dezessete.
Os quatro grifinórios pareciam ter perdido o dom da fala.
Enquanto esperavam impacientemente por uma resposta, Melissa cruzou os braços, Jack começou a bater levemente o pé no chão e Devon a brincar com seus cabelos, trocando a cor deles.
Vendo que não sairiam dali até uma razoável explicação, Sirius soltou uma risada esganiçada.
─ Quem?
─ Você não pode estar realmente perguntando isso. ─ Devon respondeu enquanto revirava os olhos.
─ Nós não temos ideia de quem são esses... Marotos? Foi isso que você disse? ─ James seguiu Sirius, fingindo que não sabia de nada.
─ Nós não somos idiotas. ─ Melissa retrucou rápido.
─ E nós nunca pensaríamos nisso! ─ Peter respondeu-a mais rápido ainda.
─ Então você não tinha nenhum outro motivo para estar no meu quarto no outro dia? ─ Jack questionou, descendo da mesa e ficando cara-a-cara com Peter. O grifinório engoliu em seco.
─ Nenhum outro. ─ concordou.
─ Nenhum outro para fazer aquilo? ─ Devon parou ao lado de Jack. Peter deu passo para trás, quase esbarrando em Remus.
─ Você contou para ela?!
─ Contou o que? ─ James perguntou, obviamente curioso.
─ Então você não fez aquilo apenas para que Sirius ─ por mais que Devon soubesse que o rapaz não estava no quarto de Jack, ela disse o primeiro nome que veio em sua mente, esperando que Peter cometesse algum erro e a corrigisse. ─ saísse do quarto de Jack e ele não descobrir que, na verdade, vocês estavam atrás do Mapa do Maroto?
─ Aquilo não foi uma distração, fiz porque quis!
─ E gostou? Valeu a pena?
─ Sim e sim! ─ Peter não negou em responder, mas não sabia como estava mantendo a postura; na maioria das vezes, ele era o primeiro a ceder.
─ Por Godric, do que estão falando? ─ James questionou novamente.
─ Eu beijei Jack para que Remus saísse do quarto sem que ninguém visse, tá legal?! ─ Peter respondeu de uma vez e, quando percebeu o que tinha feito, entregado que eles realmente estavam lá atrás de algo, viu a decepção no rosto de Jack. Algo que nunca mais queria ver. ─ Eu faria de qualquer jeito! Em Hogsmeade, por exemplo, naquele dia mas você não me deu chance alguma! ─ sua voz saiu esganiçada.
A decepção sumira da face de Jack, deixando lugar para uma expressão confusa.
─ Você queria me beijar?
─ A dias!
─ Peter gosta de garotos? ─ Sirius perguntou com um tom de riso. Devon olhou para o rapaz, com uma expressão brava, achando que ele faria alguma de mal gosto. ─ Merlim, não é um problema! Eu não iria falar nada!
─ Não?
─ É meu melhor amigo, Hills, não vou julgá-lo por gostar de garotos!
─ Eu tenho a leve impressão que estamos perdendo o foco da conversa. ─ Melissa, que até pouco tempo estava calada, disse.
─ Certo! ─ Jack balançou a cabeça e caminhou até Melissa, se encostando na porta, ainda encarando Peter.
─ O ponto é: nós não temos ideia do que estão falando. Podemos ir embora agora? ─ Remus pediu. A fala fez Devon rir alto.
─ Peter acabou de admitir que você estava com ele!
─ Admitiu? ─ ele tentou confundir Devon.
─ Aluado. ─ Melissa chamou. Automaticamente, Remus se virou, fazendo a garota soltar um risinho. ─ Rabicho, Almofadinha e Pontas. ─ apontou para Peter, Sirius e James respectivamente. ─ Por que vocês só não abrem o jogo de uma vez?
─ Sabemos que vocês são os Marotos. Sabemos que Remus deixou o mapa cair e foi assim que ele parou com a gente. Sabemos que vocês procuraram em nossos quartos e não acharam e foi por isso que Sirius agarrou o mapa e saiu correndo. ─ Jack repetiu tudo o que sabiam.
─ Poderíamos ter descoberto muito antes, não é? ─ Devon questionou e Melissa balançou a cabeça em afirmação. ─ Estavam debaixo de nossos narizes! Vocês já usaram esses apelidos em nossas frentes, por Rowena! ─ exclamou alto.
─ Então a minha pergunta é: por que mentir? Por que só não pediram o mapa de volta? Não simplificaria tudo? ─ Melissa perguntou. ─ "Ei, Melissa, esse mapa é nosso. Será que você poderia, por gentileza, nos devolver?" ─ imitou o que eles poderiam ter feito. ─ E eu devolveria o mapa!
─ Eu acho que... Recuperar o mapa foi a primeira coisa em que pensamos. Não imaginamos que seria tão simples quanto pedir. ─ Remus respondeu a pergunta de Melissa.
─ Aquele brinquedinho tem como única utilidade insultar as pessoas. Não guardaríamos para nós se vocês tivessem apenas pedido. ─ Devon falou dando de ombros.
─ Você chamou nosso mapa de brinquedinho? ─ Sirius perguntou em completo choque. ─ De novo?
─ Me prove que não é. ─ ela pediu, desafiadora.
Sirius analisou a situação. Eles já sabiam que os quatro eram os Marotos e que eram os donos do mapa. O mapa não provava nada sobre a condição de Remus, que, com toda a certeza, nem passara pela cabeça dos três corvinos; e foi por isso que Black tirou o pedaço de pergaminho do bolso, abrindo-o rapidamente.
─ Ainda está em branco. ─ Jack observou. ─ Não vai tocá-lo com a varinha e receber alguns insultos?
─ Paciência, Ryder. ─ Sirius pediu e estendeu o mapa para James. ─ Faça as honras, Pontas.
─ Eu juro solenemente não fazer nada de bom. ─ disse a frase chave e tocou o pergaminho com a varinha.
Rapidamente linhas de tinta muito finas começaram a se espalhar como uma teia de aranha a partir do ponto que a varinha de James tocara. Elas se dividiram para que ocupassem todo o espaço do pergaminho. No alto do pergaminho, as seguintes palavras se formaram: Os senhores Aluado, Rabinho, Almofadinhas e Pontas, fornecedores de recursos para bruxos malfeitores, têm a honra de apresentar O MAPA DO MAROTO.
─ "Fornecedores de recursos para bruxos malfeitores?" ─ Devon leu, rindo alto. Sirius lhe deu um tapa na cabeça e Melissa arrancou o pergaminho de sua mão, observando, não as palavras, igual Devon fizera, mas sim a imagem que se formara abaixo delas e estava se movendo.
Aquilo era realmente um mapa. Um mapa de Hogwarts. Pontinhos se mexiam pelo mapa inteiro, Melissa apertou os olhos e conseguiu ler melhor seus nomes em pontinhos que estavam parados. Olhou para um pontinho no canto superior esquerdo do mapa, ele continha o nome do professor Dumbledore.
─ Esse pontinho é mesmo...? ─ ela começou a perguntar.
─ Dumbledore em seu escritório. ─ James respondeu sorrindo.
─ Ah, ele está caminhando. ─ Sirius observou. ─ Ele faz muito isso.
─ Então você quer dizer que esse mapa mostra...? ─ foi Jack quem começara a perguntar dessa vez, observando o mapa nas mãos de Melissa.
─ Todo mundo. ─ Peter afirmou.
─ Todo mundo? ─ Devon questionou, desacreditada.
─ Todo mundo. ─ Sirius re-afirmou. ─ Onde estão...
─ O que estão fazendo... ─ James continou.
─ A todo minuto. ─ Peter disse sorrindo.
─ A todo dia! ─ Remus concluiu.
─ Brilhante! ─ Melissa exclamou. ─ Onde conseguiram?
─ Nós fizemos no quarto ano. ─ Lupin respondeu dando de ombros, como se não fosse nada demais.
─ Como? ─ Jack perguntou, curioso.
─ Ainda tenho algumas anotações guardadas, se quiser ver. ─ Peter falou baixo.
─ Ótimo! Vamos agora ver elas? ─ ele questionou, animado.
─ Agora? ─ Peter devolveu a pergunta.
Jack o olhou de cima a baixo.
─ Você tem outros planos?
─ Agora está ótimo por mim! ─ Peter assentiu.
Melissa caminhou um para o lado para que Jack pudesse abrir a porta sem problemas. Logo os dois garotos não estavam mais naquela sala, restando apenas as duas corvinas e os três grifinórios.
─ Ele não se despediu da gente? ─ James balançou a cabeça enquanto perguntava para os amigos.
─ Veremos Peter no jantar. ─ Sirius respondeu e estendeu a mão para Melissa. ─ Nosso mapa, por favor.
Ainda encantada com o objeto, ela o devolveu.
─ Mais alguma coisa ou podemos ir? ─ Potter questionou. ─ Sinto que estou com a terceira roda aqui. Quinta, no caso. ─ se corrigiu em voz baixa.
─ Se quisermos saber mais alguma coisa podemos perguntar para vocês?
─ Você pode me perguntar qualquer coisa a qualquer momento, Devon. ─ Sirius piscou para ela, sorrindo em seguida.
─ Cai fora, Black. ─ ela o empurrou. ─ Podemos ir? ─ perguntou para a melhor amiga.
─ Na verdade, eu precisava falar com Remus.
Remus não percebeu, mas prendeu a respiração. Nenhum dos outros amigos se mexeu.
─ Em particular. ─ ela complementou.
─ Ah, claro. ─ Black balançou a cabeça. ─ Até mais tarde, Aluado! ─ se despediu sorrindo e, antes que Potter pudesse fazer o mesmo, Almofadinhas passou um dos braços pelo pescoço do amigo e o arrastou para fora da sala.
─ Tudo bem, te vejo depois. ─ Devon se despediu de Melissa deixando um beijo na bochecha dela.
Melissa não esperou que Remus falasse algo. Sabia que provavelmente aquele tímido garoto não falaria nada.
Foi então, com a sua mente relembrando as palavras que escutara a alguns dias atrás, que ela começou a dizer o que queria.
─ Eu sei.
E essas duas palavras bastaram para que o rosto de Remus ficasse branco como papel.
A boca de Melissa nem se mexia mais, mas Remus se sentou na cadeira mais próxima e encarou a garota de ondulados cabelos castanhos e olhos mel, sem saber o que responder para aquela fala e pensando no que faria a seguir.