once upon a plug {l.s}

By infactIarry

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Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

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Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

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By infactIarry

LOUEH

Atenção! Se o wattpad te trouxe aqui, verifique se leu o cap 81! Atualizei em seguida e ele as vezes buga.

Eu disse que ia voltar ainda hoje, mds, to literalmente tremendo de ansiedade!!!

Sem mais delongas, a segunda parte do cap 81%, que tem tudo para ser o mais ba ba dei ro de toda a fic até agora.

ESTÃO PREPARADOS?

eu não

Quarta-feira

O dia seguinte da primeira consulta ao psicólogo é sempre um dia interessante.

Tudo que sempre categorizamos como normal acaba passando por um filtro inconsciente - e às vezes consciente - para que seja identificado propriamente, pós-descobertas de parâmetros adequados.

E Louis não sentiu-se estranho.

Pelo contrário, era quase como se estivesse finalmente acertando algo que vinha errando há tempos.

A sensação de alívio e satisfação se fazia presente a cada esquina que virava no campus da UAL. E isso não podia ser diferente quando deu de cara com o prédio de música.

Ele teria ensaios do musical naquela manhã, assim como toda outra.

Mas alguma coisa estava diferente dentro de si, a parte da noite não dormida com Harry.

Sua mente enxergava as coisas com uma perspectiva diferente.

E ali, fitando as grandes portas duplas que davam entrada ao galpão de ensaio, só podia recordar das palavras de Olivia.

Ele acordou naquela manhã e decidiu simplesmente mudar.

Afinal, mudar era uma coisa simples se quisesse que fosse (como aprendeu na consulta).

Mas sempre havia a dúvida a respeito das reações alheias. Somos todos seres humanos e o ser humano é um animal social. Validação alheia é um dos parâmetros as quais somos sujeitados desde cedo.

Harry era incrível e compreendeu sem questionamentos ou receios.

Sabia que Niall daria algumas boas risadas de sua cara mas nunca se oporia a algo que lhe fazia bem.

Zayn e Liam seguiriam a mesma linha de reação.

Eles eram seus amigos, afinal, e não guardava receios quanto ao que lhes concernia.

Mas dentro daquele estúdio, seus colegas poderiam ter uma opinião totalmente diferente.

E então, a mente de Louis clicou.

Seus colegas não precisam opinar sobre algo que não lhes pertence. Eles podem, mas Louis também pode não ligar, afinal, era a sua vida em jogo.

A única opinião que importava era a sua própria. Qualquer outra que não viesse de alguém que efetivamente vivesse sua vida, sofresse suas dores, enxergasse por sua perspectiva, era apenas uma opinião não solicitada e não relevante.

Por isso, com o queixo erguido e o coração latente no peito, empurrou as portas com firmeza e entrou.

- Bom dia, Zuko. - Bebe exclamou, ainda do outro lado do galpão, e ergueu um braço para cumprimentar o amigo à distância.

Louis retribuiu o gesto e exibiu um sorriso largo. Se aproximando da grande estréia, o galpão e estúdio estava cada vez mais recheado de... Grease. Figurinos em araras infinitas, cenários lado a lado em todas as paredes, passagens de som acontecendo a qualquer momento e harmonias ecoando a capela em diversos grupos.

No centro, srta. McGregor - Tiana apenas para os momentos fora do curso de música - parecia coordenar um rebanho de alunos apreensivos e a flor da pele. E no canto mais distante, lendo as falas repousadas sobre uma caixa de som enorme, estava Xavier.

Sozinho, acanhado e desconfortável.

Como se fosse uma peça avulsa do quebra-cabeça.

O rapaz estava se esforçando - se é que havia esforço que suprisse os meses ausentes e a falta de consideração por assumir um posto não mais digno de sua performance - mas Louis simpatizava com sua dedicação.

Já esteve naquele lugar antes. Não pelos mesmos motivos, mas no mesmo lugar.

Também teve que provar seu valor no musical mesmo quando ninguém acreditava em si, nem mesmo ele próprio.

E esperava estar para Xavier do mesmo modo que Tiana esteve para si.

- Oi, cara. - chamando sua atenção ao se aproximar, trocaram um hi-5. - Como estamos hoje?

Xavier torceu o nariz.

- Não consigo acertar essa nota. - estendendo a folha para Louis, o observou por alguns instantes. Tudo em sua postura indicava pertencimento e maestria. Estava claro para todos o quão familiarizado Louis estava ali, e isso só contribuía para o desconforto que sentia nos ensaios. - Deve estar me achando um idiota, né. Todos me acham um idiota.

Louis não ergueu o olhar da folha.

- Por que acha isso?

- Porque eu fiquei meses sumido e... - com a voz culposa, Xavier encolheu os ombros. - E não mereço estar aqui.

Finalmente erguendo os olhos, Louis o direcionou um olhar ameno. Sempre tinham aquela conversa. Todas as manhãs de ensaio, sem falta. E simpatizava com suas inseguranças pois sabia como era se sentir insuficiente.

- Não diga isso...

- Srta. McGregor é boa demais pra me expulsar, mas talvez eu precise honrar de vez meus compromissos e simplesmente desistir.

- Não. - firme, Louis pegou sua mão, juntando-as ao redor do papel que já estava meio amassado. Xavier o encarou vulnerável. - Vai por mim, desistir não ajuda em nada.

- Mas...

- Se quer mesmo honrar seus compromissos, precisa continuar no musical e dar o seu melhor. Isso é honroso.

- Eu sou uma droga, Louis. - magoado, Xavier recolheu sua mão e desviou o olhar para onde todos os outros alunos começavam a se organizar na formação do ensaio. - Todo mundo sabe disso.

- Por que se importa tanto com o que os outros pensam?

- Porque eles também fazem parte do musical.

- Mas a srta. McGregor é a única que pode julgar se está bom ou não. - argumentando, Louis o encarou com gentileza.

Xavier suspirou.

- Acho que tem razão.

- O que ela disse sobre a sua performance?

- Disse que preciso focar mais em ser o Danny Zuko e menos sobre Grease, o que quer que isso signifique.

Dando a volta na caixa de som que estavam usando de mesa para encontrar os olhos caídos de Xavier, Louis sorriu.

- Isso significa que ela quer que você reconheça o quão importante é pro musical, mas que não é apenas isso.

Xavier franziu o cenho.

- Como assim?

- Ser o Danny Zuko pode ser muita pressão. - sorrindo ladino ao se recordar de algo que Olivia disse, Louis quotou. - Mas só se você quiser que seja.

- Mas eu não...

- Olha, você teve a melhor audição de toda a turma. - Xavier se tornou tímido pelo comentário, e Louis riu. Em algum momento do passado, aquela constatação o causaria desconforto, mas agora, quando dizia em voz alta, só sabia sentir orgulho de seu colega. - Srta. McGregor viu potencial em você, e ela te colocou nesse papel porque você merece estar nesse papel. - vendo que Xavier iria retrucar, se adiantou. - Ficando meses fora ou não, você passou, legitimamente. E talento não te falta. Eu sei o quão intimidador pode ser entrar aqui todo dia e receber os olhares inquisitivos, mas não deixe que isso te distraia do que realmente vale a pena. Você tem todo o direito de estar aqui, Xavier. Eu fiquei meses fora e também tive que reconquistar meu espaço, mas no final do dia, é a satisfação pessoal que vale. Ensaie como se o único jurado fosse você mesmo, não o seu eu inseguro e autodepreciativo, porque esse lado é o mais fácil de ser exposto, acredite, eu sei, mas sim o seu eu determinado e capaz de fazer tudo que deseja. Vai ver que as tarefas vão automaticamente se transformar em deleites pessoais.

Xavier fitou Louis por algumas frações de segundo e por fim o abraçou. Por mais que antes de todos os ensaios acabe deixando que suas inseguranças brilhem, inconscientemente incentivando que Louis o motive, Xavier percebeu que naquela manhã algo estava diferente.

Um diferente bom.

Mas, acima de tudo, um diferente que não era seu para apontar.

Simplesmente... diferente.

Como uma semente plantada há semanas e que somente naquela manhã havia germinado. A cada nascer do sol que a observava, apenas para constatar que nada havia mudado desde que a colocou na terra, naquela manhã em específico, parecia ter começado a desabrochar.

Era isso que sentia quando olhava para Louis.

Uma semente que havia finalmente recolhido forças o bastante para germinar.

Independente, mas não sozinha.

Lentamente, mas não estática.

E linda.

Toda semente tem um passado.

Quando Xavier olhava para Louis, não enxergava toda sua história. Não enxergava o que teve que passar para chegar até ali.

Quando via a semente na terra, não enxergava o momento em que ainda pertencia a uma fruta, não enxergava o momento em que havia sido arrancada bruscamente para então ser jogada ao chão, e definitivamente não enxergava o momento em que havia sido recolhida e enfim plantada com carinho em um solo limpo.

Mas a questão sobre essa história é que, quando a semente pensou ter tido uma segunda chance, ainda havia muito pela frente.

A terra era limpa, definitivamente melhor que o chão, mas não era fértil.

Antes de germinar, a semente precisava de água, nutrientes, e de sol.

Não bastava chegar até ali.

Precisava de muito mais.

Como se sua jornada nunca tivesse fim.

A semente pensou ser um castigo.

Quando, na verdade, era um presente.

A semente teve uma nova chance quando foi recolhida do chão.

A semente teve outra chance quando foi plantada na terra.

A semente teve mais uma chance quando cuidou do solo para suprir as suas próprias necessidades.

A semente teve uma quarta chance quando começou a germinar.

E quando pensou ter chego ao fim, percebeu ter voltado ao início de novo.

Uma vez germinada, a semente voltaria a ser uma fruta.

E quem sabe daquela vez não pudesse mudar seu destino?

Quem sabe daquela vez não germinasse outras sementes que pudessem virar outras frutas?

Quem sabe daquela vez não enxergue que todas aquelas chances de terminar, eram, na verdade, novas chances de recomeçar?

Xavier sentiu seu torso sendo afastado por mãos gentis e encontrou os olhos azuis brilhantes de Louis.

- Você consegue, cara. - Louis piscou um dos olhos. - Eu consigo. Nós conseguimos. E, sabe de uma coisa?

Com expectativa transbordando, Xavier assentiu.

- O que?

O sorriso de Louis queimou a largada de suas palavras.

- Você é o melhor Danny Zuko que esse musical poderia pedir.

Com um arregalar de olhos, Xavier negou, mas Louis se manteve inflexível, tanto no sorriso quanto no tom certeiro. Sabia que a maior parte das inseguranças de Xavier era proveniente do fato de que todos os seus outros colegas resistiam à sua participação no musical. E por mais que se sinta lisonjeado, não podia permitir que isso acontecesse.

Ele daria de tudo para ser o Danny Zuko.

Mas não podia projetar isso em Xavier, e impedir que viva seu próprio sonho de estrelar no musical.

Se fosse ao contrário, se sentiria desconfortável.

E queria garantir que a performance de Xavier fosse creditada com seu próprio mérito.

Era o mínimo que poderia fazer.

Soltando os ombros do rapaz, mal esperando uma resposta, Louis se virou para o resto do estúdio. Seus colegas pareciam prontos para começar o ensaio, e havia algo na expressão de Tiana que denunciava saber do teor da conversa particular que estavam tendo.

Louis já havia contado para sua professora sobre as inseguranças de Xavier, e sempre tentavam deixá-lo o mais confortável possível, mas eram apenas dois contra o restante da turma.

Não por muito tempo.

Com um sorriso, já sabendo o que estava por vir, srta. McGregor assentiu brevemente para o olhar permissivo de Louis, e observou com orgulho ao que sua voz ecoava pelos quatro cantos do galpão.

Eram em momentos como aquele que podia ver o verdadeiro Louis - o que dá discursos porque se importa com as coisas e é incapaz de ver algo errado e simplesmente deixar por isso, o que comemora as pequenas coisas porque sabe a dor da derrota, o que valoriza os esforços de todos porque já sentiu na pele o desprezo de suas iniciativas, e, acima de tudo, o que sente tão intensamente que acaba sentindo por todos.

Louis era barulhento.

Louis era teimoso.

Louis era passional.

Foi tratado pela metade durante toda a sua vida que agora não aceita menos do que a porção inteira.

E após passar por tantas coisas calado, sentia que devia a si mesmo erguer a voz que por tanto lhe foi tomada.

- Pessoal! - chamando atenção quase que imediatamente, sorriu. - Antes de começarmos o ensaio, gostaria de dizer algumas coisas. Primeiro - ergueu o dedo, tentando não fitar o olhar desesperado de Xavier. - Estamos na reta final dos preparativos e precisamos ser assertivos com o pouco tempo que nos resta. Segundo - ergueu outro dedo, Bebe o encarando como se soubesse onde estava indo. - Todos merecem estar aqui. E quanto antes compreendermos isso e pararmos de competir, melhor vamos performar na grande estreia. Não existe Grease sem Zuko, sem Sandy, mas também não existe Grease sem os T-Birds, ou as Pink Ladies, e definitivamente não existe Grease sem o esforço de cada um de vocês. Esse musical é especial para todos nós, e tenho certeza de que essa uni nunca viu uma equipe tão bem preparada para representar com maestria toda a magnitude do musical. E, por fim - ergueu o terceiro dedo, já sentindo o coração apertar e o estômago enrolar. - Peço que respeitem o trabalho de Xavier como Danny Zuko. Ele tem todo o talento necessário pra complementar o trabalho incrível que estão fazendo até o dia de hoje, e não merece ter essa experiência prejudicada por causa de um erro na qual todos estamos suscetíveis a cometer.

- Ele não estava aqui nos últimos meses. - uma das Pink Ladies exclamou, de braços cruzados e com uma expressão insatisfeita. - Como saberia do nosso esforço se nem se deu ao trabalho de aparecer?

- Eu também não estava aqui. - com o orgulho nas mãos, Louis retrucou, e viu Bebe fitar a colega com afinco. - E me receberam de braços abertos. Por que não fizeram o mesmo com ele?

- Você sabe como é ser Danny Zuko, ele... ele...

- Foi o melhor de toda a turma. - interrompendo a mesma Pink Lady, Louis deu de ombros. - Dentre todos aqui, ele foi o que mais atendeu aos requisitos de Danny Zuko. Xavier audicionou como todos e passou justamente. Talento, características e habilidades. O que mais querem dele?

- É diferente. - um T-Bird murmurou, encarando Xavier de canto de olho.

Louis não ousou fitar o colega, que ainda estava atrás de si no canto do estúdio. Ao invés disso, arqueou uma sobrancelha para o T-Bird.

- Como diferente? Se importa de explicar?

- Eu...

- Porque o que eu estou vendo aqui é um claro desrespeito. Sim, ele errou. Eu errei. Todos erramos. Ou se esqueceu da vez em que quebrou o cenário que passamos dois meses fazendo?

- Mas eu ajudei a reconstruir!

- E não acha que Xavier está se dedicando o bastante com o papel para se redimir? - Louis deu de ombros, inabalado. - Ou isso só vale quando é com você?

- Isso é injusto. - outra colega reclamou, e Louis voltou sua atenção para ela.

- Injusto? E quando você chegou atrasada pros ensaios preliminares e nos custou trinta minutos todos os dias? Demoramos duas semanas além do planejado pra aprender as harmonias por causa dos seus atrasos.

- Eu estava com problemas pessoais!

- E não te pressionamos, certo? - vendo que a garota se calou, Louis suspirou. - Fomos justos com você porque sabíamos que estava em um momento delicado. O que te garante que Xavier não estava passando pela mesma situação? O que te garante que ele não está passando por isso até agora e mesmo assim se dispôs a vir aqui e ensaiar? Quando você estava com problemas pessoais, nós te tratamos diferente? Como se sentiria se fosse tratada igual Xavier é tratado agora? Isso é injusto o bastante pra você?

Um silêncio culposo caiu sobre o galpão, ninguém ousando olhar para ninguém e Louis e srta. McGregor trocando palavras silenciosas. Após o que pareceu uma eternidade, ciente de que nenhum de seus colegas ousaria falar algo, Louis bateu as mãos juntas, chamando toda a atenção que poderia no gesto.

- Não quero jogar na cara de vocês, mas parece que esse é o único modo de fazê-los perceber o quão doloroso é estar do outro lado: os relembrar de quando vocês estavam lá. - engolindo o bolo na garganta, encolheu os ombros. - Eu tive a melhor das experiências quando ensaiei com vocês como Danny Zuko, e não me sinto confortável sabendo que Xavier chega no estúdio todos os dias e não tem a oportunidade de experienciar isso. Somos um time, e acima de tudo, somos uma família. Estamos nesse curso juntos há quase três anos e o mínimo que precisamos ter uns com os outros é empatia. Se um de nós não está curtindo o processo de ensaios, não vejo como podemos recriar o musical e ainda assim fazer uma audiência inteira curtir o espetáculo final. Negligenciar tal oportunidade para Xavier é colocar em risco todo um esforço conjunto em prol de algo que nem conseguem justificar. Eu... - suspirando, Louis sentiu todas as suas energias sendo drenadas. - Não é essa família que eu pensei ter. E acreditem, eu sei como é não ter uma família que te apoia.

Pensando ter sido o fim, Louis bateu as mãos nas laterais dos jeans e girou nos calcanhares para fitar Xavier pela primeira vez desde que começou a falar. Tinha olhos arregalados e boca ligeiramente aberta, à beira de um colapso ou de lágrimas, ou talvez as duas opções.

Sem pensar duas vezes, o abraçou.

Queria garantir que se sentisse apoiado.

Sabia como doía se decepcionar com falta de apoio de alguém que sempre pensou estar ali para si.

E se o resto dos seus colegas não quisessem agir de tal maneira, ao menos faria questão de que Xavier saiba que estava ali.

Ás vezes, só precisamos de uma pessoa que acredite em nosso potencial.

E Louis estava feliz em ser aquela pessoa para Xavier.

Sua conversa com Olivia o fez perceber o quão complicado tornamos coisas que deveriam ser tão simples quanto o abrir de uma porta. E todos os dias que passara ouvindo Xavier compartilhar suas inseguranças, não pensou que um simples gesto como se mostrar disposto a dá-lo uma chance mesmo quando todos os seus colegas não o faziam poderia fazer tanta diferença.

Menosprezamos o poder de uma simples ação como ouvir. Mas, acima de tudo, menosprezamos o poder de uma simples ação quando nada lhe é feito.

Pensar que sozinhos não podemos reverter uma situação que depende de vários outros fatores é quase a mesma coisa do que não abrir o guarda-chuva mesmo quando sabemos que vamos nos molhar.

É inevitável, mas se abrirmos o guarda-chuva, pode ser menos trágico do que simplesmente sair sem proteção.

Não é porque não podemos evitar que algo aconteça, que temos que aceitar todas as suas condições.

Algo está fadado a acontecer, e isso talvez não dependa de uma só pessoa, mas como reagimos, passamos e sobrevivemos a isso depende.

E tomado por pensamentos, Louis quase não percebeu quando um burburinho de vozes ecoou pelo estúdio, a de Bebe se sobressaindo, como sempre. Seus olhos se abriram e seu torso foi separado do de Xavier, mas sua mente não processou imediatamente o que estava acontecendo.

O que começou com um ato solitário, desencadeou uma onda de ações individuais.

Ás vezes, quando colocamos uma ação sob o gatilho de "só preciso de um sinal", esquecemos que outras pessoas podem estar fazendo a mesma coisa.

E uma cadeia é formada.

Uma cadeia fadada a nunca ser quebrada.

Mas Louis a quebrou.

E o que via em frente aos olhos era justamente o efeito de uma cadeia nova se iniciando.

Seus colegas reconhecendo erros, pedindo perdão e compreensão para a pessoa que não recebia o mesmo tratamento - mas que talvez, a partir daquele momento, passasse a receber.

Xavier encarava-os com alívio. Ele sabia que tinha errado, mas todos podemos errar.

E o que diferenciava Xavier dos outros colegas era apenas o conhecimento das circunstâncias.

Ele não queria justificar seu comportamento - mas seus motivos justificavam, sim.

Assim como os de Louis.

Que, avulso ao que acontecia, se permitiu suspirar. Podia sentir o olhar de Tiana sobre si, e sabia que estavam pensando na mesma coisa.

Será que é mesmo inevitável?

Ou só gostamos de acreditar que sim para justificar o status quo das coisas?

Para continuar na zona de conforto - que não necessariamente é confortável, mas sim conhecida.

Será que tudo não podia ser suscetível a mudanças se tivermos a intenção de o fazer?

Será que as situações que acreditamos ser inevitáveis apenas carregavam esse teor por que as damos tal poder?

Louis não sabia responder com certeza a maioria daquelas perguntas.

Mas se permitiu àquilo porque, ao menos, não estava apenas respondendo com um não limitador.

E preferia ter vários talvez do que um grande e entristecedor não.

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Quarta-feira, pós-ensaio

- Não acredito que estou ouvindo desculpas esfarrapadas, sr. Tomlinson.

A voz do reitor ricocheteou pelo escritório da coordenação, fazendo com que Louis e Zachary, ambos sentados na frente de sua mesa, encolhessem os ombros e prendessem as respirações. Aquela não era apenas uma reunião casual no meio do dia acadêmico, muito menos um acompanhamento periódico sobre as atividades da uni - no momento em que pisou dentro do escritório, Louis já sabia o que estava por vir.

Só não esperava ser tão... injusto.

Até mesmo para os parâmetros do reitor.

- Não são desculpas esfarrapadas. - tentou se justificar, quase levantando da cadeira e parando ao sentir a mão gentil de Zac em seu braço. - Nem mesmo são desculpas.

O reitor se virou drasticamente para onde estavam, desviando da grande vidraça para fitar os olhos azuis petulantes.

- Como?

- Não são desculpas.

- Sr. Tomlinson, - erguendo o queixo, Louis se manteve inflexível. - Está me dizendo que não está pedindo desculpas pelo ocorrido?

Zachary encarou o amigo com receio.

- Não. - Louis arqueou as sobrancelhas. - Não estou me desculpando.

- Mas...

- Por que deveria estar me desculpando se fizemos um trabalho excelente com a arrecadação para a feira de artesanato?

- Tão excelente que arrecadaram mais dinheiro do que vamos investir no próximo jogo do campeonato.

Louis cruzou os braços, o canto dos lábios se curvando.

- E qual o problema, reitor? Não estou entendendo. Achei que arrecadar dinheiro seria uma boa ideia, assim não teriam que usar o investimento que já não usam para os eventos que não envolvam o musical ou o campeonato.

Vendo que cutucou o ponto sensível do homem, Louis se manteve firme em suas palavras e atitude. Não podia negar que desde a consulta com a psicóloga, estava reconsquistando sua confiança - mas também não ficaria calado quando o reitor claramente se sentia desonrado por terem conseguido mais dinheiro para um evento secundário do que para o campeonato.

Era isso que acontecia quando valorizava um curso em prol de outro quando na verdade todos deveriam estar recebendo o mesmo tratamento.

E nada irritava mais Louis do que injustiça.

Ainda mais com seus amigos.

- Isso é inadmissível, sr. Tomlinson.

- Inadmissível é reclamar de um dinheiro que não saiu do cofre da universidade. - recebeu um olhar arregalado de Zachary mas continuou mesmo assim. - O curso de artesanato recebeu o dinheiro de formas justas. Tanto que nem dinheiro recebeu. O investimento vai ser feito através da infraestrutura do evento, então teoricamente não conseguimos mais dinheiro do que o investido no campeonato.

- Mas o valor agregado é maior, sr. Tomlinson. - o reitor esfregou as têmporas, se inclinando na mesa para fitar Louis mais intensamente. - Não foi isso que conversamos da última vez que esteve aqui.

- Da última vez que eu estive aqui o senhor disse que não podíamos investir o dinheiro do campeonato e do musical em outros eventos de outros cursos.

- Exato.

- Mas não investimos o dinheiro do campeonato e do musical.

- Mas...

- Nem tocamos no seu dinheiro. Não tocamos em dinheiro algum. - Louis deu de ombros, petulante e confiante em seu argumento. - O curso de artesanato recebeu o investimento de uma empresa terceira que mostrou interesse na feira. E isso não infringe nenhuma das regras que colocou na mesa da última vez que conversamos.

O reitor segurou o contato visual por alguns instantes, mastigando suas próximas palavras para tentar intimidá-lo, o que claramente não funcionou, afinal, Louis tinha plena consciência de que não estava fazendo nada de errado e que aquilo era para beneficiar o trabalho excelente que seus amigos vinham apresentando há anos e ninguém parecia valorizar.

Mas então, o reitor pareceu encontrar seu ponto fraco, e fez questão de cutucá-lo sem receios.

- Todo esse trabalho com a organização das festas e dos eventos dos cursos está te prejudicando, sr. Tomlinson.

- C-como?

- Dei uma olhada nas suas notas. Uma pena não estar indo tão bem no curso como está indo no musical, não é mesmo? E as festas nas casas universitárias? - o reitor deu de ombros, sorrateiro, nem ao menos recuando sob o olhar arregalado e totalmente desprevenido de Louis. - Quando voltou para a UAL, pedindo merci e compreensão, eu fui o primeiro a concedê-lo para você. A que custo? Permiti algazarras no meu campus com a desculpa de que projetos sociais estariam envolvidos, mas tudo que vejo ultimamente é álcool e drogas. O que isso agrega à imagem da UAL? - voltando a se inclinar na mesa, dessa vez sendo bem sucedido em intimidar Louis, o reitor suspirou. - Me diga, sr. Tomlinson, tem certeza de que não está infringindo nenhuma regra que conversamos?

Louis abriu a boca mas não conseguiu formular frases coesas, perdido na vulnerabilidade que o açoitava.

- E-eu...

- Tudo que eu tenho sido desde seu retorno é complacente, e o que recebo de volta? - negando com a cabeça, o reitor suspirou para a expressão desolada de Louis. Sabia que o detinha em sua palma da mão. - Talvez tenha muito sobre seus ombros, sr. Tomlinson. Ou encontra o equilíbrio mais uma vez ou terei que começar a tirar alguns benefícios dos que concedi nos últimos meses. Estamos de acordo?

E a julgar pela postura do reitor, aquela conversa havia terminado.

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- Ele não pode fazer isso. - Louis exclamava, a flor da pele, enquanto Zachary tentava o consolar.

Estavam do lado de fora do prédio da coordenação, e as palavras do reitor ecoavam em sua mente como sirenes. Suas bochechas estavam ardendo e seu coração parecia não conseguir encontrar o compasso, tudo que sempre pensou poder contar com o reitor desmoronando em questão de segundos.

Sabia que aquelas reuniões semanais eram para que pudessem mostrar o desempenho das atividades. Sabia que tinham deveres a cumprir com a coordenação. Mas tudo estava acontecendo tão rápido que se viu perdido entre as diversas demandas.

Não conseguia planejar os eventos para os cursos e também os eventos para arrecadar fundos para os outros eventos principais enquanto ensaiava pro musical e tentava melhorar seu desempenho, tanto acadêmico quanto nas outras esferas pessoais, e também ter um tempo para namorar Harry e ainda estudar para as outras obrigações do curso e, sobretudo, os eventos beneficentes nas casas universitárias.

Era apenas um.

E por mais que quisesse ser tudo para todos, não podia.

Nunca deixaria de tentar.

Mas sabia que, no final do dia, alguma coisa acabaria caindo do prato que tentava equilibrar.

Queria ser o melhor dos amigos para Niall e Zayn, pois sentia-se responsável por não terem o investimento merecido em seus respectivos cursos. E faria o que estava ao seu alcance para ajudar.

Queria que Liam e Harry tivessem o melhor campeonato de todos. E faria o que estava ao seu alcance para ajudar.

Queria que Harry continuasse sentindo-se feliz como membro da fraternidade mais badalada da UAL, e talvez de toda Londres. E faria o que estava ao seu alcance para ajudar.

O que implicava diretamente nos projetos sociais que atrelava às festas universitárias - afinal, esse ainda era seu trato com Zachary.

Ele mantinha o reitor satisfeito com as algazarras no campus e Zachary mantinha os rapazes como membros da fraternidade.

Era o acordo.

E Louis sentia que estava deixando a desejar em tudo.

Somente quando sentiu os braços de Zachary ao redor de seu corpo, notou estar derramando algumas lágrimas.

- Eu... eu...

- Está tudo bem. - a voz de Zachary soou calma, as mãos afagando seus cabelos macios.

- Eu prometo que vou melhorar.

- Ei. - sussurrou. - Não estou duvidando do seu potencial. Sei que está fazendo tudo que pode, e também sei que vai dar um jeito.

- Mas...

- Não esquenta com o reitor. Vamos dar um jeito.

- Vamos?

- Vamos.

Louis suspirou aliviado no abraço, porque ao menos Zachary ainda acreditava em si.

E de todas as suas demandas, manter Harry dentro das fraternidade de seus sonhos era a prioridade.

Se lembrava das noites em claro com as garotas, planejando os diversos eventos beneficentes para chamar a atenção dos donos das casas e também para encontrar argumentos bons o bastante para fazer os rapazes serem convidados.

Todo aquele esforço para colocar Harry dentro da fraternidade perfeita, como sempre idealizou.

Louis fez tudo aquilo sem que Harry saiba - e ainda não sabia - e sentia-se grato por Zachary não ter voltado atrás em sua decisão.

Se a estadia de Harry na fraternidade que sempre sonhou dependia do seu bom relacionamento com Zachary, assim seria.

E depois de tanto que Harry fez por si, o mínimo que podia fazer em retorno era garantir que seu sonho siga sendo realizado.

No final do dia, tudo que fazia, fazia por e para Harry.

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- Ei, cara. - Liam murmurou baixo, a mão cutucando o braço de Harry para incentivá-lo a continuar andando. - Vamos. Ei, Styles.

Mas o olhar de Harry estava fixo na entrada do prédio da coordenação, onde Zachary e Louis compartilhavam um abraço intenso e íntimo que durava alguns bons minutos. Liam parecia à beira de um colapso nervoso, e girando nos calcanhares, agarrou o braço do amigo com firmeza para o fazer andar.

- O que acha que aconteceu?

- Isso importa? - Liam murmurou, fitando Harry com curiosidade.

Os olhos verdes giravam para continuar presos na cena, mesmo há passos de distância conforme andavam para longe.

- Por que Louis não veio falar comigo? Se algo está deixando ele chateado, você concorda que faria mais sentido ele ter me procurado? - se embolando na rapidez das palavras, Harry finalmente virou o olhar para frente, Liam ainda o puxando. - Eu também abraçaria ele.

- E tenho certeza que Louis sabe disso, Harry.

- Então por que ele não me procurou? - com o tom de voz magoado, Harry suspirou, Liam o direcionando um olhar simpatizante.

- Vai ver foi algo mais impulsivo, cara. Do momento.

Harry mastigou a bochecha ao que respondia com ressentimento.

- Eles estão tendo vários momentos impulsivos ultimamente.

Liam se limitou a limpar a garganta, desconfortável. Tantas coisas vinham em sua mente naquele momento, tantos conselhos - mas não sentia-se apto para opinar em relacionamentos alheios quando nem mesmo conseguia resolver as coisas com Zayn.

- Vamos, temos um treino pra jogar e precisamos da sua mente em campo.

%%%

- Eu voltei, vadias. - Louis anunciou satisfatoriamente assim que chegou na mesa onde os rapazes estavam reunidos para almoçar, não demorando mais do que dois segundos para deslizar a bunda na superfície, afastando bandejas no processo.

Niall ergueu o olhar do prato agora longe para fitar o amigo.

- O que está fazendo?

- Chamando atenção, é claro. - Louis deu de ombros, inabalado, enquanto piscava com um dos olhos para Harry, que sorria ladino em sua direção.

- É claro. - Zayn resmungou, embora também sorrisse. - Está atrasado.

- Combinamos de almoçar juntos às duas, Louis.

- São duas.

- E quarenta. - Liam acrescentou e riu ao que o amigo deu de ombros de novo.

- Vocês estão insuportáveis e isso não combina com meu novo estilo de vida.

Niall piscou entediado em sua direção.

- Uma consulta na psicóloga e você já ficou assim? Wow. - o loiro revirou os olhos teatralmente. - Ela deve ser realmente boa.

- Como sabe que é ela? - confuso, Louis fez um bico.

Não havia tido tempo de contar aos amigos sobre sua consulta, afinal, passou o restante da terça-feira com Harry, e depois de madrugar na grama, correu para o ensaio, e logo em seguida recebeu a maior bronca do reitor, que causou seu atraso naquele mesmo almoço.

Não viu Niall, Zayn ou Liam em momento algum desde que saiu do consultório.

Tendo um estalo na mente, virou o olhar para um Harry que sorria culposo.

- Oops.

- Seu boca aberta. - revirando os olhos, mostrou o dedo do meio. - Não era pra ter estragado o suspense.

Harry encolheu os ombros.

- Mas eu só disse que você decidiu recomeçar nosso relacionamento e que a consulta mudou sua perspectiva das coisas.

Louis segurou o contato visual por alguns instantes antes de desviar do verde e fitar Zayn, que sorria enquanto falava.

- Estamos felizes por você, cara. - apontou o garfo em sua direção antes de enfiá-lo na boca.

- Como foi lá? - Liam murmurou entretido, o olhar revezando entre o prato de comida e Louis.

- Foi... - mastigando a palavra, suspirou. - Diferente. Revelador. E... satisfatório.

- Está feliz? - algo no tom receoso de Niall chamou sua atenção.

E foi aí que Louis percebeu os olhares apreensivos em sua direção - não por estar sentado sobre a mesa, mas por simplesmente... estar ali.

Nunca havia visto seus amigos com aqueles olhares antes, até mesmo Harry parecia aflito.

- Eu já estava feliz antes. - notando que a mesa automaticamente relaxou com tal constatação, revezou o olhar entre os amigos. - Vocês... pensaram que eu não estava feliz?

Liam deu de ombros, o único dos rapazes a demonstrar reação à sua pergunta. Desde que seu relacionamento com Zayn terminou, ele estava mais calado nas reuniões em grupo, principalmente sob presença do moreno, mas Louis nunca o viu tão desconfortável como naquele momento.

Parecia falar através de um bolo na garganta.

- Tem tanta coisa acontecendo, comigo, com o Zee, com o campeonato...

- Com a feira de artesanato... - Niall resmungou, culposo.

- Com os projetos, as responsabilidades, a rotina corrida... - Harry piscou ameno em sua direção, afinal, tinha os olhos azuis arregalados frente àquelas constatações inusitadas.

Estava tão confuso, e surpreso. Definitivamente não era o desfecho que imaginava para aquele almoço.

Por fim, recaiu o olhar sobre Zayn, que tinha uma feição empática.

- Estávamos preocupados que tudo isso fosse... - limpou a garganta. - Demais pra você. - vendo que suas palavras afetaram Louis significativamente, Zayn se adiantou. - Sabemos que gosta de ajudar, e está fazendo um trabalho incrível em tudo, como sempre, mas... não queremos que se sobrecarregue de novo, Lou. Só isso.

Um pouco mais brando, conhecendo as melhores formas de abordar certos assuntos com Louis, Harry colocou a mão sobre a coxa do namorado.

- O que Zayn está tentando dizer, gatinho, é que sabemos como gosta de sempre garantir que estejamos felizes. E... - com um suspiro, Harry conectou seus olhares, tentando transmitir toda sua sinceridade através do gesto. - Queríamos ter a certeza de que você também estava.

Niall coçou a nuca, chamando a atenção de Louis, que gradualmente compreendia o teor daquela conversa que parecia premeditada.

Há quanto tempo será que seus amigos estavam planejando aquilo?

- Sabe que não é porque está nos ajudando com os projetos e tudo mais, né? - qualquer um com olhos conseguiria perceber o alívio que passou pela feição de Louis ao ouvir aquelas palavras, e satisfeito, Niall sorriu. - Não estamos desmerecendo tudo que está fazendo, mas também queremos que saiba que mesmo se não fizesse, ainda estaríamos felizes só de estarmos ao seu lado, Tommo.

- Ficamos preocupados que, hm... - Liam começou baixo, incerto sobre interromper, mas Louis o incentivou com o olhar. - Está tudo uma loucura com o final do ano letivo, que ainda por cima é o último ano do curso, e às vezes deixamos passar algumas oportunidades de apreciar todo o trabalho incrível que faz, e sentimos muito por isso.

O silêncio culposo caiu sobre a mesa, e todos os olhares estavam sobre si. Pedidos nada silenciosos de agradecimento, o aspecto apologético tomando suas feições.

Louis sentiu seu coração inflar no peito.

Ele realmente era sortudo.

Depois de horas estressantes, recheadas com revelações na psicóloga, fortes emoções no ensaio e repreensões nada sutis com o reitor, era um alívio ver que ao menos uma coisa não havia mudado.

Aqueles quatro rapazes.

Seus melhores amigos.

Seus irmãos.

Eles ainda estavam ali por ele.

Pensar que estava preocupado em perder tudo que havia feito para eles, e por eles, há apenas alguns minutos atrás com Zachary, o fazia querer rir.

E daí se deixasse algumas coisas caírem?

Continuaria dando o seu melhor para que a feira fosse perfeita, como Niall merecia, e também estaria mentindo se não dissesse que já estava planejando o evento de maquiagem de Zayn, mesmo sem ele saber, ou que estava batalhando para que o campeonato continue com o investimento previsto, assim talvez Liam e Harry tenham uma chance no final, e não apenas um jogador do time, ou ainda, que estava tentando estruturar o próximo evento beneficente para agradar tanto o reitor quanto Zachary, e assim manter Harry na fraternidade que tanto sonhou.

Louis olhava para seus amigos e recebia a força que precisava para continuar fazendo todas essas coisas. Mas agora, após suas palavras, também tinha a certeza de que, caso não conseguisse, estava tudo bem.

O importante era continuarem juntos.

Não importava os caminhos que trilhassem, contanto que sigam na mesma direção.

Com os olhos levemente lacrimejados, encolheu os ombros.

- Não acredito que cheguei chamando vocês de vadias e agora me falam todas essas coisas bonitas. - resmungou com a voz embargada, e a mesa caiu em risadas, o clima automaticamente ficando leve de novo. - Seus filhos da puta.

Niall esticou a mão para empurrar o amigo, não conseguindo tirá-lo da mesa mas ao menos o irritando.

- Que bom que entendeu o que queríamos dizer, Lou. - Liam sorria em sua direção, e Louis pensou que pela primeira vez desde o término, o jogador estava... confortável. Talvez tudo fosse uma questão de tempo. - A última coisa que queremos é ser ingratos.

Louis limpou os resquícios de lágrimas que negaria ter deixado escapar caso alguém perguntasse.

- Mas... da onde veio tudo isso? - questionou, confuso frente tantos olhares divertidos. - Assim, do nada?

- Nah. - Zayn deu de ombros, voltando a comer sua comida casualmente. - Já tínhamos combinado faz dias.

- E por que só falaram hoje?

Niall apontou para Harry com o garfo.

- Quando saiu pro ensaio hoje cedo, Harry nos contou sobre como estava diferente pós-psicóloga, como quis recomeçar seu relacionamento pra garantir que seria tão perfeito quanto mereciam e... Achamos que era o momento perfeito para... - sorriu envergonhado para o amigo. - Fazer o mesmo com a nossa amizade.

- Recomeçar? - surpreso, Louis arqueou as sobrancelhas.

Liam quem respondeu.

- Não necessariamente. Pensamos mais em... torná-la tão perfeita quanto merecemos.

- E-ela não estava perfeita antes? - a expressão de Louis caiu, e Harry apertou a mão que ainda estava sobre sua coxa.

Zayn se adiantou, sorrindo ameno para um Liam preocupado com seu uso inadequado de palavras.

- O que Liam quis dizer é que por mais que você seja o amigo perfeito para nós, talvez... - deu de ombros. - Não estejamos agindo exatamente como os amigos perfeitos para você.

Louis abriu a boca mas não obteve palavras o suficiente para formular uma frase, ao invés disso, se limitou a sorrir para cada um dos amigos, lisonjeado e agradecido. Por fim, murmurou sobre uma garganta fechada.

- Eu odeio vocês por me fazerem chorar quando eu claramente deveria estar comendo agora.

E em um piscar de olhos, Louis já estava sendo puxado por Harry. Somente quando estava sentado sobre seu colo, devidamente fora da mesa, é que conseguiu abrir os olhos novamente.

- Ei!

- Sei que gatinhos gostam de ficar sentados sobre as coisas mas você tem que ter modos... - Harry murmurou em sua orelha, casualmente. - Gatinho.

Louis revirou os olhos apenas para esconder suas bochechas coradas e fôlego descompassado, rapidamente afastando seu torso do de Harry com as mãos.

- O que pensa que está fazendo? - seu tom automaticamente assumiu ironia, e Harry o fitou já sabendo o que estava por vir. - Eu nem te conheço direito, garoto.

A gargalhada de Niall ecoou pela mesa, contagiando Liam e Zayn.

- Eu pensei que nossa noite juntos tivesse significado alguma coisa pra você. - com falsa chateação, Harry fez um bico, esperando ser beijado, mas Louis apenas o ignorou.

- Noite juntos ou não, isso não te dá liberdade pra me colocar no seu colo, capitão.

- Grosso.

- E grande também. - Louis retrucou, superior.

- Eu saberia disso, é claro. - Harry sorriu malicioso e recebeu um dedo do meio.

- Vai ficar gritando pra todo mundo agora?

- Depende. - provocou, o rosto bem próximo do de Louis. - O que vai fazer se eu gritar?

- Enfiar minha mão na sua garganta, o que acha?

Com uma expressão ponderativa, Harry suspirou.

- Posso escolher outra coisa ou tem que necessariamente ser a mão?

- Eu desisto. - Louis resmungou, embora sorrisse, e se virou para comer a comida de Harry, sem ao menos pedir permissão. - Você é insuportável.

- É a única maneira de me comunicar com você.

- Vai se fuder.

Niall, do outro lado da mesa, bebericando seu refrigerante, suspirou.

- Isso é bem melhor do que eu imaginei.

%%%

Os dias de treino eram tão animados quanto os dias de jogo em si, e naquela quarta-feira não seria diferente.

Após tanto drama durante o dia, nada que um bom jogo de futebol americano não resolva. Louis não podia negar que estava exausto, afinal, uma noite mal dormida e um dia estressante não eram a melhor combinação, e temia pelo desempenho de Harry em campo.

Mas ao mesmo tempo tudo parecia no eixo novamente.

Todos os universitários se reuniam na área do campo, o clima de final de tarde os entusiasmando mais do que a iminência do treino em si. O céu mesclando cores apenas fazia com que suas camisetas e jaquetas dos Wolves chamassem ainda mais atenção nas arquibancadas.

A fase final do campeonato estava praticamente aí e isso era nítido no semblante dos jogadores, principalmente no de Harry, que guiava-os em campo mesmo sem assumir o posto oficial de capitão. Seu tempo estava acabando, tanto no jogo quanto na classificação final, e se não tomasse uma decisão em breve, poderia arriscar um grande oportunidade de carreira.

Liam parecia fora do eixo, perdendo jogadas, passes e brechas na defesa, e isso era nítido para qualquer um com olhos. Na arquibancada, alguns pares deles estavam bem fixos em si. Niall, Zayn e Louis compartilhavam um enorme balde de pipoca e dois copos de refrigerante grandes o bastante para encher uma mini piscina, e é claro que não deixavam nada passar.

Desde a mente dividida entre futebol e fotografia de Harry, que estava claramente afetando seu desempenho em campo, quanto o desleixo de Liam, que sempre foi tão preciso nos movimentos.

- Eu 'to nervoso. - Niall resmungou entre pipocas que enfiava na boca, Louis torcendo o nariz para o movimento. - Sem ofensa aos namorados de vocês, mas eles estão uma droga hoje.

- Ele não é meu namorado. - tanto Louis quanto Zayn responderam ao mesmo tempo, e em seguida se entreolharam.

- Eu terminei com Liam, e qual a sua desculpa?

Louis deu de ombros.

- Estamos recomeçando nosso relacionamento, lembra? - voltando o olhar atento para o campo, suspirou ao encontrar a figura de Harry correndo. - Somos apenas dois caras que se pegaram na noite passada.

Niall piscou entediado para ambos os amigos.

- Wow, estou interessadíssimo. Ei! - sendo atingido por pipocas vindo de ambos os lados, se encolheu entre Louis e Zayn no banco. - Seus idiotas. Isso é desperdício.

- Cala a boca. - Zayn revirou os olhos, ainda arremessando pipoca ao que Niall começara a tentar capturá-las com a boca. - O que sabe sobre relacionamentos? Ainda 'tá apaixonado pela Bar, que inclusive namora. Ah, e um detalhe: a namorada dela também já foi sua namorada. Pff, uma pena.

Louis gargalhou da expressão chateada de Niall, que agora recebia as pipocas diretamente no rosto já que a boca aberta se transformou em bico.

- Isso não tem graça.

- Não pra você. - respondendo, Louis bebericou seu refrigerante, resmungando ao chegar ao fim do copo gigantesco. - Ah, Zee, você acabou com a minha Coca-Cola.

Zayn parou de arremessar pipocas para fitá-lo com falsa inocência no olhar.

- Coca-Cola faz mal.

- E por que tomou tudo então?

- De nada por salvar a sua bunda, idiota. - o moreno retrucou, embora sorrisse.

Louis o mandou um dedo do meio antes de se remexer na arquibancada.

- Vou comprar outro. Tentem não se matar até eu voltar.

- Vai perder o jogo. - Niall resmungou, ainda chateado pela piada sobre Barbara.

- Estamos perdendo, de qualquer jeito. - Zayn tinha um tom chateado e o olhar sobre o campo, mas Louis não notou pois já estava tentando esquivar das pessoas até chegar na escada entre fileiras.

A uni costumava ser bem tradicional em dias de treinos e jogos, então a superlotação era comum, mas Louis nunca havia visto tantos torcedores em um único jogo - ainda mais amistoso e de treino. Isso só trazia mais a tona a realidade do campeonato que estava já nas etapas finais.

Haviam quantos jogos antes da última e decisiva partida?

Talvez os Wolves jogassem contra mais dois times, no máximo, e caso ganhem, garantiriam seu lugar na final.

Dois jogos não era muita coisa - e isso colocava os nervos de qualquer um à prova.

Principalmente os de Harry.

Louis conseguia acompanhá-lo com os olhos conforme fazia seu caminho para a primeira fileira da arquibancada, até finalmente alcançar o chão, longe da torcida e beirando os limites do campo. As grades que separavam ambos os espaços o lembrava de quando encontrou Harry - era seu primeiro jogo - e também seu aniversário. Sorriu com a lembrança do parabéns gritado que causou bochechas ardendo no rosto do cacheado.

Convenceu Travis a colocar Harry em campo pela primeira vez naquele dia.

E agora, vendo-o jogar um amistoso que os colocava a apenas alguns passos da final do maior campeonato universitário de futebol americano do Reino Unido, só podia sentir orgulho.

Foi quando se distraiu o bastante em pensamentos, lembranças e a imagem de Harry em campo para acabar colidindo vergonhosamente contra a grade separatória. Teria ido ao chão se não fosse por uma mão que atravessou os buracos da grade e o segurou pela gola do moletom.

Ergueu os olhos para encontrar as feições divertidas do treinador Travis.

- Pode rir. - revirou os olhos, as bochechas corando enquanto se erguia propriamente e a dignidade continuava no chão. - Sabe que não precisa de cerimônias comigo.

E Travis realmente gargalhou de sua cara, não se estendendo muito puramente pelo fato de que precisava voltar a atenção para a ação em campo. Mas isso não o impediu de continuar rindo da tragédia que quase aconteceu - e pior, na frente de toda a UAL que estava literalmente na arquibancada para vê-lo se estatelar no concreto.

- Como vai, rapaz? - casualmente, Travis murmurou, ora ou outra revezando o olhar entre o jogo e seu rosto.

Sua amizade com o treinador datava de muito tempo atrás. Se não fosse por Ryan e sua falta de habilidade em ser capitão do time, e também o fato de que jogava todas as responsabilidades dos Wolves em suas costas mediante ameaças, Louis não teria desenvolvido uma longa relação com Travis.

No fundo, o treinador sabia quem realmente estava colocando as cartas em campo, quem era a mente por detrás da performance de Ryan, e isso contribuiu para que desse Louis a atenção que merecia, e também o reconhecimento.

Anos depois, Ryan fora da universidade após ter concluído seu curso e Harry como novo quarterback, lá estava Louis e Travis, ainda amigos de longa data, e ainda familiarizados com a situação de namorado do principal jogador e treinador do time.

- Corrido, como sempre. - Louis respondeu, já se apoiando na grade para fitar o mesmo lugar que o homem. - Estamos meio enferrujados hoje, hm?

Travis suspirou.

- Acho que a maldição do final do ano está entre nós, rapaz.

Louis piscou confuso.

- A maldição..?

- Do final do ano. - Travis riu, os olhos tão fixos em campo que parecia hipnotizado, mas Louis sabia que aquilo era apenas a prática da profissão. - Sempre acontece. É normal. Muita pressão, pouco tempo.

- Bom, seja lá que maldição for essa, eu estou livre. - confiante, Louis chamou a atenção do treinador, que riu. - É sério. Eu sou uma nova pessoa. Não tem espaço para maldições na minha vida agora.

- Espero que esteja certo, rapaz. - voltando a encarar o campo, suspirou. - E também espero que o time não tenha espaço para isso.

- Vamos ganhar, Travis. - com um tom tão certeiro que voltou a chamar atenção do treinador, Louis sorriu. - Somos muito bons. Vamos ganhar.

- Gosto de como pensa, rapaz. - cruzando os braços em puro reflexo de nervosismo com a performance do time no jogo que passava diante de seus olhos, Travis limpou a garganta. - Escuta, como Harry está indo?

Suas palavras pegaram Louis de surpresa, que nem mesmo a expressão conseguiu esconder. Não era comum de Travis perguntar sobre tal assunto - nunca o fizera com Ryan, muito menos com Harry, até aquele momento. O que levou Louis a pensar que se tratava de algo sério.

- Está tudo bem?

Travis deu de ombros.

- É isso que eu quero saber. Harry está... - mastigando a palavra com cuidado, suspirou. - Acho que está confuso.

Louis encolheu os ombros com tal constatação.

- É normal... eu acho. Ele tem muita pressão nos ombros, e sei que se cobra muito. - com o tom de voz baixo, imponente, murmurou. - Talvez seja questão de tempo até que coloque a cabeça no lugar de novo.

- Não temos muito tempo, Louis. - chamando-o pelo nome pela primeira vez em muito tempo, Travis conectou seus olhares. - Eu me importo com Harry tanto quanto você, e odiaria vê-lo desperdiçar uma oportunidade incrível com os Wolves.

Louis assentiu veemente.

- Eu concordo. Vou... vou falar com ele.

Travis sorriu agradecido, e Louis arriscaria até aliviado, o que era novidade já que o treinador raramente demonstrava sentimentos que não fossem raiva, insatisfação ou conformidade. Não teve muito tempo para pensar sobre o fato de Harry estar confuso e ele nem ao menos ter ideia do porquê, ou ainda sobre o que, pois a voz do treinador já voltava a ecoar.

Nunca pensou que ouviria palavras capazes de causar tanto desespero quanto aquelas.

Mas aparentemente estava enganado.

- Vamos ter uma festa de ex-jogadores em breve, sabe, com toda a turma antiga. Estava pensando em fazer aqui mesmo no campus. O que acha de organizar ela pra mim, hm, rapaz? Você parece ser muito bom nisso, pelo menos é o que todos os jogadores do time falam.

Mas Louis não estava mais raciocinando, muito menos respondendo a comandos do cérebro. Tudo ao seu redor se tornou mudo, turvo ou irrelevante, exceto por Vamos ter uma festa de ex-jogadores em breve, sabe, com a turma antiga. que continuava ecoando em looping em sua mente.

Deixou o treinador falando sozinho, e como conseguiu retornar ao seu lugar entre Niall e Zayn, seria um mistério. Não prestou atenção no jogo, mentiria se dissesse que conseguiu localizar Harry em campo, apenas direcionou respostas genéricas aos rapazes e se manteve respirando.

Vamos ter uma festa de ex-jogadores em breve, sabe, com a turma antiga.

Isso significava que...

%%%

- Cara, não acredito que salvaram o jogo nos últimos dois quartos. - Niall exclamava animado, e por que não estaria, afinal? Os Wolves haviam retomado as rédeas do jogo e viraram o placar faltando trinta minutos para o apito.

Não havia uma única pessoa no campus que não estava comemorando.

Bem, talvez houvesse uma.

- Ei. - Harry sentiu seu sorriso lentamente diminuir ao que apressava o passo para alcançar Louis, que andava cabisbaixo no meio da multidão de universitários que provavelmente seguiriam caminho para a fraternidade mais próxima. - O que deu em você?

Louis forçou um sorriso, erguendo seus olhos para encontrar os verdes em uma tentativa de transmitir veracidade.

Não queria preocupá-lo, afinal, não tinha nenhuma confirmação sobre... nada.

A única coisa que sabia era que haveria uma confraternização das gerações anteriores dos Wolves, talvez Ryan nem fosse convidado.

Por que seria?

Talvez por ser o capitão do time no ano anterior, a mente de Louis gritou em resposta, causando-o arrepios.

Com o campeonato chegando na reta final, não podia jogar essa bomba para Harry e esperar que ele encontre o foco necessário em campo. Travis mesmo disse que já estava confuso o bastante para atrapalhar seu desempenho, e definitivamente não precisava de uma ajuda extra de nesse departamento.

Por isso, Louis sorriu orgulhoso, e realmente estava - não havia visto um passe sequer do jogo nos últimos quartos, mas não precisava ver pra saber que Harry havia sido incrível. E ele pareceu acreditar, beijando sua testa em afeto.

- Só estou cansado. - não exatamente mentindo porque estava de fato cansado, Louis suspirou.

- Eu imagino, gatinho. - Harry afastou o rosto apenas o bastante para conectar seus olhares, a mão firme na lombar de Louis. - Quer pular a festa e ir direto pro dormitório?

A mente de Louis estralou e rapidamente negou.

- Não. Você foi incrível em campo, temos que comemorar. - se não fosse pelo largo sorriso digno de duas covinhas de Harry, Louis teria sentido-se mal por omitir certas coisas do jogador naquele momento, mas sabia que precisava ser feito. - Eu só, hm, tenho que pegar uma coisinha no dormitório.

Harry assentiu, despreocupado.

- Eu vou com você.

- Não! - se exaltando e em seguida encolhendo os ombros ao ter chamado a atenção dos demais rapazes, Louis sorriu envergonhado. Droga. - Não precisa. O resto do time está esperando. - acenando com a mão mesmo ainda estando com o corpo colado ao de Harry, deu de ombros. - Eu alcanço vocês depois.

Niall e Zayn se entreolharam confusos, afinal, Louis estava agindo estranho, e após um olhar confidencial com Liam, Harry assentiu para o namorado.

- Vamos estar te esperando na fraternidade, então.

- Prometo que não vou demorar. - foi o que Louis raciocinou para falar antes de correr em direção aos dormitórios.

Sabia que estava sendo suspeito mas simplesmente não conseguia pensar em nada que não fosse aquilo.

Não via nada em sua frente conforme corria, mas manejou de pegar o celular no bolso dos jeans e digitar uma mensagem para o grupo com as meninas, apenas ele, Eleanor, Bebe e Barbara. Pressionou o botão de enviar no momento em que virou o corredor da ala dos dormitórios.

Precisamos conversar sobre o plano. É urgente.

%%%

Louis nunca cruzou o campus tão rapidamente quanto naquele momento, e abriu a porta de seu quarto com tanta força que a madeira bateu contra a parede e ricocheteou, quase levando um susto, e um hematoma.

Não teve tempo de processar o fôlego curto ou o ardor nas pernas, apenas se apressou para seu armário, revirando as roupas nas gavetas, abrindo caixas e estourando zíperes de bolsas até encontrar o que realmente queria.

Um suspiro aliviado deixou seus lábios quando o material gélido entrou em contato com a ponta de seus dedos.

Ainda estava ali.

- Tommo, o que deu em você, car... - Niall se interrompeu assim que apareceu na porta que estava escancarada, a mão estendida já pronta para girar a maçaneta que não se encontrava no mesmo lugar de sempre. Seus olhos foram imediatamente para a figura parada no meio do dormitório, e observou estático ao que Louis se assustava com sua presença repentina e começava a guardar as coisas de volta no armário. - Está tudo bem?

- N-nossa, você me assustou, Irlanda. - com a voz trêmula e os olhos levemente arregalados, Louis suspirou ao que conseguiu fechar a gaveta. - Pensei que tivesse ido com os rapazes pra fraternidade.

Niall arqueou uma sobrancelha, confuso.

- Te achei estranho durante o jogo e achei melhor ver se estava tudo bem.

Louis cruzou os braços na frente do corpo, claramente nervoso pela presença inusitada de Niall.

- Só estou cansado. Só isso.

Observou calado ao que o loiro rodava o quarto com os olhos e por fim assentia. Com um suspiro aliviado, foi em sua direção na porta.

Barra limpa.

- Vamos? - murmurou, incerto.

- Vamos.

Niall fechou a porta que Louis havia escancarado há apenas alguns minutos atrás, e observou ao que o amigo gradualmente ficava mais calmo ao seu lado nos corredores que os levariam até a fraternidade. Mas ainda assim, não conseguia descobrir o que estava errado consigo.

Ou ainda, o que estava tentando esconder.

Encontrar, talvez?

Tudo o que sabia é que viu algo brilhando em sua direção, assim que abriu a porta, segundos antes de Louis colocá-lo de volta na gaveta.

Era... rosa?

E ai? Alguém com coragem o bastante pra falar que esses caps NÃO foram ba ba dei ros?

Falo com tranquilidade que daqui em diante... só vamos ver tranquilidade no cap 100%.

Eu queria deixar algumas coisas claras, também, antes de avançarmos:

1. É proposital a falta de interação Larry nos últimos capítulos.

2. É proposital a falta de interação ot5 nos últimos capítulos.

3. É proposital a correria nos acontecimentos e a sobrecarga do Lou nos últimos capítulos.

Mas, a respeito desses caps, me digam:

O que será que Louis falou com a psicóloga antes de terminar a consulta?

O que será que Louis está tramando? Bebe, Barbara e Eleanor estão envolvidas, aparentemente.

Será que Ryan vai voltar?

Acham que Louis tomou a decisão correta em omitir isso de Harry para evitar mais preocupações?

Acham que Louis está fazendo o certo ao tentar abraçar o mundo e fazer de tudo para seus amigos, mesmo quando isso está prejudicando seu próprio desempenho?

Acham que Niall desconfiou de alguma coisa quando viu Louis no dormitório?

E, mais importante de tudo, localizaram o plug no capítulo?

Well well well, e não é que ele estava debaixo dos nossos narizes o tempo todo.

Isso me faz pensar: o que mais está debaixo dos nossos narizes e não conseguimos enxergar?

Aqui vai mais uma dica, a última do cap: o plot do plug, na verdade, engloba todos os acontecimentos, desde o primeiro capítulo até o último, por isso antes de começar, eu já tinha tudo detalhado por cap, do 0 ao 100%. É normal que se sintam confusos porque só agora que as coisas estão ficando mais escancaradas, mas isso não significa que não tinham dicas lá trás.

Volto a repetir.

Nada é por acaso.

E menti, aqui vai a última dica.

Sabe aqueles personagens que apareciam bastante no começo até o meio da fanfiction e que agora nem são mencionados?

É proposital.

Por que será?

Eu termino por aqui hihi

Espero que tenham gostado, que estejam com a mente borbulhando tanto quanto eu (e olha que já sei o que vai acontecer) e que estejam animados para os próximos capítulos.

Só porque amo vocês demais, vou deixar aqui o spoiler do cap 82% (agora 83%):

ZOUIS

bjs, amo ocês

tt as always no ohnanathalie

insta as always no nathaliemach_

a playlist da fic é atualizada semanalmente e está linkada no meu perfil!

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