Esse Garoto é o Caos Vol.2 [C...

By HannaBradley

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[SEGUNDO LIVRO DE ESSA GAROTA É O CAOS] Ele não consegue esquecê-la. Ela não é mais a mesma. Nunca passou pe... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 33

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By HannaBradley

KRISTEN

Katherine Lawrence
1980-2013
"Mãe amada e guerreira"

Sentada no chão e com o sol aquecendo a minha melanina, o som do fundo era apenas o barulho das folhas das árvores balançando e os pássaros cantando, o que é meio estranho em um cemitério. Quando penso em uma ave para esse tipo de lugar, geralmente me vem em mente um corvo preto e não pássaros coloridos e cantantes. Encarar uma lápide poderia ser mais mórbido do que normalmente é.

— Você me faz falta, mãe. — contraí os lábios em um sorriso, mesmo que fosse doloroso estar ali. — A senhora vai ser avó — toquei a lápide, um pouco emocionada — Ah, mamãe! Tantas coisas aconteceram na minha vida! Queria que estivesse aqui comigo. A nossa vida seria muito diferente. Não teria que trabalhar tanto, teria tempo para si e continuaríamos a assistir séries até tarde da noite.

  Fechei os olhos levemente e me reconectei com a dor, com a saudade e com as lembranças dela. Minha mãe, era querida e amada, dona de um coração enorme. Voltar a Beaufort foi ideia de Noah. E acho que foi uma excelente ideia.

— Eu disse que mudanças viriam — engoli seco, as vezes, paralisada, encarando o nome dela escrito naquela pedra. — Hoje, em Los Angeles, não existe mais a empresa Hayes, agora existe a empresa Lawrence. Em sua homenagem, mamãe.

  Retirei a minha mão da lápide e a coloquei em meu colo, olhando para o túmulo e pensando que, ela está ali, seus restos materiais estão ali e não são mais nada. Lembro do dia que ela foi enterrada, não tinha dor mais horrível do que saber que ela não ia voltar. Nunca mais.

— Eu fui para Los Angeles e muitas coisas aconteceram. Conheci o amor da minha vida, o pai do meu bebê. — sorri, encantada — No início, acho que você não teria aprovado o nosso namoro pela péssima fama dele, mas ele mudou e é um homem maravilhoso e que faz de tudo por mim. Vamos nos casar em breve.

As lembranças são o maior presente para o ser humano. Lembrar de momentos que foram únicos e com pessoas que não estão mais aqui. Porém, também podem ser a maior fraqueza. Nem todas as lembranças são boas e é a maior prova de que aquele momento existiu e ele te transformou de alguma maneira.

— Crescer sem você foi tão difícil, mamãe. — umedeci os lábios, que estavam um pouco secos. — Não tem um só dia que não pense em você. Está presente em todos os momentos, mesmo que apenas na memória. Gostaria muito que tivesse conhecido o Noah. — ri ao pensar em como ela teria gostado dele — Ele é o meu maior presente e agora, meu filho.

Conversei com essa lápide milhares de vezes. Já cheguei a me sentar perto dela, desesperada e chorando quando não sabia o que fazer e quando estava perdida, sem rumo e com um namorado obsessivo que praticamente me obrigava a namorá-lo. Conversar com a minha mãe sempre me fez bem, mesmo sabendo que a alma dela não habita mais... o que quer que ainda exista dela nesse túmulo. Me agarrei a essa lápide, com essa data e esse nome, com todo o meu coração quando a saudade bateu e estremeceu o meu mundo. A saudade dói, fragiliza e machuca, mas é a essência dos sentimentos.

Caminhando entre os outros túmulos, foi rápido deixar o cemitério. Não levei flores, na verdade, acho que nunca trouxe flores para visitar o túmulo da minha mãe. O diálogo sempre foi um ponto forte entre mim e ela então, apenas converso e instantaneamente, consigo ouvir o som da sua voz na minha cabeça. Na saída, avistei Noah. Ele estava sentado no capô do carro e com as mãos nos bolsos da blusa de mangas cumpridas. Seu sorriso singelo ao me ver, era bastante meigo. Andei até o carro, despreocupadamente.

— Como foi? — Noah perguntou, atencioso.

— Você sabe, um diálogo muito intenso com uma lápide que está recebendo as marcas do tempo. — tentei descontrair, juntando os dedos das duas mãos.

— Gostaria muito de ter conhecido a sua mãe. Já possuo uma grande admiração por ela, sem nem mesmo tê-la visto uma vez sequer. — comentou, sendo bastante sincero e cauteloso com as palavras.

— Ela teria amado você. — relatei, isso era um fato que poderia garantir.

— A julgar pelas nossas características físicas, ela se passaria facilmente pela minha mãe. Então, seria muito fácil me infiltrar na família. — brincou, sendo bastante complexo. Como sempre.

— Noah — segurei em uma das suas mãos, que havia abandonado o bolso da sua blusa — , que se dane os laços sanguíneos. Você é meu irmão. Você é a minha família. Sabe disso, não sabe?

— Eu sei. — sorriu, terno — Você me demonstra o seu amor de mil maneiras todos os dias e é por ele, que estou aqui. Vivo e respirando. — pensou um pouco — O que dá no mesmo.

  Eu o puxei para um abraço, o qual o loiro retribuiu carinhosamente. Amava Noah como um irmão. Noah me viu nos meus piores momentos, enxugou as minhas lágrimas e sempre foi o meu apoio, o meu amparo. Sinto como se ele fosse a minha alma gêmea, a minha outra metade. E ele era.

— Está com fome? — o loiro me perguntou assim que nos afastamos e escancarando o seu sorriso branco e maravilhoso, a curva mais linda.

— Na verdade, estou. — admiti, também sorrindo. Estar ali em Beaufort novamente e ao lado de Noah, era nostálgico e um sentimento esquentava o meu peito.

— Que tal irmos a Port Laker? — sugeriu, com um olhar bastante arteiro e o sorriso se esboçando de lado, bem pentelho.

— Faz um bom tempo fomos nesse lugar. — ri da sua expressão.

Port Laker era um dos meus lugares favoritos em Beaufort. Obviamente tinha as lembranças ruins, as quais eram obra do meu chefe atrevido e assediador, mas foi ali que conheci Noah e por isso, se tornou especial. Aliás, foi no dia da minha demissão.

— Então vamos. — decidiu, contente. Ele passou o braço em volta dos meus ombros e me guiou até o lado do carro, onde abriu a porta para que pudesse entrar. Geralmente não tínhamos disso, mas desde que engravidei, Noah tem sido tão cuidadoso comigo. Ele praticamente me proibiu de subir escadas, não entramos em nenhum estabelecimento que não tenha elevador e na minha casa, ele quase me carrega. Ele e Christopher me mandam flores e chocolates quase todos os dias e também, tudo o que tenho desejo de comer. Estou sendo muito mimada ultimamente. Christopher tem me levado para jantar em quase todos os restaurantes de Los Angeles, cada noite em um lugar diferente. De manhã, leva café na cama. Massagens nos pés e nas costas no final do dia. Presentinhos aparecem por toda a parte. Em cima da cama, na penteadeira, na sacada e na cozinha. Enfim, cada dia é uma surpresa diferente.

Se passaram vários dias desde que Noah retornou do seu coma. Um mês e meio mais ou menos. Os pais dele vieram procurá-lo, mas Noah os mandou embora. Ele e Ethan foram ao orfanato, um dos mais pobres de Los Angeles e começaram a conhecer as crianças. Noah havia se encantado por uma delas e Ethan também. Tinham praticamente certeza de que seria um garoto, que não era tão novo.

O loiro comprou uma mansão em Nova York, em Hamptons. Noah e Ethan contrataram uma equipe para mobiliar e decorar tudo. Em breve, os dois irão partir e construir a vida deles. Apesar que Noah queria esperar até o parto, mas eu não permiti. Não posso permitir que ele perca nem mais um minuto por minha causa. Nunca se sabe o dia de amanhã e depois do que passei, durante quatro meses vendo ele inconsciente e correndo risco de vida, tudo o que quero é vê-lo concretizar os planos com o namorado. Mas Noah garantiu que virá todos os meses me visitar e eu também irei até Nova York.

A placa bem no alto, nas cores vibrantes vermelho e amarelo, era a mesma. Port Laker. O logo plotado na vidraça era o mesmo também. Nada havia mudado. Saímos do carro e caminhamos até a entrada. O dono não era o mesmo. Nem os funcionários. O idiota que me assediava não estava mais aqui. Como sempre, nos sentamos na mesma mesa em que Noah se sentou quando eu o vi pela primeira vez. O mesmo banco vermelho, perto da vidraça.

Noah segurou o cardápio e olhou para tudo a nossa volta, com um sorriso esboçado e um brilho no olhar que percorria por todo o estabelecimento.

— Eu amo esse lugar. — declarou — Foi aqui que a melhor fase da minha começou. Uma linda garçonete loira me atendeu, mesmo visivelmente cansada de trabalhar, deu um sorriso tão incrivelmente lindo...

— Era o mínimo que poderia fazer por um cliente tão maravilhoso e gentil, que eu achei um gato. — um riso leve e breve saiu da minha boca e me emocionei um pouco.

— Agora, olha só... — curvou os lábios, apreciando a ironia dos acontecimentos. — Aqui estamos nós, com uma história e uma amizade tão linda.

— Noah, devo te lembrar que estou grávida e choro com muita facilidade. — segurei o outro cardápio, que estava diferente. As cores pareciam ter se invertido. O cardápio que antes era vermelho e detalhes amarelos, estava ao contrário.

— Você e Christopher já fizeram as pazes? — o loiro riu, achando graça.

Não era nada sério, mas Christopher e eu brigamos por entrar em divergência com os nomes. Ele queria que se fosse menino, se chamasse Jacob e eu respondi que ele tinha que superar crepúsculo, porque ninguém mais nesse planeta chamava Jacob a não ser esse personagem. Pelo menos, nunca vi. Sim! Descobri que Christopher tinha um fraco por crepúsculo. Quem diria... Como ele ficou insistindo, decidi que tudo bem se fosse Taylor. E aí... Ele não gostou. Enfim, confusão.

— Você sabe que Christopher não consegue ficar brigado comigo. Ele mandou flores, uma joia caríssima e bombons franceses. — sorri de lado, bem autoconfiante.

— Christopher está muito feliz com esse filho. Ele fez uma lista de nomes de meninas e uma de meninos, dizendo que ia te mostrar e te convencer que Jacob combinava com Harvey e Lawrence mais do que qualquer outro. — Noah riu, balançando a cabeça.

— Se decidíssemos por Taylor, poderia ser tanto para menina e para menino. Eu gosto de Taylor! — coloquei os braços sobre a mesa, determinada a não ceder.

— Quero até ver quem vai ganhar essa! — gargalhou, recostando as costas no banco vermelho.

— Veremos.

  Uma moça loira com o cabelo liso, preso a um rabo de cavalo e com o uniforme da lanchonete se aproximou. O seu crachá estava escrito Kate. Ela sorriu bem meiga e então disse:

— No que posso ajudá-los?

— Vou querer o hambúrguer monstro e um refrigerante de 700ml. — lhe respondi, com um pedido nada modesto. Mas eu estou grávida e como por dois.

— Eu quero dois hambúrgueres monstros e dois refrigerantes de 700ml, por favor. — Noah sorriu, pleno e nada modesto com o seu pedido.

  Acho que ele também estava comendo por dois.

— A bebida vai ser coca? — a garçonete quis conferir, já que não esclarecemos.

— Sim, para nós dois. — Noah confirmou, com sua serenidade de sempre.

— Bom, se precisarem de alguma coisa é só chamar. — mostrou boa vontade e gentileza — Com licença.

  Ela se retirou e então, colocamos os cardápios de lado. A eficiência desse lugar sempre foi boa. Os pedidos não demoram e os empregados são sempre gentis.

— Sabe, vendo essa garota, me lembrei de você. — o loiro revelou, de repente. — Você cresceu tanto, Kristen. Quando te conheci, era uma menina. Lembro que ainda estudava. Agora é uma mulher forte e que não precisa aguentar mais nenhum patrão assediador. Você é a patroa. — riu, satisfeito.

— Graças a você, Noah. — coloquei a minha mão sobre a sua.

— Não. — se inclinou um pouco para frente — Kristen, você conseguiu sozinha. Foi ideia sua querer tentar a vida fora desse lugar.

— Foi você quem sugeriu Los Angeles e me convenceu a ir. Você sabe que eu pretendia ir para a Flórida ou quem sabe, Boston. — o lembrei. — Você me deu o apoio necessário para conseguir. Sem você, não teria conseguido nada. Não teria conhecido o meu pai.

— Kristen...

— Não. Você fez parte da minha mudança. — insisti, certeira e convicta. — Eu te amo muito, Noah.

— Eu também te amo. — disse, com os olhos brilhando e terno. — Fico feliz por sua vida ter mudado para melhor, por ter encontrado Christopher...

— Eu amo o Christopher, ele é o amor da minha vida. — suspirei, meneando a cabeça. — Mas não foi Christopher que mudou a minha vida, foi você. — apertei levemente a sua mão com anéis caros — Foi você quem balançou o meu mundo. Christopher apenas o complementou.

Noah me olhava com um carinho tão grande, se sentindo amado. E ele era.

— Você mudou a minha vida, Kristen. Quando te conheci, estava na pior fase e tudo parecia não ter mais sentido. Eu não tinha ninguém. — engoliu seco, baixando o olhar e o erguendo rapidamente. — As pessoas dizem que dinheiro não traz felicidade, na verdade, traz sim. Mas é uma felicidade momentânea. Ter ao seu lado uma pessoa que te ama incondicionalmente e que seria capaz de tudo por sua felicidade, é uma felicidade eterna. Eu trocaria todos os meus milhões só para viver a minha amizade com você pelo resto da vida, mesmo que em uma vida simples e humilde. Porque isso é verdadeiro.

Suas palavras abalaram o meu controle emocional. Eram ditas com amor, com carinho e sinceridade. Eu não tive dinheiro para ostentar e nem um pai, mas tive minha mãe e conheci um amor verdadeiro, Noah tinha dinheiro, mas não conhecia o amor dos pais, quem nem sequer tinham para lhe dar.

— Você sabe que sempre poderá contar comigo, não é?

— Eu sei. — o loiro limpou a lágrima que começou a escorrer pelo canto de um dos olhos. — Bom, chega de sentimentalismo. — sorriu, um sorriso largo. — Vamos falar do presente, vamos deixar o passado onde ele deve estar. Para trás.

— Sim. — me animei — Você e Ethan já finalizaram a mobília da casa de vocês em Nova York?

— Estamos finalizando. O quarto do nosso filho também está pronto. Os brinquedos, já chegaram quase todos. — contou, irradiando felicidade.

Noah era muito feliz com Ethan e os dois estavam adotando uma criança. Isso era um máximo. Quando Noah começou a procurar por um orfanato, lhes indicaram somente orfanatos bem requisitados e com nome, porém, o loiro procurou os orfanatos mais pobres, o qual ele ajudou financeiramente e escolheu um deles para procurar pela criança que criaria uma conexão.

— Queria que você tivesse ido com nós para conhecer as crianças. — Noah falou, brincando com o porta-guardanapos.

— Você sabe o porquê.

Noah queria que eu tivesse ido com ele e Ethan no orfanato, mas achei melhor não. Isso era algo que ele e Ethan deveriam seguir sozinhos. Tinha que me limitar. Não importa que criança eles escolham, amaria ela com certeza.

— Não vai nem me dizer o nome? — perguntei, ainda curiosa. Noah de repente, quis fazer surpresa sobre tudo.

— Ele tem um nome muito bonito e eu não vou te contar. Você vai conhecê-lo assim que voltarmos para Los Angeles. Tenho certeza que vai adorar ele. — garantiu, sorridente.

— Ah, Noah! Eu vou morrer de curiosidade para conhecer o meu afilhado. Não pode me mostrar nem uma foto? — persisti em conseguir alguma coisa sobre ele.

— Não. — negou com a cabeça — Vai ser uma surpresa até para você.

— Hum... — curvei os lábios, curiosa e ansiosa.

O nosso pedido chegou, ocupando a bandeja inteira. Os hambúrgueres tinham o tamanho realmente monstro. Noah praticamente lambeu os beiços, apenas apreciando o cheiro delicioso. Não podia julgar, o cheiro aguçava a minha fome, uma tentação.

NOAH
( euzinho mesmo )

Ethan sorria e ansiava para o momento tão esperado. Iríamos buscar o nosso filho, finalmente. Ele era muito especial. Antes mesmo de saber o seu nome, a sua história, eu soube que era ele. Aquele garotinho...

Estávamos esperando Christopher e Kristen, que ainda não haviam descido. Estávamos no Hall da casa. Ethan andava de um lado para o outro, nervoso.

— Ethan, relaxa. Ele adora nós dois e isso não vai mudar. — tentei tranquilizá-lo, mas obviamente não obteria sucesso. Ethan é assim... ansioso.

— Eu sei. Eu sei. — repetiu, talvez mais para si mesmo. — Mas Noah, é diferente. Não me pergunte como.

— Nem preciso. Te conheço e sei os motivos. — sorri, conseguindo roubar um sorriso dele também.

— Não sabe como estou feliz, Noah. — se aproximou, com a felicidade estampada em seu rosto. — Você está aqui e os nossos planos estão se realizando.

— Eu nunca tive dúvida de que se realizariam. — disse, confiante. Desde que aprendi a ser assim, percebi que é a melhor maneira de viver a vida.

Coloquei a minha mão em seu rosto de pele macia e os seus olhos verdes se fixaram nos meus. Ethan tinha um jeito único que me encantava e tudo nele era apaixonável.

— Eu te amo, Noah. — exibiu o mais encantador dos sorrisos, apaixonado.

— Eu também te amo, Ethan.


Me inclinei um pouco e tomei os seus lábios em um beijo moderado e intenso. Nossa vida juntos, começaria em breve e isso me deixava muito feliz. Enquanto me aprofundava naquele beijo, toquei o seu braço, precisando me conter e não ir além. Apreciaria os seus lábios com mais frequência, porque aquele sabor merecia ser provado todos os dias e a cada instante.

Nos afastamos bem devagar, mas agora Ethan estava mais calmo e tranquilo. Era melhor assim.

— Vou pegar o presente dele. — avisou, contente — Já volto.

— Vai lá.

Ethan subiu as escadas, igual a um borrão. Rapidamente. Sorri sozinho ao pensar que tinha escolhido um cara maravilhoso para ficar ao meu lado e ser o meu companheiro. O nosso filho compreendia bem a nossa situação e tinha uma mente bastante aberta sobre a minha relação com Ethan. Ele era muito maduro. Kristen teria uma surpresa.

Alguém começou a descer as escadas, olhei bem e vi Christopher, que se encontrava bem elegante e feliz. Conheci esse cara quase a minha vida toda e nunca imaginei que ele seria o cara que faria a minha Kristen tão feliz. Ironicamente. Também tenho que reconhecer que se tornou um homem bastante responsável e sensato. Ele pode não ter mudado a vida de Kristen, mas ela mudou a vida dele.

— E Kristen? — perguntei, casualmente.

— Você a conhece, está se arrumando e ensaiando todas as formas de falar com o futuro afilhado. — riu ao responder. Um sorriso lindo, isso valia ressaltar.

— Ela vai saber exatamente o que dizer. — dei um sorriso bastante convicto.

— Eu também acho.

— Já sabem quem é o vencedor dos nomes? — quis saber, foi impossível não rir.

— Eu quero Jacob se for menino e Anne se for menina, para Kristen, é Taylor e Taylor. — relatou, bem-humorado. — Estamos em um impasse.

— Eu quero saber quem vai ganhar.

— Quem será, não é mesmo? — Christopher aceitava bem o desafio.

Ele olhou para as escadas, na expectativa de ver Kristen a qualquer momento. Ele a amava, isso era certo, mais do que certo. Christopher matou Troy para garantir a paz dela. Tenho que reconhecer que para matar uma pessoa, tem que possuir bastante coragem e disposição. Tirar uma vida é algo que marca para sempre. Porém, Christopher seguia muito bem, como se nada tivesse acontecido. Na verdade, parece até que gostou de fazer esse desgraçado pagar. Não julgo. Acho que sentiria o mesmo se tivesse feito. Kristen era tudo para mim.

— Christopher... — o chamei, um pouco hesitante.

— O quê? — me dedicou a sua atenção, curioso.

— Esquece. — balancei a cabeça, pensando melhor.

— Não, pode dizer. — me encorajou, querendo saber o que tinha a dizer.

— Bom, é que... — hesitei — Nunca falamos desse assunto e estou curioso a respeito de uma coisa.

— Que assunto? — seu olhar azulado me fitou, cuidadoso e interessado em saber.

— Sobre a morte do Troy.

Christopher parou de me encarar por um instante, cruzando os braços, deixando os pensamentos vagarem, brevemente.

— O que quer saber? — voltou a me olhar, disposto a responder tudo o que perguntasse.

— Na verdade, te admiro por ser capaz de ter feito o que fez para garantir a paz de Kristen. — confessei, com uma enorme admiração, de fato.

Novamente, ele não rendeu mais conversa e ficou em silêncio. Isso era estranho... Na verdade, ele estava estranho.

— O que foi? — insisti, quebrando o silêncio.

— É que... É mais do que isso. — admitiu, bem misterioso e receoso.

— Como assim? — enruguei a testa, repleto de incompreensão expressada no meu rosto.

— É melhor deixar isso para lá. — descruzou os braços, lhe faltando coragem de me revelar o que quer que fosse.

— Me conta... — pedi, precisando saber o que estava acontecendo e o que ele escondia.

— Se eu lhe contar, tem que me prometer que Kristen jamais irá saber. — condicionou — É para o bem dela.

— Se é para o bem dela, eu prometo.

— Você sabe que depois do seu acidente, Kristen foi atrás de Troy e o esfaqueou, não sabe? — relembrou. Isso fazia parte da história que viria.   

— Kristen contou, mas o desgraçado não morreu nem com isso. — me veio em mente as exatas palavras de Kristen quando contou tudo para mim.

— Quando cheguei, tive que impedi-la de esfaqueá-lo novamente e quando me aproximei do infeliz, ele estava praticamente morto, não adiantaria chamar ambulância e nem uma outra ajuda. Não podia deixar Kristen carregar esse peso na consciência, então atirei nele, finalizando o que era inevitável.

Minha Nossa!

As palavras sumiram da minha boca. A informação ainda estava sendo processada na minha cabeça e não conseguia entender. Do mesmo jeito que Christopher mancharia as mãos de sangue pela Kristen, Kristen mancharia as mãos de sangue por mim.

Nesse momento, enxerguei Christopher de uma forma diferente. Ele adquiriu um grande valor para mim. Ele era capaz de tudo pela Kristen e eu também era por ela. Tínhamos o mesmo objetivo.

— Vamos levar esse segredo para o túmulo. — decretei.

— Para o túmulo. — repetiu, concordando comigo.  

Faria de tudo para que nada incomodasse Kristen. A vida dela sempre foi um caos constante e agora, não deixaria nada atrapalhar a sua felicidade.

Olá galera, estão gostando?
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[#] ⚠️ RETA FINAL ⚠️
Antepenúltimo capítulo.
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