once upon a plug {l.s}

By infactIarry

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Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

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Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

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By infactIarry

LOUEH

Terceira quarta-feira seguida com att? meu deus (tendo dito isso, deixo aqui avisado que semana que vem é a semana de provas na minha facul e eu pretendo ainda tentar resgatar o semestre enquanto posso, então talvez a att venha atrasadinha, mas ela vem!)

O que dizer sobre esse cap?

Leve, com refrescos (finalmente) e revelações que estão pedindo a tempo! Um cap para ler com o sorriso no rosto e o coração aliviado.

Eu, particularmente, não estou satisfeita com a forma que escrevi ele, quanto mais eu olho, menos gosto, então vai assim mesmo, e espero que o próximo seja melhor k é sempre assim, com os caps mais emotivos, exige mais detalhamento e descritivo, mas quando os acontecimentos são leves, de transição e fluidos, acaba exigindo menos contexto e mais diálogo, ai eu sempre sinto que ficou uma merda (deve ter ficado mesmo)

Mas em relação ao conteúdo... bem, ele marca a divisão dos fatos da fic. Estamos nos encaminhando para os últimos 15 caps e bem, esse tem o gatilho para que tudo comece a entrar nos eixos e o mistério do plug seja finalmente revelado.

Espero que gostem, que estejam bem e que me perdoem pela pouca qualidade que eventualmente chega :(

boa leitura e boa sorte k

cap tá...

- Atenção, pessoal! Não temos tempo para erros. - srta. McGregor percorria o estúdio, e com sua voz, a adrenalina e ansiedade pelo ensaio que tinha que ser perfeito, ou o mais próximo disso que pudessem alcançar.

Era cedo mas já demonstravam sinais de exaustão, pingos de suor tomando o chão e ofegos curtos permeando o ar abafado.

A beleza de uma preparação magnífica, e que definitivamente estava surtindo resultados.

Todos estavam dando seu melhor e além - literalmente.

Na fase final dos ensaios, começavam a performar com o figurino completo, o cenário de prontidão e os acordes e arranjos em sua totalidade. Se fechassem os olhos e imaginassem uma audiência maior do que srta. McGregor por si só, conseguiriam plenamente projetar o musical já no dia de estreia, e isso deixava qualquer um doido.

Era divertido, ainda assim. Gargalhadas ecoavam com a batida quando algum erro era cometido ou acabavam por derrapar no chão úmido de suor.

Aquele musical determinaria boa parte do rumo de suas vidas no âmbito artístico, e para muitos ali, era a única chance real antes de embarcarem no mundo adulto.

Ou aproveitavam ou se arrependiam.

Por isso, em algum momento de You're The One That I Want, que costumavam ensaiar ao menos vinte vezes ao dia, todos os dias, simplesmente por ser um dos pontos mais destacáveis no musical e também um dos mais conhecidos, Louis sentiu uma dor incomum.

Oh-oh.

Não deixou-se abalar, contudo, e ao lado de Bebe enquanto demonstravam um passo em específico no Shake Shack para Xavier, o Zuko original em treinamento, continuou realizando as trocas de mãos e pés, além de posar teatralmente para Corey.

Ah, sim.

Após determinarem que dariam uma pausa no relacionamento para que Harry pudesse direcionar todos os seus esforços em si mesmo, isso acarretou automaticamente na desistência - mais uma vez - do posto de fotógrafo oficial do musical.

Que voltara a ser de Corey.

Tinha que admitir - o rapaz era bom, bastava acreditar que sim e deixá-lo provar seu valor, assim como todos ali presentes.

Estavam em uma espécie de maratona, ou como gostavam de chamar, o treinamento olímpico dos musicais.

Horas incontáveis de ensaios árduos, limites de exaustão elevados ao máximo, dia após dia, comprimidos analgésicos e tensores para aliviar dores musculares, e ainda por cima, muito cuidado e preparação com a voz em momentos cruciais como aqueles.

Tudo precisava ser perfeito.

Por isso Louis persistiu e elevou sua determinação ainda mais. Precisava dar seu melhor, sempre, e não importava se o papel não era oficialmente seu, seria quase rude não se esforçar tanto quanto todos presentes - e continuou, ainda mais rápido e mais intenso, sentia a visão oscilante e o coração acelerado, estava quase no fim da rotina de passos e iria finalizá-la bem.

Mas foi quando sorriu para as lentes da câmera e aumentou mais a intensidade dos passos que tropeçou nos próprios pés, e a última coisa que viu foi o chão, seguido de uma sensação latejante no tornozelo e o eco do grito de Bebe ao seu lado.

Droga.

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- Essa está significativamente melhor, sr. Styles. - srta. Pierce sorria para a expressão aliviada de Harry. - O que achou da última sessão?

Estavam no laboratório de fotografia, e como em uma mentoria, colocavam seus portfólios em desenvolvimento para serem sujeitados à análise constante. Por isso srta. Pierce tinha em mãos a pasta repleta de fotografias, suas fotografias.

Páginas e mais páginas preparadas ao longo de três anos de trabalho acadêmico árduo, e que detinham do poder de alavancar sua carreira no ramo ou destruí-la antes mesmo de começar.

Harry tinha os braços para trás do corpo e as mãos entrelaçadas como um claro sinal de nervosismo, mas suas expressões faciais estavam confiantes.

- Foi muito produtiva. - murmurou enquanto ainda tinha olhos divagando pelo próprio portfólio na mão da professora. Aquela pasta significava tanto quanto um filho para si, e não podia evitar em suspirar orgulhoso. - Para a próxima sessão estava pensando em convidar Zayn... - notou que talvez não soubesse de quem se tratava e encolheu os ombros. - Hm, um amigo que faz parte do curso de maquiagem.

- Isso seria interessante.

- Talvez pudéssemos colaborar. Ele faz as maquiagens das modelos e eu fotografo, assim ambos os nossos portfólios podem se beneficiar com o resultado.

Srta. Pierce fechou a pasta com determinação e sorriu para o rapaz à sua frente. Parecia que finalmente havia absorvido seus conselhos das últimas semanas, e estava satisfeita.

- Essa é uma ótima ideia, Harry. - soube estar sendo elogiado quando seu primeiro nome foi mencionado, e suspirou ainda mais aliviado. - Se esforçou tremendamente e está colhendo os resultados agora, com toda certeza. Deveria sentir orgulho de si mesmo.

E Harry sorriu.

Afinal, sentia-se, de fato, orgulhoso.

Pela primeira vez desde que podia se lembrar - sentia-se orgulhoso de seu trabalho artístico.

Finalmente.

Por fim, com bochechas coradas e um sorriso digno de duas covinhas, assentiu.

- Obrigado, srta. Pierce. Obrigado mesmo.

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- Louis! - Bebe exclamava preocupada, repetida e estridentemente. - Louis!

Tudo ao seu redor parecia girar, mesmo ainda estando de olhos fechados e mal reconhecendo os próprios membros do corpo.

Piscou os cílios algumas vezes, confuso, e após o que pareceu uma eternidade, abriu os olhos por completo, encontrando uma cabeleira loira, um Xavier espantado nas mesmas proporções que surpreso e srta. McGregor com a mão sobre o coração - além, é claro, de todos os pares de olhos presentes no estúdio virados para si.

Ótimo, ironizou em pensamentos, embora tivesse a certeza de que havia feito um bico irritadiço com os lábios.

Seu olhar oscilante caiu para o lado, e notou estar deitado no chão, bem de frente à estrutura do Shake Shack, e somente então percebeu não estar com a cabeça diretamente encostada no piso gélido.

Bem que parecia estar flutuando mesmo.

Isso porque haviam mãos apoiando seus ombros erguidos, e bastou mover um pouco o foco de visão para encontrar, surpreendente, o dono delas.

Corey parecia assustado e levemente preocupado, mas manejou de sorrir ao notar que os olhos azuis estavam lúcidos em sua direção.

Quase lúcidos.

- Louis! - a voz de Bebe, mais uma vez, se fez presente, e a fitou atentamente. - Mas que merda, Zuko. Quer nos matar do coração?

Piscando ainda confuso, olhou, por sua vez, para srta. McGregor, que parecia a beira de lágrimas nervosas.

- O qu..?

Louis não conseguiu terminar a frase, a cabeça latejando mas ainda assim não sendo o ponto focal de sua dor. Estava tão atordoado que não conseguia identificar qual parte do corpo havia realmente atingido na queda, até que tentou se levantar.

Péssima ideia.

Sua visão ficou preta na mesma velocidade que suas mãos perderam o apoio do corpo, e mais uma vez, se não fosse por Corey, teria caído contra o chão frio.

Foi Bebe que se pronunciou, novamente.

- Quase quebrou o tornozelo, idiota. Por que tentou fazer aquilo?

E somente então sua mente processou a dor excruciante que sentia - no tornozelo. Também ofegou surpreso com a sensação gélida e refrescante do gelo que era prontamente pressionado na região pelas mãos trêmulas de Xavier, e voltou a fitar sua professora em busca de alguma explicação.

Mas sabia o que ela iria dizer.

Confuso ou não, sabia perfeitamente o que estava por vir.

Podia até mesmo prever as palavras que tão duramente cuspiria em sua cara, enquanto lhe dava uma bronca sobre extrapolar limites físicos durante ensaios e performances.

Por ora, Tiana se limitou a recompor a postura, limpar a garganta e mandar Bebe e Xavier acompanhá-lo à enfermaria - mas seus olhos eram claros.

Falaremos depois, mocinho.

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- Atenção, rapazes! - Travis bateu palmas, recolhendo assim cada par de olhos presente no vestiário. Com um suspiro exaurido, apoiou a prancheta no peitoral. - Temos apenas alguns dias até o próximo jogo, e nossa performance em campo determinará a classificação dos Wolves para as finais ou não. - tais palavras pareceram irradiar ansiedade e preocupação pelos jogadores amontoados nos bancos de metais, e também nos encostados nas fileiras de armários. - Tendo dito isso, quero que dediquem cada gota de disposição que tiverem no treinos, mas acima de tudo... - propositalmente desviou o olhar para Harry, que estava apoiado pelo ombro em uma coluna. Sorriu pequeno para o rapaz. - Quero que cuidem do emocional. Sei que é um momento decisivo, mas de nada adianta treinar insanamente e não conseguirem manter a cabeça no jogo durante a partida. - Liam, ao lado de Harry, encolheu os ombros, pessoalmente atingido por tal constatação. - Antes dos treinos, depois, ou até mesmo fora dos horários convencionais que costumamos estar aqui, quero que saibam que estou a disposição, seja uma conversa casual, seja para um desabafo. E ainda, se precisarem de um diagnóstico profissional, a psicóloga da universidade está com vagas, e eu me coloco disponível para acompanhá-los a qualquer momento em uma consulta.

Travis terminou de falar com olhos decididos, mas não recebeu a mesma resposta dos outros jogadores. O ar estava tomado por insegurança e até mesmo vergonha, o que acabou por desmotivá-lo drasticamente, as linhas ao redor de seus lábios caindo em decepção.

Parecia triste, como uma figura paterna diante de seus filhos, impassível de ajudá-los.

Mas sempre havia aquele filho, não necessariamente o mais inteligente, o mais velho ou o mais responsável. Mas sim aquele filho cujo coração falava mais alto do que as próprias palavras.

E esse filho jamais deixaria que alguém ficasse triste diante de uma situação daquela.

Harry arqueou as sobrancelhas para os colegas, desde Liam até Patrick e Chad.

Pareciam desconfortáveis com o assunto, quase como se tivessem sido colocados de frente para um espelho e forçados a encarar a si mesmos pela eternidade.

Foi quando suspirou decidido.

Agora era a hora.

Precisava fazer o que era melhor para o time, para seus colegas, para seus irmãos.

Precisava deixar de lado as inseguranças e receios a respeito de Ryan, que nem mesmo estava no time, ou na uni, e assumir algo que podia ser seu.

Se quisesse.

- Travis tem razão. - canalizou, de imediato, toda a atenção para si, e virou diretamente para Liam, ao seu lado, sem pensar duas vezes. Todos ali precisavam ouvir tais palavras, mas aquele jogador em especial precisava de alguns conselhos. - Sei que muitos de nós usamos o futebol americano como válvula de escape, mas algumas coisas precisam ser enfrentadas, quer gostemos ou não. - os olhos castanhos cintilavam em sua direção, e seu primeiro instinto foi de abraçar o amigo com força. Por ora, se manteve parado. Precisava garantir que entendesse e absorvesse o máximo possível. Liam precisava compreender. - Eu tenho uma consulta marcada com a psicóloga na próxima semana. Se quiserem, e somente se quiserem, podemos separar um dia para irmos, todos, assim ninguém perde o treino e também recebemos o acompanhamento adequado. - Liam abriu a boca mas nada saiu, e a julgar por suas bochechas coradas, estava à beira de um desabafo. Harry persistiu, firme. - Sei tão bem quanto vocês o quão estressantes estão sendo as últimas semanas, mas isso vai além do futebol, isso vai além do campeonato. Isso é sobre amizade e companheirismo, e eu não quero comemorar touchdowns sem ter a plena certeza de que o cara ao meu lado está realmente aproveitando o processo do que deveria ser a melhor experiência de nossas vidas até agora.

Harry queria poder ter visto a expressão agradecida e lisonjeada de Travis após seu discurso digno de capitão. Também queria ter visto o olhar acolhido de seus companheiros de time após ouvirem exatamente o que precisavam para tomar coragem. E acima de tudo, queria ter visto a onda de depoimentos e solicitações a respeito da ajuda profissional.

Mas ao invés de tudo isso, viu apenas a expressão fragilizada de Liam.

E então, estavam abraçados.

Finalmente.

O encaixe de seus peitorais e braços e ombros foi imediato, suspiros e sussurros emotivos ecoando conforme transmitia o máximo de conforto possível. Conseguia sentir cada gota de angústia e ansiedade no corpo do amigo, e rezou para que ao menos pudesse amenizar tais sensações enquanto apertava os braços ao redor de seu torso e murmurava incentivos em seu ouvido.

Sentiam-se unidos mais uma vez.

Como se todos os contratempos tivessem acontecido no intervalo de um piscar de olhos, e agora já houvesse desaparecido da existência.

Mas isso não era verdade.

Nada havia mudado.

Continuavam com os mesmos problemas e segredos de antes, mas ao menos agora haviam relembrado seus corpos de que tinham um ao outro, e isso bastava.

Por ora.

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Louis deu duas batidas suaves na porta e seu rosto imediatamente se contorceu em simpatia assim que Olivia colocou a cabeça para fora do consultório. Mas a expressão da psicóloga não ultrapassava os limites da preocupação, os olhos castanhos medindo seu corpo de cima a baixo, apenas para parar conscientemente em seus pés cobertos pelos Vans.

- Pensei que tivesse se machucado feio hoje no ensaio.

Louis deu de ombros, movendo o tornozelo como uma afirmação de que estava bem. Como ela sabia de seu episódio de mais cedo?

- Me conhece. Sabe que às vezes é só drama. - murmurou, contudo.

Olivia arqueou uma sobrancelha, ainda segurando a porta como se ponderasse sobre prosseguir com a consulta ou não. Parecia ler o rapaz à frente com facilidade, beirando até mesmo a diversão.

- Tiana não é nem um pouco dramática, e se eu mostrar as mensagens que ela me enviou mais cedo sobre seu quase trágico acidente, saberia o que estou querendo dizer.

Louis cruzou os braços. É claro que Tiana havia dedurado.

É claro.

- Foi só um susto. A moça da enfermaria disse que nem mesmo torci, só foi um passo em falso. - Olivia pressionou os olhos em sua direção, digerindo suas palavras com cautela. Não parecia acreditar e isso o fez revirar os olhos. - É verdade, eu estou bem. E além do mais, não estou aqui para sapatear pelo consultório.

Um bico tomou a expressão da psicóloga ao que a porta era, por fim, aberta.

- Lá se vai meu plano, então. - caçoou, divertida, enquanto analisava a suavidade do passo de Louis conforme entrava na sala. Não mancava, o que era bom.

- Temos outro plano para planejar, Liv, e estamos perdendo tempo.

- As garotas virão?

- Vão se atrasar. Podemos ir começando.

- E o que tem para me contar hoje, sr. Tomlinson?

- Então, Travis disse que Ryan vai chegar daqui...

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Era quase noite quando Harry finalmente deixou o estúdio de fotografia.

Após o treino da tarde, na qual se despediu de um Liam mais confortável com sua aproximação (finalmente), acabou por se escondendo no estúdio pelas horas que se seguiram, só parando quando seu estômago começou a reclamar mais do que seus dedos doloridos de tanto segurar a câmera e também de editar fotos no notebook.

Estava cansado mas igualmente satisfeito.

Agora sabia o que Louis tinha em mente quando disse para focar em si mesmo.

Em um só dia havia validado seu portfólio, que estava cada vez melhor de acordo com sua orientadora, havia tido um treino satisfatório após o discurso motivador com os jogadores, havia tido, ainda, um momento significativo com Liam, que há muito não desfrutavam, e também havia finalizado tais longas horas de trabalho árduo com mais uma sessão de fotografias e edições.

Tudo para si mesmo.

Como deveria ser.

Continuava cansado, mas era um tipo diferente de cansaço - misturado com satisfação e orgulho próprio.

Um dia inteiro de Harry Styles, para Harry Styles.

Só precisava fazer mais uma coisinha antes de finalmente descansar pelo resto da noite.

Foi quando empurrou a porta do estúdio de música com os ombros e notou estar sozinho no amplo espaço onde ocorriam os ensaios para o musical.

Quer dizer, quase sozinho.

- Ol... Harry? - srta. McGregor imediatamente sorriu, surpresa, enquanto saía de trás do cenário característico de Grease para encontrá-lo no meio do ambiente. Vestia suas roupas usuais de orientadora, o que denunciava estar naquele mesmo estúdio desde o início da manhã; era a primeira a chegar e a última a ir embora, sempre. - Que visita inesperada, querido.

Harry encolheu os ombros após receber um abraço da mulher.

Tiana estava sendo o mais compreensiva possível em relação às suas prioridades flutuantes, afinal, em apenas alguns dias, havia pedido para mudar a posição como fotógrafo oficial diversas vezes. E sabia que Louis confidenciava algumas coisas com a professora, o que o garantia certo alívio frente à mulher.

Se Louis confiava nela, não havia motivo para não o fazê-lo também.

E mesmo não tendo contado os motivos que o levaram a sair, mais uma vez, do posto de fotógrafo do musical, sabia que Tiana estava por dentro dos últimos acontecimentos. Isso tornava tudo mais fácil.

- Desculpe por ter vindo tão tarde e sem avisar. - sorriu apologético e recebeu um afago carinhoso no ombro.

- Não se preocupe, eu não costumo sair do estúdio tão cedo assim. - Tiana apoiou as mãos cansadas na cintura, com um suspiro. - Precisa de algo, querido?

Harry rapidamente negou.

- Na verdade, esqueci alguns equipamentos aqui, desde a última sessão de fotos dos ensaios. - srta. McGregor assentiu como se estivesse ciente do assunto, e de prontidão girou nos calcanhares para repousar os olhos em algo.

- Eu acho que os guardei dentro da mesa de som. Corey avisou que haviam equipamentos extras e imaginei serem seus. Com toda a confusão do ensaio de hoje, acabei me esquecendo de pedir a Louis que lhe entregue.

Harry parou no meio do caminho em direção à mesa de som para fitar a professora, o verde cintilante com as possibilidades que cruzavam sua mente.

- Confusão?

Tiana sorriu pequeno para os olhos analíticos do rapaz.

- Tivemos um pequeno contratempo. - foi o que se limitou a dizer, mas Harry sabia que estava escondendo algo. Podia ver em sua expressão, e ainda no meio do caminho, cruzou os braços.

- Foi com Louis, não foi?

Linhas preocupadas apareceram na testa da professora, que suspirou, rendida.

- Ele se acidentou durante a cena de You're The One That I Want. - os olhos de Harry quase saltaram das orbes ao passo que suas bochechas perderam a cor e seus lábios partiram em choque. - Poderia ter sido grave, como quebrar o tornozelo e passar a formatura com um gesso sendo acessório da beca. Mas, por sorte, foi apenas um susto. Bebe e Xavier o levaram para a enfermaria e garantiram que recebesse os cuidados necessários.

- Mas ele está bem? - Harry parecia à beira de correr desesperadamente em busca de Louis, sua voz denunciando a veracidade da possibilidade, e isso fez srta. McGregor sorrir.

Esses dois, sua mente ecoou.

- Louis está perfeitamente bem, querido. Voltou para o estúdio e continuou com os ensaios. Vocais, é claro. Como disse, foi apenas um susto.

Com um suspiro aliviado, Harry assentiu, levando ainda alguns segundos para voltar a caminhar em direção à caixa de som, onde seus equipamentos estavam guardados.

- Ainda bem. - murmurou, quase envergonhado por ter mostrado tanta vulnerabilidade diante de Tiana, mesmo que pudesse ver na expressão da mulher o quanto simpatizava com seu relacionamento e afeto. - Sabemos como ele pode exagerar às vezes, e um acidente como esse pode arruinar tudo. - já havia chego na caixa de som, e fitando-a brevemente, deu de ombros. - Mesmo Louis não performando na estreia, uma fratura seria desmotivadora para os outros alunos.

- Na verdade... - a voz melodiosa ecoou, e de costas enquanto recolhia cada equipamento que tinha, Harry mal notou a expressão ansiosa da professora. - Você é o primeiro para quem conto isso, então mantenha bem guardado. Mas... - um limpar de gargantas sutil veio de trás de seu corpo, e mentiria se dissesse que seu coração já não estava disparado no peito. - Xavier abdicou do papel de Danny Zuko, e em breve anunciarei a transferência para Louis, oficialmente.

Se não fosse pelo tatame no chão, todos os equipamentos extremamente caros teriam sido estilhaçados, pois Harry não raciocinou nada além das últimas palavras de Tiana conforme girava nos calcanhares e fitava a mulher com alívio, as mãos que deveriam demonstrar aperto firme agora divagavam no ar, soltas.

Há um momento decisivo antes de um show de fogos de artifício se iniciar.

Quando todos os olhos presentes estão voltados para o céu límpido, ansiosamente à espera de feixes de luz e felicidade.

E então, o primeiro estoura, dispersando claridade pela imensidão de estrelas e desencadeando um coro uníssono satisfeito. Com ele vem o segundo, o terceiro, e logo o céu se torna um verdadeiro colapso de cores, luz e pó mágico.

O brilho, na verdade, não está no show.

Mas sim nos olhos de quem o vê.

De quem aguardou por aquele momento, pacientemente.

Os fogos não iluminam apenas o céu, mas também refletem em seus olhos, suas expressões, suas reações.

Era assim que Harry se sentia naquele momento, diante de srta. McGregor.

Como se olhasse para um show de fogos de artifício mas na verdade o brilho estava em suas íris verdes.

Louis havia conseguido, afinal.

Depois de meses de trabalho duro e despretensioso, o papel que nasceu para ser seu... seria finalmente seu.

Harry tentava organizar palavras dignas para responder, mas algo na expressão orgulhosa de Tiana denunciava saber que não superaria o gaguejo desenfreado tão cedo.

E tudo bem apenas apreciar o show de fogos enquanto ele ainda está acontecendo.

Algumas coisas na vida não requerem reações, apenas satisfação.

Por fim, a mulher ergueu os ombros em felicidade, perdendo a postura de professora por alguns milésimos de segundo.

- Eu sei, incrível não?!

Quem ela queria enganar. Estava tão ansiosa quanto qualquer um para finalmente poder anunciar aquilo, e a sensação de missão cumprida era bem mais saborosa do que imaginou.

Harry, então, explodiu em risadas e sorrisos, as únicas coisas que seu cérebro havia manejado processar após receber uma notícia tão impactante e incrível como aquela.

Era o final perfeito para um dia perfeito, certamente.

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Ao menos era o que pensava.

Porque quando abriu a porta de seu dormitório, teve a certeza de que seu dia ainda não estava no fim.

Muito menos no nível máximo de perfeição que poderia chegar.

Niall e Zayn estavam sobre sua cama de solteiro, e a julgar pela quantidade de produtos de estética jogados pelo colchão, provavelmente manchando seus lençóis, estavam prestes a aprontar alguma coisa. Liam estava sobre sua própria cama, na parede oposta ao salão de beleza improvisado, e concentrado no videogame, exclamava comandos para Louis, que estava sentado de pernas cruzadas no chão, onde travesseiros e edredons se amontoavam.

Alguma música ecoava baixa, provavelmente provinda do console, e suas risadas se misturavam no ambiente descontraído.

Com um suspiro, ainda segurando a porta aberta, Harry sorriu.

- Oi, rapazes.

Todos os olhares se voltaram para si, Zayn estagnando as mãos cheias de algum produto transparente sobre as bochechas de Niall, forçando um bico em seus lábios vermelhos, e Louis pausando imediatamente o jogo de futebol na televisão, mesmo que Liam resmungasse para não o fazer.

Em segundos, sorrisos tomaram cada rosto no cômodo.

- Olha só quem chegou. - o moreno anunciou.

- Conhece as regras. - Louis arqueou uma sobrancelha, rindo para o corpo forte, que já fechava a porta e se desfazia das mochilas e equipamentos que carregava, só deixando a câmera pendurada no pescoço. - O último a chegar distribui as cervejas.

Harry riu enquanto negava, esfregando as mãos nos fios de cabelo em uma tentativa de amenizar sua leve dor de cabeça. Não podia reclamar quanto aquilo, muito menos em relação ao fato de que todos os seus amigos estavam em seu dormitório.

Sentia falta de seus momentos juntos, e era grato por estarem ali.

Passou pelo corredor entre as camas trocando hi-5s, até que alcançou o frigobar no canto.

Era a regra, afinal.

- Tenho até medo de perguntar mas... - começou, o olhar repousando em Niall e Zayn e os diversos produtos que desconhecia sobre a cama. Jogou uma latinha para Louis antes de prosseguir. - O que estão fazendo?

Niall afastou as mãos de Zayn de seu rosto para fitá-lo, e sorriu. O contorno de suas sobrancelhas estava vermelho, quase como se tivesse sido cutucado. No fundo, Louis gargalhava de sua cara, nem tão discreto assim.

- Zayn está me maquiando, obviamente.

- Obviamente. - Harry ironizou, sorrindo. Não sabia o que o causava mais divertimento, Niall e seu rosto inchado ou Louis e sua gargalhada esganiçada. Por fim, virou o olhar para o outro grupo, perto da TV. - E vocês dois? - Liam havia acabado de receber sua latinha de cerveja com maestria, afinal, eram jogadores de futebol americano. O que mais sabiam fazer era arremessar e agarrar coisas. E foi para ele que perguntou. - Placar?

- Cinco. Pra mim, é claro. - respondeu sobre o jogo de videogame espelhado na tela e sorriu provocativo, recebendo um dedo do meio de Louis.

Os olhos azuis, então, encontraram os verdes, e subitamente, não havia mais nada nem ninguém no quarto.

Apenas seus olhares significativos e corações desesperados.

Parecia magia, e Harry queria gritar para os quatro cantos o quanto amava se sentir enfeitiçado.

Mas só conseguiu manter-se estático no corredor entre as camas enquanto observava com olhos cintilantes a silhueta de Louis erguendo-se do chão e caminhando a passos suaves em sua direção. Bastou algumas piscadas de cílios para enfim ter o azul intenso próximo de si.

E o feitiço se tornou ainda mais forte.

A uma distância curta o bastante para colar seus torsos mas o suficiente para não o fazerem, Harry observou de cima conforme Louis erguia o queixo e alinhava seus olhares. Seu pulmão colapsou tragicamente no instante em que as mãos pequenas e delicadas tocaram sua nuca, e em um audível suspiro surpreso, arregalou os olhos verdes.

Louis sorriu ladino, como se achasse graça de sua reação, e deslizou a ponta dos dedos pela pele quente e sensível, logo abaixo dos cachos definidos, por fim dedilhando a tira que segurava a Nikon rente em seu peitoral, descendo pelo tecido até agarrar as extremidades da câmera e a puxar para cima.

Harry soltou outro suspiro ao se ver livre do peso já familiar do equipamento, mas, acima de tudo, ao se ver livre do toque quente que tanto amava.

Seus olhares continuaram colados durante todo o momento, até mesmo quando Louis colocou a tira ao redor da própria nuca, e piscou os longos cílios em sua direção. Por fim, sorriu com direito a duas covinhas enquanto erguia ambas as mãos e segurava-o pelas bochechas macias.

Só porque estavam dando um tempo, isso não significava que não podiam se tocar, ou demonstrar afeto, até porque Harry havia abraçado e confortado Liam ainda naquela mesma tarde.

Não faria sentido privá-los de algo que não os machucava.

Mas tinham que admitir que o toque havia ressignificado seus instintos, e agora dispersavam sentimentos ainda mais... intensos.

Não era proibido, mas gostavam de pensar que era mais especial.

Por isso, Harry pressionou seus lábios na bochecha de Louis e deslizou seu polegar com carinho no outro lado, apenas para então se separaram.

Com a distância, vinha o desaparecimento do feitiço, dando então espaço para que seus sistemas reconhecessem o cômodo mais uma vez. Zayn passando o que seria blush (mas era azul?) em Niall e Liam arrotando a cerveja audivelmente enquanto prosseguia o jogo sem ao menos esperar por Louis.

Com um suspiro satisfeito, Harry voltou a dar atenção total aos olhos azuis, e sorriu ao notar que estavam fixos em si, quase hipnotizados.

- Teve um bom dia hoje?

- Ia te perguntar a mesma coisa. - riu conforme pronunciava as palavras, e observou-o arquear a sobrancelha confuso. - Tiana que me disse que quase virou manco hoje.

Com um revirar de olhos, Louis bufou.

- Eu peço pra todo mundo evitar te preocupar com coisas alheias e a mulher vai lá e te conta algo assim. Eu sou uma piada pra vocês? - sua voz muito menos sua expressão estavam sérios, e isso fez Harry rir ainda mais.

Como instinto, uma de suas mãos, agora já livres do aperto de sua bochecha, foi automaticamente para a curva de sua cintura, repousando quente na região. Nenhum dos dois percebeu o movimento, o que por si só demonstrava o quão acostumados estavam ao toque constante.

- Ela ficou preocupada com você. E eu também.

- Mas eu estou bem! - Louis defendeu, os ombros encolhidos e o sorriso sorrateiro surgindo nos lábios.

- Mesmo?

- Mesmo.

- Seu tornozelo não está doendo?

- Nope.

- Então prova. - e Harry teve o prazer de observar enquanto Louis pulava igual um coelho em direção à Liam e o videogame plugado na TV. Quando se sentou no chão, onde originalmente estava, virou o rosto sobre o ombro para fitá-lo, e sorriu.

Foi a vez de Harry revirar os olhos para sua beleza ridiculamente extraordinária, desde o nariz que mexia automático conforme sorria até os olhos que atuavam como uma extensão de suas emoções, cintilando mais ou menos de acordo com a intensidade das mesmas.

Estava a passos de distância mas sentia-o como se ainda estivesse com as bochechas contra seus dedos e a cintura rodeada de seu toque, seus próprios lábios latejando com as sensações de sua pele quente há instantes atrás.

Uma criatura doce, afinal.

- Liam trapaceia. - Harry não resistiu, contudo, e gritou pelo quarto, como se fosse um aviso referente ao placar do videogame.

- Trapaceia mesmo. - Louis retrucou, dando de ombros como se dissesse fazer o que.

- Por que não mostra pra ele como se joga de verdade, gatinho?

E simples assim, todos os olhares estavam em si, até mesmo os azuis eletrizantes de Louis se arregalaram.

Era a primeira vez desde que decidiram dar uma pausa que havia chamado-o de gatinho.

Foi como quebrar uma barreira que não sabiam existir. Mas sem se importar, Harry aumentou o sorriso e deu de ombros.

- Eu vou tomar um banho. E espero que já tenham decidido o que vamos jantar quando eu sair. Estou faminto.

Antes de entrar no banheiro, a última coisa que viu foi um sorriso genuíno nos lábios de Louis, e então uma piscadinha sorrateira dos olhos azuis em sua direção.

Gatinho.

%%%

- Vamos, Li, eu preciso de ajuda! - Louis resmungou manhoso, pela quarta vez em um período de dez minutos.

- Eu já disse que não. - Liam retrucou, mal retumbando o olhar da tela. - Eu estou jogando justamente para ignorar as minhas obrigações acadêmicas. Te ajudar com as falas vai ser o cúmulo da procrastinação.

- Quer saber? - bufou, irritadiço. - Não preciso de você.

E levantou do chão, onde estava jogando videogame, para caminhar decididamente em direção à cama ao lado. Niall tinha um lado do rosto maquiado completamente, e agora Zayn trabalhava na sombra do outro olho. Não entendia muito de maquiagem, mas de uma coisa tinha certeza.

Niall iria surtar quando realmente visse o que estava acontecendo em sua cara.

A grande questão era: surtaria para o bem ou para o mal?

Dando de ombros, preocupado momentaneamente com o próprio problema, Louis suspirou dramático ao lado de Zayn, querendo chamar atenção.

Foi ignorado categoricamente.

Com mais um suspiro alto, se inclinou na cama, rendido.

Mas não recebeu nenhum olharzinho sequer.

Aah, ofegou, prolongado, e mesmo assim, nada.

Por fim, cruzou os braços e bufou.

- Ninguém aqui vai me dar atenção?

Zayn finalmente o encarou, e tinha o sorriso mais provocativo de todos enquanto continuava deslizando a sombra na pálpebra de Niall, e também em suas bochechas, e maxilar, e sobrancelhas.

- Foi mal, Tommo. Estou meio ocupado.

- Mas você disse isso há dez minutos atrás.

- E vou continuar dizendo por pelo menos mais um trinta.

- Essa maquiagem é pra que? O Oscar? - ironizou, embora sorrisse. Só estava enchendo o saco do amigo, afinal, queria realmente ver a reação de Niall quando terminasse com a produção... inusitada. - Eu preciso de um parceiro para me ajudar com as fa-Ah-aaa... - Louis perdeu o controle das palavras que deslizavam por sua língua no exato momento em que a porta do banheiro foi aberta e um Harry vestindo apenas uma toalha na cintura saiu do cômodo. Seus olhos não obedeceram os comandos de sua mente porque até mesmo seus instintos mandavam-o apreciar a imagem das gotículas de água escorrendo desde os fios de seus cabelos até a ponta do nariz fino, todas caindo para o mesmo caminho: seu torso definido. - ... las.

- O que disse? - Zayn provocou, controlando as risadas conforme esticava o rosto sobre o ombro para ter mais acesso à visão de um Louis estagnado no corredor enquanto babava abertamente em Harry. - Louis?

- Hm? - emitiu qualquer barulho socialmente aceitável enquanto tentava controlar a quantidade de saliva produzida dentro de sua boca. Não queria babar no chão. Mas ao mesmo tempo, não conseguia desviar o olhar. Não quando Harry notava a atenção que estava recebendo e sorria ladino em sua direção.

Filho da puta.

- Tudo bem, Lou?

Não.

- Sim. - falou o mais rápido que pode raciocinar, temendo que se demorasse demais, saliva escorreria pelos cantos de seus lábios. Com um limpar desconfortável de garganta, fechou os olhos a contragosto, e por fim suspirou. Conseguia pensar novamente. - Tudo certo. E você? Foi tudo bem?

Harry arqueou uma sobrancelha, confuso. Ao fundo, Niall gargalhava.

- Se foi tudo bem... no banho?

Louis sentiu suas bochechas arderem.

- Hm, isso. - deu de ombros, agradecendo que não podia ver a expressão provocativa de Harry naquele momento. - No banho, isso.

Sucumbindo à gargalhadas, também, Harry negou para o ar.

- Foi... normal, eu acho.

- Que bom. - Louis respondeu, e até mesmo riu um pouco, imerso em sua própria vergonha para evitar. Sentia os olhares em si, e ouvia as gargalhadas, mas o que podia fazer? A única coisa que o separava de um Harry completamente úmido e nu era uma simples e mísera toalha, e sua mente não tinha capacidade o bastante para processar tais informações. - Que bom. - repetiu, desconfortável, e deixou-se rir livremente quando a própria gargalhada estranha de Harry ecoou.

- Eu já estou de cueca, gatinho. Pode abrir os olhos. - enquanto terminava de deslizar o tecido pelas coxas grossas, debaixo da toalha que ainda estava amarrada na cintura, Harry murmurou divertido, não deixando de notar que Zayn esgueirava um olhar ou outro para sua pele exposta. Quando a toalha atingiu o chão com um barulho oco, suspirou. - Não que você não pudesse ver antes, mas...

- Eu... - Louis começou, já se atrapalhando nas palavras antes mesmo de prosseguir, pois a imagem que seus olhos processaram assim que foram abertos constituía em um Harry vestindo apenas o tecido fino de uma cueca branca. Não sabia se estava imaginando seu pau descoberto sob o tecido transparente, ou se realmente dava para ver, mas não tinha neurônios desocupados no momento para gastar nesse questionamento.

Wow.

- Tudo bem, Tommo. Todo mundo aqui sabe o que você queria estar fazendo agora. - Niall caçoou, embora ele próprio estivesse gastando alguns segundos na região da cintura de Harry, que alheio à situação (ou não), deslizava a calça de moletom com lentidão pelas pernas nuas.

- Então deve saber que eu realmente queria estar ensaiando as falas agora, certo? - recuperando parte da dignidade perdida, Louis retrucou, o olhar preso na parede atrás de Harry, como uma medida de precaução para evitar mais problemas, pelo menos até ter a certeza de que estava vestindo uma camisa.

- Eu adoraria te ajudar, gatinho, mas tenho algumas fotos para editar antes de dormir. - Harry voltou a ecoar, fazendo um bom trabalho em ignorar os olhares famintos sobre seu corpo e também em segurar a risada divertida em sua garganta.

Sua mente ecoava, até que Louis tinha razão, receber esse tipo de atenção é, de fato, muito... interessante.

Podia se acostumar fácil com aquilo.

- Não se preocupe. - Louis adiantou, já retomando o olhar no rosto emoldurado pelos fios úmidos de cabelo do jogador. Estava, finalmente, vestido da cabeça aos pés. Calça e moletom. Um suspiro aliviado deixou seus lábios, e tinha certeza de que suas bochechas estavam coradas. - Estou tentando convencer Liam a me ajudar.

- Essa é uma ótima ideia. - Harry sorriu, direcionando seu olhar para o amigo, que ainda jogava videogame. - Lee?

- Já disse que não vou fazer.

Voltando os olhos verdes para Louis, Harry riu ao observá-lo cruzar os braços e fazer bico.

- Viu? Tentei.

- Payno! - Harry exclamou, de novo, e recebeu um olhar tedioso de Liam. - Ajude o seu amigo.

- Sabe que ele não vai calar a boca até conseguir o que quer. - Niall murmurou do salão de beleza, e Louis revirou os olhos para suas palavras.

- Cala a boca, Avatar.

- O qu..?

- Não liga pra ele. - Zayn assegurou para o loiro, forçando os dedos ao redor de seu maxilar para mantê-lo imóvel enquanto continuava aplicando a sombra azul. Virou rapidamente para fitar Louis com irritação, algo na linha de vai calar a boca ou quer que eu vá aí?, e então sorriu. - Louis está com inveja da sua maquiagem, só isso.

Os olhos azuis reviraram ao que Louis segurava a risada, Harry seguindo seus passos enquanto negava para o ar.

- Vamos, Lee. - insistiu, de novo, simplesmente porque adoraria ver a cena de Liam ensaiando para o musical.

- Você nem precisa se dedicar muito, é mais para me ouvir atuando e falar as respostas na hora certa. - Louis tentou.

- Mas eu quero continuar jogando! - Liam jogou a cabeça para trás dramaticamente, e nessa posição, conectou seu olhar ao de Louis, que estava pidão. - Nem adianta vir com essa de cachorro abandonado, comigo não funciona. - Louis aumentou o bico nos lábios, forçando algumas lágrimas nos olhos enquanto batia os cílios lentamente. Harry sorria satisfeito, afinal, conhecia bem as habilidades de persuasão do namorado. Liam já havia perdido e não tinha a mínima ideia. - Nem vem. Não vou e ponto final.

%%%

- Vamos ensaiar a cena da praia, que é a primeira do musical inteiro. - Louis murmurou animado, e Liam, à sua frente, bufou. - Acho bom mudar essa postura, mocinho. Más atitudes não transmitem bem para o público.

- Mas eu não quero transmitir coisa nenhuma para o público. - retrucou, mal-humorado. - Eu só quero jogar videogame.

- Mas você está jogando videogame. - Louis contra-argumentou, presunçoso. - E eu vou começar a ensaiar. Tudo que precisa fazer é prestar o mínimo de atenção possível, só para ler as falas da Sandy no momento certo, e durante todo o resto, pode jogar despreocupado.

Liam, então, transformou sua expressão facial em uma de pura ironia, e sorriu.

- Prestar o mínimo de atenção, hu? - Louis assentiu satisfeito para o amigo, e na cabeceira da cama, Harry ergueu os olhos do notebook para fitá-los. Conhecia o tom que Liam estava usando, e se ele pensava que iria conseguir enganar Louis... então gostaria de estar de olhos bem abertos para assistir o exato momento em que seria desmascarado. - Tudo bem. Vamos começar, então. A cena da praia, né?

Os olhos azuis cintilaram, animados.

- Isso. Você começa.

Liam soltou o controle do videogame para agarrar o script que havia recebido, e após um suspiro, começou:

- Eu vou voltar para a Austrália. Posso nunca mais te ver. - seu tom monótono deixava óbvio que estava apenas lendo as falas, e não as performando, mas Louis não podia reclamar, afinal, só queria treinar suas entradas.

- Não, não fale assim, Sandy. - respondeu, na entonação correta e emoções contextualizadas.

Liam piscou em tédio para o papel em suas mãos, e com mais um suspiro dramático antes de ler, prosseguiu:

- Mas isso é verdade. Eu tive o melhor verão da minha vida e agora eu tenho que ir.

Após terminar, simplesmente apoiou o script na coxa e alcançou o controle para dar play no videogame, sem muito caso. Louis arqueou as sobrancelhas para o movimento.

- Liam!

Os olhos castanhos se desviaram breves em sua direção e então, após uma rápida olhada no script, voltou a pronunciar as falas.

- Não é justo. - pulando a clara descrição no script que indicava o beijo que deveria acontecer entre Danny e Sandy no intervalo das frases, revirou os olhos. - Danny, não estrague tudo.

Louis não se deixou abalar, alheio ao amigo enquanto fitava-o imerso no próprio personagem.

- Não estou estragando, Sandy. Só estou tentando melhorar. - alguns instantes se passaram e Liam continuou apertando botões no controle e ignorando o script, Louis estralando o maxilar ao seu lado. - Hm, Liam? - o amigo não olhou em sua direção, mas a curvatura ligeira em seus lábios indicava que estava ouvindo-o perfeitamente. - Liam!, a fala.

- Um minuto, estou quase no final da partida. - continuou com os olhos na tela, impassível.

Ao fundo, Harry quase pegava o balde de pipoca, contendo a risada enquanto observava atentamente a expressão de Louis se contorcer em irritação. Até mesmo Zayn e Niall tomavam alguns segundos para fitá-los.

Liam estava brincando com fogo, e iria se queimar.

Mas não foi esperado por ninguém quando Louis levantou da beira da cama e alinhou o corpo diretamente sobre suas coxas, sentando sobre seu colo e rodeando sua cintura com as pernas.

Por um momento, tudo parou.

A maquiagem, a edição das fotos, a partida de futebol no videogame e especialmente o ensaio das falas.

Tudo.

Só havia Louis e sua expressão provocativa.

- O qu..?

- Agora consegue prestar atenção em mim? - interrompeu Liam antes mesmo de começar, o sorriso ladino em seus lábios denunciando que havia perdido a paciência. - Ou vou ter que fazer mais?

- Acho que já está bom. - Harry respondeu da cabeceira da cama, e as risadas de Niall ecoaram antes mesmo de Louis conseguir conectar seu olhar ao verde. Irradiavam divertimento. Harry sorria. - Liam não vai aguentar muito mais do que isso.

Louis, satisfeito com tal reação, voltou a fitar o rapaz debaixo de si, e inclinou a cabeça provocativamente.

- Será que ele não aguenta?

- Acho que não. - Liam respondeu a respeito de sua parte, divertido, embora tivesse bochechas coradas e olhos semi arregalados. - Harry tem razão.

- E o que acha sobre o ensaio agora? - voltou a pressionar, impassível.

Por um momento, Liam apenas piscou os cílios, e então, assentiu.

- Quer ir do começo?

Um sorriso largo e satisfeito tomou os lábios de Louis. Harry, ao fundo, rindo junto com Zayn e Niall.

- Do começo, Payno. Sua vez.

Liam arregalou os olhos, as mãos divagando ao lado de sua cintura como se indicasse incredulidade.

- N-não vai descer?

- E arriscar perder sua atenção pro videogame de novo? Nah. - deu de ombros, inabalado. - Vamos, do começo. Estamos perdendo tempo.

E se ajeitando no colo, Louis sorriu provocativo. Para Liam, o próprio, para Harry, no fundo, para Zayn, que fazia a maquiagem distraído, e até mesmo para Niall, que gargalhava.

A única coisa que ouviram antes do ensaio iniciar novamente foi a voz carregada de sotaque irlandês murmurando:

- Eu disse que ele não iria sossegar até conseguir o que quer.

%%%

- Eu não sabia que maquiagem demorava tanto assim. - Niall murmurou para Zayn, que ainda pincelava sua bochecha, revezando entre a paleta de sombras e seu rosto. - Estamos aqui faz horas.

- Não seja exagerado.

- É verdade! Quando Harry chegou você estava começando a maquiagem, agora ele já tomou banho e está há décadas no notebook e ainda não terminou a maldita maquiagem.

- Vai ver o que é maldita aqui se continuar reclamando. - Zayn retrucou, de novo, após um revirar de olhos. - Eu te disse que não seria uma maquiagem diária.

- Mas não imaginei que seria maquiagem eterna.

- Cala a boca. - o moreno murmurou irritado, embora sorrisse. Afinal, como poderia não sorrir quando a cara de Niall parecia... - Eu avisei que aprendemos maquiagem artística no curso. Deveria ter imaginado que seria algo mais elaborado.

- Mas e... - o apito de seu próprio celular interrompeu sua fala, e antes mesmo de dizer, Zayn já negava. - Por favor, vai ser rapidinho.

- Nem começa, Nialler. Se você sair daqui, vai estragar tudo.

- Mas é só uma mensagem, nem preciso levantar. Vai levar, literalmente, dois segundos.

Zayn o fitou com atenção, ponderativo, e após alguns instantes, suspirou.

- Dois segundos, e estou contando.

Niall esticou a mão para os jeans, onde agarrou o celular. Não conseguiu desbloquear a tela com o reconhecimento facial, mas sem se importar muito, apenas utilizou a digital e rapidamente clicou no aplicativo de mensagens.

Era Chad.

E Patrick.

Tinham um grupo.

Estavam perguntando se iria para seus dormitórios no final da noite, e notando que Zayn já estava fitando-o impaciente, Niall decidiu que uma foto seria mais útil naquele momento.

Abriu a câmera e a única coisa que conseguiu fazer antes de gritar foi arregalar os olhos.

- Zayn, seu filho de uma puta, eu 'to parecendo um Smurf!

Harry ergueu os olhos do notebook a tempo de ver Zayn largando qualquer produto de beleza ou pincel para trás enquanto disparava em corrida livre para a porta, Niall em seu encalço conforme se desvencilhava das toalhas e presilhas e derrapava pelo chão escorregadio.

Levou segundos para a porta ser aberta e os dois desapareceram corredor a fora, os gritos ecoando estridentes.

Confuso, Harry desviou os olhos para os únicos restantes do dormitório, que agora tinha a porta escancarada e uma bagunça estética na cama ao lado. Louis ainda estava sentado sobre o colo de Liam, e debatiam alguma coisa em voz controlada quando a confusão envolvendo Smurfs e maquiagem começou. Agora, ambos tinham olhares surpresos e sorrisos divertidos nos lábios.

Liam arqueou uma sobrancelha.

- Eu ouvi... Smurf?

- Eu chutei Avatar. - Louis deu de ombros, levemente chateado por ter errado a inspiração da maquiagem. Harry sorriu em sua direção. - Como ele estava?

- Niall? - recebendo um aceno afirmativo, Harry suspirou. - Azul.

Liam caiu na gargalhada, tremendo Louis no ato.

- Não, bobão, digo se estava irritado.

- Não ouviu quando ele surtou e correu atrás de Zayn? - Harry contrapôs, ainda sorridente.

- Não sei como eles vão resolver essa bagunça, mas não quero esse projeto de Nemo tomando banho no meu banheiro e manchando o meu box de sombra. - Liam gargalhava, mas ainda assim conseguia soar sério, o músculo de seu maxilar movendo com maestria e tomando a atenção de Louis por alguns longos segundos no processo.

Harry limpou a garganta, atraindo o olhar de ambos enquanto sorria.

- Enquanto eles se resolvem, que tal irem preparar alguma coisa pra comermos? Eu continuo faminto, e piorando a cada segundo.

Louis manteve os olhos analíticos fixos no cacheado, mesmo Liam já tendo repousado os olhos castanhos em si. Por mais que tentasse vasculhar em sua expressão algum resquício de desconforto, ciúmes ou insatisfação, só encontrava um sorriso e olhos cintilantes.

O que era ótimo, porque Louis não detinha de nenhuma segunda intenção com Liam naquele momento, nem mesmo por estar sentado em suas coxas e segurando sua nuca.

Mas colocava-o a ponderar sobre o quanto Harry confiava no amigo - era admirável, com certeza.

E também o quanto confiava em si.

Por isso funcionava. Confiança era a base. Não apenas de seu relacionamento com Harry, mas também com Liam, e Zayn, e Niall.

Não necessariamente era um ato inocente, muitas das vezes, mas jamais teria o intuito de machucar ou deixá-los desconfortáveis.

E Louis finalmente enxergou isso, estando entre Liam e Harry, sozinhos no dormitório pela primeira vez desde que podia se lembrar.

Sorriu de volta para o jogador, e então deu a atenção que os olhos castanhos tanto pediam.

- O que tem em mente, Payno?

- Sobre Niall ou sobre o que vamos jantar? - Liam caçoou, embora soubesse exatamente do que se tratava. Observando o revirar de olhos dramático de Louis, suspirou. - Acho que tem nuggets no frigobar.

- E almôndegas. - Harry acrescentou, chamando suas atenções e recebendo os olhares, novamente. - Acham que é o bastante? Lembrem-se que Niall está irritado e provavelmente vai descontar na comida.

Louis fez um bico ponderativo.

- Estamos fudidos. - concluiu. - E vamos dormir com fome.

- Talvez tenha alguma coisa pronta na cozinha. - Liam tentou, esperançoso. - Sempre fazem comida e deixam na mesa do refeitório.

- E se estiver envenenada? - os olhos azuis arregalaram com a possibilidade. - Não sei se quero correr o risco.

- Tudo bem. Você come os nuggets e almôndegas e Liam e eu comemos a comida envenenada. - Harry sorriu ladino em sua direção, claramente provocando.

Mas Louis não iria aceitar sem lutar, afinal, ele era Louis - o dono da provocação por si só.

- Melhor só um de vocês comer a comida do refeitório.

- Por que só um? - Liam tinha as sobrancelhas franzidas, e estava consideravelmente próximo de seu rosto.

- Porque se estiver mesmo envenenada, só perco um de vocês. - como se fosse óbvio, Louis deu de ombros, Harry e Liam trocando um olhar analítico.

- E quem deveria ser o sorteado a comer a comida possivelmente mortífera?

Louis ergueu ambas as mãos no ar, soltando o pescoço de Liam e o obrigando a segurá-lo pelas coxas para evitar que caia para trás.

- Não posso escolher e sabem disso.

- Na verdade, sabemos que vai escolher Harry e que não quer falar em voz alta para não me magoar. - Liam retrucou, rindo de sua expressão ofendida.

Harry, no fundo, gargalhou.

- É verdade!

- Não, não é. - Louis tentou se defender, os lábios partido em incredulidade e os olhos arregalados. - Eu nunca poderia escolher entre vocês. Niall e Zayn inclusos.

- Mesmo?

- Tudo bem, Lou. Não precisa fingir. - Harry complementou Liam, e recebeu um olhar insatisfeito do menor. - Não vamos te julgar.

- Além do mais, faria sentido escolher Harry sobre mim.

- Por que?

- Porque ele pode te chupar e eu não. - Liam observou divertido ao que Louis abria ainda mais a boca em choque, e ambos os jogadores gargalharam de sua reação exagerada.

Estavam o irritando, e iriam levar.

- Na verdade, espertinho, agora tem mais chances de você me chupar do que Harry, já que estamos dando um tempo. - e todas as risadas cessaram, Harry travando o maxilar e Liam corando as bochechas. Com um sorriso satisfeito e orgulhoso, Louis ergueu o queixo. - 'Tá vendo como não é legal escolher um de vocês?

- E o que vai fazer quando precisar decidir?

Louis deu de ombros.

- Vou escolher todos.

- Não é tão simples assim. - Liam tentou ajudar Harry no argumento, já que estavam perdendo.

- Nem todas as situações aceitam tantas pessoas envolvidas.

- Como por exemplo?

- Sexo.

- O que vai fazer se algum dia precisar escolher?

- Vou continuar escolhendo todos.

Um sorriso presunçoso tomou o rosto de Louis, e sem pronunciar uma palavra sequer após tal deixa, apenas ergueu-se do colo de Liam e negou para o ar, já caminhando em direção ao frigobar para pegar os mantimentos necessários para fazer o jantar - e saiu pela porta, deixando os dois jogadores de queixo caído e corações acelerados.

%%%

- Acho que demos sorte. - Liam murmurou surpreso ao que apontava para o prato de macarrão sobre uma das mesas do refeitório.

Louis franziu o nariz para a comida.

- Envenenada, eu já disse.

- Acha que não vale a pena arriscar?

- A vida? - Louis ironizou, sorrindo. - Nah, Lee. Você vale muito para se arriscar por causa de um mísero macarrão.

- Será que valho tanto assim? - algo no tom de Liam chamou sua atenção.

Estavam na cozinha, e enquanto aguardavam os nuggets e as almôndegas ficarem prontos no forno de um dos fogões que estavam disponíveis naquela hora da noite, aproveitavam para descansar nos sofás que tomavam o outro lado da área comum.

Portanto, com as pernas sobre as do amigo, Louis apenas se inclinou, tomando-lhe as mãos.

- Ei, o que quer dizer com isso? - firmou seus dedos juntos, como se chamasse sua atenção. - Não é verdade.

- Será que não é verdade, Lou? - os olhos de Liam divagavam pela cozinha, repousando em qualquer lugar exceto os olhos azuis, mas isso não desmotivou Louis. Conhecia muito bem aqueles mecanismos de defesa, e sabia como lidar com eles. - Eu só estou errando ultimamente e...

- Como assim errando, Lee? - incapaz de ouvir suas palavras de autodepreciação, repousou o rosto no peitoral do amigo, ciente de que talvez assim se sentisse mais à vontade para se abrir. - Você está tentando, e isso não é errar.

- Mas também não é acertar.

- E quem liga para acertos? - retrucou, impassível. Podia sentir o coração acelerado de Liam sob sua orelha, e isso estava deixando-o levemente desesperado. - O importante é fazermos o que é melhor para nós mesmos e para quem amamos, o resto vem no pacote. Não era isso que tinha me dito naquela conversa que tivemos com os rapazes, no almoço? Que temos que primeiro cuidar de nós mesmos antes de ajudar o próximo?

- Mas eu estou bem. - a voz de Liam soou como um toca discos quebrado, e Louis ouviu o súbito pico de seus batimentos cardíacos. Esfregando o rosto ainda mais contra seu peitoral, abraçando-o com força, suspirou.

- Nem mesmo você acredita nisso, Lee.

- Mas eu tenho que acreditar, Lou. Eu... eu...

- Você o que? Tem que mentir até que se torne verdade? - disparou, embora não ousasse mover um músculo sequer para fitá-lo nos olhos. Já era doloroso demais da forma que estava.

- Eu não estou mentindo. - outro pico de batimentos.

- Vai por mim, se enganar não é o melhor caminho, Liam.

- E qual é o melhor caminho, Louis? Porque todos que tentei até agora são uma merda.

- Isso porque está tentando evitar, quando na verdade precisa enfrentar e assumir suas consequências.

- Eu não tenho nada para ass...

- Eu sei que é difícil, acredite. Eu sei. Mas sabe o que também é difícil? Ver meu amigo sucumbir em problemas dos quais não sei e não posso ajudar. Ver o meu namorado sofrer porque ele também está vendo que está passando por isso em silêncio. E adivinha só? Todos veem. Mas você não deixa ninguém se aproximar, nem mesmo Zayn.

- Eu fiz aquilo para protegê-lo.

- Protegê-lo de quem?

- De mim!

- Desde quando é perigoso, Liam?

- Você... você não entende, Louis. Não entende como é cometer um erro estúpido e não conseguir corrigir, não importa o quanto tente. E quanto mais tempo passa, mais se afasta de quem ama e...

- Ah, e eu não sei como é isso? Ou se esqueceu de quando eu defendi a porra de um estuprador de merda e ajudei a piorar talvez um dos maiores traumas que se tem conhecimento no mundo? Ou se esqueceu de quando Harry teve seus demônios cutucados por causa da minha ignorância e insensibilidade?

- Foi diferente, Louis. Foi diferente. - a voz de Liam craquelava, e todo seu corpo tremia, consequentemente chacoalhando o de Louis no processo. - Você estava tão perdido quanto ele, e estava disparando para todos os lados enquanto tentava descobrir para onde ir. Não tinha controle sobre o que estava acontecendo, e é injusto colocar esse peso em suas costas quando o verdadeiro culpado saiu ileso.

- Agora ouve suas próprias palavras, e pense a respeito, Liam. Ouça seu próprio conselho. Você está perdido, e não teve culpa sobre o que aconteceu com Zayn.

- Mas eu o machuqu...

- Responsabilidade é diferente de culpa. - disparou, desesperado para sair daquele assunto que tanto odiava. Sabia o quão insuportável era conviver com a sensação de ter machucado emocionalmente alguém que ama, mesmo que inconscientemente, e não estava confortável em ouvir Liam se colocando no mesmo lugar que tanto lutou para sair. - Você errou em não ter contado para Zayn o que está acontecendo, e mesmo assim pedi-lo para ficar. Isso é responsabilidade afetiva. Agora culpa? Não acho que foi culpa sua. Até porque você tem culpa sobre coisas que controla, e duvido que se sinta no controle do que está passando nos últimos tempos, ou estou erro?

Liam puxou um grande fôlego para os pulmões, erguendo a cabeça de Louis no processo de inflar o peitoral. Quando soltou o ar, as pálpebras caindo e o coração acelerado, suspirou.

- Eu estou usando drogas, Louis.

O típico sonho de estar dormindo e de repente cair em queda livre no abismo infinito.

Louis sentia-se dentro desse sonho.

No exato intervalo de segundos que separava a cama do penhasco.

De onde estava, conseguia sentir a expectativa da queda e também o conforto do colchão.

E então, um eco grotesco e ríspido arrematava tudo que conhecia, as palavras estou usando drogas disparando-o impiedosamente pelo abismo, nem mesmo dando-lhe chances de se agarrar em algo.

O frio na barriga. O arrepio que sobe da sola dos pés até a parte de trás do pescoço. O desespero dos braços e pernas que tentavam desesperadamente se agarrar em algo mas encontravam apenas o vazio.

Louis sentia-se em queda livre, e então, como se acordasse repentinamente, de volta em sua cama, sã e salvo, ergueu o torso com rapidez do peitoral de Liam para fitar os olhos castanhos que derramavam lágrimas envergonhadas e penosas.

Queria vomitar, e não sabia se a sensação de tontura era devido ao brusco movimento de levantar ou se porque sua mente havia entrado em combustão. Mas tudo que conseguiu fazer naquele momento, sentado no sofá mais distante da cozinha, enquanto esperava seus nuggets e almôndegas ficarem prontos para irem jantar, foi chorar frente a constatação de que seu amigo estava usando drogas.

Haviam limites.

Para tudo na vida.

Inclusive na vida universitária.

Nas festas, nas casas, nas feiras acadêmicas e até mesmo nos corredores das alas de dormitórios, algumas drogas circulavam. E tanto Louis, como Liam, e qualquer outro rapaz do grupo, já foram passíveis de experimentar o que estava por aí.

Havia, ainda, um claro distanciamento da maconha e das drogas mais fortes - distanciamento esse que era puramente construído.

A maconha, por si só, já estava no processo de ser normalizada, gradual e lentamente, dependendo do lugar em que estavam, desde um cômodo específico na universidade até mesmo um país na Ásia.

Mas não deixava de ser uma droga.

Assim como qualquer comprimido analgésico vendido em uma drogaria.

Esses eram fatos conhecidos pelo público em geral - não a massa, mas o público em geral.

E por mais que Louis soubesse de tudo isso - que ele próprio usava drogas diariamente, que tudo era uma questão de construção social e perspectivas, e até mesmo que a interpretação variava de pessoa para pessoa, cultura para cultura e criação para criação - havia algo na forma com que Liam havia dito aquelas palavras que o transmitia a noção de um pedido de socorro.

Eu estou usando drogas, Louis.

Por favor, me ajude.

Tudo era brincadeira até que não houvesse mais graça - e enquanto Louis derramava grossas lágrimas, os olhos azuis cintilando em direção aos castanhos que também choravam a mesma sintonia, sentiu-se impotente.

Sentiu-se impotente porque, durante todo aquele tempo em que Liam o aconselhou sobre Ryan - a respeito de estar sob efeito de comandos mentais compulsórios e viciantes, programados para se repetir mediante gatilhos externos - ele agora se encontrava na mesma situação.

Só que do outro lado do muro.

Queria gritar para que o ouvisse, clamar por ajuda ou espernear contra os tijolos, mas já aprendeu diversas vezes que resistir contra o cimento dói bem mais do que enfrentar o nevoeiro.

Podia dizer qualquer coisa para Liam naquele momento, mas de nada adiantaria se a mudança não começasse por dentro - e isso era sério.

Era um vício real.

Exigia cuidados.

Exigia acompanhamento.

E exigia cautela.

Por ora, o que podia oferecer era compreensão, e a julgar pela expressão no rosto de Liam, era tudo que precisava para poder dormir sobre o travesseiro naquela noite.

- Lee... - sobre um nariz constipado e olhos marejados, endireitou as costas, ainda com as pernas sobre as de Liam e seus peitorais um de frente para o outro. - Eu... - um soluço o atrapalhou, e bufou, rendido. - Puta merda, Payno, eu nem sei o que dizer. - os olhos castanhos transbordavam, e Louis queria esticar os dedos para estancar as lágrimas. Com outro soluço, o fez. - Eu não consigo expressar o quão aliviado estou por ter me contado, e... meu deus, eu não sei... eu... eu sinto muito que esteja passando por isso, mas sei que se tem alguém capaz de superar qualquer coisa, esse alguém é você. O primeiro passo é sempre o mais difícil e hoje você está mil vezes mais próximo do que ontem de deixar tudo para trás.

Liam fechou os olhos, derramando uma cascata de lágrimas no movimento, e deixou-se levar pelo carinho que os dedos delicados de Louis faziam em suas bochechas úmidas.

- Eu tenho tantas perguntas que minha cabeça até dói, mas sei como está se sentindo agora. Sei que aquelas cinco palavras drenaram cada pingo de energia do seu corpo, porque sei que haviam paredes e mais paredes prendendo-as ai dentro. Por hoje, eu... - puxou Liam para perto, sem se conter, e abraçou o torso do amigo com força, escondendo sua cabeça em sua nuca. - Eu só quero que saiba que estou orgulhoso de você. E que te amo, Payno. Mais do que jamais pode imaginar. E vamos superar isso juntos. Eu, você, Harry, Zayn e Niall. Como irmãos fazem.

Diante da bagunça de choramingos, soluços, lágrimas e abraços, Louis pôde ouvir o apito do forno indicando que suas comidas estavam prontas, e sobre todo o caos, a voz de Liam se fez presente, baixa e rouca, mas infinitamente marcante:

- Eu te amo, Louis.

%%%

- Zayn, mas que merda, como eu vou fazer pra tirar isso da cara agora? - Niall resmungou pela quinta vez desde que havia sentado na cama de solteiro de Harry.

- Que tal começar por calar a boca?

- Como isso vai me ajudar a tirar a maquiagem azul?

- Não sei. Mas vai te ajudar a não receber uma pincelada na cara. - Zayn retrucou de novo, irritado. Fazia mais de vinte minutos que estava esfregando removedor no rosto de Niall e ainda havia resquícios de maquiagem. - Acho que vai ter que tomar banho.

- Puts, Niall. - Louis ecoou, provocativo. - E olha que hoje nem é sábado. - desviando de uma ampola de base que foi arremessada em sua direção, ofegou. - Tenta de novo e vai ter mais uma coisa pra tentar tirar da cara. E não vai gostar de onde vou enfiar isso.

- Será que podem calar a boca? - Liam ecoou, sorridente. Não conseguia ficar bravo quando aqueles idiotas estavam sendo... idiotas. - Estou tentando ver o filme.

- Já viu esse filme mais de quinhentas vezes. - Zayn retrucou, os olhos revirando dramaticamente para o ex-namorado em pura provocação. Liam sequer virou o olhar, e apenas sorriu vitorioso para a TV.

- Nunca prestei atenção porque estava sempre ocupado chupando seu pau, mal agradecido.

Harry cuspiu a cerveja da boca, reagindo rápido para colocar o torso para fora do colchão e molhar o chão de madeira, ao invés da cama onde teria que dormir mais tarde. Gargalhadas e assobios ressonaram pelo quarto, simplesmente pelo fato de Liam ter respondido à altura de Zayn, que agora tinha bochechas coradas e um bico manhoso nos lábios.

Em questão de segundos, nem estavam prestando atenção no filme, alheios às mudanças do mundo exterior quando tinham um ao outro ali dentro, protegidos em sua bolha acolhedora.

Louis estava deitado na cama ao lado de Harry, e tinha braços fortes rodeando seus ombros e as pernas sobre as do jogador. Ora ou outra, intercalando com as risadas, esticava o olhar para Liam, apenas para chegar se estava bem após a nem tão amena declaração na cozinha, e um suspiro satisfeito escapava ao ver que sorria e ria com Niall, que estava sentado em seu colo enquanto Zayn ficava ajoelhado no colchão para esfregar-lhe as bochechas com removedor.

Cervejas vazias tomavam o chão, além das embalagens que outrora estavam cheias de nuggets e almôndegas, que foram devorados em instantes por um Niall ainda estressado sobre ser transformado em Smurf, ou Avatar, dependendo da perspectiva - sem contar o macarrão que Liam insistiu em trazer da cozinha, e no qual até mesmo Louis se rendeu à comer.

Se estivesse envenenado, iriam todos morrer.

Juntos.

Assim ninguém fica para trás, justificou Niall, complementando com, se ninguém sobrevive, ninguém fica triste.

Mal era meia-noite, e diferente das noites onde passavam nas festas, com bebidas, drogas, sexo e irrespossabilidades, podiam finalmente disfrutar de algo mais calmo e pacífico - como uma noite no dormitório, repleta de comidas de valor nutritivo questionável, cervejas baratas, discussões idiotas e risadas escandalosas.

Sem contar que Kung Fu Panda passava na televisão.

E se as contas estiverem certas, faltava apenas alguns minutos para a cena em que o Po originalmente aprendia kung fu - e Niall se levantaria animado para tentar replicar os movimentos.

Já preparado para o show que com certeza lhe garantiria risadas, Louis se aconchegou na lateral do corpo de Harry, rodeado por seus braços e acolhido por seus beijos na bochecha, bem a tempo de Niall afastar as mãos de Zayn e se preparar para lutar.

Era mil vezes mais engraçado com o anel azul ao redor de seu rosto, que resistia ao removedor de maquiagem e o deixava parecendo um louco. Mas foi o necessário para que Zayn desistisse dos produtos e deitasse rendido na cama, ao lado de Liam.

Tudo que Harry conseguia pensar, naquele momento, fitando todos os seus amigos juntos, era que aquele dia tinha sim como ficar perfeito.

E nada estragaria isso.

%%%

- Vamos logo, Niall. - Liam exclamou, levemente sem paciência.

- Eu já vou! - Niall gritou estridente de dentro do dormitório, e algo em sua voz também indicava que não estava tão feliz assim. - Não estou achando, Tommo!

Louis, que já estava ao lado de Harry, ajudando-o com caixas e mais caixas de edredons que arrecadaram durante a semana para doar na segunda, bufou.

- É um simples celular, Niall. Como pode ter perdido ele em um quarto minúsculo? - e resmungando, deixou tudo no chão de carpete do corredor para ajudar o amigo loiro.

Era domingo, o dia mais tranquilo e monótono de todos - exceto para aquele grupo.

Marcaram de encontrar os rapazes e as garotas na fraternidade, a convite de Zachary, e tinham que sair logo pois já estavam atrasados, mas Niall decidiu perder o celular dentro do dormitório de Liam e Harry, e isso estava custando-lhes minutos que não tinham.

Por fim, Louis arrastou o loiro para fora do quarto, a mão que não estava firme em sua orelha segurando o celular supostamente perdido.

- Pronto, podemos ir. - anunciou para um Zayn entediado, um Liam impaciente e um Harry simpático.

- Estamos todos? - Zayn ergueu o dedo para realizar a contagem, e após sussurrar cinco, assentiu. - Vamos. Sabe como Bebe fica quando atrasamos.

E seguiram caminho pelos corredores da ala dos dormitórios, carregando consigo as caixas das doações e os estômagos barulhentos de fome já que não haviam comido o café da manhã ainda - o que explica a insatisfação generalizada.

Até que...

- Puta merda.

- O que você esqueceu agora, Niall?

- A carteira.

- Você tem dois minutos. - Zayn murmurou, impaciente e com cara de poucos amigos. - Se demorar mais do que isso, vou contar para a Bar que ficou bêbado com duas cervejas ontem.

- Não! - o loiro exclamou, desesperado. - Ela vai tirar sarro de mim pelo resto da vida.

- Então que tal começar a correr? - e quando Liam terminou de falar, já não conseguiam mais ver a cabeleira de Niall pelo corredor.

%%%

- Estão atrasados. - Bebe anunciou assim que entraram pela porta da frente da fraternidade, e Zayn fuzilou Niall com o olhar antes de bufar, eu te avisei.

- A Cinderela aqui inventou de deixar as coisas para trás. - Liam indicou o loiro com o nariz e sorriu ao receber um resmungo insatisfeito do mesmo.

- Trouxemos as doações. - Louis murmurou ao que ajudava Harry a repousar as caixas pesadas sobre a mesa de centro. - Muitas doações.

- Isso vai ser demais! - Eleanor comemorou, batendo um hi-5 com o amigo antes de voltar a se sentar no sofá de couro. - Já tomaram café?

- Tenho certeza que consegue adivinhar a resposta dessa pergunta só olhando para as nossas caras. - Zayn acrescentou, e como se fosse combinado, todos os rapazes sorriram falsamente para o olhar atento da amiga.

Ela os analisou por um segundo antes de sorrir.

- Bem, vou levar isso como um não. Sentem-se. Bar foi buscar o banquete com Zac, devem estar chegando.

E como deixa, Barbara, sozinha, entrou pela mesma porta que há pouco estava aberta, carregando cestas de café da manhã que mais pareciam cenográficas do que reais. Os outros membros da fraternidade logo foram ajudá-la - mesmo que estivesse óbvio só estarem fazendo aquilo para garantir a comida - e por fim, a loira pode se juntar ao resto dos amigos na área dos sofás.

- Bom dia! - soava animada, e quando recebeu murmúrios cansados e mal humorados como resposta, deu de ombros. - Credo. Alguém aqui está precisando de café.

- E comida. - Niall acrescentou, ansioso. - Muita comida.

Sorrindo gentil para o loiro, assentiu, já abrindo uma das cestas e distribuindo o que havia em seu interior.

- Cadê Zac? - Bebe tinha uma sobrancelha arqueada.

Barbara deu de ombros.

- Teve que resolver um problema de última hora. Deve estar chegando.

- Problema? - Els fez um bico enquanto ponderava. - É domingo de manhã. Quem em sã consciência resolve problemas aos domingos de manhã? Todo mundo sabe que a regra mundial é empurrar para resolver segunda.

- Pois é. - Bar fitou a namorada com carinho. - Tudo o que eu sei é que estávamos pegando as cestas no portão da UAL e ele teve que sair logo em seguida. Foi, tipo, dois minutos depois que Zayn mandou a mensagem avisando que iriam se atrasar.

- Desde quando temos dinheiro para cestas de café da manhã? - Liam mudou de assunto, embora estivesse mais do que satisfeito recolhendo o copo de chá e a torrada das mãos da loira.

- Recebemos hoje cedo, como um gesto de agradecimento da feira. - Bar murmurou entre lambidas em seus dedos que acabaram ficando sujos de geleia. - Srta. Narai Phand é muito gentil.

- Eu amo ela. - Niall exasperou, ainda com a boca cheia, e recebeu um peteleco de Eleanor. - Ai.

- Nojento.

Amontoado no outro sofá de couro, junto com Liam e Harry, Louis esticou o pescoço para trás a tempo de ver Zachary passando pela porta da fraternidade. Estava acanhado e com bochechas coradas, e olhava perdido para o que estava acontecendo ao seu redor, como se avaliasse onde poderia se encaixar sem chamar muita atenção - desde Zayn ajudando Bebe a colocar café nos copos reutilizáveis até Niall e Eleanor discutindo sobre modos, com Barbara rindo descaradamente em sua frente.

Com um suspiro triste, Louis deixou que seus ombros caíssem desanimados. Odiava que se sentisse assim quando todos estavam entre amigos, mas sabia qual era o receio de Zac.

Os olhos verdes de Harry encontraram os seus azuis, e bastou um segundo de conversas silenciosas para que observasse atônito conforme o jogador se levantava do sofá e caminhava em passos decididos até Zachary, que tinha olhos arregalados e nenhuma cor no rosto.

Oh-oh.

- Oi. - Harry murmurou com um leve sorriso ladino.

Zachary parecia a beira de um colapso, ou desmaio ou uma fuga pela mesma porta de entrada, mas após um suspiro audível, assentiu.

- O-oi.

- Olha, Zachary... - estava tenso, e toda sua expressão facial demonstrava isso, mas Harry iria continuar. Já era hora de deixar o que havia imaginado para trás. Zachary só estava ali para ajudar e não estava sendo justo com ele. Não envolvia mais Louis, e sim sua educação frente ao rapaz que só lhe era respeitoso. Precisava assumir seus erros e por um fim àquela situação. - Eu sei que tenho sido um idiota ultimamente...

- Harry, não precisa se explicar. - em um fôlego único, disparou, as bochechas retomando a cor para um vermelho escarlate e os olhos castanhos cintilando. - Eu não tenho nada a ver com o que está acontecendo e, se for sobre o que aconteceu entre você e Louis, eu não sei de nada e...

- Não é sobre Louis. - Harry adiantou, tentando manter a voz baixa para não chamar atenção. - É sobre como eu tenho te tratado. Não estava sendo justo e peço desculpas. - toda a expressão de Zachary se contorceu em surpresa, e de lábios partidos e olhos arregalados, tentou emitir palavras que não fossem meros gaguejos, mas não conseguiu. Por fim, Harry sorriu satisfeito e o deu alguns tapinhas amigáveis no ombro. - Vem. Bar trouxe o café da manhã. Por que não senta com a gente?

E quando Harry girou nos calcanhares, foi surpreendido pela imagem de Louis com o queixo apoiado no encosto do sofá de couro e os olhos azuis cintilantes em suas direções. Sorria orgulhoso, e esse sentimento só aumentou conforme observava ambos os amigos sentarem espremidos um do lado do outro no sofá.

Domingos eram para a família, afinal.

%%%

Todo dia acordamos com a incerteza de acordarmos novamente no dia seguinte - e já é tão naturalizado em nossas mentes que nem mesmo gastamos neurônios para processar tal fato ao levantarmos da cama.

Além disso, acordamos com diversas outras incertezas naturalizadas, que são bem menos relacionadas à morte - e mais com a forma de se continuar a viver.

Seja ela a incerteza de se acidentar, seja a incerteza de se comprometer em um relacionamento, ou de receber uma confirmação para uma grande oportunidade de mudança de vida. Ou ainda, a incerteza de ouvir exatamente o que queria, ou o que mais temia. Presenciar a cena mais bonita do mundo, ou a mais trágica. Descobrir uma nova rota que o leva a inusitados destinos, ou se surpreender no caminho seguro e usual.

Todo dia, somos arrematados por incertezas.

E naquela segunda-feira de manhã, Louis estava prestes a descobrir a sua.

O ensaio fluía normalmente - essa era a definição de surpresa, sim? Algo que rompe com o que sempre se passou de uma específica maneira - e não notou nada fora do comum.

Srta. McGregor gritava comandos para os alunos, Bebe tentava não tropeçar nos saltos que ainda precisavam ser amaciados e Xavier enfrentava dificuldades para alcançar notas altas enquanto dançava.

Um ensaio comum.

Até que...

- Pessoal, atenção. - Tiana bateu algumas palmas, interrompendo a pausa que se estendia entre uma cena e outra. Todos os alunos a fitaram normalmente, imaginando que aquele seria mais um feedback diário. Mas algo em sua expressão indicava que iria surpreendê-los. - Sei que estamos na correria dos preparativos finais e queria agradecer pelo empenho que estão colocando, diariamente, nesse projeto que se tornou ainda mais especial do que imaginei. Tenho orgulho de cada um aqui presente, e sei que o que estamos fazendo será lembrado. - Bebe puxou uma salva de palmas, e Louis sorriu pelo gesto. Eram merecedores. Treinavam tanto quanto atletas e cada aplauso era digno. Seus colegas exibiam sorrisos orgulhosos e, ao lado, Xavier o encarava com expectativa. Antes mesmo de conseguir pensar sobre o porque estava encarando-o, o discurso continuou. - Tendo dito isso, queria anunciar uma decisão que foi tomada nos últimos dias e que afeta o musical como um todo. - os olhares confusos permearam o estúdio, e Louis ficou surpreso ao perceber que Bebe e Xavier eram os únicos a se entreolharem com sorrisos. Tiana, por fim, limpou a garganta, canalizando mais uma vez os olhares, e sorriu em sua direção. - Xavier abdicou do papel de Danny Zuko, portanto, após discutir internamente com os responsáveis pelos papéis principais, anuncio que Louis Tomlinson será o representante oficial a partir deste presente momento, performando, ainda, na noite de estreia.

Os sistemas de Louis ficaram sobrecarregados com as palmas, os assobios, os sorrisos orgulhosos e até mesmo as lágrimas que Tiana derramava, após tanto aguardar por aquele momento específico. E não conseguiu processar o abraço satisfatório que Xavier lhe deu, sussurrando diversos obrigados enquanto bagunçava-lhe os cabelos e dava espaço para Bebe pular em seu colo e gritar em seus ouvidos. Muito menos compreendeu quando todos lhe direcionaram palavras gentis e gestos carinhosos.

Mas em algum momento entre o término das comemorações - por agora - e a retomada dos ensaios - que tinham como centro, sua performance, oficialmente - Louis se pegou sussurrando agradecimentos para si mesmo.

Ele havia conseguido.

Ele havia merecido.

Ele havia lutado.

Ele, e ninguém mais.

Flashbacks de sua audição terrível passaram por sua mente, e suspiros saíram como forma de exteriorizar os sentimentos que afloraram, acompanhados de satisfação e orgulho. Bastava um olhar para Tiana para saber que pensava a mesma coisa.

De todos presentes naquele estúdio, apenas ambos sabiam o quão dolorosa aquela experiência foi.

Mas ali, ensaiando Grease como o verdadeiro representante de Danny Zuko, Louis podia sorrir genuinamente.

Quando lhe perguntassem sobre o musical, não mais lembraria da audição. E mesmo que aquelas pessoas não tivessem a dimensão do quão marcante aquele momento se tornaria em sua vida, Louis tinha consciência.

E sorriu mais uma vez. E mais outra. E mais outra.

Porque todo dia acordamos com incertezas.

Mas naquele dia em especial, Louis foi presenteado com uma oportunidade de mudança de vida. E iria agarrá-la com força.

%%%

- Srta. McGregor! - exclamou assim que o ensaio acabou e a saída foi liberada, alunos e mais alunos suados e exaustos marchando em direção à porta, prontos para almoçar e recarregar as energias antes das aulas da tarde. Tiana olhou por detrás do ombro e sorriu ao notar quem a chamava. - Tem um minuto?

A professora observou sorridente ao que se aproximava, só não esperava que fosse se jogar em seus braços para um abraço forte.

- Louis! - exclamou baixo, as bochechas corando ao que alguns alunos ainda estavam dentro do estúdio, mas Louis não se importava com mais nada. - Querido, o que foi?

- Obrigado.

- Não sej...

- Obrigado por me dar uma segunda chance, obrigado por acreditar em mim, obrigado por não me deixar desistir, obrigado por me incentivar a buscar o verdadeiro significado de Grease, e acima de tudo, obrigado por sempre estar presente quando eu mais preciso de apoio. Eu não sei o que seria de mim sem você, Tiana.

Srta. McGregor rodeou os ombros do rapaz com firmeza e suspirou, tentando mais do que tudo conter suas lágrimas emocionadas ao que afagava seus cabelos macios.

- Ah, Louis, se soubesse o quão orgulhosa eu estou. - um suspiro pesado deixou seus lábios. - Queria que pudesse ver o que eu vejo durante os ensaios, o quão magnífico é e o quão merecedor se provou ser. Esse é só o começo, querido.

- O começo? - murmurou emocionado, o rosto completamente encostado no ombro de sua professora ao que deixava-se relaxar com os carinhos e palavras gentis.

Tiana sorriu antes mesmo de falar, e naquela posição, Louis podia sentir seus batimentos cardíacos aumentarem.

- O começo de sua vida artística, Louis. O começo do seu sonho.

%%%

- À Louis!

- À Louis! - todos gritaram após Harry, celebrando a vitória gigantesca.

Estavam no Balls&Blues, e mesmo sendo plena segunda-feira de noite, tinham todos os motivos para comemorar. Se reuniam em uma mesa quilométrica repleta de batatas-fritas e erguiam copos de milk-shakes como se fossem shots de vodca, mas nada importava além do sorriso animado no rosto de Louis e os olhares orgulhosos de seus amigos.

Niall estava entre Chad e Patrick, e bebia de ambos seus milk-shakes ao colocar os dois canudos em sua boca de uma só vez. Zayn e Liam conversavam timidamente no final da mesa e compartilhavam risadas confidenciais. Já no meio, Zachary e Harry engajavam em uma conversa sobre a fraternidade, e lá estava Louis, centrado na bagunça de seus amigos e sorrindo satisfeito.

Era um bom dia, com certeza.

Mas ainda assim, sentia que precisava fazer uma coisa.

- Ei. - interrompeu a conversa agitada, tocando Harry no ombro e sorrindo pequeno para Zac. - Eu vou ali fora tomar um ar e já volto, tudo bem?

Harry assentiu, piscando um olho para si antes de deixá-lo ir e voltar para sua conversa animada.

Aquele havia sido um dia intenso, e feliz.

O verdadeiro encerramento de ciclo para um capítulo que vinha sendo escrito desde sua infância.

E Louis sentia que precisava compartilhar o que sentia no peito com alguém que lhe entenderia mais do que qualquer um naquele mundo.

Por isso, empurrou a porta do Balls&Blues com os ombros e caminhou decidido até o meio-fio que separava a calçada do estacionamento. Sentou-se, logo apoiando as mãos atrás do corpo, inclinado o bastante para fitar o céu.

E suspirou.

- Oi, mamãe. - seus olhos imediatamente acumularam lágrimas, mas seus lábios exibiam um sorriso genuíno. - Eu sei que prometi que te deixaria ir mas... Independente do que tenha acontecido, entre nós, entre... os Tomlinsons, eu queria que soubesse por mim. Queria que... - com a visão tão embaçada que mal podia enxergar as estrelas, soluçou. - Queria que soubesse que eu consegui. O papel dos sonhos. Eu finalmente consegui, mamãe. - seu sorriso aumentou, e permitindo fechar os olhos ao que jogava a cabeça para trás, buscou ar fresco. - A coisa mais importante da minha vida finalmente está na palma das minhas mãos, e eu queria que soubesse por mim. Queria que soubesse que... seu filho conseguiu. - voltando a fitar o céu, suspirou. - Eu sinto muito que não tenha tido a chance de conhecer a vida após uma relacionamento ruim, e sinto mais ainda que não tenhamos tido a chance de conversar antes de... - limpando a garganta, evitou tais palavras dolorosas. - Enfim. Eu só queria que soubesse. E também... - deu uma rápida olhada sobre o ombro, para além das janelas que revestiam o restaurante naquela noite agradável, e sorriu através das lágrimas. - Queria que soubesse que eu encontrei uma família aqui. - uma risada sorrateira deixou seus lábios ao captar o exato momento em que Niall se jogava sobre Zayn e Liam, e Harry fingia derrubar milk-shake de morango em suas cabeças. Por fim, voltou a fitar o céu em deleite. Talvez estivesse imaginando, mas uma estrela em especial cintilava em sua direção, e foi para ela que sussurrou. - Eu te amo, mamãe. E sinto sua falta.

%%%

- O que acha que eu devo fazer? - Liam murmurou para si, inseguro.

Era quarta-feira de manhã, tão cedo que ainda faltavam alguns minutos para o início das aulas daquele período, e sentados na grama do pátio do prédio de Artesanato, conversavam enquanto Louis dedilhava o violão e Liam se distraía com o verde no chão.

- Sinceramente? - ergueu os olhos azuis para o amigo, que mordia os lábios em um tique nervoso. - Acho que deveria falar com Harry.

Toda a expressão de Liam se contorceu em surpresa.

- Com Harry? - Louis assentiu como se fosse óbvio. - Por que Harry? Pensei que fosse falar pra eu procurar ajuda profissional.

- E eu vou. - adiantou, franzindo o nariz ao deslizar o dedo em falso e quase cortá-lo nas cordas do violão. - A questão é: Harry é seu melhor amigo, e por mais que eu esteja sentindo lisonjeio por ter confidenciado uma coisa tão séria como essas a mim, sei que, no fundo, isso é só uma maneira de evitar abrir o jogo para Harry.

Liam fez um bico derrotado ao evitar o olhar inquisitivo do amigo.

- Não estou evitando ele.

- Então não vai ter problemas em contar o que está acontecendo, certo?

- Por que eu tenho que contar, justo pra ele?

Louis desistiu de dedilhar o violão e fitou o amigo com intensidade.

- Porque ele está preocupado com você, Payno. Muito preocupado.

- Mas eu não comentei nada sobre as... - abaixando o tom para evitar atrair atenção, Liam suspirou. - Drogas.

- Igual ele não te contou sobre Ryan, certo? - Louis retrucou, sabendo que pegaria em seu ponto fraco. - Lembra como se sentiu quando descobriu, muito tempo depois?

Liam soltou um muxoxo chateado ao ser derrotado.

- Eu não queria que ele tivesse passado por aquilo sozinho.

- E acha que ele está gostando de ver você evitando as tentativas de ajuda? - Louis murmurou, ameno, já ciente que havia vencido o argumento. Esticou a mão para tocar a coxa de Liam, e suspirou. - Precisa contar pra ele, Payno. Eu estou mais do que feliz em te ajudar, mas sei que Harry mataria por isso. Vai por mim, vai ser melhor pra vocês dois se fizerem isso juntos.

- Mas ele está ocupado com as próprias coisas. Você mesmo está dando o espaço que ele precisa. Por que eu deveria atrapalhar?

- Não é atrapalhar, Lee. - entrelaçou suas mãos afavelmente, tentando amenizar de alguma forma a expressão de desespero do amigo. - Parte das preocupações de Harry envolvem você. Ele vai ficar aliviado.

- Por eu estar usando drogas?

Louis revirou os olhos por causa de seu tom ácido.

- Por estar procurando ajuda, idiota. A ajuda dele.

Com um suspiro, Liam encolheu os ombros.

- Falar com Harry?

- Falar com Harry. - assentiram um para o outro, e com essa deixa, seguiram com o dia que tinha de tudo para ser... interessante.

%%%

O primeiro ensaio oficialmente como Danny Zuko, do início ao fim, foi mais especial do que Louis imaginou. E mentiria se dissesse que não derramou algumas lágrimas emocionadas durante algumas trocas de música ou figurino.

Estava orgulhoso, a cada minuto mais.

Mesmo após dois dias desde o anúncio oficial, o frio na barriga e o sorriso estatelado na cara eram os mesmos.

Mas foi quando empurrou a porta do estúdio com os ombros e finalmente deu o ensaio por terminado é que todo seu corpo reverberou em desespero.

Seus olhos arregalados rodearam as paredes, os muros, os corrimões e até mesmo o chão de paralelepípedos, e ainda assim não conseguia acreditar no que estava vendo. Alguns universitários que passavam o encaravam com julgamento e cochichos surpresos, até mesmo ousando abaixar no chão para agarrar uma folha ou outra.

Não que faria diferença - havia dezenas delas espalhadas, coladas, e grampeadas por todo canto.

Forçando suas pernas a moverem, mesmo que não sentisse nada além de suas bochechas ardentes em vergonha, Louis caiu de joelhos logo após descer a pequena escada, e agarrou o primeiro papel que viu.

Não não não não não não não.

Não podia ser.

Não.

Seus olhos analisaram a foto que estava impressa na folha de sulfite, e então piscou desolado para as cópias que o rodeavam, e em um simples ataque de desespero, tentou pegar o máximo que conseguia, uma mísera e falha tentativa de parar com aquele pesadelo.

E então, seu cérebro clicou.

O primeiro raciocínio.

Quando se deu por conta, já estava marchando em passos quentes para o campo de futebol, as folhas presas no aperto de seus braços esvoaçando com o vento conforme aumentava o passo, incapaz de aguentar segundos tortuosos com aquelas pessoas que o fitavam com curiosidade e objetificação.

Ouviu o apito alarmante assim que empurrou a porta de metal do campo com os ombros, e ignorou qualquer grito de Travis, avisando que estavam no meio do treino. Seus olhos só tinham um único alvo.

E foi em sua direção que caminhou, irritadiço, à beira do choro e com o coração e a dignidade em mãos.

Harry arregalou os olhos verdes para si, confuso com a incidência de sua presença naquele horário e também por sua expressão tão conturbada. Os olhos azuis pareciam querer pular das orbes e as bochechas vermelhas denunciavam uma mistura de vergonha e tristeza.

- Lou, o que está acontec..?

- Por que você não me diz que porra está acontecendo, Harry? - em um surto, Louis soltou as folhas que restavam em seus braços, mal ligando quando algumas voaram com o vento. Seus olhos batalhavam para manter as lágrimas dentro e sua garganta tentava de todas as maneiras colocar as angústias para fora.

Confuso e conseguindo resgatar uma folha antes que voe, Harry repousou os olhos no papel por apenas um segundo antes de sua visão embaçar por completo e sua nuca esquentar.

Não não não não não não não.

Não podia ser.

Não.

- Louis, eu...

- Mas que porra, Harry.

E antes mesmo de conseguir esticar o braço para agarrá-lo, Louis já havia partido, correndo pelo campo enquanto seus soluços eram ouvidos em ecos devastadores. Deixou para trás um Harry atônito rodeado de folhas impressas espalhadas pela grama, segurando, em uma mão, a cópia de uma das dezenas de fotos nuas que haviam tirado no estúdio, e na outra, seu coração alarmado.

!antes que surtem!

Eu disse que esse cap teria o gatilho que levaria tudo a cair em seus devidos lugares. Não precisam se preocupar com o sofrimento e etc. Tivemos 85 caps de puro desenvolvimento dos personagens e a partir de agora poderão ver na prática como eles reagem a situações que fogem do controle. Agora vai ser o momento em que Louis resgata sua confiança e Harry reconhece seu potencial. Não temam uma recaída!

Depois de tanto desencontro, eles precisavam de um evento isolado para colocar em prática tudo que construíram até hoje, dentro de si mesmos.

Todos os caps, sem exceção, a partir de agora, terão revelações chocantes, afinal, estamos há apenas 15 caps do fim do plot.

meu deus

e essa suruba que não sai?

fun fact: acho que a suruba sai na semana do meu niver vulgo dia (25/10), ou seja, estamos bem próximos rs

quando vocês fazem aniversário, inclusive?

tendo dito isso... alguns de vocês adivinharam o que estava acontecendo com Liam, mas isso ainda vai ser desenvolvido mais pra frente. Ficaram surpresos? Jamais que eu faria meu Ziam acabar por traição, minha imaginação não cometeria esse crime

Por hoje, é isso. Espero que não tenha sido tão ruim assim de ler, a escrita meio que me drenou um pouco essa semana (depois de quase vinte horas escrevendo, lendo, ajustando, lendo, revisando e escrevendo mais um pouco, a critividade simplesmente se recusa a participar) mas no próximo cap prometo melhorar!

Tem muuuuito para acontecer ainda e espero que ainda estejam animados pela história! Afinal, 85 caps é para os fortes k

E quanto as pistas? esse cap foi cheeeeio delas rs

amo ocês

tt as always no ohnanathalie

insta as always no nathaliemach_

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