J Ú L I A M O R A I S
Decidimos fazer um churrasco, as meninas foram para o mercado comprar as carnes e o Caíque ficou na churrasqueira.
- Cadê o puto do Matheus com a grade da churrasqueira. - Caique resmunga.
Gael entra pela porta.
- Ih, climão. - Thomas sai para a varanda.
- Oi. - Ele diz.
Vou para a cozinha.
- Eu disse oi.
- Eu ouvi.
- Então porque não me respondeu.
- Não sei, vai vê que você confunde o meu oi com quero te dar. - Debocho.
- Porra Júlia já te pedi desculpas, eu estava cheio ontem você viu tudo que eu passei.
- Sim, eu vi, mas não justifica o jeito que me tratou.
Me encostou na pia.
- Me desculpa sério, eu fui um babaca. - Ele segura meus ombros.
- Eu não consigo ser rancorosa.
Ele sorri de lado e me abraça.
- Mas também não tenho amnésia.
Ele gargalha.
Matheus entra, ele parece um pouco perdido.
- Perdeu o mapa do GTA filho da puta? - Caique pega a grade da mão dele. - Vem me ajudar.
- O que será que aconteceu? - Gael pergunta.
Levanto os ombros.
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As meninas voltaram e eu ajudei a temperar a carne, Carla não quis beber o que nos deixou em alerta, se ela estiver mesmo grávida do Thomas vai ser uma bomba pra todos ainda mais pra ele.
- Caramba tá mó bom, quem temperou? - Renan pergunta.
- O amor da minha vida. - Caique aponta pra mim.
A campainha toca.
- Tá aperta. - Bruna grita.
Fabiana aparece com seu filho no colo, Caique limpa as mãos para ajudá-la.
- Me atrasei, Fabinho está muito meigo hoje.
- Gente que coisa fofinha. - Taila pega ele no colo. - Vem vê Nazaré. - Ela me chama.
- Nazaré? - Fabiana pergunta e ri.
- É, Júlia costumava levar as crianças lá pra casa e as mães ficavam procurando que nem desesperadas aí o apelido veio. - Taila explica.
- Tu raptava criança? - Thomas ri.
- Eu sempre fui apaixonada por todas.
Levanto do sofá.
- Estou morta de fome. - Fabiana fala.
- Vai comer, eu fico com ele. - Digo.
- Tô de olho em você viu. - Caique aponta pra mim.
Cerro os olhos.
Olho para o seu rostinho moreno, seus cabelos eram ruivos assim como os da Fabiana, mas a fisionomia era exatamente igual a do Caique.
- Caramba ele é sua cara. - Comentou.
- Pois é, carreguei 9 meses pra vir a cópia do pai. - Fabiana revira os olhos.
- Se o meu for minha cópia, ele está de bem então. - Thomas brinca.
Todos dão risada, Carla riu, mas deu pra vê que foi de desespero.
O churrasco seguiu normalmente, exceto as olhadas que o Gael me dava.
- Porque cês não ficam logo? - Rafaela pergunta.
- Ele acabou de terminar o namoro.
Rafaela revira os olhos.
- Aquilo nem deveria ser considerado namoro.
Respiro fundo.
- Vou lá na varanda.
Preciso respirar.
Ele pode ter passado por isso várias vezes, mas o modo como tudo ocorreu foi intenso.
Paro na varanda e me apoio no ferro.
- Eai. - Gael se apoia na grande também.
- Oi.
- Minha irmã te mandou mensagem?
- Sim, tenho uma entrevista amanhã, mas eles mudaram o horário para 13:00 estou pensando como vou voltar porque só tem dinheiro pra ida.
- Eu te busco.
Olho pra ele.
- Eu vou pro trampo só às 18:00, te busco sem problema.
- Sério?
Ele assente.
- É só me mandar mensagem.
- Obrigada.
Volto a olhar pra frente tentando acalmar meu coração.
M A T H E U S M A D E I R A
Na minha adolescência eu explodia com praticamente tudo e ter conhecido a Taila me fez lembrar disso, no primeiro momento achei que ela era igual a mim, mas sua maturidade me surpreendeu.
- Está bem? - Thomas pergunta.
- Sim.
- Taila fugiu de você ontem, porquê?
- Tenho que trabalhar.
Levanto do sofá e saio pela porta, ao mesmo tempo sinto o cheiro do seu perfume, olho para o lado.
E lá está ela.
- Bom dia.
- Bom dia.
Seguimos para o elevador.
- Júlia não vai te levar hoje?
- Falei que não precisava, ela tem entrevista precisa descansar.
Entramos no mesmo.
- Quer que eu te leve? Estou de carro.
- Não valeu.
- Sei que ficou com vergonha. - Digo. - Mas não precisa ter vergonha disso uma hora chega.
- Dependo de mim, eu posso ser virgem com 39 anos.
Dou risada.
A porta do elevador abre.
- Para de exagerar.
- Você não me conhece, Matheus, não sabe o quão complicada eu posso ser.
- Talvez eu não possa saber, me conta enquanto vamos para o meu carro? - Levanto minha sobrancelha.
- Ok. - Ela pega na minha mão.
Acho que era natural pra ela ser assim comigo, mas eu sentia algo estranho toda vez.
- Vamos. - Ela me puxa.
Entramos no carro.
- E aquele garoto o...
- Ramon. - Ela fala com tédio. - Um idiota que queria me beijar.
- Porque não o beijou?
Saio com o carro do estacionamento.
- Eu não sei. - Ela diz e suspira. - Vamos falar de outra coisa.
Seguimos o caminho falando de coisas aleatórias, o som da sua risada era contagiante e me fazia rir também, mesmo que, por qualquer coisa.
Paro o carro.
- Boa aula. - Digo.
- Bom trabalho. - Ela sorri e sai.
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Eu trabalho no banco das 6:00 as 17:00 ás vezes vou direto pra academia, mas hoje estou quebrado deve ser pelo fim de semana de festas e brigas.
Chego no apartamento e vou tomar um banho, após isso caio na cama.
- Ei.
Levo um susto.
Taila dá risada.
- Me vinguei.
- O que faz aqui?
Sento na cama.
Ela veio para o meu lado.
- Terminei o que tinha pra fazer e não tinha ninguém pra conversar.
- E seus amigos novos?
- Quer que eu vá embora?
- Não. - A puxo pra mim.
Ela deita na cama.
- Seu quarto é legal.
- Nunca vi nada demais.
- Agora vê, eu sou demais.
Damos risada.
Deito de barriga pra cima ouvindo ela falar.
Com todos esses sentimentos e pensamentos eu me pergunto, será que é possível eu me sentir atraído pela Taila?