Seja um bom garoto Harry

By Etoile_Filant

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Harry não teve uma infância fácil, não teve uma família que lhe deu amor, mas ele vai aprender que família ne... More

1 - A quebra de uma alma
2 - A carta que mudou Tudo
3 - Primeira vez no beco diagonal
4 - Hogwarts
5 - Descobertas
6 - Conversas que ajudam
7 - Relações de pai e filho
8 - O espelho
9 - A pedra filosofal
10 - Tom Riddle
11 - Convivência
12 - O diário
13 - A câmara secreta foi aberta...
14 - Severus Snape
15 - Inimigos do herdeiro, cuidado
16 - Dementadores, hipogrifos e parentes
17 - Medos
19 - Prisioneiro de Azkaban
20 - Julgamentos
21 - Conhecendo novas pessoas
22 - O cálice de fogo
23 - Tratamentos
24 - Raiva, chá e dragões
25 - Baile de inverno, nova amizade e... dicas?
26 - Lago Negro
27 - O labirinto, a marca negra e a revelação
28 - Contato
29 - Um Black
30 - Passado Presente
31 - Pena de Sangue
32 - Um bom natal e chá com biscoitos
33 - Metamorfose
34 - Sensações
35 - Ostara e o ministério
36 - Orgulho
37 - Um ponto de verdade
38 - Aceitação forçada
39 - Segredos Revelados
40 - Piquenique de aniversário
41 - Reuniões
42 - Medo e Poções
43- Inicio dos segredos do passado
44 - Paixões
45 - Primeiras cartas na mesa

18 - Momentos

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By Etoile_Filant

Remus Lupin gostava de lecionar, ele tinha talento pra isso e amava ensinar, mas raramente lhe era permitido. Não era sua culpa o que aconteceu, nem sua culpa ele ser amaldiçoado, mas ele era e todas as consequências ele sentia na pele. Seus momentos mais felizes foram com os Marotos, seus amigos nunca o julgaram, até mesmo escolheram se tornar animagos ilegais para lhe ajudar e por isso ele seria eternamente grato. Ele estava lá, no casamento de Lily e James, foi um dos padrinhos e se emocionou com a felicidade de seus amigos, ele estava lá no primeiro dia de vida de Harry e foi ele quem sugeriu o nome. Remus lembra do cheiro de bebê que Harry tinha, era comum e ao mesmo tempo específico dele. Lembra de fazer caretas para o pequeno rir e lembra de brigar com Sirius por ser irresponsável.

Ele lembra de muitas coisas..., mas o que ele lembra e que mais queria esquecer era a traição. Sirius era seu melhor amigo, talvez mais que isso... muito além disso... e até hoje ele não sabe como o Black foi capaz de trair James, de causar a morte deles e depois matar Pedro. Sirius não teve um julgamento e Remus não iria se tivesse... ele não estava na cidade quando tudo aconteceu, estava em missão pra ordem... Sirius... a loucura da família finalmente o atingiu? A insanidade Black chegou a ele também?

O lobisomem chorou dias, noites... talvez semanas... foi ele quem arrumou o enterro dos amigos. Ele queria ver Harry, queria seu afilhado, queria protegê-lo do mundo..., mas... que futuro um lobisomem desempregado daria a uma criança? Que destino ele teria consigo? Dumbledore sempre deixou claro que Harry vivia bem, estava bem... então Lupin aceitou... aceitou que não daria uma vida digna a seu afilhado. As vezes nem tinha o que comer... como daria a Harry tudo que ele merecia?

Voltar a Hogwarts foi uma surpresa, mas Alvo disse que precisava dele, Alastor não poderia ensinar esse ano e não haviam mais candidatos, por isso ele voltou... era um trabalho que duraria um ano... era mais do que ele teve em muito tempo, um teto fixo e comida... mas havia Harry... Harry era um lembrança constante de sua incapacidade de proteger seus amigos, era uma lembrança constante de sua fraqueza e por isso antes mesmo de vê-lo decidiu que não se aproximaria.

Casualidades sempre são irritantes, no trem quando pronunciou o feitiço pensou estar ajudando qualquer aluno, mas seu lobo uivou feliz quando viu que salvou seu afilhado. No jantar, durante a maravilhosa música do coral o buscava com os olhos. A mesa da Grifinória foi seu primeiro palpite, mas ele não estava lá, buscou na Lufa-lufa e suspirou... Corvinal... se ele puxou a Lilian poderia estar lá, mas não... foi um choque vê-lo ao lado de um Malfoy, sorrindo amigável e com o uniforme verde na mesa da Sonserina... se forçou a ficar impassível, Severus ao seu lado encarava o menino insistentemente e aquilo lhe deixou com uma pulga atrás da orelha.

Na aula, quando o bicho-papão assumiu aquela forma grotesca Remus não pensou e se jogou na frente do menino, o protegendo... era instinto, era medo... era... amor. Tentou de verdade ficar longe, ser indiferente, porque doía, ver Harry o lembrava de James, os olhos verdes o lembravam de Lilian, e lembrar dos Potter o lembrava de Sirius... sua traição e seu pecado. Nas noites em que os sonhos eram vividos demais ele procurava poções para dormir, quando a dor da perda ultrapassava os olhos em forma de lágrimas grossas, ele se machucava... arranhões e mais arranhões...

Infelizmente querer se manter indiferente foi impossível, porque a cada mês que se passava percebia que Harry escondia algo muito triste... e em vários casos pode conhecer melhor o descendente Potter...

*****

Era um horário vago do professor de DCAT e ele já havia feito seus planos de aula, então decidiu andar pelo castelo, lembranças boas dele e de seus amigos correndo por esses mesmos corredores fizeram brotar um sorriso cheio de saudade por baixo do bigode castanho.

Iria seguir seu caminho, talvez tomar um chá com Pamona na sala dos professores, quando viu um aluno. A criança tinha braços cruzados, um bico entristecido nos lábios e olhos chorosos..., mas o que mais chamou atenção era que aquele era Harry. Remus se aproximou em passos medrosos e antes que pudesse dizer alguma coisa os olhos de esmeralda o encaravam com enorme tristeza.

–  O que houve Harry? – Se viu perguntando antes de segurar a língua.

– Eu perdi o meu cobertor... e papai não está na escola pra me ajudar a procurar. – O menino parecia extremamente chateado e Remus se viu perguntando por que essa tristeza apenas pelo sumiço de um cobertor.

– Ok, primeiro me conte tudo o que aconteceu e eu posso tentar te ajudar.

– Hoje quando acordei não achei ele na minha cama e procurei muito, quase me atrasei pra aula. Então depois da aula fui atrás do papai pra ele me ajudar a achar, mas ele não ta no castelo, foi procurar um... alguma coisa pra poção e Draco tentou me ajudar a achar, mas não achamos e ele tinha aula... então... então – lágrimas começaram a cair pelas bochechas gordinhas do menino e Remus se desesperou um pouco – então pedi ajuda ao Tommy, mas ele não entendia porque era importante, nem ele, nem ninguém... e... Liz e Niel estão me ajudando, mas não achamos nada!

– Harry, como é esse cobertor? Eu posso te ajudar a procurar. – Remus queria se bater, era pra se manter distante!

– É vermelha, não muito grande e de tecido macio... é importante! – o menino sentou no chão chateado e puxou os joelhos em um abraço, ele se escondeu assim e chorou. Lupin estava devidamente desesperado... como que ajudaria?

– Tudo bem... tudo bem... onde o viu pela última vez? – perguntou tentando buscar racionalidade, iria apenas ajudar um aluno que precisa e só, não estava fazendo favoritos e nem se aproximando demais.

– Eu dormi com ele ontem à noite e quando acordei ele sumiu, procurei debaixo da cama e em todo o quarto... – a voz saia abafada pela posição de Harry e Lupin se viu ficando de joelhos para conversar com o menino.

– Quem sabe algum elfo pegou pra lavar? – Sugeriu e os olhos de Harry agora estavam vidrados nele com grande esperança.

– Será?

– É uma possibilidade, vamos procurar um elfo. – Ofereceu estendendo a mão e sorrindo, o menino o encarava com olhos curiosos e desconfiados, mas aceitou a mão que lhe era oferecida...

Remus o guiou pelo castelo, passaram pela cozinha e por salas estreitas, até acharem um elfo e lhe pedirem informações, ele foi a lavandaria e disse não achar nada e no fim Harry continuava a chorar por um simples cobertor. Lupin não entendia por que era tão importante, era só... só um cobertor e nada mais.

– Harry por que isso é tão importante? – Remus se viu perguntando quando era incapaz de parar o choro do Sonserino. Harry voltou a se encolher abraçando os joelhos.

– Porque é! – respondeu ainda encolhido, parecendo ainda menor do que era. – Foi... foi papai que me deu...

Os olhos castanhos do professor estreitaram... cobertor? Poderia ser a capa de James que ele se referia? A capa da invisibilidade que seu amigo sempre diziam que daria para seu filho, assim como ganhou do pai... poderia ser? Isso explicaria por que era difícil de achá-la... Tentou acalmar a criança, sem sucesso e se viu perdido... como ajudaria?

Passaram bons minutos assim, Harry encolhido e Remus desesperado. Saíram desse estado quando mais alguém adentrou o corredor, os cabelos negros medianos balançando com o andar e os olhos de ónix curiosos para a cena.

– Harry? O que houve? – Severus perguntou e o Potter levantou a cabeça o encarando. Os olhos vermelhos e um bico triste nos lábios.

– Ele disse que perdeu um cobertor... e procurou, mas não achou – Lupin explicou cautelosos e viu o pocionista respirar profundamente.

– Ah sim... Harry, me desculpe, temo que a culpa seja minha... eu vi que estava rasgado e pedi para Dobby costurar, ele acabou de me devolver... desculpe não tê-lo avisado. – Snape tinha um tom manso e aos poucos se ajoelhava para ficar da altura do menor.

– Selio? – Disse com a voz rouca de tanto choro e recebeu um aceno firme do moreno. Remus por outro lado tentava entender o que diabos estava acontecendo.


*****

Hagrid ministrava uma aula com calma, havia ensinado a teoria completa na aula anterior e agora deixava muito claro os avisos e cuidados para as criaturas que tratariam... Sonserina e Grifinória assistiam tudo com grande curiosidade e fascínio, quando desejava o meio-gigante conseguia ser um ótimo professor.

Remus assistia tudo com atenção, havia sido chamado para acompanhar a aula prática, já que os animais podiam (quando ameaçados) ser perigosos e por segurança Dumbledore pedia para outros professores auxiliarem em aulas práticas, já que Hagrid ainda não era autorizado a usar muita magia, mas desde o incidente "Bicuço" o professor de trato de criaturas mágicas estava mais responsável e ministrava muita teoria antes de trazer animais para as aulas.

– ... então tomem cuidado, não façam barulhos muito altos, eles se assustam facilmente, só os toquem se eles se curvarem para vocês em respeito. – Hagrid diziam gesticulando com as mãos grandes – Só relembrando...

Ele sorriu, vinha dizendo isso desde a última aula e arrancou risadinhas dos alunos. Hagrid se afastou atraindo alguns animais com ajuda de Remus. Todos ofegaram ao ver a beleza dos animais, o pelo era prateado reluzente e o único chifre era branco perolado, a crina branca esvoaçante pelo vento parecia ser macia e até os cascos das criaturas eram lindos. Eram unicórnios... lindos e puros.

– Alguém pode me dizer por que unicórnios são tão cobiçados? – o professor principal perguntou e alguns levantaram as mãos, ele apontou para Hermione.

– O sangue deles – começou orgulhosa e sorrindo – O sangue de um unicórnio tem propriedades curativas únicas, milagrosas até... se consumidos demais pode até mesmo conservar um corpo completamente mutilado e semimorto, mas...

– Muito bem Hermione, 5 ponto para Grifinória – o meio gigante sorriu acariciando a crina de um dos unicórnios ao seu lado. – Mas por que o sangue de unicórnio não funciona para todos?

– Por que unicórnios são seres puros – Draco começou a falar depois que lhe foi autorizado pelo professor –  e só atendem desejos de criaturas puras de coração, quando se fere um unicórnio para retirar seu sangue a força a cura milagrosa pode ter um feito colateral horrível, causando uma "semivida" e amaldiçoando quem o toma.

– Muito bem, 5 pontos para a Sonserina. – Hagrid se virou brevemente para os unicórnios e chamou os alunos com um aceno de mão.

Todos se aproximaram relutantes e lentamente, os unicórnios olhavam a todos com os olhos azuis cristalinos e profundos, analisavam o coração de um por um e para poucos se curvara, permitindo que fossem tocados.

– Montar em um unicórnio é uma das coisas mais raras existentes. Apesar de se permitirem serem tocados por aqueles com intenções boas eles só são montados pelos humanos mais puros, de coração, corpo e alma. Geralmente apenas Imaculados ganham esse privilégio – Hagrid explicou acariciando a crina branca e ganhando a atenção de seus alunos novamente.

– O que são Imaculados professor? – Hermione perguntou e Remus sorriu incentivador. Hagrid deixou que ele respondesse.

– São bruxos de alma pura e corpo intocado, são seres que a magia reconhece como puros, eles renunciam os prazeres do mundo e tem acesso a mais pura magia existente. Mas nem todos tem a capacidade de tornar Imaculados, é preciso muito auto controle para a ritual e nem todos são aprovados para tal. –  Remus se mantinha distante, não se aproximava muito já que os unicórnios reconheciam sua natureza das "trevas" e ficavam alerta.

Harry estava receoso, se achava indigno de tocar um ser tão inocente e lindo como um unicórnio, temia que os olhos azuis vissem toda a podridão que corroía seus ossos, medo que eles fossem capaz de ver o quanto ele foi usado e o quão sujo ele era... mas um dos unicórnios, o que não se permitiu ser tocado e que diferente dos outros tinha olhos mais escuros se aproximou. Os cascos produzindo um som diferente que despertou o Sonserino de seus pensamentos autodepreciativos. Ele recuou até estar escondido em uma árvore, mas o animal parecia disposto a se aproximar.  Encolhido ali ele sentiu a respiração alta do ser branco e depois seus fios castanhos foram mastigados por ele. Harry tremeu e se virou lentamente tentando fugir dele... mas foi encarado por olhos azuis profundos e engoliu em seco, era tarde agora... o animal veria toda a imundície que ele carregava e lhe atacaria, ao menos ele achava que sim, mas não foi isso que aconteceu.

O unicórnio lambeu a bochecha de Harry e se curvou amigavelmente. O Sonserino estava atordoado demais, mas quando a constatação do que houve lhe atingiu ele levantou a mão trêmula e tocou o pelo prateado em um carinho delicado. Ele riu ao ver o unicórnio se afastar correr em volta dele e voltar para receber mais carinho. Ficou preso naquela brincadeira até se ver encarado por olhos castanhos profundos e carinhosos, Remus o olhava de longe. O unicórnio repetiu o movimento e depois se curvou mais ficando de lado para Harry, agora sim o menino se via confuso.

– Ele quer que você o monte. Te deu permissão e agora quer que você suba – Remus disse atraindo a atenção de Hagrid que ensinava um grupo de alunos como trançar a crina macia sem machucar os animais.

– Eu? Não... eu... – o Potter se viu negando, mas o unicórnio bufou e ele engoliu em seco. Aquilo era insano. Remus se aproximou sorrateiro e com rapidez pegou Harry o erguendo e o montando nas costas do unicórnio. O menino se viu apavorado, Draco ria para si enquanto dava uma maçã para o animal que estava perto dele, o mesmo que Pansy fazia tranças junto a Blaise e Nott, que só acariciavam o pelo.

Demorou poucos segundos para todos se viraram para aquela cena, o pequeno Sonserino corou pela atenção, mas aos pouquinhos se permitiu se acalmar, agarrou forte a crina com seus dedos quando o unicórnio passou a andar... riu gostosamente quando o medo deu lugar a diversão... era uma experiencia única e maravilhosa.

Remus se viu hipnotizado pelo sorriso do afilhado... era lindo... inocente e viu ali que por mais que quisesse se afastar, por mais que se negasse a se aproximar, Harry era magnético e atraía as pessoas para si... era contagiante a ideia de cuidar dele.


*****

Dementadores eram como um praga permanente em Hogwarts, no geral eles não causavam mais do que desconforto e medo, mas para alguns alunos eles eram um pesadelo, em especial pra um. Remus se viu tendo que vigiar os corredores já que dois alunos quase receberam o beijo na semana passada... e Harry parecia cada vez mais aterrorizado, já que os monstros tinham um certo gosto por ele.

Naquele dia em especial Remus se sentia exausto, a lua cheia passou, Severus o substituiu e ele gradecia imensamente por isso, a poção era maravilhosa e o ajudava, mas nada aliviava seu cansaço após esse dia específico do mês. As olheiras denunciavam o quão destruído ele estava, mas mesmo assim Remus Lupin estava ali, dando aula e fingindo um sorriso animado. Infelizmente o tema também não era animador, mas ele se esforçava. Decidiu ensinar sobre os monstros que agora vagueavam pela escola.

– Dementadores foram por muito tempo chamados servos da morte, alguém sabe me dizer o porquê? – viu as mãos relutantes serem levantadas e apontou para a Granger.

– Por suas aparências fantasmagóricas e o poder do beijo. – Hermione respondeu e Remus se viu levantando uma sobrancelha, era a primeira vez que via a menina errar, pelo visto nem tudo poderia ser conquistado pelos livros.

– Quase isso... mais algum chute? – Viu a raiva no olhar da menina e deu a palavra agora para Harry.

– Antes dos primeiros estudos achavam que os dementadores eram os lacaios da morte, eles foram chamados de ceifeiros e muitos acreditavam que eles só levavam aqueles que já estavam a beira da morte ou na lista da morte, mas não era verdade. Apesar de muitos ainda crerem que a entidade morte os controla, estudos apontam que eles são livres e seguem um "alfa" por isso eles não deixam Azkaban.

– Perfeito Harry, 10 pontos para a Sonserina.  – Remus bateu as mãos uma vez e continuou a aula – Eles são considerados seres puramente das trevas e malignos, porque nos forçam a reviver nossa pior lembrança, nos forçam a sentir medo, raiva e tristeza e amplificam isso até nos tornarmos vazios... eles consomem nossa felicidade. Para se defender deles existe apenas um feitiço... infelizmente ele é de alto nível e extremamente difícil.

O sinal tocou e os alunos levantaram das mesas meio relutantes, as aulas de Remus eram incríveis, não queriam deixar a sala que dava uma sensação de acolhimento.

– Antes que deixem a sala, quero pedir que pesquisem sobre criaturas da noite, apenas um adiantamento da próxima aula, já que Snape nos adiantou um pouco falando de lobisomens... em especial pesquisem vampiros e Ghouls, farei perguntas na próxima aula.

Ele se despediu de todos e se dispôs a guardar as fotos e desenhos que usou sobre dementadores, demorou um pouco para notar que alguém ficou para trás, mas quando notou viu que o menino mexia os dedos nervoso e mordia o lábio.

– Err professor... – Harry chamou e Remus teve que se esforçar pra ouvir.

– Sim Harry? – Se apoiou na mesa de maneira relaxada.

– Professor... porque os dementadores me afetam tanto? – Perguntou tímido e corando pela vergonha. – Sabe..., mais que a todo mundo.

– Olha... dementadores estão entre os seres mais malignos que vagam pela terra, se alimentam de cada sentimento bom que a pessoa pode ter, cada memoria feliz até não sobrar nada, só com as piores experiencias...você não é fraco Harry... – pausou por um segundo tomando uma respiração. – Eles te afetam mais porque existem horrores no seu passado, horrores que ninguém mais pode imaginar... não há nada para se envergonhar pequeno.

– To com medo professor – admitiu abaixando o olhar entristecido e acuado.

– Eu o julgaria um tolo se não estivesse com medo Harry. – Remus se aproximou e tocou o ombro dele em um aperto fraternal.

– Eu... eu queria saber como fugir deles, me proteger deles. – Pediu com a voz meiga – Poderia me ensinar? O senhor... senhor afastou um no trem...

– Era apenas um Harry...

– Mas fez ele ir embora. – Disse com olhos brilhantes e pedintes, Remus engoliu em seco, como recusar algo para ele? Como poderia dizer não?

– Já que... já que eles demonstram um interesse tão grande em você... eu deveria ajudá-lo..., mas depois das festas – desconversou desviando os olhos daquelas esmeraldas brilhantes. Suspirou sorrindo meigo para o menino que agora mostrava um sorriso brilhante.

Morgana... Merlim... Hecate... como poderia ter cogitado a ideia de não se aproximar desse menino tão doce?



*****

Harry estava irritadiço, pra dizer o mínimo. Severus o proibiu de ir a Hogsmade e nem mesmo disse o motivo. Só isso era suficiente para deixar Harry irritado. Poxa, todos planejavam ir ao três vassouras beber cerveja amanteigada..., mas..., mas seu pai não o deixou ir, só queria entender o motivo. Ele estava emburrado e deixou Severus para trás enquanto andava pelo castelo bufando de raiva.

O Potter viu pela janela todos se preparando para ir e isso só aumentou o bico que ele tinha nos lábios de coração. Queria tanto ir... queria...

Como se algo acendesse em sua mente ele lembrou da capa que ganhou... quase não usou porque sentia algo errado com ela... mas agora poderia... poderia usar. Sorriu animado com a ideia e correu buscando a capa e sentindo sua textura diferente. Escondido sob a capa ele andava pela neve. O inverno finalmente chegou, os floquinhos brancos caíam lentamente.

Mal reparou quando seus passos ficaram na neve, denunciando muito claramente o que ele fazia. Foi agarrado por braços magros e gemeu tentando se soltar.

– Ei me soltem! – Pediu sendo arrastado pela neve e o bico chateado apenas aumentou, mesmo que ninguém pudesse ver por baixo da capa. Era frustrante ser pequeno as vezes, era chato ser fraco...só queria passear... o que tinha de mal nisso?

– Esperto Harry – Fred disse sorrindo.

– Mas não esperto o bastante – George completou e ouviu o bufo irritadiço do menor, achando uma atitude engraçada.

– Me solta por favor – ouviram o som de choro e ambos se assustaram, levando o menino para uma das entradas laterais para o corredor o sentaram na escada e viram a capa tremular enquanto o menino se encolhia choroso.

– Ei... ei... calma. – Fred disse puxado a capa e vendo como Harry agora era só uma bolinha de casacos.

– Eu só quero ir... me deixa ir por favor – pediu se encolhendo mais, os braços tremiam à medida que as lágrimas se acumulavam.

– Ei, vamos te deixar ir, mas vamos te dar um método melhor. – George disse acariciando os fios castanhos e puxou um dos cachinhos que voltou ao formato quando soltou, era fofo... repetiu o movimento apenas por ser divertido.

– Que método? – perguntou curioso, ainda encolhido, mas interessado.

– Aqui – Fred estendeu um pergaminho amarelado e estranho, o menor o encarou com estranheza por muito segundos até...

– Que é isso? –perguntou visivelmente confuso.

– O segredo do nosso sucesso – George respondeu pegando a varinha e sorrindo travesso.

– Nos dói estar estregando a você, mas esse ano...

– Decidimos que você precisa mais do que nós...

– E já decoramos boa parte dos caminhos mesmo – os gêmeos intercalavam as falas e Harry sorriu um pouco, era divertido. George levantou a varinha e sorriu – Eu juro solenemente não fazer nada de bom!

Ele disse imitando um tom elegante e quando tocou a varinha o pergaminho em branco ganhou desenhos, marcas, desenhos... era lindo de ser ver. Ele conseguia ler: "Os senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas, apresentam o mapa do maroto".

Abriu ainda confuso e curioso, logo reconheceu os desenhos e com espanto percebeu ser...

– Isso é Hogwarts? – Perguntou arregalando os olhinhos verdes com espanto – E esse é... Dumbledore?

Se concentrou em uma das estranhas tirinhas com nome que se moviam, essa andava em círculos deixando pegadinhas de sapatos para trás... era interessante.

– É sim...

– Andando em seu escritório...

– Ele faz muito isso... – Novamente eles intercalavam as frases e Harry já havia desistido de saber quem falava em cada frase.

– Então esse mapa mostra todo mundo?

– Todo mundo – os ruivos falaram juntos e o menino olhava espantado para o pergaminho em suas mãos. – Onde estão, o que estão fazendo... todo dia.

– Legal... como conseguiram isso? – Perguntou curioso, olhinhos brilhando.

– Na sala do Filch... – Fred respondeu dando de ombros. – No 1º ano.

– Agora escuta – George chamou – Existem 7 passagens secretas para sair do castelo, mas nós recomendamos essa aqui. – Ele apontou para um caminho no mapa, era fascinante.

– É a passagem da bruxa de um olho só. – Fred completou – Dá no porão da dedos de mel. Melhor ir rápido, Filch ta vindo pra cá...

– Ah Harry lembre-se, quando terminar aponte a varinha e diga; malfeito feito, se não qualquer um pode ler.

Eles saíram deixando o menino com o mapa... novos caminhos, novas descobertas... novas possibilidades... seguiu direitinho como foi instruído e quando passou na dedos de mel aproveitou comprando alguns doces pra depois.

Sabia que Draco queria ir à casa dos gritos e eles deviam estar por ali. Seguiu o caminho que as placas indicavam, parou um segundo encarando um cartaz estranho. Era um bruxo rindo ou gritando, cabelos medianos, ele segurava uma placa com o que deveriam ser números, mas o que mais chamou atenção foi o que dizia o cartaz: Você viu esse bruxo? Fugitivo... quem era ele? Ignorou os pensamentos de familiaridade e continuou seu caminho.

Blaise, Theo, Pansy e Draco estavam sentados em uma pedra perto da casa dos gritos, rindo de uma piada qualquer. O primeiro a notar algo estranho foi Draco que recebeu uma bola de neve no nariz. Assustados os quatro levantaram, olhos arregalados de medo e as pernas tremendo prontas para correr. Receberam mais duas bolas de neve e logo risadas foram ouvidas, era infantil e familiar.

– Harry! – Draco brigou tentando segurar o riso, logo vendo seu irmãozinho sair da capa rindo gostosamente. – Pensei que o padrinho te...

– É... – Harry deu de ombros ainda sorrindo animado.


*****

Severus andava de um lado para outro no escritório de Dumbledore, se sentia agitado, nervoso... era uma conversa que não gostaria de ter... mas com Sirius Black tão perto do castelo era necessário. Além dele e do diretor, o ministro e minerva decidiram participar também e isso só ampliava seu nervosismo. Cornélio Fudge era um homem velho, com cabelos prateados pelo tempo e um sorriso tranquilo. Se servia de um copo de whisky de fogo e sentava em uma das cadeiras.

– Eu sei que os dementadores são irritantes, mas Sirius Black está perto, Alvo, não há mais nada que possamos fazer. – Cornélio disse tomando um longo gole de seu copo.

– Com Harry aqui, as coisas se tornam ainda mais complicadas, além do Black atrás dele os dementadores tem um gosto especial por ele. – Minerva acabou acompanhando o ministro com uma dose, sentada em outra das cadeiras em frente ao diretor.

– E pensar que esse assassino era amigos de Lilian e James – Fudge voltou a falar e Snape se via roendo as unhas em nervosismo, mas se controlava. – Como pôde? Ele não só matou Pedro Pettigrew, ele o destroçou... só sobrou um dedo do homem...

– Todos conhecemos a história ministro, esse não é o foco hoje. – Severus se viu cortando o assunto, era ruim... eram horrível conhecer a história verdadeira e ter que fingir ignorância diante dessas pessoas.

– Sirius pode não ter sujado as mãos com os Potters, mas é culpa dele que eles estão mortos... e esse não é nem o pior – Minerva Ignorou o colega de trabalho e Alvo mantinha um rosto sério.

– Realmente... – Alvo concordou engolindo em seco e abrindo uma de suas balinhas de limão.

– O pior é que Sirius foi e é até hoje, padrinho de Harry Potter. – McGonagall disse após um longo gole de sua bebida.

– O foco aqui não é esse! O foco é a segurança de Harry, ele está em perigo. Sirius pode estar enlouquecido de Azkaban e não se sabe do que ele é capaz. – Não era mentira, apesar de saber a verdadeira história daquela noite, saber que o traidor não é o Black, não havia como prever o que 12 anos em Azkaban fizeram ao homem, ele pode estar insano.

– Severus tem razão... acredito que precisamos conversar sobre como protegeremos Harry de um assassino que possivelmente o está caçando – Alvo falou dando fim a história daquela noite.

– Ele quer me... matar? – a voz de Harry despertou todos da conversa, ele estava na porta, a mãozinha ainda na maçaneta, o menino estava ali a pedido de Madame Pomfrey, ela o encontrou no corredor e pediu que ela chamasse o diretor, mas ele não esperava ouvir tudo aquilo... não mesmo.

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