sete.
A garota se olhou mais uma vez no espelho e bufou, tirando a camisa que usava e a jogando longe.
─ Mel, chega!
─ Eu não acho nada bom para vestir, Dev! ─ ela respondeu, se jogando em meio a bagunça de roupas que estavam na sua cama.
─ Certo, temos apenas... Qual foi a hora que vocês marcaram de se encontrar? ─ questionou.
Melissa pensou um pouco antes de responder. ─ diante da resposta da amiga, Devon deu-lhe um tapa na testa.
─ Por Merlim, Melissa! ─ a garota olhou-a indignada pelo tapa recebido. ─ Os portões já se abriram a trinta minutos, e se ele já estiver indo? ─ Devon resmungou e se jogou na cama ao lado.
─ Eu talvez tenha feito ele esperar algum tempo? ─ perguntou sorrindo e Devon, que focava em trocar a cor do cabelo, olhou para Melissa.
─ Use aquela calça jeans que Marlene te deu ano passado de aniversário. E, ─ levantou as costas da cama, tirando uma regata preta do meio da bagunça que Melissa causara ali também. ─ Essa. ─ jogou-a para a morena, que a agarrou no ar.
Enquanto Melissa acabava de colocar a calça, Devon se levantou, ajeitando a jaqueta de couro e em seguida passando o dedo entre os cabelos vermelhos.
─ Não 'tá frio. ─ Melissa pontuou. ─ Qual o motivo da jaqueta?
─ Eu gosto dela. ─ deu de ombros. ─ Vamos, você está ótima. ─ afirmou e estendeu a mão. Melissa se olhou no espelho uma última vez, arrumou a tiara azul que prendia os cabelos ondulados e pegou um suéter que estava jogado na cama.
─ Vamos para minha saída com Remus como amigos, Dev. ─ segurou a mão da menina e logo ambas estavam caminhando entre os corredores de Hogwarts para sair do castelo e, finalmente, ir para Hogsmeade.
─ Remus, é bom que um de seus filhos tenha meu nome e eu seja padrinho do outro. ─ Sirius resmungou batendo o pé no chão. Remus revirou os olhos mas abriu um pequeno sorriso.
─ Só estamos saindo como amigos, Almofadinhas. ─ retrucou.
─ Eu nunca falei que a mãe de seus filhos seria Melinda, Aluado. Você acaba de se entregar sozinho. ─ Sirius riu alto e, mesmo com o rosto vermelho, Remus não pôde evitar de rir junto. ─ E como amigos? Que merda foi essa, Aluado?
─ Eu não sei! Acho que fiquei nervoso na hora. Além do mais...
─ ...você tem aquele problema, eu sei. Já lhe disse várias vezes que pelas poucas semanas que conheço Melin- ─ Sirius se interrompeu quando viu que a garota de quem falavam estava chegando até a entrada do vilarejo de mãos dadas com Devon Hills que, naquele dia, estava com os cabelos cor de fogo e uma jaqueta de couro preta, completamente sexy. Sirius balançou a cabeça espantando o pensamento e olhou para a própria roupa, vendo que usava uma jaqueta parecida.
─ E aí. ─ Devon cumprimentou os garotos e Melissa apenas fez um aceno de cabeça.
─ Desculpe pela demora. ─ Melissa se prontificou com o pedido de desculpas.
─ Não estávamos aqui a muito tempo. ─ Remus balançou os ombros, como se o "atraso" da garota não fosse nada demais. Sirius o olhou indignado.
─ Não estamos aqui a muito tempo?! ─ perguntou e Devon achou graça na indignação do garoto. ─ Você precisa aprender a definir um horário, Aluado. ─ balançou a cabeça afirmando.
Os quatro se encontravam parados um de frente para o outro.
─ Certo, deu meu tempo aqui. Vou encontrar Peter, já que James está com Lily. ─ fingiu limpar uma lágrima diante a última frase. ─ Vamos, Dev, aquele seu amigo, Jack, estava com Peter. ─ agarrou o braço da menina. Devon deu um tapa na mão de Sirius, fazendo-o largar seu braço.
─ É senhorita Hills 'pra você. E você ─ se virou para Remus. ─ cuide de minha garota, Lupin. Quero ela inteira quando essa "saída de amigos" ─ fez aspas com os dedos. ─ acabar.
─ Certo, senhorita Hills, ─ Sirius debochou. ─ vamos logo. Não se esqueça que um de seus filhos tem que ter meu nome, Remus! ─ gritou para o amigo enquanto saía correndo atrás de Devon que já estava quase na entrada do Três Vassouras.
Um silêncio pairou. Nenhum dos dois sabia muito bem o que falar.
─ Então... ─ Melissa começou.
─ Então... ─ a fala foi repetida por Remus e Melissa riu.
─ Eu estava pensando em ir na Dedos de Mel, soube que eles lançaram um doce novo...
─ Picolés ácidos de chocolate? ─ o garoto perguntou antes mesmo que a corvina terminasse a fala. Essa assentiu.
─ Você ouviu falar neles? ─ perguntou animada.
─ Por Merlim, estou esperando eles desde mês passado quando anunciaram! ─ explicou sorrindo. Haviam encontrado uma coisa em comum.
─ Ela não parece estar cheia, acho que os alunos ainda estão chegando... ─ afirmou pensativa. ─ Quer ir lá primeiro? ─ Remus balançou a cabeça em um gesto mudo de quem dizia sim.
O sorriso que antes estava estampado na face de Lupin passou para a de Barnes que, rapidamente agarrou a mão do grifinório e começou a puxá-lo até a loja de doces, começando a falar sobre a última aula de Transfiguração. Ela pareceu não reparar no gesto automático de segurar a mão de Remus mas o garoto definitivamente havia reparado e não fez questão alguma de soltar a mão de Melissa Barnes.
Remus Lupin e Melissa Barnes passaram o resto do dia passeando pelas lojas de Hogsmeade. Foram até a Dedos de Mel pelo menos quatro vezes, compraram uma pena que Melissa precisava, passaram no Três Vassouras para conversar com Madame Rosemerta e acabaram vendo que Lily e James tinham uma conversa animada. Foram também no Cabeça de Javali, a pedido de Melissa, que, todas as vezes que ia para Hogsmeade passava no bar para conversar com o dono do lugar. Surpreendentemente, Aberforth, naquele dia, estava menos rabugento do que o normal. Finalmente, pouco antes do horário de retornarem à Hogwarts, pararam em frente a Casa dos Gritos.
Melissa sentou-se na grama verde sem se preocupar se sujaria ou não as vestes. Remus hesitou, mas seguiu o exemplo da corvina.
─ Dizem que é assombrada. ─ Remus comentou sem humor algum na voz. Melissa balançou a cabeça e abriu uma barra de chocolate da Dedos de Mel.
─ Eu acho que isso é mentira... Você quer? ─ estendeu a barra para Remus; o garoto pegou um pedaço sem hesitar.
─ E no que você acredita, Melissa? ─ questionou com curiosidade para saber a resposta da garota.
─ Você pode me chamar de Mel, Remus. ─ ela sorriu. ─ E, essa casa parece velha, ─ Melissa deu de ombros. ─ provavelmente são barulhos da madeira quebrando ou das janelas e das portas batendo.
─ Provavelmente. ─ ele concordou.
─ Por que? Você acha que a casa é realmente mal assombrada?
Remus demorou antes de responder.
─ Talvez tenha alguma criatura que vive lá.
─ E por que essa criatura nunca saiu daquela casa?
─ Talvez seja algum monstro. ─ chutou fingindo não saber de nada.
─ E ele nunca saiu de lá e atacou alguém da vila? Improvável que seja. ─ contestou.
─ Pode existir alguém que o impeça de fazer isso, oras. ─ o assunto começava a chateá-lo.
─ Talvez. Mas se existisse um, eu não acho que ele seria tão ruim assim quanto todos devem pensar. ─ Melissa disse, quebrando o último pedaço da barra de chocolate em dois pedaços e dando um para Remus.
─ Um monstro que não seria tão ruim, Mel? ─ Remus se forçou para rir. Acima deles, o céu começava a ganhar um tom alaranjado. ─ Parece quase como uma piada sem-graça.
─ Nem todos os monstros fazem coisas monstruosas. ─ ela sorriu e comeu o pedaço de chocolate que segurava. ─ Nem todos eles são ruins, Remus.
Remus sabia que não deveria mas, com a fala de Melissa, ficou inexplicavelmente feliz.
Por um curto momento, em frente a casa que ia toda a lua cheia, onde se transformava em um monstro, Remus Lupin se permitiu pensar que, se Melissa Barnes soubesse a verdade sobre, talvez não o odiaria; talvez Sirius, James e Peter estavam certos e, seu "problema peludo" não seria um problema caso ele quisesse algo a mais do que amizade com aquela garota e, por Merlim, ele queria tanto!