Still With You [jikook]

By fwckookie

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Park Jimin era acometido por reflexos de suas vidas passadas todas as noites. Praticamente todas as madrugada... More

Informações gerais ❦
Prefácio ❦
Morte e um misterioso visitante ❦
Pesadelos, café e lembranças de uma vida antiga ❦
Memórias secretas e rosas brancas ❦
O (re)encontro e as dúvidas ❦
Primavera e outra visita inesperada ❦
Conforto e carinho ❦
Entre quatro paredes ❦
Sonhos interligados ❦
Uma nova perspectiva ❦
Presente e passado ❦

Primeiro contato ❦

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By fwckookie

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O sol daquela tarde já estava se escondendo por trás do horizonte quando Jimin se espreguiçou no sofá da própria casa, estupidamente entediado enquanto carregava o notebook em seu colo.

Havia passado praticamente o dia todo trabalhando, pois estava focado em seu projeto e tinha recebido dois novos pedidos particulares de telas. Encomendas como essa o forçava a se esforçar ainda mais no que fazia, já que telas exclusivas exigiam que Jimin agradasse seu cliente, enquanto as telas que ele fazia para projetos exposicionais próprios o deixavam mais livre.

Há dois dias atrás, quando deixou Jungkook no trabalho e seguiu caminho até o hospital, o loiro deu sorte de não se encontrar com Dohyun no centro médico, como geralmente acontecia. Mesmo assim, foi impossível não ter se sentido nervoso como ele se sentiu ao passear por aqueles corredores conhecidos.

Nesse período que se passou até o presente momento, Jimin também não teve a oportunidade de passar mais tempo com o mais novo novamente. Segundo as mensagens que o mesmo lhe enviara, ele estava indo todos os dias treinar uma nova funcionária a pedido de seu chefe. Por causa disso, era provável que o moreno passe ao menos alguns dias sem se encontrar com o mais velho.

Jimin entendia e, obviamente, não questionou. Contudo, já estava tão acostumado com a presença de Jungkook na sua semana que era como se ele estivesse quebrando sua rotina perfeita.

Tudo bem que não era todo dia que eles se viam, afinal o outro só vinha ajudar o avô quando não tinha turno no horário da tarde no cinema. No entanto, estar longe logo após a descoberta de que suas bocas combinavam perfeitamente juntas e após o consenso firmado da convivência em vidas passadas era quase uma tortura para ambos.

Vez ou outra, Jimin se imaginava beijando Jungkook da mesma forma que ele fez dias atrás, segurando sua nuca para que ele não fosse a lugar nenhum e firmando sua mão no cabelo longo do outro, puxando levemente. Quando esse devaneio ocorria, o loiro apenas balançava a cabeça rapidamente e se despia dos pensamentos intrusos, se forçando a prestar atenção nas próprias responsabilidades.

Apesar disso, até que estar longe durante esse tempo não era de todo ruim. Até porque havia outra coisa que preenchia a cabeça do artista naquele momento: o tal encontro ainda não planejado.

Sinceramente, ele não sabia de onde havia tirado coragem o suficiente para chamar Jungkook para um encontro daquela forma tão repentina, mas ele não havia se arrependido nem um pouco. Acontece que havia apenas um porém, o Park nunca havia ido a um encontro.

Até porque Jimin nunca foi do tipo meloso e apaixonado. Muito pelo contrário, seu contato físico e sexual com outras pessoas eram resumidos a casos rápidos que, por preferência sua, não duravam mais do que uma noite agitada.

Essa predileção por esse tipo de relacionamentos era realmente algo particular e, aparentemente, exclusivo seu nas relações que se envolvia. Afinal, todos os homens e mulheres com que o loiro já havia tido esse contato mais íntimo se tornavam encantados pelo charme natural que ele conseguia exalar, mas tinham que desistir ao que Jimin se mostrava fechado a qualquer aproximação.

No entanto, com Jungkook era diferente. Era curioso para Jimin, porque aquela relação era algo tão estranho para si, tão novo, que o fato de que ele não se assustava com a direção que aquilo estava indo era tão inesperado quanto. Ele queria se esforçar, queria fazer o mais novo rir, queria estar junto, queria mergulhar naqueles olhos brilhantes que ele já havia visto antes em seus sonhos confusos. Então, qual o melhor jeito de começar aquela jornada desconhecida do que com um encontro?

O problema era que Jimin mal sabia por onde começar.

Num suspiro entediado, o loiro se esticou no sofá, totalmente largado. Olhou para o teto num encarar desfocado, torcendo para que sua mente tivesse um insight espontâneo de alguma ideia incrível, como às vezes acontecia com a sua arte.

E talvez aquela fosse uma boa relação a se fazer, pois Jungkook definitivamente era arte. Cada detalhe dele. Então ele continuou viajando na possibilidade de usar o moreno como modelo de uma tela sua por vários outros minutos.

Bom, isso até seu telefone celular jogando no chão começasse a tocar.

— Aish... — ele reclamou, com preguiça de se mover para buscar o aparelho, mas fazendo-o mesmo assim. No entanto, assim que leu o nome na tela do celular um sorriso brotou automaticamente em seus lábios.

— Jiminie! — a voz animada de Taehyung chamou pelo amigo assim que a chamada foi atendida.

— Tete, e aí? — Jimin respondeu, também entusiasmado.

Ele estava com saudades do amigo. Afinal, fazia um tempo desde que haviam saído juntos pela última vez e, apesar de se falarem praticamente todos os dias pelo celular, Jimin sentia que estava focado demais nos últimos dois dias, o que dificultou o contato frequente.

Além disso, havia muitas coisas que o loiro queria contar a Taehyung e grande parte delas (talvez todas) se resumiam no moreno de cabelo longo. Apesar disso, ele queria fazer isso pessoalmente para que pudesse surtar na presença do melhor amigo.

— Você me abandonou! — ainda estirado no sofá, Jimin foi capaz de reparar na voz falsamente chateada de seu amigo de fios castanhos. — Me trocou completamente... — Taehyung começou a fingir um choro extremamente dramático.

Por estarem juntos desde o fundamental, Jimin tinha noção que seu amigo estava agindo exageradamente de forma proposital. Aquela performance fazia parte de um dos charmes de Kim Taehyung. Sabendo disso, o loiro respondeu a provocação com uma risada alta.

— Sabe que não é verdade... — ele disse, ainda sorrindo. — Estou com saudades de você também, Tete.

Com a cabeça deitada nas almofadas do sofá, Jimin fez um bico que exibiu todo seu descontentamento em estar longe de seu melhor amigo e parceiro de infância. Do outro lado da linha, o moreno também fez um bico semelhante. Afinal, o fato de estarem juntos a tanto tempo fez com que adquirissem alguns hábitos parecidos.

— Tô entediado... — Taehyung suspirou, cruzando as pernas nos sofá do próprio apartamento. — Sabe do que eu tô com vontade de fazer? — ele perguntou com um sorriso, quase provocador, apoiando o queixo na palma da mão.

— O quê? — o loiro questionou, com a curiosidade atiçada.

— Hm... — o outro prolongou, na intenção de aumentar a expectativa do amigo.

— Kim Taehyung!

— Certo, certo... — o moreno riu. — Lembra quando a gente ficava testando essas receitas novas de doces?

Jimin confirmou com a cabeça, esquecendo-se que não dava para perceber o gesto do outro lado da linha telefônica.

— Eu achei essa receita bem simples, eu acho que é um doce brasileiro, não sei. — Taehyung continuou. — Quer vir aqui tentar? Tenho os ingredientes.

Animado com a ideia, o loiro não pensou duas vezes antes de se levantar do sofá e se espreguiçar dramaticamente, fazendo um barulho alto para arrancar um riso bobo do amigo.

— Chego aí em vinte minutos.

— Ou seja, cinquenta minutos...

— Cala a boca, Kim Taehyung! — e a ligação foi encerrada.

Num rompante de energia, Jimin correu até o próprio quarto a fim de trocar de roupa, se livrando do pijama que estava usando para ir até o apartamento do amigo.

Taehyung morava sozinho desde alguns meses antes de terminar a faculdade de publicidade, no mesmo ano que o loiro havia se formado em artes. No entanto, mesmo antes disso, o moreno morou no alojamento da universidade com outros estudantes durante todo curso. Isso porque ele nunca teve uma relação muito boa com os pais, que sempre agiram de forma bem distante com o filho devido a atenção excessiva que eles davam ao trabalho.

O casal Kim eram advogados, os dois. Grandes e ricos engravatados. Apesar de nunca terem o tratado de forma negativa, eles simplesmente eram ignorantes com relação ao filho. O moreno se sentia constantemente deixado de lado pela carreira jurídica, mas nunca questionou isso.

Quando passou no curso que sempre quis estudar ele imaginou que naquele momento conseguiria chamar a atenção dos pais. Taehyung até considerou a possibilidade de que eles ficariam chateados por ele não ter escolhido direito assim como eles. Entretanto, ele não ligava, pois essa poderia ser a primeira reação deles à alguma atitude sua desde a pré-adolescência. Ele estava disposto a aceitar qualquer demonstração que não fosse inércia. Tudo menos isso.

Mas o tiro saiu pela culatra quando a notícia da aprovação foi compartilhada no meio do jantar. Os pais do moreno apenas ouviram a informação e reagiram com um "Que bom, Taehyung", logo voltando a conversar sobre um caso que eles tinham assumido de algum empresário super importante .

Aquele foi o ultimato para Taehyung. Após isso, ele não tentou mais qualquer tipo de aproximação e em duas semanas ele se mudou para o alojamento universitário. Seus pais não questionaram, como se eles já estivessem premeditando o acontecido, e não pareceram se importar muito quando o filho cortou todos os vínculos com os dois, inclusive os financeiros.

Como ele havia conseguido uma parcela de desconto no valor do curso devido a uma bolsa que o moreno recebeu pela boa nota no teste de admissão, o moreno trabalhou durante todo o período acadêmico para conseguir pagar o resto da mensalidade.

Durante essa época, Jimin ainda morava com Dohyun e Sangmi e cursava o próprio curso em outra universidade, apesar do óbvio desgosto por parte do pai. O loiro até quis ajudar e ofereceu apoio financeiro diversas vezes. No entanto, Taehyung queria provar a si mesmo que sabia se virar sozinho sem a vida boa, porém sem sentido e vazia, que seus pais lhe ofereciam.

Ainda assim, o apoio emocional que a amizade entre os dois oferecia ao moreno era imensurável. Durante todo esse tempo, Jimin e Taehyung sempre continuaram juntos, encontrando conforto nos braços um do outro.

Até mesmo no dia fatídico do acidente que deixou Sangmi em seu estado atual, após a formatura do loiro, quem esteve por horas segurando a mão de Jimin enquanto ele esperava qualquer notícia da mãe no hospital foi Taehyung.

— Ele vai me matar! — o artista riu, ressentido pela própria situação, ao perceber que já estava mais de 10 minutos atrasado de acordo com o horário que ele mesmo havia estipulado, comprovando que o melhor amigo estava certo ao se tratar desse leve problema que ele tinha com horários.

Com pressa, Jimin buscou as chaves do carro e trancou a porta de casa, sem se esquecer de verificar que tinha o celular e a carteira no bolso, para assim finalmente seguir rumo até a casa do moreno.

Quarenta em cinco minutos após a ligação, ali estava o loiro em frente à porta de Taehyung. Ele não precisaria tocar a campainha, pois assim como o outro tinha a chave de sua casa, ele tinha a chave daquele apartamento.

— Vinte minutos, Park Jimin?

Em pé, parado no meio da sala, com os braços cruzados em frente ao peito, o cabelo grande demais que já cobria parte dos olhos e vestido com roupas soltas neutras, estava Taehyung. Por conhecer o amigo, o moreno sabia que ele não iria chegar no horário, então apenas se sentou no sofá da sala para assistir televisão e planejar a pose que faria quando o outro chegasse.

— A culpa foi do trânsito! — Jimin se defendeu, erguendo as mãos num sinal de inocência.

— Claro... — o moreno franziu as sobrancelhas, apoiando o peso do corpo numa única perna. — Foi o trânsito, né? Não você se arrumando excessivamente para vir pra casa do seu melhor amigo a anos.

O loiro até tentou refutar, mas assim que olhou para baixo e verificou que suas roupas realmente não estavam nada simples, ele soube que era verdade e que não adiantava discutir com Kim Taehyung sobre aquilo. Sendo assim, lhe restou apenas sua última arma, que por acaso sempre funcionava com o publicitário à sua frente.

— Tete, não fica chateado... — Jimin fez bico, andando na direção do mais alto e lhe dando um soquinho fraco no peito com os punhos fechados.

O moreno até tentou segurar o sorriso que surgiu em seu rosto. No entanto, ele era de rir fácil quando estava com o amigo, então aquilo era praticamente uma missão impossível. Não bastou segundos para que a cara de coitado excessiva do mais baixo levantasse os cantos da boca de Taehyung num sorriso contido.

— Idiota! — ele empurrou o loiro, finalmente deixando-se sorrir. — Já tô acostumado com seus atrasos.

O apartamento que Taehyung morava era alugado e ele pagava o custo mensal com o salário da empresa de marketing na qual trabalhava. Por sempre ter sido extremamente esforçado, um de seus professores lhe ofereceu esse estágio no próprio negócio quando ainda era estudante. Com o passar do tempo e a formatura, o moreno foi capaz de subir de hierarquia e agora seu cargo o pagava bem, mesmo que não o deixasse rico.

A sala era de tamanho mediano e possuía paredes brancas. Além disso, o sofá marrom claro para três pessoas ficava no meio, de frente para a televisão. A decoração era simples, nada muito elaborado, mas os pequenos quadros artísticos e as almofadas estampadas davam um ar bem conceitual ao local.

Era um bom apartamento. Bem iluminado pela luz do sol invadia o apartamento pela janela aberta que dava de cara para a rua, de onde dava para ver alguns carros passando. O Kim se orgulhava muito daquele local.

Jimin se recordou do período que morou ali, após o acidente e após fugir das mãos de Dohyun. Nunca conseguiria demonstrar toda a gratidão que sentia por Taehyung ter lhe acolhido no pior momento de sua vida.

— Acho que temos muita coisa pra conversar, né? — o mais alto perguntou, segurando uma das mãos do amigo num hábito que possuíam entre si.

— Sim, temos. — o loiro riu, estendendo a outra mão para bagunçar os fios escuros do outro. Tanta coisa havia acontecido naquele curto período de dias. — Mas antes...você tava querendo fazer o quê mesmo?

Os olhos do moreno se arregalaram assim que ele se lembrou do que realmente iriam fazer ali. Ele estalou o dedo na frente de Jimin, como se tivesse tido uma ótima ideia, e pegou o celular no bolso da bermuda para abrir numa aba de navegação que já estava com a busca feita num site de receitas famoso.

— Olha isso! — Taehyung virou a tela do aparelho para o mais baixo, aproximando-a mais do que o necessário do rosto do outro e soando animado com o conteúdo do site. — Parece delicioso, não é?!

Com os olhos apertados devido a proximidade do celular, Jimin leu o título da receita que estava ali. Era um doce, só que ele nunca tinha ouvido falar daquilo na vida. Deve ser porque não era algo tradicional da Coréia, como Taehyung havia dito. Além disso, o nome parecia bem estranho de se pronunciar, então ele nem tentou para não enrolar a língua.

Bom, não custava tentar, certo? Passando os olhos rapidamente pela lista de materiais e modo de fazer, não parecia tão complicado assim.

Eles iriam fazer brigadeiro.


[...]


— Espera, eu tenho que mexer por quanto tempo mesmo? — Taehyung perguntou, parando de misturar a panela que estava no fogo com a colher de pau e se esticando para ver a tela do celular que estava em cima da bancada, um pouco longe de si.

— Não sei, já passou do tempo mas ainda tá muito mole! — Jimin disse, soando meio desesperado. Ao perceber que o moreno tinha parado de mexer o doce, ele não demorou em dar uma sacudida no outro para chamar a atenção deste. — Não para, vai queimar!!!

O Kim se assustou e voltou a misturar o protótipo de brigadeiro num pulo.

— Vai nada, tá comigo tá com deus. — ele disse, sentindo o olhar divertido que o loiro havia lhe lançado.

— Ah, claro. Me lembra aí, quem foi que deixou nosso pão caseiro ficar pão carbonizado mesmo? — Jimin provocou.

— Eu.

— E quem esqueceu de fechar a tampa do liquidificador quando foi fazer suco de morango?

— Eu...

— E quem derrubou o prato com os biscoitos que a gente fez no natal?

— Ei! — Taehyung se virou, soando completamente indignado. — Isso foi você!

Jimin riu, deitando a cabeça no ombro do mais alto. Ele e o moreno tinham tantas memórias, isso incluía vários momentos desastrosos e que até geraram um leve desentendimento entre os dois na hora que aconteceu, mas que hoje geram apenas risadas.

Um tempo se passou até que, finalmente, a consistência do doce parecia semelhante ao que eles haviam visto num vídeo receita no YouTube. Com isso, Taehyung desligou a boca do fogão e pedisse a tigela na qual eles iriam colocar o brigadeiro para o loiro.

— Então... — o mais alto iniciou, derramando o doce na tigela de vidro para deixar esfriar. — Me fala, você não me contou mais nada do que aconteceu naquele dia que o Jungkook dormiu na sua casa, nem do que aconteceu depois.

— Hm, por onde eu posso começar... — o loiro se encostou na bancada, sendo acompanhado por Taehyung, que deixou o brigadeiro descansando perto do fogão. — Aconteceu muita coisa.

— Eu sei. — o moreno respondeu, simplista. — Dá pra ver no teu rosto.

Numa risada baixa, Jimin jogou sua cabeça para trás, pensando em todos os acontecimentos que aconteceram num espaço de tempo muito curto. Desde Dohyun e a notícia da futura viagem para um jantar em família, até o encontro que ele havia chamado Jungkook para ir.

Com um sorriso ainda preso no rosto, o loiro olhou para o amigo ao seu lado, que o esperava com paciência. Ou pelo menos era isso que Taehyung queria passar, mas seu pé estava inquieto no chão. Afinal, sempre seria um fofoqueiro do bem, como ele próprio gostava de se chamar.

— Naquele dia, eu te falei sobre o que Dohyun foi fazer na minha casa quando nos falamos por mensagem, né? — o mais baixo resolver começar por aí.

— Sim, você me contou da viagem... — a feição do moreno ficou mais séria. — Só não me explicou o que ele fez para te convencer a ir.

Jimin fechou os olhos, pensando na ameaça suja que o pai havia lhe feito.

— Dohyun disse que me proibiria de entrar no hospital que minha mãe está caso eu não fosse. — ele soltou, a voz tão baixa que o amigo teve que se esforçar para escutar bem.

Assim que assimilou o que tinha acabado de ouvir, a feição de Taehyung se contraiu em pura raiva e indignação. Sim, ele sempre soube que o pai do loiro era um bosta e que nunca poupou esforços para fazer da vida de seu amigo um inferno. No entanto, aquilo era um golpe tão sujo, que ele nunca imaginou que Dohyun um dia faria, pois estava além de sua imaginação.

— Sei que você tá zangado, mas dessa vez ele realmente venceu. — Jimin continuou.

— Eu odeio aquele velho asqueroso. — Taehyung falou, com as sobrancelhas franzidas e boca retraída em puro descaso.

— Eu sei. — o loiro disse. — Eu queria conseguir o odiar também...

Essa era a verdade. Jimin não conseguia odiar Dohyun, apesar de tudo que ele fez em sua vida. Apesar de todos os sentimentos ruins que o pai já havia lhe feito sentir, ele ainda era seu pai. O coração do loiro era incapaz de o odiar, por mais que quisesse.

— Jimin...

Suspirando longamente, Jimin resolveu não pensar muito sobre isso e apenas continuou seu roteiro. Taehyung também não questionou, pois sabia que aquele era um assunto delicado e que a decisão já havia sido tomada.

— Então, obviamente eu fiquei mal com tudo aquilo e acabei passando a tarde em casa. — ele disse, dando de ombros. — Só que aquele dia eu deveria ter ido ver Jungkook no vizinho porque a gente tinha combinado, sabe?

— Uhum.

— Eu acabei não indo e ele se preocupou.

— Own. — Taehyung provocou.

— Shiu. — o chiado foi acompanhada de uma cotovelada de leve na cintura do amigo, que apenas riu. — Ele foi pra lá e ficou comigo por um tempo. Vimos um filme e pedimos comida.

Relembrando aquela noite, Jimin pensou no jeito em que ficaram juntos, a forma em que eles pareciam mais conectados do que nunca estiveram, o calor do corpo de Jungkook que parecia aquecer o seu. Além disso, a lembrança de seus lábios provando o gosto um do outro pela primeira vez naquela vida. Eles estavam sintonizados.

Foi impossível evitar um sorriso que tomou seu rosto ao pensar nessas coisas.

— Nós nos beijamos. — ele disse. — Foi incrível. Ele dormiu lá também, na minha cama. Mas não fizemos nada, só dormimos.

Por alguns segundos, houve um período de silêncio enquanto os dois amigos olhavam para frente sem focar a visão em algum ponto específico. No entanto, isso não durou muito, pois logo Taehyung começou a rir baixinho, negando com a cabeça ao virar com o rosto para o loiro.

— Você costumava me dar mais detalhes, Park Jimin! — ele disse divertido.

— Mentira...

— Verdade! — o moreno cerrou os olhos. — Hmmm, eu já sei porque você encurtou tanto.

— É mesmo? — respondeu o mais baixo, tentando evitar o olhar do outro.

— Uhum...Você tá com vergonha! — Taehyung riu.

Como se fosse para confirmar a afirmação do mais alto, as duas bochechas do loiro assumiram uma coloração avermelhada. Jimin até tentou virar o rosto para o outro lado numa tentativa falha de esconder-se do melhor amigo, mas o Kim foi mais rápido em levar a destra até a face do outro para apertar uma das bochechas rubras do mais baixo.

— E tem mais... — o loiro continuou, a pronúncia alterada devido ao amigo que ainda apertava sua bochecha direita. — Eu chamei ele para um encontro.

Dessa vez, a expressão surpresa de Taehyung nasceu quase que imediatamente. Afinal, ele nunca imaginaria que aquele homem à sua frente chamaria outra pessoa para um encontro. Principalmente porque o próprio loiro já lhe disse uma vez que não se imaginava fazendo isso algum dia e que já estava se preparando para se tornar o tio solteirão bem sucedido para os filhos que o moreno pretendia ter um dia.

Por isso, Taehyung imaginou o quão importante Jungkook deveria ser para seu amigo. Nas últimas semanas, ele vinha recebendo relatórios semanais do loiro com relação a esse garoto, portanto era claro o quão encantado ele soava apenas por mensagens e ligações no tardar da noite.

Sendo assim, o moreno se sentia aliviado. Desde que havia começado a namorar Namjoon, a pouco tempo atrás, ele tinha medo que o Park se sentisse deixado de lado ou coisa do tipo. Óbvio que ele nunca seria o tipo de pessoa que começa a se relacionar com alguém e se esquece dos amigos. Contudo, como amigo, Taehyung se preocupava porque Jimin nunca parecia tão adepto a qualquer tipo de interação que o levasse a conhecer outras pessoas, seja amigavelmente ou amorosamente.

Sim, o loiro tinha alguns casos aqui e ali, mas acontece que ele nunca se deixou conhecer ninguém.

E o Kim sabia que isso se devia ao fato de que Jimin cresceu dentro de um ambiente que o podava o tempo todo. Dohyun nunca o deixou ser quem ele queria ser enquanto ele estava em casa e isso também afetou a forma com que o loiro se relacionava com as pessoas no geral.

Ademais, o moreno também sabia que a única coisa que segurava o amigo naquele lugar era Sangmi, sua mãe. No entanto, após o acidente e o coma inesperado, não havia mais nada que segurasse o mais baixo ali. Então ele foi embora.

Mesmo assim, as cicatrizes que Dohyun deixou em Park Jimin eram profundas demais para irem embora com apenas uma mudança.

— Jiminie, eu tô tão orgulhoso de você! — a felicidade de Taehyung era genuína.

— É?! — o loiro retribuiu o sorriso que recebeu.

— Sim! Já tem data? Já sabe o que vai fazer? Pra onde vai levar o jardineiro?

Parecendo sem jeito, o Park levou a mão até a nuca, coçando-a num hábito que ele adquiriu com Jungkook pelas tardes que passaram juntos. Como dizer para seu amigo que ele não tinha conseguido pensar em nada e que, na verdade, estava esperando uma ajuda dele naquele quesito?

— Bom... — ele começou, ainda mexendo na parte de trás do pescoço.

— Nada, né? — o moreno cruzou os braços.

— É... — o loiro olhou para o amigo com um olhar pidão. — Me ajuda?

Taehyung riu. Era esperado que a inexperiência de Jimin quando se tratava de romance complicaria as coisas na hora de criar o roteiro de um encontro que parecia ser tão importante. Mas, afinal, era uma de suas funções como melhor amigo ajudar nesse tipo de coisa.

— Tudo bem, bobão. — o mais alto concordou ao que o rosto do outro se iluminou em esperança. — Mas antes, me conta mais dele, daí eu te ajudo a montar alguma coisa.

Foi assim que os dois terminaram sentados lado a lado no sofá da casa de Taehyung por quase trinta minutos, apenas com Jimin contando cada detalhe em Jungkook. O loiro realmente gostava de reparar no mais novo e, falante do jeito que era com o melhor amigo, não poupou detalhes ao descrever o jeitinho próprio do jardineiro.

Então, o Park contou das tardes, de como gostava de assistir o Jeon falar sobre qualquer coisa e que, assim como si, ele nunca havia tido uma experiência romântica antes. Falou também sobre como o mais novo era esforçado, sobre o riso fácil e a timidez que eles estavam quebrando de pouco em pouco. A cada sílaba que Jimin falava sobre Jungkook, o amigo viu como o olhar dele brilhava.

Taehyung apenas lhe deixou falar, admirado pela forma a qual seu amigo admirava esse garoto. Sinceramente, ele imaginava que era assim que ele próprio ficava quando falava sobre Namjoon. Simplesmente deixou-o continuar por quanto tempo ele quisesse, pois o rosto do loiro se iluminou no segundo que ele citou o tal sorriso de Jeon Jungkook.

O Kim não precisou nem ser apresentado ao mais novo para gostar dele. Quem quer que fosse, se estava fazendo seu amigo sorrir daquele jeito por um mero pensamento, ele já apreciava.

Então, enquanto ouvia o loiro falar sobre o trabalho de Jungkook no cinema, ele teve uma súbita ideia.

— Jimin, espera, você sabe quais são os turnos dele nesse cinema? — Taehyung perguntou, causando um estranhamento no amigo.

— An... não? — ele respondeu confuso. — Isso nunca foi um tópico de conversa, por qu-

— Certo, pergunta pra ele que horas ele sai no sábado! — o moreno pediu, animado. — Ah! Vê se consegue achar o site desse cinema pra gente ver uma coisa.

— Okay? — mesmo sem entender nada, Jimin não questionou.

Assim que pegou seu celular, que estava amassado no estofado do sofá entre os dois, o Park reparou que havia a notificação de um e-mail novo. Como tinha o costume de abrir seus e-mails quando estava em casa, ele não clicou para ser redirecionado ao aplicativo. No entanto, pela barra de notificações, ele notou que aquilo tinha sido enviado por Dohyun. Seu pai.

Sua expressão de fechou. Ele sabia que tinha sido avisado sobre esse e-mail, quando sua figura paterna havia ido até sua casa. Provavelmente eram os detalhes da futura viagem que ele teria que ir, como o mais velho havia o informado. Mesmo assim, qualquer menção a Dohyun era totalmente desgostosa.

— O que houve? — Taehyung perguntou ao notar a mudança na expressão do amigo.

— Ah, e-mail de Dohyun. — o loiro respondeu simplesmente, dando de ombros. De repente, ele respirou fundo e balançou a própria cabeça. — Depois eu resolvo isso, em casa. Vou fazer o que você disse agora.

Sem questionar muito, Taehyung assentiu positivamente e repensou na sua ideia mais uma vez enquanto o outro mandava mensagem para Jungkook, perguntando sobre seu horário no sábado.

Aquilo seria divertido. 



Isso é real?

O vento que soprava era frio, o que me fez arrepiar em segundos, além de que deixava a minha respiração fria visível pelo vapor. As luzes de uma das avenidas principais da cidade grande eram tão fortes que fazia confundir a noite pelo dia, me cegando brevemente enquanto meus olhos se acostumavam com a luminosidade.

Eu não sei como, mas eu sabia que era véspera de Natal em Nova Iorque. Ano de 1936.

As pessoas apressadas, talvez para chegar em suas respectivas ceias natalinas, esbarravam em mim e faziam meu corpo cambalear pelo impacto repentino. Eu nem ligava, meu foco estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa: Park Jimin.

Eu sabia que estava sonhando e que aquilo possivelmente seria uma lembrança. No entanto, eu não conseguia acordar de jeito nenhum. Meu corpo, ao mesmo tempo que era meu, não era. Parecia que eu estava vendo um filme pelos meus próprio olhos.

Naquele momento, eu soube que estava revisitando uma lembrança de outra vida.

Além disso, eu posso sentir. Consigo sentir todo desespero que meu eu daquela memória transpirava. Me esforcei muito até lembrar que o motivo dessa agonia era Jimin, pois naquela mesma noite eu teria encontrado o apartamento deste completamente revirado.

Meus pés começaram a se mover, me assustando levemente já que o comando do meu corpo não era meu e sim daquele Jungkook do sonho. Corri desesperadamente, sentindo o vento gelado do inverno entrar em choque com o meu rosto, mas a corrida nunca cessou. Eu escorregava, me batia contra desconhecidos, mas nunca parava de correr.

Até que eu saí da avenida principal e passei a correr até ruas mais desertas. O fluxo de pessoas foi diminuindo, os arredores foram ficando mais escuros e eu quase caí devido a pouca neve que cobria o chão.

Eu, Jungkook, aquele que sabe que está sonhando, está desesperado. Não sei o que está acontecendo, assim como não sei como acordar. Na verdade, algo que me diz que eu deveria me deixar lembrar, então eu não remei contra a maré, apesar do medo que sentia.

O outro eu, Jungkook da lembrança, também está desesperado assim como eu. Entretanto, eu não consigo compreender completamente porque as minhas lembranças parecem ser extremamente limitadas.

A corrida não parou até que eu estivesse perto de um beco escuro, já bem longe da avenida iluminada. Eu não olhei, mas eu conseguia escutar tudo. Tinham pessoas naquele local sem saída, assim como eu sabia que uma delas estava sendo espancada. Os sons dos socos, chutes e arfares doloridos eram extremamente claros para mim.

Mas, e isso era o mais amedrontador, eu saberia reconhecer a voz de Park Jimin mesmo em gemidos doloridos. Em qualquer lugar, em qualquer vida. Era ele, eu sabia que era ele.

Num impulso, o corpo se impulsionou para entrar lá, e eu temi pelo o que eu poderia encontrar.

— Jungkook, seja bem vindo! — um dos homens que estava de pé me disse.

Dentro daquele beco haviam três pessoas que eu era capaz de reconhecer. Naquele sonho, buscando pelas memórias limitadas que eu tinha, eu me lembrei. As duas que estavam em pé, mesmo de roupas escuras, eu saberia reconhecer como meu pai e meu irmão mais novo daquela respectiva vida. A figura que estava no chão, encolhido e mais no fundo da escuridão, definitivamente era Jimin.

Eu nunca tinha sentido esse tipo de desespero. Mas ao olhar para Jimin e vê-lo acabado e encolhido, sangrando naquela noite fria, meu coração se partiu em mil pedaços.

— Jimin! — eu comecei a chorar e tentei correr até ele, mas fui impedido por um soco em cheio do estômago dado pelo meu próprio irmão, Junghyuk.

O impacto me fez retesar, Junghyuk treinava boxe a bastante tempo e ele sabia como machucar alguém. Naquele mesmo momento, meu pai disparou um chute fortíssimo no homem caído no chão, fazendo-o cuspir sangue em quantidade.

— Para com isso! — gritei, ainda com dor, enquanto meu irmão me segurava, sem me deixar chegar até lá. — Por favor, eu faço o que o senhor quiser, mas para com isso!

Meus gritos soavam agoniantes e eu já sentia a minha garganta rasgar devido ao esforço que eu colocava neles. Jimin estava destruído. Seu rosto tinha sido tão machucado que nem parecia mais ele, estava irreconhecível. Mesmo de longe, dava para ver como sua respiração estava difícil.

Eu me debati nos braços de Junghyuk, implorando para que ele me deixasse correr até Jimin, mas foi em vão.

— J-jungkoo...— ele chamou, a dificuldade e a dor perceptíveis em sua voz.

Meu pai pareceu enfurecido com o que saiu pela boca dele, seu rosto se retesou completamente numa feição de nojo e raiva que era tão assustadora que me fez chorar mais, com medo.

— Por favor, pai! — eu chorei, me debatendo ainda mais nos braços de Junghyuk, procurando desesperadamente por uma saída, por um jeito de resolver aquela situação.

Um chute, no estômago. Outro chute, nas costelas. Um terceiro chute, que atingiu o rosto desfigurado de Jimin tão forte que ele pareceu ter perdido a consciência.

Eu tentei fugir, tentei impedir, mas meu irmão era muito mais forte que eu. Então eu desabei, o aperto que me segurava se tornou mais forte e meu choro, se é que possível, se tornou mais pesado.

Aquilo era um pesadelo. Eu repetia aquela frase na minha cabeça como se fosse uma oração sem sentido. Naquele momento, eu percebi o quão cruel o destino pode ser com nós dois em algumas vidas. Percebi que muito provavelmente o sonho com a floresta também não deve ter acabado bem, percebi que nós dois temos um alvo nas costas que nos persegue.

Eu senti isso.

Eu não entendo. Essa vida não é minha, mas já foi minha. Eu já vi isso? Presenciei essa cena? Por que esse tipo de coisa está acontecendo?

Naquele ponto, eu não sabia mais se Jimin estava vivo após aquele último chute.

— Esse é o castigo divino pelo seu pecado. — Junghyuk disse friamente em meu ouvido.


[...]


Jungkook se sentou num pulo. Sua pele transpirava em gotas grossas de suor frio e sua respiração era pesada, fazendo com que seu peito subisse e descesse em movimentos descoordenados. Aflito e agoniado, ele levou a mão até o próprio coração, que pulsava descontroladamente por baixo do pijama que usava.

Aquele pesadelo havia sido tão real quanto ao desespero que sentia por ter visto aquela cena. Durante aquele pouco tempo em que esteve imerso em seu sono, Jungkook sentiu-se imerso, como se estivesse preso num jogo de realidade virtual. Ele sabia que era um sonho, mas não conseguia controlar seu personagem.

Não se lembrava de tudo, mas se recordava o suficiente para o fazer chorar abraçado ao travesseiro, em busca de algum conforto que sua cama vazia não oferecia. O moreno puxou a coberta por cima de si, formando uma cabana de tecido. Como se aquilo fosse capaz de o separar de seus demônios.

As lágrimas desciam e molhavam o rosto de Jungkook, que fungava baixinho sem saber muito o que se fazer. Por um momento, pensou em ir até o quarto do avô em busca de algum carinho mas sabia que no dia seguinte o mais velho iria acordar cedo e não queria o atrapalhar.

No entanto, antes mesmo que pudesse considerar a ideia de ligar para Jimin, seu celular começou a tocar ao seu lado. Estranhando uma ligação no meio da madrugada, Jungkook pegou o aparelho que estava fora de sua cabana pessoal e quase engasgou quando viu que quem estava o ligando era, nada mais nada menos, que o próprio loiro.

Apesar de estar desesperado por algum conforto, principalmente se este vinha de Jimin, Jungkook não queria que o mais velho o ouvisse chorar. Então, antes de atender a chamada, ele fungou forte uma última vez e balançou a cabeça, tentando se livrar dos sentimentos ruins que o incomodava.

— Jungkook, você tá bem?! — foi a primeira coisa que o loiro perguntou assim que ele levou o celular até o ouvido.

Mesmo pelo aparelho, Jimin soava um tanto preocupado. Sua voz estava rápida e seu tom até um pouco esganiçado devido a pressa que ele fez aquela pergunta.

— Eu tive um pesadelo... — o moreno respondeu, a voz num muxoxo chateado. — Mas por que? O que houve? Você está bem?

Do outro lado da ligação, Jimin também estava sentado em sua cama, a respiração desregulada por ter acordado no meio da noite, subitamente preocupado com o mais novo. Era como se ele soubesse que algo havia acontecido, o frio que ele sentia na boca de seu estômago lhe garantia isso.

— O quê? — o loiro perguntou confuso pela inversão do questionamento. — Não sei o que aconteceu, mas acordei do nada querendo falar contigo. Não rolou nada mesmo? Tá tudo bem?

Jungkook repassou o pesadelo em sua cabeça. Não, não estava tudo bem. Ele estava assustado. Aquilo tinha sido real demais e apenas relembrar do que tinha acontecido o fazia sentir ânsia de vômito. No entanto, aquilo tinha sido horrível o suficiente para ele desconsiderar contar para Jimin o que havia sonhado. Afinal, não queria que o loiro tentasse imaginar algo parecido.

Deixaria aquilo para si, apenas. No entanto, precisava de aconchego, já que estava inquieto demais, mesmo que estivesse tentando ao máximo não demonstrar que estava tão afetado assim. Dessa forma, pelo menos, o mais velho não se preocuparia tanto consigo.

— Eu só não consigo dormir direito. — Jungkook disse, o tom de voz baixo. — Acho que estou com insônia ou algo do tipo. Quando dormi, tive esse pesadelo. Mas foi bobo, não se preocupa.

Jimin não era vidente, mas era observador. Ele sabia que, muito possivelmente, o mais novo estava mentindo. No entanto, não queria o pressionar a falar nada que não queira. Mesmo não sabendo do que realmente tinha acontecido, ele queria ser o porto seguro que o moreno precisava. Então, com um suspiro longo e de olhos fechados, ele começou a cantarolar uma canção suave que havia conhecido a pouco tempo.

Nos últimos dias, Jungkook acabou se encantando ainda mais com a voz de canto do loiro, já que era linda de se ouvir, e o encheu de elogios. Entre eles, o que ele mais repetia era sobre como o timbre melódico e suave de Jimin o acalmava, pois soava como uma brisa fresca no por do sol.

O mais velho nem concordava, nem discordava com a informação. De qualquer forma, ele gostava de cantarolar, por mais que acreditasse veementemente que a voz de Jungkook fosse dez vezes melhor que a sua.

No entanto, naquele momento, Jimin sentia que o moreno estava aflito. De alguma maneira, ele acordou com aquele pensamento em mente e teve a certeza após ouvir a voz desanimada de Jeon. Portanto, se a sua voz era realmente algo que acalmava o mais novo, não custaria nada tentar fazer uso dela para ajudá-lo.

Por vários minutos, Jungkook continuou calado enquanto tom melodioso invadia seus ouvidos em canções calmas e suaves. Estava tão perdidamente apaixonado por Park Jimin e sua voz que não ousou se posicionar contra aquele momento. E nem queria.

Em certo ponto, ele se viu tão absorto pelo loiro que sentiu seu coração voltar a bater normalmente, sua cabeça parou levemente de doer e seus olhos cessaram o lacrimejo constante. Naqueles minutos, Jungkook havia se esquecido brevemente de suas lembranças ruins, concentrado apenas nas melodias.

Para falar a verdade, ele sentia como se tudo estivesse se ajustando de pouquinho em pouquinho. Os planetas de seu sistema solar estavam entrando em rota novamente, guiados pela sua bússola de fios dourados com voz de anjo e delicadeza de uma fada. E sobre o amanhã, bom, seria apenas o amanhã naquele momento.

Quando, após um tempo, Jimin chamou baixinho pelo nome de Jungkook e não obteve nenhuma resposta além de um ressonar baixo, ele soube que o mais novo havia pegado no sono finalmente. Então, ele mesmo voltou a se deitar e deixou o celular ao lado do travesseiro, sem desligar a ligação.

Antes de fechar os olhos para tentar dormir novamente, ele sussurrou baixinho perto do aparelho:

— Estou tão apaixonado por você, Jungkook.



QUANTO TEMPO!!!

Sim, eu sumi :( estava morreeeeeeendo de saudades de vocês!

Vou explicar bem rapidinho aqui o que rolou: euzinha aqui tá passando por um momento bem complicado e não é nem pela volta às aulas, é minha cabecinha e meu bem estar psicológico mesmo. Eu acabei passando por um bloqueio criativo horrível e não tava conseguindo escrever nada, mas eu tô saindo dele aos poucos e já tô voltando a escrever num ritmo massa.

Falei no meu quadro de mensagens a vários dias, pedi um pouco de paciência kkkkkk e vou reafirmar aqui: eu não tenho NENHUMA vontade de parar de escrever SWY, então podem ficar beeem tranquilos com isso!

É isso, Lexie voltou. Meio fora do prazo, mas voltou!

Com isso, voltamos ao nosso calendário de atualizações a cada duas semanas. Me perdoem pela confusão!

E também, não se preocupem comigo, voltei com a minha terapia com a minha psicóloga de sempre e tô fazendo tudo certinho hehehe

Amo vocês muitoooo!

Beijos de luz!

#StillWithJikook

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