costas e enxaguando suas mágoas, quem sabe a espuma do sabonete e quem sabe a maciez da toalha.

Qualquer coisa que não fossem olhares explícitos e comentários invasivos, disparados em sua direção como se fosse uma obra de arte exposta em algum museu.

Não era uma obra.

Muito menos de arte.

Muito menos ainda exposta para visitas alheias.

Era um ser humano, e por mais que mostrasse pele e músculos, as pessoas pareciam esquecer que possuía um sistema nervoso operante.

Não importava o quanto o cenário mudasse ao seu redor, campus, corredores, ala dos dormitórios, sua mente apenas processava a cena de mais cedo - saindo do estúdio, agarrando as folhas, campo de futebol, confrontando Harry, saindo correndo enquanto chorava.

Chorava.

Só então Louis se deu conta de que sua camiseta já estava encharcada antes mesmo de entrar debaixo do chuveiro, e logo em seguida percebeu estar completamente vestido dentro do box.

Seu cérebro não respondia a comandos, estagnado em choque.

E pareceu entrar em curto quando a água quente, pelando, despejou sobre o topo de sua cabeça, impiedosa. Os primeiros segundos foram intensos. A sensação de sufocamento, o desespero do ardor na pele sensível e a agonia causada pelo peso das roupas. Mas então, pareceu acostumar com a água corrente em suas costas, ombros e nariz. Seu sistema, finalmente, foi forçado a reiniciar.

Era assim que Louis se sentia.

Reiniciando.

Como se, aos poucos, sua mente descongelasse conforme a água extremamente quente escorria por sua cabeça. Balançou as mãos ao lado do corpo e ofegou, aliviado. Sentia seus membros, funcionando, enfim. Seus dedos automaticamente firmaram no jeans pesado que revestia seus ombros, braços e peitoral, e tratou de tirá-lo, com dificuldade pela água que encharcava o tecido. A camiseta foi em seguida, e antes mesmo de encontrar o chão ao ser arremessada por cima do box, começou a puxar a calça e a cueca para baixo.

Precisava se livrar das roupas.

Precisava se livrar da sujeira.

E resmungou frustrado quando estava nu, pois sentiu-se mais sujo do que nunca.

Não eram as roupas.

Era seu corpo.

Ele estava sujo.

Sujo de incontáveis más intenções, sujo de comentários indevidos, sujo de imaginações explícitas, sujo de olhares maliciosos, sujo de projeções alheias indesejadas.

Sujo.

E em um surto, Louis agarrou a esponja de palha e começou a esfregá-la fortemente contra seus braços, barriga, ombros e qualquer outra parte do corpo que conseguia alcançar sem que escorregasse no chão do banheiro. Seus olhos enxergavam sujeira na pele macia, e mesmo tendo o rosto coberto por gotas de água provenientes do chuveiro, sabia que estava chorando.

Seu peito doía demais para ser qualquer outra coisa.

Sentia tanto que até seus olhos temiam não suportar a dor, e exteriorizavam parte dela na esperança de amenizar a sensação angustiante.

Em vão.

A espuma causada pelo sabão aumentava, cobrindo cada espaço livre de pele somente para ser enxaguada pelos jatos fortes e quentes de água que caíam sobre si, incessantes. O banheiro já estava abafado, e com seus ofegos constantes e sufocantes, só aumentava a névoa úmida e ardente que formava no teto.

Queria gritar, e receava que em algum momento havia exclamado com ênfase algumas palavras incoesas.

Mas ainda sentia-se sujo.

Mesmo sobre o vapor, ainda conseguia visualizar os olhares que recebeu quando correu em direção ao campo, e também quando saiu dele, em direção ao dormitório.

Mesmo sobre o eco da água do chuveiro atingindo seus ombros e cascateando para o chão, ainda conseguia ouvir os cochichos maldosos e enxeridos.

Mesmo sobre o ardor do banho quente sobre sua pele, ainda conseguia sentir a vergonha lhe tomando.

Mesmo sobre tudo, ainda sentia-se .

Como se, ao invés de vê-los vendo sua foto nua, tivesse saído do estúdio e desfilado, ativamente, sem roupas, bem diante dos olhos atentos.

Não queria o fazer, mas não conseguia impedir. Preso dentro do próprio corpo, dentro da própria objetificação, conseguia pensar mas não reagir. Como se seu corpo fosse um manequim e só o habitasse temporariamente, vivendo para entreter quem ali estivesse para assisti-lo.

Seus olhos se arregalavam diante da iminência da situação, mas seus gritos saíam como sorrisos plastificados no rosto esculpido.

Uma simulação de sua própria vida, na qual só podia piscar confuso enquanto todos encaravam seu corpo e tiravam suas próprias conclusões sobre o que pensavam ser, e nem mesmo tinha o controle sobre suas palavras, incapaz de defender a si mesmo.

Era assim que se sentia.

Como se, ao ter sua foto íntima distribuída e divulgada pelo campus sem sua permissão, fosse, também, inserido no manequim de seu próprio corpo e forçado a perambular pela universidade sem controle de si mesmo.

Sentia-se sujo.

Seus braços ardiam, tanto pela força que fazia para esfregar a esponja ainda mais forte quanto pela água que caía impiedosa, e parecia não ver fim. Sua barriga doía, seu ombro parecia em carne viva e seus dedos tensionavam em câimbras ao redor da palha, até que alcançou as coxas.

Suas coxas.

Há muito tempo atrás - que, realmente, não era muito - quando ainda estava no apartamento de Stan, costumava arranhar suas coxas.

E só parava quando via sangue.

Fazia muito tempo que não arranhava suas coxas.

Que não sentia o formigamento infernal na ponta dos dedos, um convite forçado para atacar a região.

Tinha cicatrizes.

Muitas delas.

As cicatrizes invisíveis a olho nu - aquelas dentro de seu ser, transmitidas por traumas, medos e inseguranças - acabavam refletindo externamente. E por mais que estejam em display na pele, doíam bem mais do lado de dentro.

Louis esfregou a esponja com força na coxa direita, instintivamente, e quando a água quente do chuveiro caiu sobre a região, enxaguando a espuma com sutileza, pôde ver as cicatrizes brancas brilhando na pele bronzeada.

Foi então que percebeu sentir apenas uma dor.

A dor externa.

A dor causada pela brutalidade na qual a esponja foi esfregada na região, que já era extra sensível devido à hematomas antigos.

Sentiu apenas uma dor.

Quando arranhava suas coxas durante aqueles diversos episódios passados, o fazia para descarregar uma dor interna intangível, para projetá-la em algo palpável e realmente visível na tentativa irracional de saná-la.

Tinha a esperança de que, quando o arranhão criasse casca e então sumisse, eventualmente, sua dor interna pudesse seguir o mesmo caminho.

Nunca foi sobre o arranhão em si.

Mas sempre motivado por algo vindo de dentro.

Mas quando Louis esfregou a esponja na região, ali naquele exato momento, não sentiu nada dentro de si doer.

Sentiu apenas a dor da pele exposta à rigidez da palha e ao ardor da água quente.

Isso porque não era dentro de si.

E então o atingiu.

Não era ao menos algo seu.

Estava castigando a si mesmo por algo que não causou, e que não tinha culpa.

Estava tentando se livrar de uma sujeira que não era sua.

Só havia sido depositada em si.

De forma imprudente e inconsequente.

Injusta, sobretudo.

Aqueles arranhões em sua coxa eram lembranças de um momento obscuro no qual havia passado - no qual havia superado. Eram lembranças de quando se punia pela culpa de algo que não havia feito mas insistia em carregar.

E ali, debaixo da água quente do chuveiro, com o corpo inteiro vermelho e ardente, tanto pelos jatos quanto pela esponja, pôde suspirar aliviado, ainda que imerso na névoa abafada.

Suspirou aliviado porque, pela primeira vez, havia reconhecido uma culpa alheia antes de decidir carregá-la como sua.

Pela primeira vez desde sempre, havia impedido que um comportamento tóxico se repetisse.

Era hora de curar.

Era hora de crescer.

Era hora de quebrar o ciclo.

Louis havia quebrado o ciclo.

Sozinho.

E não estava mais chorando de vergonha ou frustração, mas sim de felicidade e orgulho.

Quando o coração finalmente compreende, ele deixa ir o que não lhe pertence.

Louis estava há meses tentando compartilhar o que sua mente já sabia com o resto de seu ser, e desde que podia se lembrar tentando harmonizar seu coração com suas intenções.

Naquele instante, finalmente sentia que seu coração estava na mesma sintonia que o resto.

Finalmente havia recolhido coragem o suficiente para deixar ir o que lhe machucava.

Coragem essa que não estava no exterior - e definitivamente não foi encontrada porque teve suas fotos íntimas espalhadas pelo campus. A coragem que tanto procurava estava dentro de si mesmo o tempo todo.

Estampada em suas coxas.

Em forma de cicatrizes.

Lembranças da dor excruciante que um dia sentiu, e que hoje não sente mais.

A prova viva de que tudo passa.

E acima de tudo, o sinal que sempre quis receber.

O sinal de tudo vai ficar bem.

Esteve em si mesmo o tempo todo.

Temos tanto medo de revisitar nossas antigas cicatrizes, o receio de refazê-las nublando nosso julgamento, quando na verdade, elas são nossa maior prova de força.

Uma cicatriz é um hematoma em processo de cura.

É a representação mais crua e pura de que estivemos em um lugar inferior, de sofrimento e infelicidade, e agora não estamos mais.

A pessoa que divulgou a foto pelo campus quis machucá-lo.

As pessoas que comentaram, propagaram e apontaram diante das cópias espalhadas queriam machucá-lo.

Mas Louis sabia que jamais poderiam machucá-lo mais do que ele pode machucar a si mesmo.

E pode parecer estranho sentir orgulho disso - o poder de machucar a si mesmo mais do que qualquer outra pessoa no mundo.

Ninguém deveria ter o poder de machucar o outro.

Mas, para ser justo, se for para alguém deter de tal poder, que seja nós mesmos.

Além disso, Louis conhecia a dor de ferir a própria pele, de sangrar o próprio coração e de crucificar a própria mente.

E não havia nada naquele mundo capaz de forçá-lo a fazer aquilo de novo - exceto ele próprio.

Então se aquelas pessoas pensavam que podem machucá-lo, ele iria reivindicar esse posto que era seu por direito, e que já esteve nas mãos de outros antes mas só lhe trouxe problemas.

Alguns poderes devem estar em nossas mãos - simplesmente pelo fato de não poderem estar à mercê de outras pessoas.

O bem-estar do nosso corpo, mente e coração é um desses poderes.

E Louis sorriu enquanto olhava para baixo, a água quente caindo sobre sua nuca e bagunçando seus cabelos encharcados. Dentre as gotas que escorriam por suas bochechas e nariz, sorriu e riu ainda mais para sua coxa. Deixou a esponja cair no chão, livrando suas mãos da aspereza da palha, e suspirou conforme deslizava os dedos na pele coberta por cicatrizes.

Era linda e trágica, nas mesmas proporções.

Dizem que para que um hematoma cure por completo, precisa parar de tocá-lo.

Mas Louis discordava, em partes, disso.

Suas unhas passavam pela região sensível e não havia sinal do formigamento típico que o incitava a arranhar até ver sangue. Isso lhe arrancou outro suspiro aliviado.

Pouco progresso ainda é progresso.

E após meses de poucos progressos, Louis agora visualizava o resultado que estava longe de ser final, mas também a quilômetros de distância do ponto onde iniciou.

Não sentia-se sujo. Não mais.

Sentia-se límpido, puro e revigorado.

Suas mãos subiram das coxas para o quadril, rodeando a região para então subir para o torso, onde abraçou a si próprio, e enfim ergueu a cabeça para o teto, deixando que a água quente caísse sobre seu rosto e limpasse os resquícios das lágrimas.

Era verdade, afinal.

O que todos diziam, sempre.

Você pode ouvir uma, duas, três, milhares de vezes a mesma coisa.

A receita secreta para melhorar.

O que precisa fazer para sair de uma situação.

Mas você não vai.

Não até estiver pronto.

E Louis sentia-se pronto.

Lhe custou meses, lhe custou uma vida inteira de comportamentos tóxicos para finalmente compreender que merecia mais e melhor.

Mas sentia-se pronto, e isso que importava.

- que de não tem nada - precisou que algo lhe direcionasse para o verdadeiro motivador de tudo.

Si mesmo.

Ele era a chave.

Ele era o motivo.

Ele era a combinação.

Porque pessoas são como portas no corredor da nossa vida, e nós detemos do poder de colocar as fechaduras, e também da responsabilidade da chave.

Algumas pessoas significam tanto para nós, que optamos por dar-lhes uma cópia da chave.

E, ainda, algumas pessoas significam tanto para nós, que optamos por dar-lhes uma cópia de todas as chaves de todas as portas do corredor da nossa vida.

Até que um dia percebemos que as fechaduras foram trocadas, e que as chaves que possuímos não funcionam mais.

Subitamente, estamos trancados para fora de nossa própria vida.

Impotentes enquanto outra pessoa toma nossas decisões por nós mesmos e guia nossa vida mediante seus parâmetros e objetivos.

Por isso é tão importante pensar antes de dar acesso total às pessoas.

E, acima de tudo, é importante manter algumas chaves apenas para nós mesmos.

Não é porque alguém significa tanto que merece ter tanto.

Algumas coisas são nossas, apenas nossas, para sempre.

E o que podemos fazer, ao invés de dar a chave, é convidar essa pessoa especial para entrar.

Louis precisou de alguns relacionamentos tóxicos para compreender isso.

Mas foi preciso.

Porque, hoje, ele sabe que família, por mais que esteja desde que se conhece como gente dentro dos limites da sua porta, não necessariamente lhe faz bem ali. Hoje, ele sabe que algumas pessoas vivem para colecionar chaves alheias, e que não é bom ser apenas mais uma dentro de seu chaveiro tóxico. E hoje, sabe, ainda, que convidar alguém para entrar pode ser mais especial do que apenas dar uma chave.

Leva tempo para trocar todas as fechaduras, principalmente quando alguém ainda detém de alguma chave válida e tem que conviver com o medo de ser invadido a qualquer momento.

Mas é recompensador.

E ao invés de sempre implorar para a dor ir embora, precisamos parar para ouvir o que ela tem a dizer.

Por mais que tudo aponte que sim, o universo não está tentando te quebrar.

Ele está tentando encontrar de um jeito de fazer você ver,

De fazer você perceber,

De fazer você compreender o que é real.

E o que é digno de sua luta.

Louis é real.

E Louis é digno de sua própria luta.

As cicatrizes em sua pele são a prova de que doía.

E enquanto seu eu do passado tentava fingir que não estava machucado, seu eu do presente reconhecia a batalha que enfrentou tão corajosamente.

Uma batalha contra si mesmo, onde nenhum dos lados podia realmente ganhar.

Não naquele momento passado. Não naquelas condições. Não sob aqueles termos.

Mas agora, reconhecendo as cicatrizes como prova de sua evolução, Louis podia dizer com orgulho que havia um vencedor.

Ele mesmo.

E que, ainda, não havia lado perdedor.

Apenas dois eus em momentos evolutivos diferentes, lutando pela mesma coisa.

Liberdade.

Uma batalha ganha.

Finalmente.

- Lou? - uma voz carregada com sotaque irlandês ecoou em algum lugar no banheiro repleto de vapor, fazendo com que Louis voltasse a trazer o rosto para baixo e longe do alcance do jato do chuveiro. Sentia-se extasiado. - Lou, está tudo bem?

Ainda sorria, e manteve assim enquanto deixava que a água quente caísse em seu peitoral, seus braços firmes ao redor de si mesmo. Se antes estava em choque, agora parecia em transe.

- Estou aqui. - murmurou o óbvio, e observou ao que Niall e Zayn apareciam do outro lado do box com feições preocupadas. Permitiu-se sorrir. - Está tudo bem.

Realmente estava tudo bem.

Niall virou o olhar confuso para Zayn, mas as íris castanhas estavam conectadas no ser do lado oposto do vidro, analisando sua postura relaxada e sua expressão facial amena. Com um limpar de garganta, encolheu os ombros.

- Ficamos sabendo do que aconteceu, Lou. - seu corpo não recuou, e se antes os olhos azuis estavam calmos, agora irradiavam intensidade. - Sinto muito.

Ainda sobre a névoa abafada que tomava o banheiro, o chuveiro em água corrente, conseguia ver suas feições atônitas.

- Não foi sua culpa. Nem sua. - Louis apontou com o nariz para Niall, que tinha olhos arregalados em sua direção, e sorriu. - Não tem nada do que sentir muito.

- Mas...

- Não. - Louis interrompeu o loiro antes mesmo de começar, e girou nos calcanhares para ficar de frente para os amigos, ainda separados pelo box. A água caía quente em suas costas. - Sabe por que não? - os olhos de Zayn estavam atônitos, mas riu dentre o caos quente e úmido do banheiro. - Porque eu estou nu na frente de vocês e sequer pensaram em olhar para o resto do meu corpo. Por isso não quero que se culpem, e acima de tudo, não quero que sintam muito. Não foi culpa de vocês, e por mais que todo mundo lá fora esteja desesperado em achar um culpado, eu sei que nunca fariam nada do tipo comigo. E apenas o fato de estarem olhando nos meus olhos desde o momento em que entraram pela porta já confirma isso. Agora, - sentindo-se grato e confortável na presença dos amigos, suspirou frente suas expressões confusas. - Vão ficar parados aí ou vão aproveitar enquanto ainda temos água quente?

Levou alguns instantes para raciocinarem o que estava sendo proposto, e diante das circunstâncias, Niall gastou tais com olhares atônitos à Zayn. Por fim, o moreno suspirou satisfeito e começou a retirar seu moletom da UAL.

Foram ao dormitório com a expectativa de encontrar Louis estirado no chão de carpete enquanto gritava em choros justificáveis pela exposição indevida em um campus composto por milhares de universitários.

E claramente não reclamariam de encontrá-lo sorridente, aliviado e confortável debaixo do chuveiro, convidando-os para se juntar.

Dando um passo para trás de forma a caber todos dentro do espaço limitado do box, Louis suspirou.

Não conseguia mensurar o quão grato era pelos amigos.

E, acima de tudo, pelo conforto que transmitiam sempre que estavam juntos - inclusive quando estavam nus dentro do mesmo box.

Só confirmava ainda mais a certeza que ecoava em sua mente de que o que aconteceu no campus não era culpa sua - e sim de alguém cujas intenções eram tão deploráveis que sequer merecia atenção.

Os que realmente importavam eram aqueles no qual, naquele contexto, poderia dividir um banho íntimo e ainda assim sentir-se à vontade na própria pele.

Niall, que estava de frente para seu corpo, sorria, e com dedos vacilantes, penteou os fios de cabelo úmidos que insistiam em cair em sua testa, aproveitando que estava ali para segurá-lo pela nuca.

- Está tudo bem mesmo, Tommo?

Louis sorriu enquanto inclinava o rosto no carinho gentil do amigo e aproveitava para agarrar a cintura de Zayn, puxando-o apenas o bastante para que pudessem apoiar um no outro, lado a lado.

- Acho que sim.

- O que aconteceu? - baixo, Zayn murmurou. Seus dedos delicados deslizavam pelas costas de Louis, assim como a água que caía do chuveiro. - Ficamos sabendo por mensagem e viemos direto para cá.

Tomando alguns segundos para organizar seus pensamentos, Louis puxou Niall para perto, tentando colocar todos sob a água quente, mesmo que o banheiro já parecesse uma sauna, o vapor fazendo um ótimo papel em manter seus corpos amenos. Seus peitorais quase tocaram, e repousando sua testa no ombro do loiro, pôde sentir ainda mais a suavidez das carícias de Zayn em suas costas.

- E-eu... - sua voz saiu baixa e falha, mas não se esforçou muito para erguê-la. - Eu só sei que saí do ensaio e... encontrei folhas e mais folhas espalhadas...

- Espalhadas?

- Folhas? - Niall ecoou após Zayn, seus dedos tomando lugar na nuca de Louis, onde penteava os fios.

- Alguém imprimiu cópias de uma foto minha. - craquelando a voz, suspirou. - Uma polaroid nua que Harry tirou.

Louis pôde sentir tanto o corpo de Niall quanto o de Zayn tensionar sob o seu, e suspirou de novo.

- Lou...

- Lógico que eu não acho que foi ele. - cortou o raciocínio de Zayn pela raíz e sorriu pequeno quando ouviu suspiros aliviados. - No começo eu pensei que sim, mas foi um surto momentâneo de desespero. Harry nunca faria isso e por mais que eu saiba o quão bom ator ele é, não acho que fingiu a cara de surpresa quando eu interrompi o treino e joguei algumas folhas na cara dele.

- Você interrompeu o treino?

- E jogou folhas na cara dele? - Niall tinha olhos arregalados, mas a risada de Louis ecoou tênue.

- Nah. O vento estava na outra direção e elas mais caíram no chão do que nele em si.

- Meu deus. - Zayn concluiu, atônito. - Eu... eu nem sei o que pensar sobre isso.

- Eu sei. - Louis se adiantou, erguendo o rosto do ombro de Niall para fitar os amigos. Soava decidido e aparentava ainda mais determinado. Abaixo, tinha uma das mãos sobre a coxa, onde dedilhava o relevo de suas cicatrizes, como lembranças de uma força reencontrada. - Sei exatamente o que pensar sobre isso, na verdade. Primeiro, - ergueu um dedo da mão livre no ar, arrancando um sorriso do irlandês. - Nenhum de nós tem culpa. Segundo, - acrescentou mais um e brincou com o sinal da paz que se formou antes de prosseguir. - Eu não merecia e continuo não merecendo isso. Portanto, em terceiro, não vou gastar muito tempo me preocupando com essa merda toda.

- Mas não vai fazer nada a respeito? - a expressão descontente de Zayn denunciava irritação e Louis sorriu para o gesto. Sabia que se pedisse, o moreno sairia naquele instante em busca do culpado.

Contudo, negou levemente.

- Quem quer que fez isso queria chamar a atenção, e me recuso a dar isso pra ele. - o azul de suas íris cintilavam, e Niall assentiu para seu raciocínio. - Antes de tudo, preciso resolver o estrago do meu lado.

- Estrago? - o moreno ecoou, confuso.

Louis encolheu os ombros.

- Tinha que ver como as pessoas ficaram comentando e...

- Foda-se elas. - Niall exclamou, já ficando vermelho em impaciência, e Louis sorriu agradecido em sua direção.

- Eu sei, e pra ser sincero, concordo. - trocaram uma piscadinha, e em um movimento rápido, Louis agarrou-o pelo ombro, invertendo suas posições de forma que o jato de água agora caíssem nas costas do loiro. - Mas acima do mundo infantil e incoerente que nós vivemos, tem o mundo burocrático e tradicional dos adultos, e se conheço bem os governantes desse campus, alguma coisa vai acontecer.

As sobrancelhas de Zayn foram arqueadas.

- Acha que o reitor vai querer procurar o culpado?

Os olhos de Louis cintilaram em possibilidades.

- Não sei. Pode ser ruim para os negócios.

- Isso é ridículo. - Niall soava cada vez mais no limite da paciência, e Zayn afagou seu ombro em gentileza. - Ele não pode te culpar por isso. Foi uma vítima e não seria just...

- Desde quando o reitor é justo? - a expressão de Louis era cética, e até mesmo receosa. - De qualquer forma, sei que terei que enfrentar alguns leões lá fora.

- Inadmissível. - o loiro voltou a resmungar. - Isso é um absurdo.

Zayn negou para o ar, sua expressão indicando o quanto simpatizava com as palavras do outro, entretanto, Louis conhecia-o bem o bastante para saber que iria dizer o oposto, em prol do equilíbrio saudável.

- Bem, leões ou não, não vai estar sozinho. - entrelaçou suas mãos juntas, debaixo da água que caía do chuveiro, e juntando Niall no gesto, formaram uma corrente de apoio. - E não precisa enfrentar o mundo hoje. Podemos ficar aqui dentro jogando videogame.

- E descontar as frustrações na comida. - Niall bufou. - Eu sei que eu preciso.

Louis sorriu enquanto assentia, satisfeito.

- Parece ótimo.

%%%

Estavam correndo contra o tempo.

O período logo chegaria ao fim e com ele, todos os alunos que estavam nos prédios acadêmicos sairiam para perambular pelo campus em direção às áreas comuns, ao Balls&Blues, aos dormitórios e à praça.

Faltavam apenas alguns minutos, pouco menos de uma hora, e para todo lugar que olhavam, haviam papéis espalhados.

Harry e Liam correram do dormitório até o estúdio de música, onde Louis estava no exato momento que notou o desastre. Partiriam dali, e trocaram um breve olhar antes de se separarem, de forma a recolher as folhas mais rapidamente.

Mal parando no lugar enquanto agarrava o máximo de folhas que podia e as alinhava debaixo do braço, Harry tentava controlar as batidas do coração. Sentia-se à flor da pele, com razão. As pessoas ao seu redor tinham olhares curiosos e até mesmo de julgamento, mas nenhuma sequer ofereceu ajuda.

O mundo animal tinha muito que aprender com o mundo universitário.

Ou seria o contrário?

Louis sempre foi o primeiro a sair de seu caminho para ajudar todo mundo, seja através das festas com objetivos sociais ou até mesmo projetos diversos alinhados com o reitor e os cursos. Mas nem mesmo isso era o bastante para fazer com que alguém esticasse a mão para ajudar a recolher sua dignidade exposta indevidamente no chão.

Isso foi o que Harry pensou, até sentir um aperto em seu ombro.

Mas não foi um gesto amigável.

Ao menos não de primeira.

Sentiu unhas firmes em sua pele, sobre o equipamento dos Wolves, e em um impulso, foi erguido do chão. Teve o raciocínio de piscar, apenas, e então a cabeleira loira de Bebe entrou em seu campo de visão, assim como o olhar azul penetrante e o maxilar rígido.

Ela não parecia feliz.

Rapidamente negou para o ar, seus cabelos movendo em sincronia.

- Não foi eu, eu juro.

Os olhos azuis reviraram e, por fim, Bebe o soltou.

- É lógico que não foi você. - ela sorriu mas sua expressão não acompanhou o gesto. Parecia aflita. - E mesmo se fosse, agora não importa. Precisamos recolher tudo antes do...

- Fim do período. - Harry ecoou junto e assentiu, frustrado. - Eu sei, eu sei. Mas as folhas estão por toda parte e somos apenas três.

Bebe franziu o cenho.

- Três?

- Eu, você e Liam. - Harry girou nos calcanhares para apontar para o amigo e literalmente abriu a boca em surpresa. Todos os jogadores dos Wolves, sem exceção, inclusive Travis, além de Barbara, Eleanor, o pessoal da banda e as líderes de torcida estavam presentes. E claro, o pessoal do musical. Ninguém perdia tempo com cerimônias, muito menos ligavam para fitá-lo ou anunciar presença, mas sim já se apressavam para recolher as folhas dos paralelepípedos e arrancar as que sobravam nas paredes e muros. Harry voltou o olhar para a amiga e riu, sem reação. - C-como..?

- Tem muitas pessoas ruins nesse campus, Harry. - Bebe deu dois tapinhas em seu ombro, suspirando. - Mas graças à Louis, só conhecemos as boas.

Harry não teve tempo de processar o que estava acontecendo.

Tudo foi muito rápido.

Na verdade, aquele dia havia passado muito rápido. Ansiedade, desespero e incredulidade sobrepunham qualquer outra sensação, mas ainda assim, eram guiados pela adrenalina ardente nas veias.

Parecia impossível cobrir um campus inteiro em menos de uma hora. Mas pelas poucas palavras trocadas com Eleanor, que ainda vestia seu uniforme de líder de torcida, Harry concluiu que a região do campo já havia sido limpa. Travis ora ou outra direcionava um olhar em sua direção, e sabia que o time havia recebido uma bronca categórica por não ter reagido empaticamente com o que aconteceu mais cedo. Em compensação, agora colocavam suas habilidades de jogadores à prova ao que carregavam pilhas e mais pilhas de folhas para os lixos, o mais rápido que fisicamente conseguiam. O pessoal do musical também cobriu a área dos prédios de Artesanato, Música e Design e a banda recolheu as folhas espalhadas próximas do Balls&Blues.

Pouco a pouco, pareciam obter sucesso na missão obstinada.

A tarde avançava e Harry já sentia o suor se acumulando, mas não podia parar.

Para ser sincero, a pior parte estava longe de ser as câimbras musculares ou a fatiga exaustiva, era, ao invés, recolher a imagem de Louis, a pessoa que mais amava no mundo inteiro, do chão.

Na foto, parecia sereno, alheio ao que viria a acontecer tão tragicamente.

Isso era capaz de revirar qualquer estômago.

Lhe dava ânsias só de imaginar as intenções por detrás daquele ato tão inadmissível.

Sentia-se impotente.

À beira do choro, na verdade.

Nunca havia sentido tamanho desespero como naquele dia.

E rodando os olhos verdes desolados pelo ambiente já quase livre de folhas estampando o corpo de Louis, Harry notou como todos pareciam igualmente desconfortáveis, chateados e frustrados. Até que seu olhar parou sobre srta. McGregor, uma presença inusitada até então.

Se ele pensou que a expressão no rosto de Louis, mais cedo no campo, havia sido devastadora, a de Tiana...

A professora caminhou em passos decididos em sua direção, e bastou um breve olhar para notar que segurava uma folha idêntica àquelas que tão avidamente tentavam recolher. Sua mão tremia ao redor do papel, assim como seus cílios.

Harry só teve tempo de respirar fundo, e então, o que já era caótico se tornou tragicamente incontrolável.

- Eu não est... - Tiana se interrompeu antes mesmo de erguer a voz, a surpresa em sua postura denunciando que tinha palavras planejadas para dizer naquele momento, mas seu olhar foi além do corpo do jogador. Harry não queria girar nos calcanhares e descobrir para onde, ou quem, estava olhando, mas a julgar por sua expressão, não iria gostar da resposta. Quando a professora voltou a ecoar, sua voz exalava estabilidade, mesmo que seus olhos gritassem por socorro. - Boa tarde, reitor.

Todo o corpo de Harry reverberou e quase que instintivamente, seus pés viraram nos paralelepípedos, a tempo de observar a imagem do reitor descendo as escadas do prédio da coordenação e se impedindo segundos depois, tomado pelo choque do que acontecia à frente de seus olhos - diversos alunos recolhendo folhas que continham conteúdo inapropriado, e não muito adiante, pilhas e mais pilhas das mesmas.

Conseguiu ainda, notar o exato momento em que o homem percebeu ser Louis nas fotos, e sua expressão se contorceu.

Como reflexo, os pés de Harry moveram de novo, e se não fosse pela mão firme de Tiana em seu ombro, teria corrido em direção ao reitor com milhares de desculpas e explicações prontas para serem gritadas. Observou, então, estático, conforme a professora suspirava contida em sua direção e indicava com a cabeça para a escadaria onde estava petrificado - deixa comigo, dizia.

Não conseguiu compreender muito mais do que isso, pois em segundos, srta. McGregor havia subido os degraus e acompanhado o reitor para dentro do prédio da coordenação. Suas expressões não denunciavam boa coisa, e tudo que a mente de Harry conseguiu raciocinar foi Travis.

Ele era sua última esperança.

Parecia confuso, e era.

Sentia-se um robô agindo por comandos diretos. Seus pés moviam em direção ao treinador mas sua mente estava dentro do prédio e seu coração estava com Louis. Manejou, entretanto, de chamar a atenção do homem, e nem mesmo se importou se estava soando como um louco ou agindo como desequilibrado.

Era assim que se sentia, afinal de contas.

Mas Travis, assim como Liam, e Tiana, pareciam saber exatamente como lidar com aquilo.

- Eu vou lá ver o que está acontecendo, rapaz. - o treinador murmurou, antes mesmo de ouvir o que tinha a dizer, e entregando-lhe a pilha das folhas que recolheu do chão com um suspiro, deu alguns passos na mesma direção de Tiana. Entretanto, voltou para fitar um Harry ainda estático. - Ei, vai dar tudo certo.

E foi nessas palavras que Harry se agarrou enquanto continuava a recolher o restante das folhas, terminando bem a tempo do fim do período.

%%%

Harry estava exausto, mais mentalmente do que fisicamente, é claro, e mentiria se dissesse que não estava ansioso para falar com Louis.

Os corredores pareciam mais longos do que nunca e mesmo tendo Liam e as garotas ao seu lado, sentia-se sozinho. Mas sabia que isso era apenas uma maneira de seu corpo alertá-lo sobre o quanto queria estar com uma pessoa em específico.

Talvez sua expressão estivesse péssima, ou vai ver Eleanor era muita boa em ler sinais, porque assim que viraram a última esquina, finalmente, que dava acesso ao dormitório que Niall e Louis dividiam, a garota bateu ombros consigo, de forma gentil.

- Ei. - sorriu pequeno em sua direção e em seguida suspirou. - Não precisa se preocupar.

Harry engoliu o bolo em sua garganta, se encontrando mais nervoso do que jamais imaginou.

- O que faria se suas fotos íntimas fossem divulgadas para toda a uni? As fotos que seu namorado, ex para conhecimento geral, tirou e ficou responsável em guardar com segurança. - sua voz soava baixa, e pôde observar com clareza conforme a expressão de Els se contorcia.

- É difícil sequer imaginar.

- O que eu digo pra ele? - deixou que um pouco de suas frustrações saíssem como choramingos, sua testa franzida e seus lábios em um bico. - O que eu posso dizer além de desculpe, foi minha culpa, sinto muito e não consigo imaginar pelo que está passando?

Eleanor negou para o ar à frente, entrelaçando seus braços conforme andavam. O gesto foi tão inocente e automático que mal perceberam.

- Se eu conheço Louis bem, ele não vai querer que diga nada. - seus olhares se encontraram, e Els suspirou. - Bem, você conhece ele melhor do que eu, e com certeza já sabia disso.

- Mas... - Harry tentou, mas Eleanor tinha razão. Louis era decidido, e antes mesmo de abrir a boca, ele já teria um plano mapeado e uma resposta afiada na ponta da língua para qualquer um que perguntasse. Mas ainda assim, precisava dizer alguma coisa. Qualquer coisa. - Eu preciso que ele saiba que eu não tive nada a ver com isso.

Eleanor pareceu ofendida.

- Harry, Louis nunca acharia isso.

- Bem, nunca é uma palavra muito forte considerando que mais cedo ele foi até o campo de futebol pra me dizer o contrário. - não soava ríspido, mas sim chateado, e Eleanor encostou a cabeça em seu braço, afavelmente.

- Ele estava à flor da pele, Harry. Sabe que não estava falando sério. E além do mais, - ergueu a cabeça para conectar seus olhares de novo. Estavam se aproximando do dormitório e o coração de Harry havia começado a bater nos ouvidos. - Você é o único que teve acesso às fotos, pelo que ele sabia. Pra quem mais ele iria recorrer em uma situação como aquela?

- É. - começando a seguir o raciocínio da amiga, Harry suspirou. - A primeira coisa que eu fiz foi checar se as fotos estavam no mesmo lugar que deixei.

- E Louis fez exatamente a mesma coisa. - Eleanor retrucou. - Você foi o último lugar que ele deixou as fotos, ou estou enganada?

Harry não teve tempo de responder, e a julgar pela expressão de Els, não precisava de uma verbalização do que todos sabiam.

Ela estava certa.

Mas naquele momento, enquanto Liam girava a maçaneta do dormitório, a única coisa que importava era Louis.

Louis que a porta revelou estar sentado entre uma montanha de travesseiros em sua cama de solteiro enquanto jogava videogame com Zayn e tinha Niall trançando seus cabelos, falhamente.

Louis que ergueu o olhar imediatamente para a porta aberta, a procura de um par de olhos específicos.

Louis que exibiu bochechas coradas no instante em que conectou seu olhar ao de Harry.

Louis que largou o controle do videogame sem muito caso enquanto levantava da cama e cambaleava em passos hesitantes para a porta.

Louis que vestia calças de moletom e um suéter, os pés cobertos pelas meias pisando silenciosamente no carpete.

Louis que parecia segurar a respiração, embora seus cílios tremessem incessantemente.

Louis que parou à palmos de distância de Harry e suspirou diante do quarto em silêncio absoluto.

Louis que disse:

- Será que poderiam nos dar licença, por favor? - não bastou mais palavras para que todos entendessem de quem se tratava, e Niall e Zayn rapidamente foram para o corredor, fazendo companhia para Liam, Bar, Els e Bebe, que nem mesmo havia entrado no dormitório.

Harry levou alguns instantes para processar os eventos anteriores, e hesitou quando a madeira da porta tocou suas mãos, e teve que fechá-la após os outros terem saído.

Louis estava no mesmo lugar de antes, estático no chão, e a única parte de seu corpo que denunciava vida era seus olhos azuis - intensos.

O clic da porta fechando ecoou, e então, o burburinho de seus amigos do outro lado das paredes finas. Cara a cara, só haviam Harry e Louis no quarto, mas ainda assim parecia um ambiente lotado.

Lotado de receios.

Lotado de sentimentos.

Lotado de palavras não pronunciadas.

E então, Louis deu um passo, e mais um, e antes mesmo de Harry completar uma piscada total dos cílios, já tinha um corpo pressionado ao seu de forma insistente e firme. Só percebeu estar segurando a respiração quando o calor do peitoral de Louis colidiu com o seu, e suspirou aliviado ao rodear sua cintura com seus braços.

Sua mente estava silenciada, por ora, e guiado por instintos, desceu as mãos para o quadril esguio, puxando-o para cima ao que Louis rodeava sua cintura com as coxas e elevava o contato para outro nível.

- Lou, eu... - começou e, tomado por pensamentos confusos, se interrompeu. O cheiro agradável do cabelo de Louis contra seu nariz, a sensação do corpo contra o seu, a sincronia de seus corações no peito, era demais. - Eu juro que não fo...

- Eu sei. - Louis não deixou que terminasse, e esfregando a bochecha em seu ombro coberto pelo uniforme dos Wolves, suspirou, automaticamente lembrando do que aconteceu mais cedo. - Desculpa ter te acusado hoje no treino.

- Desculpa não ter cuidado das fotos como prometi. - em um fôlego só, Harry apertou-o ainda mais em seu colo. - Eu... eu não sei... eu... Liam e eu fomos no dormitório e as fotos ainda estão lá. Todas. Eu não sei como isso aconteceu, juro que ninguém sabia da existência delas além de nós dois e....

Louis arregalou os olhos, imediatamente pulando em antecipação.

Sua mente não havia feito a conexão antes, e como poderia? Estava ocupado demais tendo uma epifania para sequer pensar a respeito, mas agora, após as palavras tão simplórias mas significativas de Harry, tudo fazia sentido.

Mas ele ainda estava certo sobre uma coisa.

O responsável por aquilo queria chamar atenção - e ele se recusava a dar isso de mão beijada.

Portanto, apesar do olhar confuso de Harry em sua direção, Louis sorriu pequeno e voltou a aconchegar o rosto em seu ombro, tentando de todas as maneiras acalmar o coração gritante no peito.

Por hoje, seguiria o conselho de Zayn e Niall.

Videogames e comida.

Apenas.

%%%

O dia seguinte sempre é o pior.

Quem não viu a foto, ficou sabendo de alguma maneira, seja através de um colega, uma mensagem de texto ou até mesmo um cochicho avulso no corredor.

Àquela altura, todos sabiam do ocorrido.

E a conclusão geral era quase unânime: havia sido um ato de vingança de Harry.

Ou ao menos era o que os corredores diziam.

Louis tentava não se apegar à isso, sua própria voz ecoando em sua mente - a culpa não é sua para carregar.

Era mais fácil falar do que fazer, mas estava em boas companhias.

Niall e Zayn caminhavam ao seu lado, ignorando os olhares curiosos e os resmungos cheios de julgamento que recebiam, e assim que deixaram a ala dos dormitórios, Eleanor, Barbara e Bebe aguardavam na próxima esquina para se juntarem à eles.

Mesmo sabendo que seus amigos fariam de tudo para deixá-lo confortável mesmo em situações extremas como aquela, Louis ainda se pegou surpreso, e ainda mais surpreso quando chegaram na entrada do prédio de música e Liam e Harry estavam encostados no muro ao lado da porta, à sua espera.

Queria ter dito algumas palavras de agradecimento bonitas, principalmente pela noite anterior, que, apesar das circunstâncias, havia sido agradavelmente recheada de videogames, pizza, aconchegos, risadas e qualquer assunto que não fosse aquele. A resposta em comum era simples: não havia sido Harry. Exceto isso, nenhuma outra palavra foi trocada a respeito, do momento em que todos saíram até a manhã daquele mesmo dia, quando Niall e Zayn arrastaram-o para fora da cama.

Mas Louis não teve essa chance.

Não quando seus olhos rapidamente desviaram de Harry e Liam a tempo de captar a figura do reitor parada na outra extremidade da escada, acompanhado de Tiana. Sua expressões eram hostis, e com o maxilar rígido e os pés cobertos pelo salto incessantemente batendo no chão, srta. McGregor conectou seus olhares - sinto muito.

Louis queria ter dito algumas palavras de agradecimento bonitas para seus amigos, mas a última coisa que processou antes de ser escoltado para a sala da reitoria foi o olhar desolado de Harry.

%%%

- Você não pode fazer isso. - Tiana parecia no limite da compostura, e seus olhos pulsavam nas orbes.

- Isso é injusto e sabe disso. - Bebe gritava, inconsequentemente, enquanto andava pela sala, de um lado para o outro em impaciência. - Eu posso te processar por isso, sabia? Processar!

- Deve haver procedimentos quanto à essa situação em algum lugar e...

- Chega! - o reitor esbravejou, levantando da cadeira de forma abrupta enquanto batia as mãos na mesa e então levava-as para os cabelos, irritadiço. Não ficou menos irritado ao se dar conta de que era careca. - Nem sei porque vocês estão aqui, em primeiro lugar. Eu convoquei o sr. Tomlinson e a srta. McGregor, apenas.

Bebe sentiu-se pessoalmente ofendida pelo comentário e bufou, cruzando os braços.

- Isso foi rude.

- Gritar no meu escritório é ser rude, srta. Rexha.

- Expulsar um aluno completamente capaz de uma produção artística por causa de algo que nem foi culpa dele é ser rude. - a loira retrucou, os olhos saltando conforme arregalava-os em direção ao homem de meia idade. - Isso é um absurdo.

Louis estava sentado na cadeira em frente à mesa do reitor há mais de vinte minutos, e não movia um músculo sequer desde que as palavras expulsão e musical saíram da boca do homem em uma mesma frase.

Sua mente não processava nada, seu coração batia em algum lugar que não conseguia reconhecer e suas mãos tremiam agarradas nos apoios de madeira. Ao seu redor, Tiana chacoalhava o pé no chão e Bebe exclamava com ênfase, mesmo que não devesse estar ali em primeiro lugar. E na cadeira ao lado, por algum motivo que não compreendia, estava Zachary, tão atônito quando si.

Mãos gentis estavam repousadas em seu ombro, como se Tiana quisesse transmitir calmaria diante do desastre que se desenrolava diante de seus olhos, mas o reitor parecia inflexível.

Talvez fosse a única coisa que não havia mudado desde que suas fotos foram espalhadas.

O reitor sempre foi incoerente e injusto, não podia culpá-lo por essa.

Ou podia?

- Precisa compreender, srta. Rexha. - o homem pressionava as têmporas, como se temesse que sua cabeça fosse explodir com tanta gritaria. - Ter um aluno com tal histórico protagonizando nossa maior produção desde a década passada não pega bem para os investidores.

- Investidores?! - Bebe explodiu de novo, e dessa vez, Tiana permitiu que o fizesse. Já não sabia mais ao que recorrer, e sinceramente, concordava com cada palavra que saía da boca da aluna. - Você está colocando dinheiro acima do bem-estar de um aluno! Isso tem que ser reportado para o conselho. Louis não teve culpa do que aconteceu ontem! Tal histórico?! Ao que pensa que está se referindo? À uma fita pornô? Ele é a vítima aqui, não o seu precioso investimento. Se tirar Louis do papel principal, o musical vai à ruína, ele é nosso melhor Zuko.

O reitor cruzou os braços, suas feições sequer hesitando.

- Até onde eu sei, ele só é "seu melhor Zuko" há alguns dias. - recuou as aspas feitas por seus dedos e riu irônico. - O sr. Tomlinson está ocupando a posição de protagonista desde o início da semana e, a partir de hoje, não estará mais. Essa é a última vez que falo sobre o assunto. Agora, quanto ao incidente das fotos, - virou o olhar para o rapaz petrificado na cadeira, e inclinou-se na mesa para intimidá-lo. - Espero que tenha servido como lição para guardá-las com mais cautela. Não quero outro show no meu campus, principalmente um estrelando o senhor, que a partir de agora, nem mesmo estrelará no musical. Fui claro?

Louis não sabia ao certo há quanto tempo estava sem piscar, e se as lágrimas que se formaram foram devido à isso ou ao vazio profundo que se instaurou em seu peito, bem do lado de seu coração estilhaçado. Olhava mas nada enxergava, e ao fundo, identificava vozes exaltadas e inflexíveis. Mãos o tocavam de forma gentil, mas não sabia ao certo quem era. Suas pernas funcionavam? Parecia que não. E jurou que além das janelas que proviam os únicos feixes de luz natural da sala, podia ver sua mãe fitando-o de volta.

Ouviu um baque, e então o vento gélido. A porta havia sido aberta? Vozes alheias entraram no eco exaltado. Um sotaque irlandês. Um tom rouco que lhe remetia à alguém especial. Liam parecia à beira de lágrimas enquanto tomava seu lugar nos resmungos e até mesmo Zayn ergueu a voz. Com certeza haviam mais pessoas do que originalmente, e o reitor continuava sobressaindo-se aos burburinhos, tão inflexível quanto aço.

Expulsão.

Musical.

O quão injusto punir a vítima pelas ações do agressor.

Infelizmente, Louis não se surpreendia com aquele comportamento.

Há apenas alguns meses atrás, ele mesmo agia dessa maneira.

E de certa forma, agradecia pela falta de sentidos no momento. Ouvia ecos distantes, sentia toques vagos e via vultos incoerentes, mas do lado de dentro, seu coração sangrava e seu cérebro estava em faíscas.

Injusto.

O universo lhe deu o que tanto queria apenas para dias depois lhe arrancar bruscamente das mãos.

Injusto.

Quanto mais pensava já ter sofrido o bastante, mais fortemente era atingido na cara.

Injusto.

Fazia o bem para todos e ainda assim parecia nunca ser o bastante.

Injusto.

O reitor.

O destino.

O universo.

Injusto.

Queria gritar. Queria piscar as lágrimas para fora dos olhos. Queria deitar no chão e deixar que seus músculos respirassem. E então, viu. Mais uma vez.

Sua mãe, do outro lado da janela, o fitando.

Ela parecia chateada.

E Louis se perguntou se estavam parecidos naquele momento.

Vai ver não era sua mãe.

Vai ver era apenas seu próprio reflexo na janela.

Vai ver essa era a maneira que seu cérebro em curto encontrou para dizer o quanto queria que sua mãe estivesse ali.

O que ela diria?

O que ela faria?

O que ela pensaria a seu respeito?

Se levantou da cadeira em um ranger alto, seus joelhos fraquejando pelo movimento brusco mas conseguindo se manter de pé com o apoio da mesa. Girou nos calcanhares por um momento, a tontura sendo arrematadora demais para aguentar, e somente quando localizou a porta aberta é que parou, o corpo tendendo para frente e então para trás. Enquanto corria para fora da sala, pôde sentir mãos segurando seu braço e ecos distantes pedindo para que não o fizesse.

Mas já era tarde demais.

%%%

Ninguém sabia onde Louis estava, exceto srta. McGregor, e foi confiando em sua palavra que Harry tentou seguir com o dia - mesmo que todos soubessem o quão impossível aquela tarefa seria.

Louis precisava de espaço naquele momento.

E estava tentando dar-lhe tal.

Mas não conseguiu focar em sua aula de fotografia, muito menos na mentoria do projeto, e até mesmo o almoço se tornou quase insuportável, para todos os rapazes, afinal, suas mentes estavam em outro lugar.

Onde quer que Louis estivesse naquele campus.

Suas preocupações eram intensas, até porque viram a expressão vazia em seu rosto antes de sair correndo do escritório do reitor, mas se havia alguém capaz de ajudá-lo, era Tiana.

Precisavam ter paciência.

Não havia dúvidas quanto à injustiça daquela situação, mas, no momento, não havia muito o que se fazer. E durante a tarde, enquanto os Wolves treinavam, Travis chamou Harry de canto, sem deixar de notar o quão avulso estava.

- Styles!

- Eu sei, foi mal. Manter a cabeça no jogo. Eu sei. - já antecipando a bronca que pensou estar vindo, Harry tirou o capacete para bagunçar os cabelos. Estava com dor de cabeça, e tinha certeza que isso não apresentava relação com as boladas que havia recebido durante a partida.

Travis suspirou, avulso ao que dizia respeito ao treino.

- Fiquei sabendo o que aconteceu com Louis e o musical. - seu tom era baixo, e em contraste com o jogo violento que acontecia atrás de suas costas, Harry franziu o cenho. Pensou ter que fingir estar tudo bem, mas agora que realmente pensava a respeito, deveria saber que Travis sempre estaria ali para ele, e principalmente para Louis. - O reitor é um homem muito difícil de lidar, acredite, eu trabalho aqui há duas décadas.

- O reitor também?

- Ele é o mais antigo da casa. - isso pareceu surpreender Harry, e o treinador deu de ombros. - O conselho confia nele, e é por isso que Tiana tem que tomar cuidado em como aborda a situação.

- A situação que é ridícula. - Harry disparou e Travis assentiu.

- Não poderíamos concordar mais. Escuta, rapaz, - o homem coçou a nuca, claramente desconfortável. - Eu não tenho nada a ver com o que aconteceu, e muito menos com seu relacionamento com Louis, mas estou ouvindo algumas coisas no vestiário sobre um término e uma ving...

- Eu não fiz de propósito. - interrompendo-o, Harry suspirou, frustrado com aquele assunto. - Eu sei o que estão falando por ai mas eu juro que não foi eu. Sim, eu tirei as fotos. Mas com total consentimento de Louis, e nós dois concordamos que eu ficaria com as polaroids e as manteria em segurança.

- Claramente alguma coisa deu errado. - o tom de Travis era neutro, mas seu olhar denunciava impotência. Ele estava odiando aquilo tanto quanto qualquer um que soubesse o quanto Louis não merecia passar por tal situação.

Harry encolheu os ombros no uniforme do time, sentindo-se pequeno.

- Não faz sentido. - desabafou, perdido em busca de apoio. - As únicas pessoas que sabiam sobre as fotos eram nós dois, e elas estavam no dormitório escondidas.

- E quem tem acesso ao dormitório? - Travis parecia determinado a ajudar, e isso fez Harry suspirar aliviado.

- Só os rapazes, eu acho. Zayn deve ter uma cópia da chave ainda de quando namorava com Liam, e até Louis tem uma que eu mesmo dei. - deu de ombros, atordoado com tantas possibilidades. - E as fotos estavam dentro de uma gaveta com chave. Nem Louis sabia onde eu guardava.

Travis bufou, sem conclusões relevantes a fazer em relação àquilo, e por fim, deu dois tapinhas no ombro de Harry.

- Tudo o que eu sei, rapaz, é que o culpado vai aparecer. Eles sempre aparecem.

- Acha mesmo?

- Mas é claro, principalmente esse culpado.

- Como assim?

- A pessoa que fez isso queria causar confusão generalizada, se não por que outro motivo teriam espalhado a foto de Louis no campus inteiro? Obviamente gosta de quando as coisas saem do controle, e pessoas assim sempre dão um jeito de estar por perto para observar acontecer. - Harry o fitou atentamente, digerindo suas palavras com cautela, e então, suspirou. Estava exausto. Travis pareceu perceber, e sorriu pequeno. - Bem, chega desse assunto. Imagino que seja a única coisa que consegue pensar agora, certo? - assentiu. - Foi o que imaginei. Aproveitando que não está conseguindo manter a cabeça no jogo, o que acha de escapar do treino para me fazer um favor, rapaz?

- Claro, treinador. - até que seria bom distrair a cabeça por um tempo.

- Preciso pegar uma caixa que chegou hoje cedo. São os convites para a festa que vamos fazer. - Harry assentiu, se recordando de quando comentou brevemente sobre o evento de jogadores. - Paul ficou de pegar na entrada e acho que levou para a fraternidade.

- Eu já volto. - foi o que disse antes de jogar seu capacete no banco e sair do campo, simplesmente.

A fraternidade se tornou um lugar mais agradável depois que fez as pazes com Zachary, e não podia negar o quão satisfeitos todos ficaram com tal decisão.

O caminho até a casa foi tão insuportável quanto humanamente possível, os olhares, os comentários e os julgamentos alheios levando-o à loucura, mas, enfim, chegou no prédio, as bochechas rubras e as mãos fechadas em punhos irritadiços.

Nem todo mundo era perfeito.

Precisava procurar por Paul, e assim que passou pelas portas duplas da entrada, ouviu uma risada escandalosa ecoando do segundo andar. Deu de ombros, ignorando enquanto virava o corredor para a área comum. Dentre os rostos conhecidos, não encontrou sinal de Paul, e frustrado por já estar perdendo boa parte do treino, voltou à recepção da casa, cogitando subir a escada em busca do rapaz.

Não conhecia todos os membros da fraternidade, talvez a maioria, mas ainda assim, havia alguém que podia ajudá-lo.

Felizmente, esse alguém agora era seu amigo.

Após subir a escada, bateu duas vezes na porta correta e rapidamente entrou, surpreendendo Zachary com sua presença repentina. O rapaz estava de pé perto da sacada, e sorria enquanto falava no telefone - gargalhava, na verdade.

Fez a conexão mental imediatamente - as risadas que ouviu assim que chegou foram suas.

Zachary estava bem feliz para alguém que havia presenciado um de seus melhores amigos sair correndo e chorando da sala do reitor, ainda naquela manhã, após perder o papel para o musical que mais queria na vida.

As sobrancelhas de Harry arquearam, e observando atento ao que Zac desligava o celular sem anunciar nenhuma explicação sequer para quem estava do outro lado da linha, reparou o quão desconfortável e surpreso estava por sua visita inusitada.

- H-harry, oi.

- Oi, Zac. - sorriu pequeno, não conseguindo desviar o olhar de sua expressão de choque, as bochechas sendo a única parte que detinham cor. - Não quis interromper. É rápido, juro.

- Não, não. - ele gesticulou no ar, alheio ao que falava. - Sem problemas.

- Travis disse que Paul trouxe um pacote para a casa hoje cedo. - a expressão de Zac iluminou com as palavras de Harry, e com um suspiro audível até mesmo para quem estava do lado de fora da fraternidade, tremeu os ombros em animação enquanto apontava para o canto da sala.

- Paul teve que refazer uma prova de última hora e acabou deixando aqui comigo, por segurança.

- Por segurança, é? - Harry murmurou, curioso, enquanto ia em direção ao canto que havia apontado há segundos atrás. Gaguejos ecoaram pelo recinto.

- O-o que?

Agarrando a caixa que precisava e agora conectando seu olhar diretamente no castanho de Zac do outro lado da sala, Harry sorriu.

- Deixou aqui por segurança. - o verde cintilava, atento mediante sua insegurança notória. - Paul.

- Ah, sim.

- Ele deve confiar muito em você.

Zac franziu o cenho.

- Acho que sim.

- O bastante para deixar coisas importantes sob sua supervisão.

Os olhos castanhas acenderam de uma forma que Harry nunca viu antes, surpreendendo-o antes mesmo das próximas palavras ecoarem, irônicas.

- Pelo menos eu não as perco de vista.

Harry nunca havia visto ou ouvido Zachary ser irônico antes, não daquele jeito, e com um sorriso no rosto, se retirou da sala, carregando em uma mão, a caixa com os convites da festa dos jogadores e na outra, uma desconfiança sobre alguém próximo o bastante para saber demais.

%%%

Louis pensou que fosse estar pior.

E como estava sozinho no estúdio, não precisava mentir para ninguém.

Talvez para si mesmo.

Mas sequer tinha forças para inventar uma desculpa capaz de enganar o próprio coração.

Então estava falando a verdade.

Louis pensou que fosse estar pior.

Mas ele estava, ao invés disso, lentamente digerindo o fato de que não seria mais o Danny Zuko original.

Queria dizer que, mesmo em poucos dias, não havia se apegado ao papel que sempre sonhou. Mas aí sim estaria mentindo.

Comemorou com srta. McGregor, com os colegas do musical, comemorou até mesmo com os rapazes e as garotas no Balls&Blues - pelo amor, comemorou com a sua mãe.

É claro que ele se apegou ao papel em apenas alguns dias.

Ele se agarrou naquele acontecimento ainda nos primeiros segundos, como se sua vida dependesse disso.

E por mais que seus instintos condicionados por relacionamentos abusivos e também, por mais que nunca fosse admitir em voz alta, sua tendência a ser dramático, sua vida não dependia daquele papel.

Seu merecimento não dependia daquele papel.

Sua felicidade não dependia daquele papel.

Eram passíveis de influência, é claro - obviamente viveria mais feliz com a sensação de mérito e reconhecimento - mas não ter o papel não desqualificava o que estava por vir, e com certeza não o categorizava como ruim, somente pelo fato de que poderia ser melhor.

E quem sabe outra coisa incrível estivesse o esperando?

Se tinha tanta certeza de que algo ruim fosse acontecer, mesmo não tendo absolutamente nenhum embasamento para tal, porque não canalizar essa energia e pensamento em algo positivo, ao invés?

Pouco progresso ainda é progresso, e Louis estava pegando o jeito de controlar suas emoções, dia após dia.

O segredo, ele descobriu, é sentir a sensação, mas não se tornar a emoção.

Ele sentia-se triste, mas não era triste.

Ele sentia-se chateado, mas não era chateado.

Ele sentia-se frustrado, mas não era frustrado.

Emoções devem ser sentidas, não incorporadas.

Presencie-a.

Permita-a.

Libere-a.

Essa era a fórmula para não tornar-se refém do próprio coração.

Louis tentava se lembrar do que Olivia lhe disse em sua primeira consulta, algo sobre manter tal sensação no peito somente enquanto ainda pode tirar-lhe alguma lição ou ensinamento, e então, deve deixá-la ir, pois de mais nada lhe serve senão dor e sofrimento.

E ali sozinho no estúdio, com bochechas úmidas e olhos ardendo por lágrimas silenciosas, perambulando entre as araras, os dedos passando delicados sobre os figurinos finalizados para a grande estréia, observando os cenários espaçados nas paredes e murmurando uma música aleatória - de Grease, é claro - se perguntou, diversas vezes, o que aquela dor estava tentando lhe ensinar.

- Eu queria ter algo bonito e motivador para te dizer, mas para ser sincera, estou tão desolada quanto você. - uma voz feminina ecoou sutil pelo estúdio, e Louis não precisou girar nos calcanhares para saber quem era.

Quem mais seria?

Sua mãe?

Próximo disso, mas não o bastante, temia.

- Vai ver não tem nada bonito e motivador para se dizer sobre tudo isso. - ecoou de volta, levemente ácido. Era humano, afinal, e tinha todo o direito de se sentir amargo quanto àquilo. Já havia derramado lágrimas a respeito, e agora, derramaria insatisfação.

- Eu sinto muito, Louis.

- Não foi sua culpa.

- Nem sua.

- Então porque estamos lamentando? - retrucou, e enfim, se virou nos calcanhares para encarar Tiana, há alguns passos de distância. Ela tinha expressões tristes e olhos brilhando. Por um momento, apenas se encararam, digerindo o contexto que aquele dia lhes trouxera, e então, com um suspiro melodramático, Louis deu de ombros. - Eu sempre fiz de tudo para ter o papel, e agora, o perdi sem ao menos ter feito algo. É...

- Injusto. - ela completou, tão amarga quanto. - Ele é. - sabia que estava falando do reitor, e ambos suspiraram. - Eu sabia que ia te encontrar aqui, mas pra ser sincera, pensei que fosse estar...

- Jogado no chão? Chorando pelas paredes? Arrancando meus cabelos para fora? - seu tom era leve, mas sabiam que não havia nada de ameno naquelas palavras. - Eu também pensei, mas... assim que cheguei aqui, acho que, de certa forma, me senti...

- Em casa. - um sorriso triste floresceu no rosto de Tiana. - Se sentiu em casa, não foi? - Louis assentiu, brevemente, surpreso por ser compreendido tão depressa e sem esforços. - Eu também me sinto em casa aqui.

- Eu acho que finalmente estou entendendo que algumas coisas simplesmente... acontecem. - sua voz estava rouca, e talvez fosse pelo bolo crescente em sua garganta, ou ainda pelas lágrimas que seus olhos tentavam segurar, não sabia ao certo. - Não podemos evitar, muito menos ignorá-las. Elas fogem do nosso controle ao mesmo tempo que apontam exatamente em nossa direção, e... tudo bem. - deu de ombros, intuitivamente. - Pode não parecer que vai ficar tudo bem, mas vai. - seu olhar caiu para sua coxa, e mesmo sobre os jeans, podia ver suas cicatrizes ali, olhando-o de volta. - Sempre fica tudo bem. Eventualmente.

- E você achando que não tinha nada bonito e motivador para dizer sobre tudo isso. - srta. McGregor sorria, e dando passos em sua direção, suspirou. - Eu estou orgulhosa, Louis. E extremamente feliz em ter encontrado uma forma de recuperar o controle de si mesmo em momentos como esse.

- Obrigado por tentar, Tiana. - mudou de assunto drasticamente, e observando sua professora se apoiar no outro lado da arara, essa sendo a única coisa que os separava, suspirou. - Eu sei que tentou até o último minuto.

- Eu nunca vou parar de tentar por você, Louis. - seus olhares estavam conectados, e Louis imaginou Tiana esticando a mão e apertando-lhe a bochecha, assim como sua mãe costumava fazer. O pensamento arrancou um sorriso de seus lábios. - Você merece todo esse esforço. Seu sonho não acaba aqui. Me recuso a deixar ele acabar aqui.

O tom de srta. McGregor era urgente, mas a expressão de Louis estava amena. Naquele momento, após um dia intenso, ele não queria realmente se preocupar com sonhos, papéis e responsabilidades - embora fosse muito importante -, o que ele realmente queria era consolo.

Era compaixão.

Era empatia.

E talvez suas feições tenham o denunciado, porque Tiana rapidamente saiu detrás da arara e foi em sua direção com braços abertos.

Só sabia a importância do abraço materno quem uma vez o perdeu.

E ali, dentro do carinho quente, aconchegante e familiar, Louis se permitiu fechar os olhos e despejar as últimas lágrimas da noite, ou as que pelo menos esperava que fossem.

Tiana depositou um beijo sobre seus cabelos e afagou seu ombro antes de separar seus corpos, surpreendentemente apertando-lhe as bochechas. Seus olhos azuis arregalaram em satisfação, e até mesmo riu feliz com aquele gesto que significou tanto, mesmo não tendo verbalizado o quanto o queria.

Seria essa uma daquelas coisas que mães simplesmente sabem?

Louis não tinha certeza, afinal, nunca havia perguntado para sua mãe sobre, mas confiou que sim.

- Eu preciso ir. - a voz de Tiana era amena, assim como seu olhar. - Me acompanha ou va...

- Vou ficar mais um pouco. - ecoaram juntos, e sorrindo agradecido, encolheu os ombros. - Por favor.

Tiana piscou em sua direção, satisfeita.

- Não precisa me pedir permissão para ficar aqui, Louis. É a sua casa, afinal de contas, não? - e com essa deixa, se despediu, seu olhar empático permanecendo até deixar o estúdio e bater a porta atrás de si.

Louis suspirou.

Aquela era, realmente, sua casa.

Ou uma das.

Conhecia pessoas que também eram sua casa.

Conhecia lugares que também eram sua casa.

Conhecia músicas que também eram sua casa.

E, acima de tudo, conhecia lembranças que também eram sua casa.

Casa é tudo aquilo que lhe faz sentir conforto, segurança, felicidade.

E sem se importar com nada, ou ninguém, afinal estava sozinho de novo no estúdio, Louis sentou no chão, entre as araras de figurinos, e deixou que a cabeça caísse nas mãos. Quando menos percebeu, e jurava que tentou evitar, as palavras já saíam de sua boca.

- Oi, mamãe. - era seu gatilho, definitivamente, pois o coração disparou, os olhos lacrimejaram e a garganta fechou. - Eu nem sei porque estou te contando isso, já deve saber de tudo, mas... - suspirou, firmemente. - Eu perdi o papel do Zu... - um toque de celular interrompeu suas palavras, e desconcertado, até mesmo assustado pela iminência do barulho repetindo, ofegou.

Levou dois segundos para perceber que era seu próprio celular tocando, o que era a resposta mais racional já que estava sozinho no estúdio, mas o que não era racional, era o número ligando.

Louis estava à beira de um desmaio, e a considerar o que havia acontecido nos últimos dias, era um fato e tanto.

Por um breve momento, tudo parou. Desde sua respiração até os batimentos de seu coração. Tudo, exceto o toque incessante do celular, que na tela, exibia um número conhecido.

O número que havia apagado após uma tentativa definitiva de parar com hábitos antigos de enviar mensagens mesmo sem receber respostas - obviamente.

O número que jamais esqueceria.

O número de sua mãe.

Falecida.

O número de sua mãe falecida.

Louis estava à beira de um desmaio. Na verdade, sentia como se já estivesse desmaiado, e apenas surtia os efeitos de sua imaginação fértil. Mas então, movido puramente por curiosidade, medo e surpresa, atendeu a ligação, seus dedos trêmulos erguendo o aparelho até sua orelha.

E quando uma voz feminina familiar ecoou, teve a certeza de que havia perdido a consciência e estava delirando.

"B-boo?"

Não podia ser.

Não.

Como?

Por que?

Como????

Abriu a boca, mas palavra alguma saía, e com um ofego frustrado que com certeza foi ouvido do outro lado da linha, ouviu de novo.

"Boo, é você? É você m-mesmo? Bo-"

Uma outra voz ecoou no fundo, e a linha caiu, tão abruptamente quanto Louis conseguiu processar.

A última coisa que concluiu antes de cair para trás, estatelando as costas no chão enquanto derramava a mais forte cascata de lágrimas desde o dia que recebeu a ligação sobre sua mãe ter morrido, foi que sua irmã mais velha havia ligado. Do antigo número da sua mãe.

Ela ainda lembrava de si.

Mesmo após tantos anos longe.

Mesmo após tantos desentendimentos.

Felicité ainda o chamava de Boo.

%%%

- Harry, tem certeza? Essa é uma acusação muito séria. - Liam murmurou, receoso, embora seus olhos denunciassem destreza.

Ambos estavam prontos para saber quem era o responsável pela divulgação das fotos, e Harry pensava estar um passo mais próximo de descobrir.

- Eu juro, Liam. Ele estava simplesmente radiante. Nunca vi Zachary tão feliz assim em toda a minha vida.

Liam mordeu o interior da bochecha por um momento, ponderativo, e então, suspirou.

- Qual é o plano?

%%%

- Tommo! Aí está você.

- Ficamos preocupados, Lou, Tiana disse que devíamos te dar privacidade e... - Zayn se interrompeu assim que concluiu estar sendo completamente ignorado. Com a testa franzida, suspirou. - Lou?

Os olhos azuis vagos piscaram confusos.

Louis sentia-se em transe, e somente quando ouviu-o ecoando pela segunda vez, notou estar segurando a maçaneta da porta de seu dormitório. Piscou atônito de novo, perdido dentro da própria mente. A última coisa que lembrava ter feito era deitar no chão do estúdio após o término da ligação.

Ligação.

Número de sua mãe.

Felicité.

Sentiu-se tonto.

Sentiu-se enjoado.

E, acima de tudo, sentiu-se confuso.

Como havia ido parar ali? Sem sequer perceber? Havia mesmo atravessado o campus em transe?

Como?

Abriu a boca mas não manejou falar palavras coesas, apenas gaguejos monossilábicos que significavam nada ao mesmo tempo que tudo. Suas pernas doíam mas não as sentia, realmente. Soltou a maçaneta em passos hesitantes e cambaleantes, o olhar ocioso no cômodo, e em segundos, Zayn e Niall estavam de pé, prontos para acudi-lo.

Sentia-se sufocado.

- Ei, Lou, está tudo bem, cara? - os olhos azuis de Niall pareciam prestes a pular das orbes e, assim que se aproximaram o bastante para tocá-lo, foram dispensados por suas mãos trêmulas.

- E-eu... está tudo bem, eu só...

- A coisa toda do musical é uma droga, Lou. - Zayn adiantou, a voz amena embora aparentasse nervosismo. - Não acredito que o reitor fez isso. Foi baixo até mesmo para ele.

Louis virou os olhos obsoletos em sua direção e suspirou.

É claro que eles pensavam que estava assim por causa do musical.

Por que mais seria?

Pelo fato de que sua irmã, cujo contato havia sido quase inexistente mesmo enquanto dividiam o mesmo teto, havia o ligado aleatoriamente pelo número de sua mãe falecida, o chamando por um antigo apelido carinhoso que nunca havia sido proferido de forma tão familiar como nos míseros segundos que a ligação durou?

Hm?

Por que mais seria?

Se não pelo musical?

Louis negou para o ar, confuso e sobrecarregado. Queria falar alguma coisa, mas não conseguia organizar seus pensamentos e sentimentos. Queria confortá-los, queria acalmá-los, queria explicar o que estava acontecendo, mas para isso, tinha que ele próprio compreender.

E não estava sequer próximo disso.

- Não, eu... - começou, e o bolo formado em sua garganta travou as palavras incoesas que estavam prontas para serem proferidas. Niall acariciou suas costas em um gesto amigável, incentivando-o a pôr para fora, mas na verdade só estava contribuindo para seu sufoco. - Eu só...

A porta que continuara aberta após ter caminhado cegamente até o dormitório agora anunciava a chegada de mais pessoas, e não precisou olhar para saber de quem se tratava.

Seu corpo, mesmo em transe, simplesmente sabia.

- Oi, rapa... - a voz rouca de Harry imediatamente cessou, e Louis pressionou os olhos bem fechados, incapaz de processar tantas informações em um curto período de tempo. Mas algo lhe dizia que não estava próximo de acabar. O que começou animado se transformou em apreensão. - Lou, o que aconteceu? Ni-niall, o que foi? Está tudo bem?

Podia quase sentir a urgência no tom preocupado de Harry, e não era novidade que todos os olhares estavam atentos sobre si, mas naquele momento, por mais que odiasse deixar seus amigos em tal situação de confusão e desinformação, Louis precisava deitar.

Precisava descansar.

Precisava pensar.

Com gestos mínimos mas significativos, dispensou o apoio de Niall e Zayn, erguendo queixo apenas o bastante para que pudesse fitar cada um presente no quarto, passando pelos olhos castanhos aflitos de Liam para, enfim, conectar os seus azuis aos verdes.

Harry implorava por explicações, e também lamentava um incidente que não era sua culpa, sua expressão corporal denunciando desespero, além da urgente necessidade de um abraço.

Louis suspirou em sua direção, recolhendo o que lhe restava de força para falar.

- E-eu estou bem. Só... só estou cansado. Foram dois dias intensos e eu não dormi direito ontem. - era um fato incontestável, afinal, todos dormiram juntos. Viram o quão pouco havia descansado. Mas ainda assim, suas expressões denunciavam descrença, por isso, choramingou. - Eu só quero esquecer que aconteceu, tudo bem? Só... só quero que não tenhamos mais que falar sobre a maldita foto. Só isso. Eu... - levou as mãos agitadas para os cabelos, esfregando a raíz com força enquanto bufava, exaurido. Não ia chorar. Não. Não haviam lágrimas restantes em seu corpo para tal. - Eu só quero esquecer. Podemos fazer isso?

Nunca haviam presenciado um silêncio tão gritante como aquele, mas após o que pareceu décadas, os rapazes trocaram um olhar confuso, até mesmo surpreso. Zayn foi o primeiro a se pronunciar, e limpou a garganta, finalmente, chamando a atenção para si.

- Tem razão, Lou. Acho que seria melhor para todos se... deixássemos isso passar. - sorriu pequeno, e recebeu um gesto semelhante, embora os olhos azuis não refletissem o que estava longe de ser verdadeiro.

Niall coçou a nuca, mal conseguindo disfarçar sua chateação.

- Foi mal, Tommo. Não queríamos te deixar pr...

- Não, não. - Louis adiantou, e cada segundo que gastava falando, deixava mais nítido para todos o quão drenado estava. - Não é culpa de nenhum de vocês. E também não é culpa minha, como eu disse. Não é isso. Eu só... - suspirou, tentando, falhamente, se acalmar e transmitir tranquilidade. - Não tem nada a ver com o musical, com o reitor, com a foto. - ergueu o olhar para Harry, que parecia petrificado, e suspirou, mais uma vez. - Não é nada disso. - piscou em sua direção, pronunciando palavras silenciosas através do gesto. Não é culpa sua. - Não é culpa de ninguém, e não tem nada a ver com o que aconteceu hoje cedo. Eu só...

- Precisa descansar. - Liam murmurou, pela primeira vez desde que entrou no dormitório, e Louis o fitou atônito. - Tem razão, Lou. Acho que todos precisamos descansar. - aliviado ao receber um aceno afirmativo, Liam suspirou. - Amanhã é o jogo classificatório para a final do campeonato, e tenho certeza de que as fofocas das próximas semanas serão apenas sobre isso. - Niall assentiu, do outro lado do cômodo, e Zayn murmurou em concordância. Pareciam revigorados por tal constatação. - Talvez seja melhor esquecermos do ocorrido da foto, também.

Os olhos castanhos de Liam viraram para Harry, que já esperava pelo contato. Trocaram palavras silenciosas a respeito de um contexto que apenas ambos sabiam, e ao fim, a decisão foi implicitamente unânime - Melhor não falar sobre Zac. Louis já está sobrecarregado demais. O que menos precisa no momento é de incertezas a respeito de alguém que considera amigo.

Então, Louis suspirou, estático no centro do quarto. Todo seu corpo exalava exaustão, e seus olhos já não mais pareciam sinceros.

Após tantos acontecimentos seguidos nas últimas quarenta e oito horas, era nítido o quão desgastado estava. Teve sua integridade física, emocional e psicológica testada quase que concomitantemente, e ali, os rapazes observavam apenas o que restara de sua força.

Passar por aquilo era difícil.

Compreender aquilo era difícil.

Mas deixar tudo aquilo ir - Louis não sabia como ainda estava de pé.

E temia que se demorasse mais algum tempo, pudesse desfalecer ao chão em pura fraqueza e sobrecarga.

Sentiu tanto que já estava desprovido de sentimentos, seu cérebro se recusando a aceitar qualquer estímulo externo até segunda ordem, mas seu coração ainda batia ardente no peito, disposto a lutar.

Por ora, havia erguido a bandeira de paz.

Sem mais lutas até o sol nascer.

- Obrigado por entenderem. - no limite das sensações vagas que o açoitavam, suas palavras ainda foram emotivas, o bastante para levar lágrimas aos olhos. Mas com um chacoalhar de ombros, sorriu sem dentes, verdadeiramente. - Eu sei que amanhã vou estar animado para o jogo, - seu olhar dialogava com o verde, está tudo bem, eu prometo, palavras que sua boca não ousavam pronunciar. - E mal vejo a hora de arrasarem em campo. Mas por hoje, eu só quero...

- Ficar quietinho. - Harry completou. Louis já havia lhe dito aquelas mesmas palavras antes, logo após passarem o dia juntos no dormitório, jogando O Reino Mágico da Disney e comendo besteiras. Niall chegou do final de semana na casa de família e os encontrou. Louis recebeu a notícia de que não havia passado na audição do musical naquele dia e estava desolado. Harry permaneceu e o fez companhia, até que decidiu ficar sozinho. Ficar quietinho. Mas, surpreendentemente, após tomar banho de volta em seu dormitório, atendeu a porta a tempo de encontrá-lo, envergonhado e disposto a ficar quietinho ao seu lado. Entretanto, ali, naquele exato momento, de frente para a figura desmotivada de Louis, tinha a certeza de que seria diferente. - Vai descansar, gatinho. Amanhã tudo vai estar melhor.

Louis mordeu o lábio inferior, contendo um suspiro, assim como palavras que não conseguia compreender, e então, assentiu. Havia tanto que queria dizer, que queria fazer, que queria sentir, mas por ora, só conseguia assimilar.

E Harry tinha razão.

Amanhã tudo estaria melhor.

%%%

- Louis, está pronto? - Niall gritou, animadamente, do lado de fora do dormitório.

Afinal, por que não estaria animado?

Era dia de jogo!

E ainda, dia de jogo classificatório para a final do campeonato.

Os Wolves tinham muita pressão sobre suas cabeças, e pela primeira vez na semana que tinha tudo para ser a pior do ano letivo, poderiam finalmente colocar para trás o que aconteceu com Louis.

Nada atiçava mais as fofocas do que jogos universitários, de acordo com o próprio Liam.

E se isso não tirasse o foco das fotos, não sabiam o que tiraria.

- Estou pronto! - Louis exclamou assim que saiu do dormitório, vestindo a camiseta dos Wolves sob a jaqueta jeans e um sorriso esperançoso nos lábios.

De fato, precisaria de muita esperança, porque aquele dia de jogo tinha tudo para finalizar a semana intensa com chave de ouro.

A verdadeira cereja no topo do bolo.

eitcha

eitcha

eitcha

O que acharam? Muitas revelações, sim?

Queria fazer alguns comentários importantes:

Como disse no cap anterior, tudo que aconteceu foi o gatilho que Louis precisava para compreender o que havia passado, e também como lidar com isso. Não se preocupem, a hora de Harry ainda virá, e se aproxima!

Tivemos outros muitos gatilhos nesse cap, um deles, inclusive, foi a ligação com o número da Jay, mas que, na verdade, quem falou foi Felicité.

Deixo aqui um apelo, que na verdade, é um apelo meu.

Sinceramente?

Não conseguiria escrever, no contexto da fanfiction, Louis recebendo a notícia que, além da sua mãe, sua irmã mais velha também havia morrido.

Eu não consigo.

Pensei nessa parte do plot desde o início e, sinceramente, não consigo.

Não consigo fazer o Lou de OUAP passar por isso, não.

Então, até onde os limites da liberdade criativa vão, a Fizzy ainda está entre nós, e na vida do Lou de OUAP.

Espero que compreendam.

Esclarecendo isso, estou animada para o próximo cap porque amo dias de jogos!!!!

O que acharam sobre toda a situação da foto?

O que acharam do cap? Feedback?

Espero, de coração, que tenham gostado, e nos vemos no próximo cap, que talvez venha atrasado, talvez na quinta que vem.

Ps.: a playlist da fic no spotify está sempre linkada no meu perfil do wattpad, e ela é atualizada semanalmente com as atts.

tt as always no ohnanathalie

insta as always no nathaliemach_

amo ocês!

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