heavenly • yeonbin

De yeonjunblue

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Yeonjun não tem lá as melhores experiências em relacionamentos amorosos. Eles sempre acabam se uma forma que... Mai multe

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De yeonjunblue

Eu nem ia postar o primeiro capítulo hoje, só amanhã, mas como consegui revisar hoje e achei importante falar sobre uma coisa, tô postando agora.

Eu não sei se vocês sabem, mas as premiações desse ano já começaram e é de extrema importância que sejam feitos streams e views nos mvs do TXT regularmente. Pode ser apenas 1 view por dia se você não tiver muito tempo, mas ainda é importante criar essa rotina de acumular mais números pra eles porque o que parece pouco agora, somado pode ser uma diferença enorme. No twitter, o projeto @/ttudorrow fala sobre essas premiações com tutoriais de como votar e fica bem explicadinho. Quero deixar claro que se você não puder ajudar, tudo bem, mas achei importante lembrar disso em todo lugar que eu tiver espaço pra falar, mesmo que não sejam para muitas pessoas.

Nesse capítulo, não precisará de avisos de gatilho. Boa leitura.

Aproveitando também para avisar que fiz uma conta pra postar fanfics do bts, a  e to planejando reescrever algumas das minhas fanfics com eles. Se quiserem esperar, é só seguir a conta. Já tem uma shortfic que em breve deve estar lá - talvez já esteja, dependendo de quando você tá lendo isso. 




  Yeonjun não esperava que não esqueceria aquele cara que ficou na rua atrás do bar em que trabalha. Ele se sentia frustrado por já estar iniciando mais um período e ainda não ter esquecido sobre Soobin. O que tinha de tão especial naquele garoto de jaqueta com rosas bordadas e lápis esfumaçado nos olhos?

  Respirando fundo, largou o texto que estava tentando ler. Ele tinha esse costume de pesquisar sobre coisas que poderiam aumentar o seu conhecimento sobre discursões sociais mesmo fora do período letivo.

  Alguns dias ele conseguia se controlar e lembrar menos desse estranho que beijou até esquecer de todas outras pessoas que tinha beijado antes e até se atrasou para voltar ao serviço tendo que pagar 30 minutos depois. Outros dias, como esse, ele lembrava de tudo vividamente.

  Ele não sabe se o estranho voltou ao Poppin' Star depois disso. Seu serviço era muito corrido e atendia gente demais, não sobrava tempo pra ficar escaneando o bar inteiro toda hora.

  Bonitinho pulou no seu colo, soltando um miado pedindo carinho.

  - Nem notei que deixei a porta aberta o suficiente pra você entrar. Ou já tava aqui? – Perguntou recebendo apenas um miado de resposta.

  Bonitinho – ou Apolo, como SooYoung gosta de chamar – é um gato que Beomgyu encontrou na faculdade e quis adotar. Tanto Yeonjun quanto SooYoung aceitaram o novo membro da república.

  Yeonjun foi procurar alguma coisa para comer, ainda com Bonitinho no colo. Ele mora com seu amigo Beomgyu – que está no quarto com o namorado – e SooYoung – que foi no Poppin' Star para uma das suas reuniões sobre peças.

  Pelo bar dar espaço para todo tipo de artista underground, era comum que tivessem reuniões lá em qualquer horário enquanto os ensaios ficavam mais durante o dia.

  Mesmo depois de ter deixado Bonitinho no chão, o gato ainda o seguiu e deitou na sua cama. Pegando os fones, Yeonjun entrou no SoundClound pra escutar algumas músicas da CROWN, banda que o namorado de Beomgyu é baixista. Já faziam meses que Taehyun havia entrado na banda e Yeonjun só escutou as músicas e viu o vídeo em que Taehyun defende Beomgyu de todas as mentiras que espalharam sobre ele.  Seu amigo e colega de república tinha uma péssima e nada verdadeira reputação que tinha sido inventada pelo seu ex abusivo e reforçada pelo outro cara que ficou algumas vezes. Por isso, muitas pessoas o viam da pior forma possível e julgavam que Taehyun não deveria estar com ele.

  A CROWN é uma banda underground e por ter bastante seguidores em qualquer rede social, eles mantêm alguns conteúdos como vídeos respondendo perguntas ou até vlogs. Foi assim que Taehyun defendeu Beomgyu e Yeonjun o abraçou para sempre como um dos seus amigos.

  Eles tinham um repertório que o interessava e eram músicas que o despertavam alguma coisa boa. Até as músicas mais tristes eram tão boas que ele não se importava em ficar choroso. Yeonjun não demorou muito pra ficar obcecado por cada letra e amar a forma que o vocalista principal cantava. Os vocais eram divididos, mas Taehyun já disse que eles tinham um vocalista principal por acharem que ele consegue transmitir mais facilmente cada emoção que pretendiam passar quando compuseram e também tem mais facilidade de se concentrar em cantar e tocar guitarra.

  Pelo menos a voz do vocalista da CROWN o hipnotiza o suficiente pra tirar sua cabeça daquele estranho do bar.

  Yeonjun procurou alguns artigos ou ensaios sobre a comunidade LGBT+ ou sobre bissexuais. Ele sempre passava grande parte do seu tempo procurando coisas sobre e conhecer estudos novos. Na sua graduação, ele estuda pra ser professor de História e ele sabe que infelizmente não se fala muito sobre sexualidade ou orientação sexual em casa e a escola acaba sendo um lugar onde as crianças podem entender algumas coisas, sem contar todo o bullying que existe contra qualquer pessoa que vai contra a norma. Pensar nisso sempre o motivava a aprender e falar mais, principalmente quando se vive em um país que tenta silenciar a minoria a todo custo.

  Ele perdeu noção do tempo e só notou que já haviam passado algumas horas quando Beomgyu apareceu com um lanche para ele. Seu amigo agora tinha o cabelo loiro quase na altura dos ombros e seus óculos ainda se mantinha sendo o mesmo de armação fina e arredondada. Yeonjun sorriu para a blusa com um desenho de Taehyun nela. Beomgyu sempre arranjava um jeito de expressar a sua paixão pelo namorado.

  - Taehyun vai com a gente pro bar? - Yeonjun perguntou enquanto pegava o sanduíche.

  - Não. Ele vai encontrar com o Soobin pra terminar uma música.

  Ah. Esse nome.

  Yeonjun odiava quando o colega de banda e de apartamento de Taehyun era mencionado porque só conseguia lembrar do estranho do bar que tem o mesmo nome.

  Às vezes ele se sentia idiota por ter essa sensação de não conseguir fugir de algo.

  - SooYoung vai ta lá. Já olhou no nosso grupo? - Yeonjun balançou a cabeça negativamente por estar de boca cheia. - Ela disse que vai ficar um pouco, mas vai embora pra não atrapalhar.

  - Ela sempre acha que atrapalha, como se a gente não tivesse acostumado a ficar conversando e ainda trabalhar perfeitamente bem – Yeonjun acrescentou depois de engolir a comida.

  - Taehyun vai tá lá desde cedo amanhã  Beomgyu avisou indo até a cama de solteiro do amigo. - Ele e a banda vão resolver os últimos detalhes sobre esse festival do Poppin' Star que eles vão participar.

  - Eu ainda não acredito que o sr. Bang conseguiu autorização do governo pra usar uma área tão grande pra colocar as barracas de comida e bebida e o palco.

  - Ainda bem que vamos receber a mais porque a limpeza da rua vai ser toda feita por a gente. Já to sentindo a minha coluna reclamando desde hoje.

  - Quem você até pensa que nunca lavou banheiro vomitado – Yeonjun deu risada com a cara de nojo de Beomgyu.

  - Como você consegue falar isso comendo? Eu odeio lembrar dessas coisas até quando to cozinhando – Yeonjun deu de ombros.

  - Vai mudar alguma coisa sentir nojo? A gente limpa umas nojeiras e consegue receber um acréscimo no final do mês exatamente por isso. Não é a coisa que mais amo fazer, mas também não consigo sentir essa repulsa toda.

  - Queria ser objetivo como você.

  - Eu sei que seu sonho é ser sonserino – Beomgyu mostrou a língua, sem ter muito o que rebater. - Viu? Típico grifinório.

  - Para de ficar zoando a minha casa e termina de comer. Vou terminar de fazer a lista de compras do mês - disse enquanto saia do quarto.

  Yeonjun terminou o seu lanche antes de trocar de roupa e conferir que seu celular ainda estava com bateria. Como era outono, ele não esqueceu de pegar uma blusa mais grossa já esperando o frio que faria de manhã quando estivesse voltando pra casa.

  Ele e Beomgyu foram para o Poppin' Star de bike, logo as trancando no bicicletário e indo para a sala onde ficavam os armários dos funcionários quando chegaram. Normalmente ele ia com a calça e sapato que trabalharia, então só precisava colocar a blusa. Yeonjun não gosta de imaginar que qualquer um que o visse na rua saberia que ele trabalha no Poppin' Star e seria fácil de segui-lo. Essa é uma das poucas paranóias que ele não consegue se livrar.

  SooYoung estava no balcão do bar conversando com Haseul quando Yeonjun chegou para ajudar na organização das bebidas no freezer. Haseul é a gerente e tem uma relação bem próxima com todos os funcionários, então não ligou muito de deixar SooYoung do lado de dentro desde que fingisse trabalhar.

  Eles foram para a cozinha. Yeonjun viu de longe que Beomgyu tinha prendido o cabelo e ia pegar o carregamento de comida.

  Yeonjun pegou a luva amarela e o avental roxo para lavar as louças suas na pia larga de inox. Sua amiga pegou o pano já se preparando para secar os utensílios.

  - Não achei nenhum cara na descrição do seu bad boy – SooYoung disse, brincando com o amigo.

  Desde que ele contou para os seus colegas de república sobre o cara tatuado e alto que havia ficado, SooYoung o chama de "seu bad boy" e de vez em quando pergunta se ele apareceu de novo no bar.

  - Ele não é meu e eu não sei se é bad boy – respondeu a mesma coisa de sempre.

  - Claro. Tavam falando de você no grupo de Artes Cênicas – mudou de assunto.

  SooYoung faz licenciatura em Artes Cênicas e já está no penúltimo período.

  - O que eles falaram?

  - Perguntaram se você não ia mesmo participar da organização da calourada de História esse ano.

  Desde seu 2º período cursando licenciatura em História, Yeonjun sempre participou da organização da calourada, mas no final do último período ele decidira sair do comitê de organização de eventos. Ele se sentia cansado e a quantidade de textos que professores passavam só tendiam a aumentar. Ainda tinha o fato que ele pretendia participar de mais projetos ligados à licenciatura.

  - Você respondeu alguma coisa?

  - Obviamente não. Faço fofoca só com você e o Beomgyu, se o resto quiser saber alguma coisa que te procure e pergunte. Você dá abertura pra todo mundo falar com você.

  - Acredita que teve um menino que eu fiquei de Serviço Social que disse sobre todo mundo me achar intimidador? – Yeonjun lembrou, dando risada.

  - Qualquer pessoa que tem uma opinião, não se deixa manipular e tem todo um embasamento pra linha de pensamento consideram intimidante. Ah! Também teve aquela treta com o coletivo. Se eu não fosse sua amiga também me sentiria intimidada – Yeonjun colocou alguns copos na pia, deixando que SooYoung os secasse no seu ritmo.

  - A culpa não é minha que eles ficam dizendo que bissexual é transfóbico e que a gente tem privilégio por poder "passar como hétero". Ainda teve aquela vez que tavam espalhando mentira sobre o Beomgyu. Ok que não briguei como deveria porque o Beomgyu não deixou, mas discuti.

  Há 3 períodos o seu amigo Beomgyu tinha sido vitima de 2 fofocas falsas sobre ele onde o colocavam como um galinha que usa as pessoas. Yeonjun sempre soube da versão verdadeira, mas as pessoas que inventaram esses rumores eram do coletivo LGBT+ e todos os membros não demoraram muito pra acreditar e julgarem o seu amigo da pior forma possível. Yeonjun queria ter brigado mais sobre isso, só que escolheu respeitar Beomgyu e não se envolver muito nesse assunto.

  Era meio difícil não correr pra defender as pessoas que ama mesmo que fosse contra a faculdade toda e lembrar que não pode fazer isso sempre o deixa com uma sensação de inquietude.

  - Eu amo que o Taehyun fez aquele vídeo. Todo mundo da faculdade tava obcecado com ele quando ainda era calouro ai ele ainda entra pra uma banda underground. Isso deixou as atenções mais ainda nele. Mesmo todo mundo achando que ele não deveria tá com o Beomgyu, ainda não deixaram de ficar vendo tudo sobre eles.

  - Acho bizarro como eu nunca tinha visto nada sobre a CROWN.

  - Você não passa muito tempo no YouTube. Tanto é que o único vídeo da banda que viu foi a do Taehyun acabando com todo mundo na faculdade.

  - Você tava perto quando o Beomgyu comentou que um monte de gente de la começou a pedir solicitação pra seguir ele no Instagram? – Yeonjun perguntou.

  - Ele comentou isso comigo também e disse que não tava aceitando ninguém.

  - Às vezes queria bloquear meu instagram, mas nem posto tanta coisa muito pessoal além da minha cara lá.

  - Você usa todas as suas redes sociais pra militar. Pelo menos não é daqueles militantes chatos.

  Yeonjun costuma militar de uma forma que se assemelha a uma conversa, sem muitos ataques. Ele tenta fazer a pessoa repensar alguma ideia preconceituosa e ler artigos e ensaios onde trazem estudos. Nem sempre essa sua tática funciona porque costuma perder um pouco de paciência quando o pensamento preconceituoso vem de alguém que tem acesso a tantos estudos e mesmo assim escolhe se manter com pensamentos limitados.

  - Então só vou fazer uma conta pra quem é próximo meu.

  - Pode ser uma boa saída. Tá ansioso pra ver o show da sua banda underground favorita? – Indagou.

  - Vai ser a primeira vez que vou ver todo mundo da banda do Taehyun. Quero avaliar depois se eles são melhores ao vivo ou nos vídeos.

  - Eles têm sido o que eu mais assisto e te garanto que se eles forem melhores do que aquilo ao vivo, então eles são a maior e melhor banda underground atualmente. Na verdade a cena underground seria até pouco pra eles.

  - Você sabe por que eles não assinam com alguma empresa? – SooYoung balançou a cabeça.

  - Nunca perguntei ao Taehyun.

  - Vou ver se lembro de perguntar depois.

  A conversa deles acabou indo para as meterias que ambos tinham pegado esse período. SooYoung teria mais aula prática do que teórica enquanto Yeonjun tinha dividido. Ele até tinha pego Filosofia como matéria extra-curricular, já que ela não faz parte da graduação em História. Essa seria a sua única aula de tarde e a teria junto com os alunos de Psicologia. Uma amiga do mesmo curso também faria essa aula com ele.

  Depois de acabar com as louças, Yeonjun iria para o atendimento das mesas e SooYoung preferiu ir pra casa.

  Yeonjun e Beomgyu foram juntos para as mesas. Mesmo conseguindo atender muitas de uma vez, sempre tinha mais mesas pedindo que fossem atendidas por um deles. Seus colegas já brincaram dizendo que esse era o preço de serem tão bonitos. Yeonjun acredita que não tem tanta beleza assim, então prefere apostar que as pessoas pedem pra serem atendidas por ele porque acaba sendo muito simpático. Às vezes até são clientes que já foram atendidos por ele antes, mas é quase impossível lembrar o rosto de todo mundo.

  Saindo para o intervalo junto com Beomgyu, eles foram para a praça que tinha no final da rua de trás do bar. Lá sempre ficava vazio de madrugada. Eles comiam o lanche que compravam para si mesmos e ficavam quase em completo silencio, com as gargantas cansadas demais de tanto falar com clientes e entre a equipe. Pensar qualquer coisa agora cansava Yeonjun e ele já queria ir pra casa, mas ainda teriam algumas horas pela frente.

☁️

  - Não acredito que você me fez vim na primeira semana pra ver o que esse professor de Filosofia vai passar.

  Gaahei prefere ser chamada de Vivi. Ela é uma das amigas que Yeonjun fez desde o primeiro período. Vinda da China, ela ainda estava bem perdida no primeiro período, mas Yeonjun se dedicou tanto a mostrar o que conhecia de Seul e também conhecer mais que agora ela já não conseguia se ver morando em outro lugar.

  Yeonjun olhou para amiga de cabelos recém-pintados de rosa pastel enquanto andavam pelo pátio grande entre um bloco e outro.

  - Eu soube que ele não manda nada por e-mail.

  Yeonjun ama o frio do outono e sempre acaba vestindo menos casacos que a maioria. Vivi, por outro lado, estava com um cardigã azul e uma blusa de manga branca por baixo para se proteger enquanto o de cabelos pretos só usava um blusão grande e tinha uma jaqueta na mochila pra usar quando estivesse voltando para casa de noite.

  - Tomara que alguém tenha colocado os textos que ele passar em PDF. Queria que não ficasse tão fodida financeiramente logo no primeiro mês.

  - Você é estudante e não quer ta fodida financeiramente? - Yeonjun perguntou dando risada.

  - Oh, deuses por que não me fizeres uma grande burguesa – Vivi reclamou levantando as mãos para o Olimpo.

  - Infelizmente não vai ser nessa vida. A F205 é no segundo andar? - Perguntou sem lembrar exatamente. Ele quase nunca estava no bloco F por ser onde a maioria das aulas de Psicologia aconteciam. As aulas de História eram na sua maioria no bloco C e B.

  - É sim. Acho que nesse bloco tem banheiro na parte de cima também.

  - Uma vitória pra você. Não vai precisar ficar descendo e subindo escada – Vivi franziu o nariz.

  - Ainda preferia ser uma grande burguesa.

  Eles estavam adiantados e a culpa era toda de Yeonjun. Ele quis tentar se matricular na aula de Filosofia desde o seu primeiro período quando descobriu que não teria essa aula no seu curso. Ele considerava isso uma injustiça já que Filosofia sempre teve um grande papel na história da humanidade mesmo que não fique tão claro assim pra maioria das pessoas. Absolutamente tudo vinha de uma linha filosófica.

  A sala era um pouco maior do que as de História, que já são bem grandes e com as paredes em um tom amarelo bem claro. Normalmente as salas de História também são usadas quando é uma matéria dada para mais de um curso por serem as que juntam mais alunos.

  Yeonjun e Vivi foram direto para o final da fila do canto contrário da porta. Eles deram boa noite para o professor baixinho de óculos e blusa de botão colorida que estava sentado na mesa. Yeonjun sentou na parede enquanto Vivi puxou uma cadeira azul da fileira do lado para ficar ao lado do amigo.

  Tinham poucas pessoas na sala, mas pela hora ainda teria um pouco de tempo antes de chegarem, além de que muito aluno só chega quando a aula já tá acabando.

  - O wi-fi pega melhor aqui do que no nosso bloco – Vivi comentou olhando no celular.

  - Esse deve ser o privilégio dos estudantes de Psicologia que aquele cara de Ciências Sociais tinha comentado.

  - Deve ser porque eles passam a maior parte do dia aqui – a sua amiga logo concluiu.

  - Talvez. Acho que eu nunca conseguiria estudar de manhã – Yeonjun comentou, encostando a cabeça na parede. Ele sabia que muitos tinham aulas todos os dias de tarde e de noite, mas a maioria ficava no turno na manhã e tarde.

  Mais 3 pessoas chegaram.

  - Será que Zuho faz essa aula? – Yeonjun soltou uma risada nasalada pela pergunta.

  - Ele já voltou pra cá?

  - Não que eu saiba – bloqueou o celular e voltou a sua atenção para o amigo. – Fiquei ocupada demais lendo mangá pra aproveitar meus últimos dias sem aula pra mandar mensagem pra ele.

  - E nem procurou saber se ele te mandou alguma coisa? – Arqueou a sobrancelha.

  - Ele só conversa comigo pelo WhatsApp e eu já disse que mal entro nisso. Ele pode ter uma boca divina, mas nenhuma é divina o suficiente pra mudar a minha ideia.

  Yeonjun gostaria de ter esse traço da personalidade de Vivi. Ela e Zuho tinham essa relação que não chegava a ser uma grande amizade, mas sempre acabavam ficando. Já faziam períodos e ela só se apegou ao prazer que ele a dava, não a ele. Além disso, essa relação era clara para ambos.

  Yeonjun nunca conseguiu ficar mais de 1 semana com a pessoa e não acontecer um apego da outra parte. Algumas vezes ele também se apegava, mas não era tanto. Todas as garotas e garotos que ficou acabavam começando um assunto onde deixavam pelo menos um pouco claro que esperavam ter algo além de só ficar se continuassem.

  Era aí que o problema de Yeonjun começava. Ele não conseguia lidar com uma pessoa quando sabe das suas expectativas onde não sente que pode satisfazê-las. Houveram algumas vezes onde ele tentou deixar isso claro e as pessoas concordavam em não terem nada sério, mas em algum momento vinha a tona que a pessoa tinha certeza que ele mudaria de ideia. Yeonjun odeia sentir como se o que dissesse não fosse ouvido.

  - Aproveita que você vai ter que entrar no aplicativo pra olhar os grupos e vê se ele voltou.

  - Vou fazer isso.

  Mais pessoas chegaram enquanto eles conversavam e o professor disse que não esperaria pra mais gente chegar. O professor Hwang tem graduação, pós, doutorado e mestrado em Filosofia. Só de ouvir isso os olhos de Yeonjun se arregalaram. A maioria dos professores de História tinham mestrado, mas é o primeiro com doutorado que ele tem a oportunidade de ter aula.

  Tirando-o dessa análise, a porta da sala foi aberta por uma pessoa alta, com o cabelo castanho escuro levemente bagunçado e uma jaqueta jeans clara com uma orquídea azul pintada nas costas.

  - Meu aluno favorito chegou – Hwang disse sorrindo. Ele era tão baixo e a pessoa era tão alta que o professor batia nos seus ombros. – Pode se sentar, você não perdeu muita coisa, só estava me apresentando – disse sorrindo.

  A pessoa balançou a cabeça e sentou na primeira cadeira perto da porta.

  Yeonjun se sentiu paralisado por alguns segundos. Ele não conseguiu ver os olhos dele, mas aquela pessoa é Soobin, o cara que ficou na rua de trás do bar e até hoje não conseguiu superar.

  Soobin tirou a mochila escura das costas, a colocando no chão e pegando um bullet journal grosso, forrado com tecido de flores bordadas.

  Por que ele tem flores em tudo?

  - A aula ta em outro lugar – Vivi disse cantarolando em tom baixo, chamando a atenção de Yeonjun.

  Sem dizer nada, ele tentou voltar a prestar atenção na aula, mas ainda olhava para aquela primeira carteira perto da porta em um intervalo curto. Ele não sabia porquê, mas não conseguia ficar muito tempo sem olhar Soobin. Era como se a sua cabeça estivesse procurando pistas para decifrar a pessoa que menos sabia sobre e o afetou tanto.

  Quando Hwang liberou a turma pra um intervalo, Vivi já estava se preparando pra sair, mas Yeonjun não sabia o que fazer. Se ele levantasse, Soobin o veria e ele não queria receber uma reação fria do outro.

  Hwang sorriu enquanto sentava na mesa e chamou Soobin, batendo no canto da mesa larga e escura onde tinham as suas coisas. Soobin levantou, pegando uma cadeira vazia e colocando ali do lado. Eles começaram a conversar, mas Yeonjun não conseguia escutar sobre o que era.

  Vivi estalou os dedos para chamar a sua atenção.

  - Quer ficar aqui vendo o bad boy bonitão ou quer ir comigo esquentar meu sanduíche na cozinha?

  - Vou com você.

  Yeonjun pegou a sua mochila. Ele não confiava de largar as coisas por aí. Passando rápido e em silêncio por Soobin, ele saiu da sala com sua amiga indo até o bloco B, onde a cozinha ficava. Lá eles têm uma sala pequena com um fogão – sem gás –, um microondas e uma geladeira que funcionam. Normalmente os alunos sempre vão lá para esquentarem a comida que trazem de casa e até podem deixar na geladeira.

  Como os intervalos não eram em um horário certo, a cozinha não estava muito cheia agora. Vivi só tinha que esperar 2 pessoas usarem o microondas antes dela.

  - Você conhece o favorito do professor? – Vivi perguntou enquanto puxava a cadeira de plástico branca com uma mão e segurava o pote com o seu lanche em outra.

  Yeonjun sentou no chão, encostado na parede.

  - Foi com ele que eu fiquei naquele dia no Poppin' Star.

  Ela parou por alguns segundos.

  - Sério? Vocês não trocaram telefones nem users?

  - Não.

  - Mas pela sua cara você queria.

  - Ugh! Eu achei que nunca mais veria ele. Seul é enorme e eu tinha logo que não esquecer o cara que vou fazer aula de Filosofia nesse período todo. Eu sequer entendo porquê ele ficou tanto na minha cabeça assim.

  - Talvez seja uma daquelas coisas de ficar alguém e só encaixar alguma coisa, sabe? Não to falando de corpo, to falando de alguma coisa que não sei explicar porque nunca senti.

  Yeonjun olhou para Vivi com as sobrancelhas franzidas.

  - Isso não faz sentido nenhum.

  - E alguma coisa faz?

  O microondas apitou, chamando a atenção deles que logo viram que estavam na vez de Vivi esquentar seu sanduíche. Ela foi até lá colocando o temporizador e ficou do lado do aparelho cinza, esperando.

  - Por que você não fala com ele? Pra ter certeza que não tem nenhum sangue ruim entre vocês.

  - Talvez. Depende da cara que ele olhar pra mim. Se olhar – suspirou alto. – Odeio sentir que to fazendo um drama atoa.

  - Você só ta confuso, não tem nada de errado. Mesmo se tiver fazendo drama, isso é problema seu – Vivi pegou o seu lanche assim que escutou o apito, voltando para a cadeira. – Só não deixa de conversar se precisar. Essa sua mania de evitar alguns tipos de conversas ainda vai te foder muito.

  - Não garanto nada, mas posso tentar – Vivi colocou o sanduíche na sua frente para que pegasse um pedaço.

  Eles nem perguntavam se o outro queria ou não, já era automático que dividissem.

  - Que horas a CROWN vai se apresentar no sábado? – Vivi perguntou.

  Yeonjun mastigou e engoliu antes de responder.

  - Que eu me lembre vai ser às 22h. Você gostou das músicas que te mandei? – Ela acenou.

  - São perfeitas. Nem parecem ser uma banda underground. Achei incrível que eles tenham vibes bem diferentes em cada música.

  - O Taehyun disse que todos eles compõem, talvez seja por isso que tenham essas vibes diferentes.

  - E o mais incrível que ao invés de ficar bagunçado só acrescenta pra identidade única. Acho que vou ver os videos do YouTube antes de ver o show.

  - Eu vou deixar pra me surpreender ou me decepcionar ao vivo mesmo, então não comenta nada o que achar comigo.

  Eles dividiram o lanche e acabaram voltando pra aula alguns minutos depois que deveriam. Yeonjun passou perto de Soobin sem olhar na sua direção. Durante a aula acabou acho que a sua cabeça estava inventando coisas quando sentiu que alguém o encarava muito.

  Ele evitou olhar na direção de Soobin como fez na primeira parte da aula inteira, mas foi quase impossível não olhar na direção depois de copiar o roteiro das próximas aulas. Ele só não esperava encontrar Soobin já o encarando. Yeonjun se transformou em pedra no mesmo momento. Ele tinha se preparado pra receber um tratamento frio, tendo certeza que o outro o ignoraria completamente, mas Soobin deu um sorriso minúsculo e voltou a escrever no seu caderno.

  Mesmo com a risada abafada de Vivi, ele continuou observando as costas de Soobin.

  Soobin havia sorrido pra ele? Quanto tempo tinha ficado encarando.

  - Pelo menos agora você sabe que não é o único a não ter superado – Vivi disse com humor, acordando Yeonjun.

  - Esse mini sorriso dele pode não significar isso – ela deu de ombros.

  - O que te fizer dormir melhor.

☁️

  Yeonjun não viu Soobin mais. Como o esperado, foi ótimo ter ido na primeira aula de Filosofia senão teria perdido toda a introdução. Por sorte, mandaram uma pasta do drive onde tinham todos os textos que o professor passa em PDF. Ele não demorou muito pra passar para Vivi.

  Essa primeira semana tinha passado como todas as outras no resto das matérias: mais suaves e apenas uma aula curta. Quando saia cedo, Yeonjun acabava ficando na faculdade conversando com os seus colegas ou apenas participando de conversas com pessoas que nem se lembrava mais. Ele gosta de escutar outras pessoas, conhecer suas opiniões. Ele usa isso como uma forma de aprender mais sobre pessoas na prática e espera que isso o ajude quando for professor.

  Taehyun estava na sua casa quando acordou no sábado. Ele tinha chegado lá pouco tempo depois de terem chegado do serviço.

  Eram 14 horas quando Yeonjun acordou, parou na entrada da cozinha e estalou seu pescoço antes de dizer:

  - Bom dia – bem arrastado, indo procurar uma caneca pra pegar café.

  - Boa tarde. Dormiu bem? – Taehyun tinha o cabelo em um tom de laranja mais desbotado agora, mas mesmo assim ainda era um grande contraste contra a pequena cozinha clara da república, só não contrastava mais com a mesa roxa de 4 lugares.

  - Dormi. Sonhei que tava comendo muito chocolate. Até dava pra sentir o gosto. E você? – Sentou-se na frente de Taehyun. Yeonjun pegou a garrafa térmica preta, balançando um pouco antes de encher sua caneca da mesma cor.

  - Acho que sonhei com o Beomgyu, mas não lembro exatamente o que.

  - E onde ele tá?

  - Foi fazer compras com a SooYoung.

  - Ah... eu tinha esquecido completamente que já é dia 18. Ainda bem que esse mês não é meu. Ansioso pro show hoje? – Taehyun sorriu.

  - Você nem imagina. A gente tava passando som ontem. Eu já fui lá hoje e ainda vou voltar depois de comer. Beomgyu até reclamou dizendo que era pra eu ficar aqui em casa esperando ele voltar pra não ficar cansado de ficar andando de um lado pro outro no mercado – Yeonjun soltou uma risada.

  - Até parece que ele não vai ficar trabalhando horas em pé e não vai tá cansado.

  - Foi exatamente o que eu disse! Acredita que ele respondeu que ele não ia fazer show e já tava acostumado a ficar tanto tempo em pé.

  - A desculpa que ele usou pra você não teve muita lógica.

  - Também achei, mas não posso ficar reclamando muito porque quando quero ser cuidadoso com ele por coisa idiota também tenho explicações ridículas.

  Taehyun e Bromgyu estavam juntos há uns 6 meses ou algo próximo disso pelo o que Yeonjun se lembrava. Ele não é muito bom com datas.

  Seus amigos eram desses casais que são completamente apaixonados pelo outro, mas é de uma forma que Yeonjun não acha exagerado ou que parece só euforia de início de relacionamento. Eles são daqueles que já parecem conviver por anos de tão natural que é toda a interação deles juntos. Até movimentos espelhados eles têm. Yeonjun acha que se almas gêmeas existissem, Taehyun e Beomgyu seriam duas delas.

  - Beomgyu te disse sobre todo mundo vim pra cá quando acabar o serviço de vocês, não disse? – Taehyun perguntou.

  - Sobre o pessoal da sua banda vim pra cá e a gente assar umas pizzas pra comemorar o show? Disse sim. Acho que a SooYoung que vai montar as pizzas. Só sei que não sou eu porque vou comer e dormir mais pra aguentar dormir só durante a manhã. Vão ser algumas horas depois que tô acostumado, mas é melhor me preparar do que virar um zumbi.

  - Se for te incomodar você avisa que a gente fica quietinho e você dorme mais cedo – Yeonjun sacudiu a mão.

  - Liga pra isso não. Vou pegar um pão e ver vídeo sobre política no quarto, ok?

  - Eu já tô acostumado com as suas manias, Yeonjun – Taehyun respondeu dando risada da cara ainda inchada de sono do Yeonjun.

  - Ahhh... é porque você é um anjo – deu um beijo na cabeça de Taehyun antes de voltar para o quarto.

  Uma das coisas que Yeonjun mais gostava em Taehyun era que ele só começou a se adaptar a rotina deles sem o menor esforço. Não foi algo que precisou de um período até começar a dar certo.

  Quando estava chegando na porta, o gato branco com manchas cinzas se aproximou miando.

  - Oi meu neném, quer ficar no quarto comigo? – Bonitinho miou.

  Yeonjun gosta de acreditar que sabe exatamente o que o gato quer de acordo com o tom de seus miados e naquele momento entendeu que ele queria ficar no seu quarto.

  Abrindo a porta e deixando que o bichinho entrasse, Yeonjun ficou sentado na sua mesa de estudos enquanto procurava algum vídeo de politica no Youtube usando seu computador.

  Bonitinho não pareceu muito satisfeito com a falta de atenção, então pulou no colo de Yeonjun, fazendo pãozinho com as patinhas antes de deitar.

  Yeonjun se permitiu ser preguiçoso até acabar o café. Abraçando o gato e beijando a cabeça fofa e peluda, ele foi procurar um dos brinquedos que Taehyun havia feito. Ele pegou a vareta com um barbante que segurava uma pelúcia de rato que fazia uns barulhos chamando a atenção de Bonitinho. Não levou nem um segundo balançando aquilo para o gato querer perseguir o brinquedo.

  Ele e os amigos sempre levavam o gato pra passear na rua com uma coleira de peitoral. No começo, o bichinho não tinha muito costume de andar e aproveitar o parque que sempre era levado, mas agora parece que ele já sabia exatamente como agir.

  Se o gato não fossem dos 3 seria um custo bem grande para mantê-lo, mas como a despesa é dividida as coisas ficam bem mais fáceis.

  Ele escutou os amigos chegando, mas continuou no quarto, escutando um pouco de Tove Lo enquanto continuava brincando com Bonitinho. Ele queria evitar cozinha ao máximo, já que a próxima semana seria toda dele e só tinha até amanhã pra aproveitar.

  Eles estavam testando essa nova forma de organizar fazendo revezamento nas compras e no cuidado da cozinha. Eles também intercalavam quem limparia o banheiro, mas o resto da casa ficava responsável por todos. Apenas o quarto que era sempre responsabilidade de quem o utilizava.

  Olhando em volta, Yeonjun ficou satisfeito com o seu pedaço de paz estar organizado. Ele raramente tirava coisas do lugar por muito tempo.

  Depois de escovar os dentes, Yeonjun escolheu dormir um pouco, deixando a porta aberta para Bonitinho sair se quisesse e só acordou um tempo depois com o gato enrolado do seu lado e Beomgyu o chamando pra almoçar.

  Depois de comerem, Taehyun foi encontrar seus colegas de banda enquanto Beomgyu e SooYoung faziam as pizzas veganas. Yeonjun aproveitou pra lavar o banheiro e depois tomar banho.

  O sr. Bang tinha deixado que eles assistissem a apresentação da CROWN, mas ainda teriam que trabalhar durante todas as outras apresentações.

  No final da tarde, os 3 estavam indo para praça onde aconteceria o festival. SooYoung tinha aceitado trabalhar nesse período porque quem trabalhasse no festival, ganharia um pouco a mais que normalmente. Ela sempre trabalha lá como um bico quando não está completamente ocupada com as peças.

  Já tinham algumas pessoas formando fila pra entrarem. O lugar era absolutamente maior que o bar – mesmo que o bar já tenha um tamanho maior que a maioria. SooYoung foi para a barraca de comidas enquanto Beomgyu foi para a de bebidas com Yeonjun. Eles organizaram tudo e era até fácil porque também usariam a mesma forma de cobrança que usam no bar.

  Yeonjun estava ansioso para ver a banda que tem participado tanto da sua vida. Por ser a primeira vez que os veria tocando e cantando, esperava que fosse perfeito, que algo mudasse dentro dele assim como mudou quando começou a escutar as músicas deles no SoundClound. Pra ele parecia absurdo que a banda não tivesse um sucesso mundial de tanto que as músicas deles eram incríveis. Ele não poderia se sentir mais fanboy do que naquele momento.

  Assim que a entrada foi liberada, Yeonjun não teve muito tempo pra pensar sobre o show. Em todo momento tinha alguém pedindo alguma bebida e várias delas precisavam ser feitas na hora. Quando parou pra prestar atenção, viu que já tinha uma fila se formando. Tentando ser rápido e eficiente, ele nem notou quando já tava completamente escuro. Yeonjun e Beomgyu tinham tirado seus casacos por ficarem andando de um lado pro outro ou às vezes tendo que repor as bebidas. Nem dava pra sentir o frio que fazia.

  Agora tinha uma cantora underground no palco. Yeonjun só lembrava que já tinha tido um show dela no bar, mas não muito mais que isso.

  Seus ombros já estavam pesados quando parou um pouco antes do horário que a CROWN entraria. Como membros da equipe do festival, ele, Beomgyu e SooYoung puderam ficar na parte de dentro da grade. Ele encontrou Vivi de acordo com as mensagens que ela mandava e a trouxe com ele também. Seus amigos já a conheciam e não hesitaram antes de chamá-la pra comer a pizza vegana mais tarde. Taehyun não come carne e nenhum deles se importa em fazer algo especial para o amigo.

  Hyuka chegou quase atrasado e correndo para o lugar junto com Beomgyu, que foi buscá-lo na entrada. Hyuka é um amigo de Taehyun e do vocalista da banda há bastante tempo, não demorou muito para que ele e o Beomgyu também se aproximasse, mas Yeonjun ainda não teve muita oportunidade de encontrar o mais novo.

  Yeonjun suspirou consigo mesmo quando escutou alguém falando alguma coisa sobre o vocalista da CROWN e esqueceu momentaneamente disso, lembrando do Soobin que tinha ficado no bar. Era como se ele estivesse sendo perseguido por fantasmas sem estar em uma casa assombrada. Talvez a casa assombrada seja a sua própria mente.

  As luzes do palco estavam apagadas e ele só via as silhuetas dos integrantes da banda tomando os seus lugares. Vivi entrelaçou o seu braço no dele, dando pulinhos animados.

  O som da guitarra inicial em Absolution* soou antes das luzes serem acessas e a plateia gritar e bater palmas animadas enquanto Yeonjun ficou chocado demais pra ter alguma reação.

  No palco, com uma guitarra preta, a mesma jaqueta escura com rosas bordadas e lápis de olho esfumaçado estava Soobin. Aquele Soobin que Yeonjun ficou é o Soobin da CROWN.

  Yeonjun ficou parado por uns bons segundos enquanto os acordes da música tocavam. Soobin estava concentrado na sua guitarra enquanto o som da bateria e baixo se faziam presente, com algumas notas da outra guitarrista. As batidas pesaram e Yeonjun deu um pulo quando Soobin começou a cantar.

  O Soobin que ele tinha ficado tava cantando e era a mesma voz que estava escutando há meses.

  Seus olhos se alargaram ainda mais.

  Puta merda o Soobin que fiquei é o Soobin da banda.

  O mesmo Soobin que divide republica com Taehyun e também vai pra sua casa logo após o festival acabar.

  Puta merda. Puta merda. Puta merda.

  Ele ainda estava parado e escutou a risada de Vivi ao seu lado. A cabeça dele rodava os mesmos pensamentos repetidamente e o que o acalmava aos poucos era aquela voz filha da puta.

  Quando notou que escutava o Soobin para se distrair do Soobin quis se dar uns 2 tapas.

  Apenas no final da música que Yeonjun conseguiu pelo menos fingir que se recompôs e olhou feio pra Vivi que ainda estava com o braço entrelaçado nele e dava risada enquanto cantava junto.

  Por mais surreal que pareça, a voz de Soobin era milhões de vezes melhor ao vivo do que nos seus fones, e olha que eram fones bem caros porque gosta de escutar música e se perder nela. O vocalista fechava os olhos em vários momentos e a sua voz era carregada de cada emoção que a letra passava. Era como se Yeonjun estivesse sentido que precisava da sua própria absolvição.

  Mesmo com todo o seu choque, em Why'd Bring a Shot Gun to the Party ele ficou mais impressionado com como essa banda é perfeita. Ele já tinha ido em shows de cantores profissionais e nenhum deles estavam no nível da CROWN. Talvez ele seja um pouco biased, mas estava encantado demais com o que via.

  Mesmo se sentindo com vergonha de ter beijado o vocalista da forma que beijou na rua de trás, ainda não conseguiria ficar menos obcecado com a arte que eles fazem.

  A vibe do show mudou um pouco quando passaram pra Poppin' Star – uma das músicas que Taehyun fez pra Beomgyu e com um título em uma referência ao bar onde o namorado trabalha – deixando uma sensação mais alegre. Yeonjun tirou os olhos de Soobin pela primeira vez, vendo Taehyun olhando diretamente para Beomgyu que tinha a expressão mais boba do mundo. Os vocais dessa eram compartilhados com ele.

  No momento que voltou a olhar para Soobin, a atenção do vocalista estava em si. Yeonjun não sabia bem como reagir. Deveria sorrir? Acenar? Fingir que não o conhecia?

  Sem esperar muita reação, Soobin fechou os olhos enquanto começou a transição de Poppin' Star pra Lights Up. Seu corpo se movimentava de acordo com o ritmo da música. Era como se não houvesse mais ninguém ali além dele e da banda e nenhum pingo de timidez ou nervosismo poderia ser visto.

  A todo momento que ele movia o quadril levemente de acordo com a música, Yeonjun não conseguia parar de lembrar o quanto a sensação daquele corpo junto ao seu foi uma das melhores que ele já sentiu. Ele queria repetir tudo de novo e de novo até esquecer como era não sentir isso.

  Ties foi a 5ª e Yeonjun sentiu como se fosse verão. A forma com que Soobin cantava e dançava mais o hipnotizava. Se havia alguma dúvida que tinha como escapar da atração que sentia, ela foi destruída.

  Ele estava perdido. Mal conhecia Soobin e mesmo assim sente como se tivessem cordas invisíveis que o puxavam em direção ao outro. Naquele momento ele só queria se embolar nelas com Soobin.

  Adore You foi seguida de My Medicine, I don't care, Thnks fr th Mmrs, Only Angel, Teenagers, The Kids From Yesterday, I'm Not Ok, Blame me, Fucked up World e finalizado com Young Volcanoes, contando com todo mundo cantando o mais alto possível com eles.

  Mesmo sem jeito e gelando em todos os momentos que Soobin olhava para ele, Yeonjun foi contagiado com a performance deles. Da mesma forma que ficava impressionado como o timbre de voz de Soobin mudava de acordo com o que a música pedia quando escutava nos seus fones, ele se sentiu assim ali, a diferença é que foi mais intenso e todos os seus pelos se arrepiando nos momentos mais enfáticos.

  Ele nunca mais ia conseguir parar de escutar a CROWN na vida porque assim que o show acabou, ele quis pegar o celular e escutar todas as outras músicas que amava e não entraram na setlist.

  Se despedindo de Vivi, SooYoung e Hyuka, Yeonjun e Beomgyu voltaram pra barraca de bebidas para continuarem o serviço.

  Yeonjun sabia que o show não sairia da sua cabeça nem tão cedo, até que seus pensamentos mudaram o foco. Daqui a pouco Soobin estaria na sua casa, com os seus amigos.

  Yeonjun tentou achar uma forma de se aproximar do vocalista e ter uma boa convivência com ele, sem acabar com a vibe dessa reunião e das outras.

  Talvez a única solução pra isso seja sugerir uma amizade a Soobin. Só nisso já ignoraria todos os seus desejos e não teria riscos de acabar tendo uma relação horrível com Soobin, já que todas as amizades que se propõe a ter raramente terminam mal como as suas ficadas. Além de não querer acabar tendo um relacionamento merda e afetar todos os seus outros amigos nisso, ele queria conhecer Soobin de verdade mesmo que isso significasse ignorar toda a sua atração em troca de manter uma amizade.

  Com esse pensamento, ele acenou pra si mesmo com a decisão tomada. Ofereceria a sua amizade a Soobin.













*Setlist do show com os cantores originais das músicas:

Absolution – The Pretty Reckless

Why'd You Bring a Shot Gun To The Party – The Pretty Reckless

Poppin' Star – TXT

Lights Up – Harry Styles

Ties – Years&Years

Adore You – Harry Styles

My Medicine – The Pretty Reckless

I Don't Care – Fall Out Boy

Thnks fr Th Mmrs – Fall Out Boy

Only Angel – Harry Styles

Teenagers – My Chemical Romance

The Kids From Yesterday – My Chemical Ronance

I'm Not Ok – My Chemical Romance

Blame Me – The Pretty Reckless

Fucked Up World – The Pretty Reckless

Young Volcanoes – Fall Out Boy

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