once upon a plug {l.s}

By infactIarry

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Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

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Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

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By infactIarry

LOUEH

Eu atualizei e ainda é quarta-feira? Ha!, eu disse que nosso dia era quarta (as vezes é na madrugada da quinta mas quem está contando?)

Queria agradecer a empolgação sobre a pequena caçada ao Plug (rs) e também deixar aqui avisado que esse capítulo está cheio de surpresas (nas entrelinhas, inclusive). Cap passado tinha várias pistas que muitos deixaram passar (considerando pelos comentários, pelo menos), então fiquem atentos!

Outra coisa, ainda sobre o cap que vão ler agora: há mudanças cronológicas grandes nas divisões, dias, semanas e etc, então fiquem ligados.

Dito isso, boa leitura, amo ocês desde aqui de cima ó

PS.: como estão nas teorias? rs

Nem começou ainda, se preparem pro drama

e pros smuts (NINGUÉM ME SEGURA NO SMUT DESSA SURUBA MDS)

Desculpa o desabafo, é uma cena que eu realmente estou dedicando tempo e criatividade para desenvolver

cap está...

- Shhh.

Louis murmurou para Harry. Suas veias ardiam em adrenalina, suas bochechas pulsavam em antecipação e seu peito subia e descia em ofegos. Podia ouvir o burburinho dos jogadores conversando, rindo e se preparando do outro lado do vestiário, separados por uma barreira de armários de metal, apenas. Mesmo em um ambiente com várias janelas, sentia o suor acumulando na testa. Olhando por detrás do ombro, esmeraldas focavam ansiosas em si e, em uma respiração engatada, alinhou o pau lubrificado pelo boquete recente na entrada de Harry, também preparada pelos próprios dedos do jogador há apenas alguns instantes atrás.

Ficou estático. Harry, com o peitoral pressionado no armário de metal em que se apoiavam, manteve seus olhares conectados durante todo o processo. Seus corações estavam tão acelerados que os sentiam em seus ouvidos. Se comunicavam sem palavras. Devemos mesmo fazer isso? E se alguém nos pegar? E se alguém nos ouvir? Tentavam acumular suas coragens, talvez apenas o suficiente para ir adiante com aquilo, mesmo após terem feito quase todas as preliminares naquele ambiente improvável, qualquer coisa - buscando literalmente qualquer coisa capaz de os incentivarem a quebrar aquela barreira.

Tudo ficava ainda mais difícil de processar quando Harry pulsava contra si, ansiando por aquele contato tanto quanto ele, ou quando seus mamilos reclamavam pela falta de contato que até alguns minutos atrás se fazia presente, ou quando seu pau liberava cada vez mais pré-gozo, acumulando na pele quente de Harry. Eles queriam tanto, mas o medo de serem pegos e arriscarem uma advertência era tão gritante em suas mentes - Harry podia ser expulso do time por transar no vestiário?

Valeria a pena?

Valeria a pena arriscar tanto?

- Vamos, o treino começa em dez. Se não se apressarem, já sabem, flexões. - e quando ouviram a voz do treinador do outro lado dos armários, Louis teve a certeza de que Harry havia tomado uma decisão. Afinal, a carreira no esporte era sua e só ele poderia responder àquelas perguntas.

Não levou um instante para verbalizar sua decisão.

- Loueh. - sua voz soou baixa e imponente, seus olhares ainda conectados com urgência e pura luxúria. - Você ouviu o treinador. Temos dez.

Louis demorou alguns milésimos de segundo para processar aquela informação, mas quando o fez, começou a pressionar seu pau, cada vez mais, contra a entrada resistente de Harry - ele estava lenta mas certamente se acostumando com aquilo, podia constatar por sua linguagem corporal. Contudo, Louis era grande e isso não ia embora independentemente de quantas vezes transassem, por isso, estendeu uma das mãos para cobrir sua boca, abafando gemidos estridentes que ameaçavam sair, enquanto a outra permanecia pressionando seu pau.

A bagunça de vozes e comandos do treinador do outro lado do vestiário era trilha sonora enquanto se movia, até que sentiu resistência demais e parou de pressionar seu pau. Harry o encarava pelo ombro, e seu contato visual, ainda que sôfrego e até lacrimejando, demonstrava apenas uma coisa. Não para. Hesitante a princípio, Louis tomou fôlego antes de começar a se mexer de novo, seu quadril investindo e quase não surtindo efeito ao que Harry estava extremamente apertado ao redor de seu pau.

Deixando um gemido baixo escapar, se repreendeu mordendo os lábios enquanto aumentava a intensidade, agora efetivamente entrando e saindo de Harry, que deixava algumas lágrimas descerem de seus olhos conforme os revirava em prazer. Embolando os dedos na barra da camiseta do namorado, para apoio do movimento, Louis se segurou firme nos pés, mesmo que a imagem à sua frente tentasse de todas as formas o derrubar.

Harry, com a bunda exposta e tomada por seu pau, ao menos o que conseguia dele, vestindo a camiseta sem mangas número 28 dos Wolves, com os braços flexionados e os bíceps à mostra, punhos contra o armário em que estava pressionado e com a bochecha apoiada no próprio ombro, permitindo que Louis enxergasse suas feições durante todo o movimento - pele vermelha e suada, lábios mordiscados e olhos úmidos.

Podia ter um orgasmo só com a visão.

- Sete minutos, pessoal. Vamos, não temos o dia todo. - o treinador Travis gritou enquanto palmas soavam.

Como se já não estivesse com o coração acelerado o bastante, Louis xingou baixo pela pressão. Aquelas palavras pareceram surtir efeito em Harry, e com uma dose extra de adrenalina nas veias, estendeu uma das mãos para trás e agarrou a nuca de Louis, o trazendo para perto até que seu peitoral estivesse pressionado contra suas costas - com o movimento, mais de seu pau foi colocado para dentro, bruscamente. Sem tempo para conter gemidos, puxou o namorado cada vez mais para si, incentivando-o a continuar.

A expectativa estava os alcançando e a adrenalina não contribuía para manter os movimentos controlados.

Com o nariz no ombro de Harry, Louis o segurou firme com as duas mãos enquanto aumentava a intensidade. Precisavam ser rápidos e eficientes mas ainda queria que Harry sentisse o máximo de prazer possível - pela expressão franzida, estava sentindo dor, e sem se importar se tinham cinco, dez ou quinze minutos, esticou uma das mãos para a frente de seu corpo, encontrando seu pau necessitado e vazando.

Segurou-o pela base enquanto era recebido por sua entrada quente e apertada, sincronizando os movimentos. Harry logo tratou de pressionar a testa contra o armário frio, deixando diversos gemidos escaparem, incapaz de processar qualquer coisa além do rebolado insano de Louis contra sua bunda, atingindo todos os lugares certos nos momentos ideais.

- Cinco minutos, vamos, para o campo!

- Porra. - Harry grunhiu ao que todo seu corpo se contraiu em espasmos, Louis certeiro em todos os movimentos, tanto dos quadris quanto de suas mãos.

Não bastava ter um pau grande, ele ainda tinha dedos ágeis que moviam-se da forma adequada quando precisava, como um banho de estímulos que fazia Harry querer gritar a plenos pulmões e se encolher em uma bola, tomado por prazer. Mas não era o caso ali, por isso, tremendo pelo orgasmo iminente, se manteve firme nos pés para que conseguisse a experiência completa.

Louis sentia suas coxas arderem pelo esforço intenso mas não podia parar agora. Não tinham tempo. O pau de Harry pulsava sob seus dedos e pré-gozo escorria de sua glande, umedecendo e facilitando o movimento controlado e firme. Podiam ouvir os jogadores conversando e se apressando para deixar o vestiário mas, em questão de instantes, ao que o orgasmo se aproximava, tudo que os ouvidos de Louis pareceram focar era no eco de suas coxas batendo contra a bunda de Harry, repetidamente.

Sentindo que estava próximo, parou os movimentos de masturbação, mantendo seus dedos ao redor da glande de Harry, o polegar firmemente contra a fenda, esfregando a região extra sensível como se sua vida dependesse daquilo. Surtindo os efeitos do carinho, Harry tentou se contorcer mediante tantos estímulos, suas pernas tremendo ainda mais e seu estômago reverberando as sensações, mas ambas as mãos de Louis permaneceram inabaláveis - uma em seu pau e a outra em sua cintura, a empurrando para baixo para que sua bunda fique empinada e favoreça as investidas assertivas.

- Dois minutos, vamos! Treino, agora. Alguém viu o Styles?

Sem se importar e cego pelos estímulos, Harry socou o armário, a adrenalina tomando seus sentidos. Louis, sabendo que era agora ou nunca, cessou os movimentos e se manteve firme contra a bunda de Harry, pressionando seu pau exatamente onde sabia que o faria gozar. Não teria outra chance.

Ignorando qualquer barulho, se concentrou em mover seu quadril lenta mas certeiramente, rebolando e investindo contra a próstata de Harry tão intensamente que nunca deixava de surrá-la, mas sempre encontrava um novo ângulo de o fazer.

Gemendo contra o cotovelo, Harry teve a certeza de que teria um orgasmo quando sentiu o polegar de Louis deslizando em sua fenda completamente encharcada de pré-gozo, e em segundos, sua porra. Tudo ficou preto e silencioso, não havia mais vestiário, treinador ou jogadores - apenas ele, Louis e a sensação mais leve e avassaladora em seu estômago, tomando seus membros em puro êxtase. Sentia seus pés pesados contra o chão mas as coxas leves embora tremendo, os braços tensionados pela força exigida no movimento mas os nós nas mãos finalmente relaxando, e quando conseguiu respirar pelo nariz e expirar pela boca, os olhos verdes captaram alguma imagem coerente, fora da confusão de êxtase.

Desviou do armário de metal à sua frente para encontrar olhos azuis dilatados atrás de si, acompanhados de bochechas rubras e suadas e lábios denunciando um sorriso orgulhoso. Aos poucos seu corpo começou a reagir novamente aos estímulos externos, e pôde notar os dedos ainda ao redor de sua glande e o pau ainda dentro de si - não precisou mais do que alguns instantes para perceber que Louis havia gozado, e também sorriu orgulhoso ao se sentir preenchido.

Uma das melhores sensações.

Com um suspiro, ainda funcionando à base de adrenalina e ansiedade, observou ao que Louis encostava o nariz em seu ombro, de novo.

- Conseguimos. - disse, orgulhosamente, e sentiu Louis beijar seu ombro em concordância.

- Styles?

A voz do treinador se fez presente mais uma vez e não demorou mais que alguns instantes para estarem separados. Não teve tempo de processar a dor se alastrando e o vazio tomando conta de seus sentidos ao que não tinha mais Louis consigo, muito menos os espasmos pós-orgasmo, mas foi com um sorriso malicioso direcionado ao namorado - àquela altura escondido atrás de um armário de metal, já completamente vestido - que se despediu e foi em direção ao campo.

Ainda tinha um treino para comparecer.

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- Vocês estão me atrapalhando. - Niall resmungou, mesmo que nenhum dos rapazes conseguisse ver seu rosto franzido em irritação com sua atenção totalmente focada no videogame, inabalável.

- Jura que nós estamos te atrapalhando? - Louis ironizou, completamente desconcertado por todo o barulho que os rodeava. Talvez não tivesse sido uma boa ideia se reunirem no dormitório, ao mesmo tempo e com prioridades diferentes. - Você está perdendo tempo nessa droga de jogo de golf.

- Se eu quero ser bom, preciso treinar.

- Sabe como vai conseguir ser bom em golf? - Louis retrucou, finalmente erguendo o olhar irritadiço para as costas do amigo, que ainda se concentrava no videogame.

- Como?

- Parando de jogar a droga do golf. - disparou, a voz ácida.

Niall pausou o videogame e, com esse marco inédito, todos os rapazes pararam o que estavam fazendo para acompanhar a discussão que escalou rapidamente, o clima no dormitório ficando, no mínimo, tenso.

Olhando por detrás do ombro para Louis, Niall ergueu uma sobrancelha, o queixo tremendo.

- O que disse?

- Eu disse que deveria parar de jogar a droga do golf. - Louis enunciou novamente, com calma e boa dicção para garantir que Niall não perderia uma palavra sequer de sua provocação, que se estendia para os olhos azuis eletrizantes e o sorriso ladino. - Devo repetir ou pegou o contexto?

Deixando o controle ao lado de seu corpo, Niall se ajeitou no puff para que ficasse de frente, seu ombro remexendo desconfortavelmente e demonstrando todo seu descontentamento com aquele insulto. Harry, deitado ao lado de Louis na cama, encarou o namorado com olhos arregalados.

- Acho que peguei o contexto. - o sotaque irlandês estava carregado.

- Que bom.

- O contexto do quão idiota você é, seu idiota. - a voz de Niall se elevou mas, falhando em controlar as risadas que ameaçavam sair, seu tom se embrulhou em um misto de diversão e rudez.

Revirando os olhos, Louis fez um bico tedioso para o loiro.

- Sério? Não sabe nem insultar direito e ainda quer jogar golf?

Assim que Niall se levantou do puff, cambaleando e cego pela vontade de enfiar o controle do XBox na boca de Louis até que o ouvisse gaguejar comandos, Liam esticou o braço e o puxou para baixo, colando sua bunda novamente no estofado. Sem mover ou retumbar mais nenhum músculo além dos bíceps, o jogador agora careca revirou os olhos pros dois amigos que ainda insistiam em se provocar visualmente.

- Vocês podem, por favor, crescer? - erguendo um dedo e apontando-o para Louis, Liam suspirou. - Crescer de idade, é claro, foi mal, Lou, deveria ter sido mais específico.

Agarrando o travesseiro mais próximo à si, que estava debaixo da cabeça de Harry, Louis o arremessou em Liam, errando a mira e acertando Zayn, inocente, quieto e avulso à toda a situação enquanto vasculhava sua enorme maleta de maquiagens.

- Ei! - resmungou ao ouvir o barulho do rímel caindo no chão. Assim que processou o acidente, ergueu os olhos pressionados para um Louis assustado e até mesmo arrependido. - Você deu sorte que ele estava fechado, seu anão.

Segurando o namorado pela cintura, Harry impediu que Zayn levasse um soco na cara, embalando Louis em um abraço apertado e os rolando na cama até que tivesse as costas pressionadas no colchão macio, os braços imobilizados acima da cabeça e a cintura carregada com o peso de seu quadril.

- Chega! - e com aquele comando irritado, Harry calou a todos. Louis, abaixo de seu corpo, arregalou os olhos e em seguida sorriu pervertido.

- Hm, gosto quando fala assim. O que acha de canalizar essa energia, hu?

Zayn tratou de arremessar o travesseiro de volta para Louis, acertando em cheio e o fazendo xingar alto. Com aquela deixa, Harry, rindo, soltou seu peso por completo sobre o namorado, que de prontidão, enrolou os braços em sua cintura e buscou se aconchegar. Em uma bagunça de braços, moletons e cobertas que estavam sobre a cama de solteiro de Niall - mesmo a de Louis estando, literalmente, na outra parede - se permitiram relaxar por um instante.

Havia sido uma semana intensa de treinos, ensaios, aulas e a vida usual que nunca parecia se tornar fácil, e naquela quinta-feira à noite, só queriam relaxar - mas as obrigações pareciam ir na direção contrária. Liam estava concentrado em desvendar uma série de códigos no computador, mas a julgar pela quantidade de horas que já havia dedicado àquilo, não iria terminar antes do amanhecer. Zayn vasculhava em sua maleta de maquiagens, que era no mínimo gigante, para tentar achar os materiais necessários pra sessão que faria no dia seguinte, os guardando em outra bolsa menor - dividia a cama de Louis com o namorado. Harry, já tendo afastado o notebook para longe há algum tempo, tentava editar algumas fotos restantes para seu projeto, mas simplesmente não parecia funcionar, exausto demais para elaborar disposições de contraste e saturação. E Louis se perdia em folhas e mais folhas de scripts pro musical, além de harmonias e partituras - algumas dos arranjos de Grease, que embora conhecesse como a palma de suas mãos, ainda precisava ensaiar, e outras das músicas que ele mesmo escreveu.

Tirando Niall, que ignorava tudo de cunho acadêmico para jogar videogame e responder as mensagens constantes da gêmea (uma de três) que conheceu na festa, todos os rapazes se colocavam ocupados com alguma coisa.

Isso era uma droga.

- Você também está com fome? - a voz rouca de Harry soou contra o vão do pescoço de Louis, que ergueu uma sobrancelha para o teto, a única coisa tomando seu campo de visão no momento.

- Como assim também?

- Niall obviamente está faminto. Não viu como ele perdeu a paciência? - como se fosse um detetive, Harry murmurou, se distraindo com pequenos e nada inocentes beijos na clavícula do namorado, que se remexia sob seu corpo, reagindo aos estímulos.

- Ou ele pode só estar cansado, igual todos nós. - retrucando, Louis fechou os olhos, os beijos de Harry subindo para a base de sua nuca e tomando algum tempo ali, mais intensos e molhados. - O que está fazendo?

- Tirando a saudade.

- De que?

- Do gosto da sua pele na minha língua. - quase sussurrando já que estava lambendo a parte de trás da orelha de Louis, Harry aproveitou que tinha seus corpos juntos para entrelaçar suas coxas em movimentos sugestivos.

Mordiscando o próprio lábio inferior, Louis falhou em conter um ofego, as pálpebras tão firmes e fechadas que via manchas pretas. Podia sentir olhares sobre si, mas nada mais importava além das sensações de Harry rebolando contra seu quadril e lambendo seu lóbulo castamente.

- Os rapazes... - conseguiu cuspir para fora e isso fez Harry rir contra seu pescoço, já descendo mais uma vez com as carícias. Aquela era uma área extra sensível para Louis, considerando que sempre tinha alguma marca recente na pele.

- Que se foda. - Harry retrucou e Louis, mesmo de olhos fechados, pôde visualizar perfeitamente seu sorriso sacana acompanhado de duas covinhas. - Que se foda os rapazes e, quer saber mais? Você também. Que se foda você.

- O q....

- Que se foda você por estar insuportavelmente lindo hoje. Com aquela jaqueta de couro estúpida. Eu te odeio. - ofegou forte contra sua clavícula, incapaz de manter tanto as mordidas quanto as investidas em seus quadris. - Quer dizer, eu não te odeio. Eu te amo. Mas te odeio por estar insuportavelmente lindo hoje.

Sentindo suas bochechas arderem, Louis ofegou, se forçando a puxar os cachos que cutucavam seu rosto para trás até que os olhos verdes estivessem alinhados aos seus azuis. Harry estava tão vermelho quanto, os lábios inchados pelos diversos beijos e a respiração descompassada. E a julgar por suas íris dilatadas em luxúria, intenções subliminares estavam presentes.

Louis começou a dizer algo mas desistiu antes mesmo da primeira palavra ser enunciada, trazendo o rosto de Harry para perto mais uma vez e se utilizando dos cachos como guia. Suas línguas esfregavam juntas enquanto suas cabeças iam em direções contrárias, permitindo cada vez mais espaço para se conectarem. Era urgente, úmido e barulhento.

Enrolando suas coxas grossas no torso de Harry, Louis gemeu manhoso e baixo ao sentir seus quadris se movimentando em círculos, instigando coisas inapropriadas demais para um ambiente em que não estavam sozinhos. Mas Harry pareceu não ligar, gemendo rouco contra seus lábios e o pressionando no colchão, sem precedentes. Suas mãos alcançaram a bunda do namorado, apertando a carne farta até que o ouvisse grunhir, e somente aí, o puxou para cima.

Louis resmungou ao ter seus lábios separados, no instante em que as costas de Harry caíram sobre o colchão e ele se viu sentado sobre sua cintura, sinais de uma ereção pulsando sob sua bunda. Resistindo aos instintos de voltar a conectar seus lábios, mesmo quando Harry não perdia tempo em enfiar as mãos sob o tecido do moletom, deslizando a ponta dos dedos por sua pele quente, se forçou a erguer o olhar - e o que encontrou lhe tomou o pouco ar que restava nos pulmões.

O videogame estava pausado e Niall, ainda sentado no puff, tinha os olhos fixos na movimentação sobre sua cama, o controle do XBox falhando em cobrir sua ereção. E Liam e Zayn, ambos na cama de Louis, na parede oposta, tinham bochechas rubras e respirações profundas demais para quem tentava desviar o olhar.

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- Eu 'to falando. Foi completamente estranho. - Louis resmungou para Bebe. - E desconfortável. - acrescentou.

- Sabe o que também é desconfortável? - a loira ironizou. - Abrir espacate.

Parando de devanear pelo estúdio com o olhar, Louis focou os olhos azuis em Bebe, a sua frente, e em como tinha os pés empurrando o interior das coxas da amiga, a ajudando a alongar. Mesmo sobre um tapete, ainda sentiam suas bundas doerem com o atrito do chão.

- Podemos focar no meu problema, por favor?

Revirando os olhos enquanto bufava, Bebe recuou um pouco no tapete, afrouxando a pressão em suas coxas que já não aguentava mais serem alongadas.

- Sim, Louis, podemos. Me diga, ó senhor, como posso te colocar no centro do Sistema Solar mais uma vez?

Louis ergueu uma sobrancelha para a loira.

- Se eu sou mesmo o centro dele, talvez devêssemos renomear para Sistema Lounar.

- Eu, de verdade, quero que você vá se foder. - com uma expressão de completa seriedade, Bebe ignorou as reclamações preliminares de Louis. - Sabe se foder? É pra lá que eu quero que você vá.

Respirando fundo, Louis dramatizou.

- Eu estou falando sério, Sandy. Foi totalmente confuso.

- Não é confuso, Zuko. É bem simples, na verdade.

- Ah, é?

- É.

- Então, por favor, me explique. Ilumine o meu ser e guie a minha mente para a solução, porque eu, sinceramente, não sei o que fazer pra acabar com esse desconforto que assombra os rapazes ultimamente.

- Só...

- Só..?

Bebe deu de ombros, sem fazer muito caso.

- Só vão surubar. Tenho certeza que isso é tesão acumulado.

Louis revirou os olhos, nem um pouco convencido e levemente surpreso pela abordagem.

- Puff. Tesão. Puff. Acumulado. Puff. Liam e Zayn transam todos os dias, acredite, eu sei. Sempre que eu e Harry queremos transar, temos que revezar o dormitório com eles. E Niall... ele tem a gêmea. E, mais uma vez, eu também sei que eles transam todos os dias, porque além de ser no meu dormitório, quando o do Harry está ocupado, é pra lá que vamos transar.

Bebe o encarou com um sorriso ladino.

- Está me dizendo que todos vocês transam diariamente.

- Isso.

- E que quando estão juntos, fica um clima estranho.

- Exatamente.

- Que, mesmo transando todos os dias, vocês ainda se sentem desconfortáveis perto um do outro.

- Hmhmm.

Suspirando enquanto batia as duas mãos nas coxas, ainda sendo pressionadas pelos pés de Louis, Bebe se ajeitou no tapete, sentando sobre sua pélvis e abrindo um espacate lateral sem a maior dificuldade. Com os olhos arregalados e a boca aberta, Louis recolheu suas pernas a tempo da loira sorrir para si.

- Eu 'to falando. Suruba.

E com essa deixa, se levantaram para ensaiar para o musical. Ainda precisavam ajustar as harmonias e sincronizar melhor a coreografia - ou seja, mais um longo dia no estúdio.

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- Sr. Tomlinson, está meio aéreo hoje. - srta. McGregor pontuou enquanto deslizava suntuosamente pelo chão do estúdio, não precisando ao menos parar os olhos em Louis para constatar tal fato. - Alguma coisa errada?

Finalmente repousando os olhos inquisitivos mas amenos no rapaz, srta. McGregor pressionou o script contra o corpo - um claro sinal de que aquele seria o último diálogo antes de começarem efetivamente o ensaio, e isso, talvez, tenha inclinado Louis a dar de ombros e sorrir sem graça, olhares demais focados em si e muita coisa em jogo para sequer cogitar interromper.

- Tudo certo, srta. McGregor.

Assim que sua voz soou, a professora assentiu satisfeita, embora ainda tenha segurado o olhar por alguns instantes, apenas para garantir a veracidade de suas palavras. Sabia que não eram verdadeiras, e com um suspiro, caminhou até o centro do estúdio, onde todos podiam vê-la e ouvi-la com clareza.

- Atenção, cena Agora Eu Sei Que Me Respeita, cenário: carro. Bebe, Louis, em posição.

E imediatamente traduzindo aquelas instruções, todos presentes no estúdio executaram suas respectivas tarefas, puxando a peça do cenário que fazia referência ao conversível vermelho para o centro do ambiente e na frente da tela que simbolizava o céu estrelado - a cena, de fato, se passava em um cinema drive-in - deram espaço para Bebe, com o figurino teste composto por um vestido clássico anos 70/80 verde claro e cabelo atado em um refinado rabo de cavalo alto, e Louis, com o combo típico de camiseta branca, jaqueta de couro e jeans preto, além do topete com o cacho modelado caindo sobre a testa, entrarem no cenário com seus scripts em mãos, apenas aguardando o sinal para iniciarem.

Após analisar a disposição de tudo e todos - desde a centralização do carro, a iluminação do plano de fundo, a distância entre o veículo principal e os demais, até a forma que o vestido se destacava e os microfones repousavam em seus queixos - srta. McGregor balançou a cabeça e ergueu a mão. O sinal.

Com uma contagem baixa e que chamou a atenção de cada pessoa naquele ambiente, permitiu que começassem a cena. A partir daquele instante, Louis era Danny Zuko e Bebe era Sandy. Na mesa de som, foi ativado o barulho de buzinas, pessoas conversando e carros estacionando, ambientalizando o cinema drive-in, Sandy de braços cruzados enquanto Danny, ao seu lado no carro vermelho, tentava incessantemente chamar sua atenção - abrangendo o detalhe principal da cena inteira, onde lutava para tirar um anel de seu dedo, enquanto o escondia da outra.

Sem ter sucesso e já chamando atenção da parceira de cena, Zuko se irrita com o objeto preso em seu dedo, o barulho ao redor aumentando gradualmente enquanto um locutor anuncia que o filme vai começar em breve, ambientalizados como em um parque de diversões.

Esfregando a mão no cabelo, disfarçado de um casual arrumar de fios - esperançoso que o gel em excesso fosse ser o suficiente - Danny concentra toda sua força em arrancar o anel do dedo. Estava certo, de fato, e com a lubrificação do gel, a jóia saiu sem muita dificuldade, fazendo com que o impulso da ação leve seu cotovelo direto ao peito de Sandy, sentada no banco do passageiro no conversível.

Com um grito doloroso, ela protesta.

- Oh! Sandy, eu... eu sinto muito, eu... - Zuko lamentou, rapidamente virando no banco do motorista para oferecer apoio à companheira. Completamente sem graça e sem saber como agir, disfarça colocando a mão no volante, já que Sandy olhava fixamente para a tela e tinha a mão na área acertada, inflexível em dar-lhe atenção.

Sem se conter, Danny esconde o rosto na lateral do carro, rindo sem som do acidente - porque, de fato, o achou cômico. Após alguns segundos para reunir mais uma vez sua compostura, se volta para Sandy, que não mostra a melhor das expressões.

- Ei, Sandy, hm... - ao captar a atenção da moça, finalmente, Danny sorri galanteador. - Você usaria o meu anel? - e estendeu o objeto antes preso em seus próprios dedos na direção da companheira.

- Oh, Danny... - rindo sem graça e lisonjeada, Sandy segura o anel, que ainda está no aperto do rapaz. - Eu nem sei o que dizer.

- Diga sim. - já pegando delicadamente a mão da loira para colocar o anel, Danny se vira no banco.

- Sim! - Sandy ecoa, sorrindo largo e não hesitando em beijá-lo na bochecha após ter a joia devidamente encaixada em seu dedo.

Assim que o carinho cessa, retorna à posição inicial no banco do passageiro e é tomada pela alegria e animação do anel, o encarando com um sorriso satisfeito. Ao observar a cena, Danny volta a colocar a mão no volante, a outra, repousando no encosto do banco de Sandy, o suficiente para se aproximar de seu ombro.

Emocionada, Sandy mal se dá conta do movimento, logo se virando no banco para encarar o rapaz mais uma vez.

- Oh, Danny, isso significa tanto pra mim... - suas mãos estão juntas contra o peito, o anel dentro do gesto. - Porque agora eu sei que me respeita.

Entretida em se envergonhar com a confissão, Sandy retorna as costas ao banco. Zuko, arregalando os olhos ao que desviava do momento, transforma sua expressão em uma enigmática, claramente preocupado que Sandy talvez estivesse exagerando em relação aos seus sentimentos.

Ele só queria um lance de verão, afinal.

Aquele ensaio encerrava mais uma semana exaustiva de harmonias, cenas, coreografias, cenários e figurinos - estavam cada vez mais próximos da estreia e não podiam perder tempo. Mas isso não impediu Louis de trocar um sorriso orgulhoso com Bebe, ainda no carro do cenário mesmo após o sinal que encerrava a cena.

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- Eu tenho um peixe-dourado chamado arco-íris.

Louis ergueu um olhar curioso para o rapaz em sua frente. Estavam na fraternidade, era sexta-feira e seus planos consistiam em: 1) ficar bêbados 2) ficar chapados 3) tentar fazer suas obrigações bêbados e chapados 4) falhar em fazer suas obrigações porque estavam bêbados e chapados 5) reclamar que não fizeram suas obrigações enquanto ainda estão bêbados e chapados.

- Sério? Que incrível. - disse, genuinamente animado. O rapaz, membro da fraternidade, sorriu orgulhoso frente ao elogio.

- Eu sei. E tem mais. Ele muda de cor a cada duas semanas.

Abrindo a boca e em seguida a fechando, Louis ergueu os ombros confuso com aquela declaração, sem saber como reagir. Zachary, ao seu lado no sofá de couro, bebeu um gole de sua cerveja de forma suspeita.

Assim que o rapaz, levemente embriagado, deixou a área onde estavam, sem conter a curiosidade, Louis se virou no sofá, encarando Zachary com expectativa.

- O que?!

Rindo contra a latinha, o moreno assentiu, como se aquelas duas palavras representassem bem a situação.

- Pois é. E esse - indicou o rapaz que acabara de se levantar com a bebida. - É o Paw.

Olhando do rapaz para Zachary algumas vezes, Louis piscou repetidamente.

- Como assim? Mas? O que?

Sem saber se sorria ou se ria, Zachary assentiu de novo, simpatizando com aquele sentimento.

- De novo, pois é.

- Peixe que muda de cor a cada duas semanas. É sério isso?

Com um olhar culpado, Zachary tomou mais um gole da cerveja, o que fez com que Louis arregalasse os olhos e o empurrasse, brincalhão.

- Ei! - reclamou, os olhos castanhos pressionados em rugas de tanto que sorria.

- Você tem algo a ver com isso, não tem?

- O qu... eu?

- Anda. Fala logo.

- Ok, ok. - erguendo a latinha antes que derrube o conteúdo no couro do sofá, Zachary riu. - O que aconteceu foi que... ele é super passional em relação ao peixe.

- E... - ansioso, Louis sentou sobre os joelhos, quase empurrando Zachary na parede àquela altura.

- E o peixe morreu! - confessando, o moreno fez um bico envergonhado. - Eu não sabia como dar a notícia, Paw iria ficar arrasado.

- Você não contou pra ele?! - incrédulo com a constatação, Louis abriu a boca e a manteve assim, mesmo que Zachary risse.

- Não sou tão frio assim. - pressionando os olhos azuis para a provocação evidente, Louis cruzou os braços, impulsionando Zachary a se defender ainda mais. - Eu estava tentando poupá-lo de sofrimento, tudo bem? Só... comprei um peixe novo pra substituir.

Estalando a língua, impaciente, Louis revirou os olhos.

- Não acredito que fez isso.

- Eu não queria deixar ele triste, é tão difícil entender? O que mais eu poderia ter feito?

- Comprado um peixe da mesma cor! - Louis puxou os próprios cabelos para baixo, estragando o penteado de Danny Zuko que estava intacto desde o ensaio de mais cedo. Zachary soltou um muxoxo. - Por que comprou de cor diferente? É um peixe-dourado... tem que ser dourado.

- Fala isso pros caras que me venderam. Eu não sou a mãe natureza.

Abrindo a boca para retrucar, Louis foi interrompido por Niall, que entrou acelerado na sala de jogos onde estavam, batendo a porta francesa na parede e vasculhando o lugar por algum rosto conhecido, rapidamente se aproximando ao localizá-lo.

Seu mal pressentimento voltou, tão rápido e efetivo que quase choramingou ao perceber que não conseguiu passar um dia inteiro sem ser assombrado pelo sentimento, desde que o trimestre começou há duas semanas.

- O que aconteceu? - Louis questionou assim que Niall chegou próximo o bastante para notar suas bochechas rubras e olhos semi arregalados. Ainda sorria divertido, o que indicava que havia aprontado algo. - O que você fez dessa vez?

Como sinais do universo, a explicação de Niall foi interrompida antes mesmo de começar ao que Zayn entrava no ambiente, chamando a atenção de quase todo mundo - tanto pela expressão triste quanto pelas lágrimas descendo por sua bochecha. O coração de Louis falhou uma batida.

- O q...

- Ok, estou falando sério. - não deixou Zachary falar, nervoso demais com a situação, os olhos fixos em Zayn. - O que você fez? Por que Zayn está chorando?

Niall fez um bico culpado, exatamente igual o de Zachary, só que ao invés de um peixe-dourado multicolorido, Zayn chorava baixinho enquanto se arrastava pelo cômodo, cada vez mais próximo dos braços estendidos de Louis, oferecendo aconchego.

- Zayn disse que cebola era a única comida que fazia ele chorar... - Niall começou, os olhos fixos nos dedos se embolando nervosamente uns nos outros.

- E..? - Louis instigou, Zayn finalmente chegando em seus braços e deitando a cabeça em seu peito, coberto pelo moletom.

Niall ergueu uma sobrancelha.

- E eu joguei uma melancia nele.

- Niall!

- Eu estava certo. Olha - apontou para Zayn, na defensiva. - Ele 'tá chorando, não 'tá? E não foi por uma cebola.

Com vontade de levantar do sofá e esfregar a cara de Niall no chão até que ele comece a chorar, apenas para empatar a situação dos dois amigos, Louis respirou fundo algumas vezes, sabendo que não podia deixá-los sozinhos. Zachary, ao seu lado, ria inconsequentemente.

De tudo que poderia passar em sua mente, aquilo definitivamente não chegava nem perto, mas estava aliviado - e se sentiu culpado por estar - já que não tinha nada relacionado a Ryan ou ao seu passado. Mas só pelo mero pensamento de ter, calafrios tomaram seu corpo, os olhos úmidos e grandes de Zayn erguendo até seu rosto e buscando alguma explicação aparente.

Mas Louis era bom em esconder essas coisas - escondeu por dois anos.

E, como a calmaria após a tempestade, chamando a atenção de todos, Harry se aproximou sorridente, levemente bêbado e com uma expressão que indicava vitória no ping pong - Louis conseguia vê-lo jogando da onde estava sentado no sofá, por horas.

Assim que o jogador processou o clima tenso no ambiente, franziu as sobrancelhas.

- O que aconteceu? O que eu perdi?

- Quer a história do peixe ou da melancia? - Louis deu de ombros.

Arregalando os olhos, Harry fitou Niall, sem obter explicações.

- Eu... espero que elas não estejam conectadas, pelo menos.

- Niall acertou Zayn com uma melancia. - suspirando, Louis encarou Harry como quem avisava que ia matar alguém, e em seguida encarou Niall, como se indicasse quem seria. - Aparentemente, queria provar que, não, cebola não é a única comida que faz ele chorar.

Zayn, para frisar o ponto, gemeu de dor no colo de Louis. Abrindo a boca e a fechando, Harry colocou o braço sobre o ombro de Niall, ponderativo sobre a situação como um todo. Era estranha, no mínimo, mas o que não era estranho naquela universidade?

- Onde conseguiu uma melancia? - foi sua pergunta, que, surpreendentemente, deixou Niall animado.

- Não. - Louis cortou a conversa, recebendo um bico frustrado tanto de Niall quanto de Harry. - Você não vai perguntar isso pra ele e você não vai responder. - apontou para os amigos, irritadiço, embora tentasse controlar um sorriso.

Era um situação inusitada, tinha que admitir.

- São em momentos como esse que eu me arrependo de não ter ouvido Liam. - Harry lamentou para ninguém em especial.

- O que ele te disse? - Niall franziu o cenho.

- Não sei. Não estava ouvindo.

Fitando Zachary, que mal controlava as risadas, Louis se permitiu acompanhar, os olhos piscando atônitos para a situação. Aquela fraternidade, aquela sala de jogos, aquelas cervejas... estava subindo-lhe as cabeças.

E afinal... onde estava Liam?

%%%

- Por volta de que horas, mais ou menos, você vai prestar atenção em mim?

Louis ironizou e assim que recebeu um par de olhos verdes sobre si, sorriu ladino e provocador. Dias se passaram, mas a rotina era sempre a mesma. Sexta-feira, fraternidade, sala de jogos.

Tinha algo naquele ambiente que os atraía. Podia ser os barris de cerveja espalhados sem caso pelo chão, travesseiros jogados esporadicamente, música sempre ecoando, a TV em algum videogame ou esporte ou filme, as mesas de jogos sempre ocupadas e com rodas e mais rodas de conversa, risadas e comemorações, ou qualquer outra coisa - os atraía como vaga-lumes.

E já se tornava comum estarem ali. Conheciam todos os rapazes, falavam com todos os membros e se divertiam sem precedentes.

Como não amar?

Agora Louis entendia o desejo de Harry em ser membro de uma casa universitária - eram uma família gigantesca. E sabiam que se precisassem, podiam contar um com o outro.

Harry deixou a mesa de bilhar, abrindo espaço para outro rapaz na fila, e agarrou Louis pelas coxas, sorridente. Estavam tão familiarizados com aquele ambiente e com as pessoas que nele habitam que mal retumbavam com demonstrações de afeto, simplesmente porque ninguém ligava. Não era o objetivo da noite olhar casais alheios - desde que não interfira nas bebidas, na diversão e nas conversas boas e nada produtivas, tudo bem.

Os rodando, apenas o suficiente para se afastar da parte mais cheia da sala, Harry colocou Louis no chão relutantemente, mantendo seus narizes colados e os lábios a centímetros de encostar.

- Eu preciso de motivação pra não matar alguém hoje.

- Não posso te foder se estiver na prisão. - Harry contra-argumentou, fazendo Louis sorrir satisfeito.

- Sabia que podia contar com você. - sem se conter, juntou seus lábios em um selinho, que embora curto, não foi nada casto.

- Posso saber o que te deixou assim tão... perigoso? - a voz de Harry estava divertida mas Louis sabia que era uma pergunta genuína, e que a qualquer sinal, estaria pronto para defendê-lo.

Suspirou, cansado e derretendo nos braços fortes do namorado.

- A reunião com os fornecedores da próxima festa não foi muito produtiva.

Harry hesitou antes de responder, escolhendo as palavras minuciosamente e sendo cauteloso no tom.

- Por isso demorou lá em cima?

- Sim, eu te disse hoje cedo, não? - de olhos fechados enquanto aproveitava o calor que o corpo de Harry transmitia para o seu, mesmo vestindo moletons grossos, Louis não notou a expressão enigmática do namorado. - Zachary só conseguiu esse horário, tivemos que adaptar o cronograma.

- Estão, hm... - umedecendo os lábios, Harry passou o olhar despreocupadamente pela face do namorado, ainda relaxado demais para abrir os olhos ou se sustentar de pé sozinho. - Fazendo várias reuniões ultimamente.

- A próxima festa está chegando, babe. - preguiçosamente, Louis murmurou, quase se jogando para trás na confiança de que os braços de Harry estarão firmes para pegá-lo. - Quero que tudo esteja perfeito. Vai ser na mesma semana do primeiro jogo dos Wolves.

Como se aquelas palavras trouxessem emoções confusas, Harry se remexeu desconfortável, o suficiente para fazer Louis abrir os olhos e ajeitar a postura, ainda em seus braços. O azul procurou pelo verde instantaneamente, e suspirou ao notar a preocupação estampada neles.

- Espero que dê tudo certo nesse jogo. E em todos os outros. - Harry murmurou antes de pressionar os olhos fechados, incapaz de aguentar o olhar piedoso de Louis por mais um segundo. - Nós temos que ganhar o campeonato.

Subindo as mãos dos braços de Harry, sobre o tecido grosso do moletom, até chegar em sua nuca, Louis suspirou mais uma vez. Estava preocupado com o namorado, era inevitável e ao mesmo tempo incoerente. Não havia nada que podia fazer para ajudar efetivamente, não jogava no time e nem tomava as decisões. Só lhe restava ouvir, mas ainda assim, se culpava por ser inútil quando se tratava do assunto.

- Eu sei que vão ser incríveis. - sem abrir os olhos, Harry repuxou o lábio, singelo. O dedo de Louis tocou o movimento, repousando ali. - Chegaram tão longe, não tem porque parar agora. Tenho certeza que estão fazendo um ótimo trabalho e logo vão ser recompensados.

- O reitor coloca tanta pressão no time. - resmungando, Harry ronronou pelo carinho gostoso que o dedo delicado de Louis fazia em sua bochecha, seus peitorais tão colados que respiravam sincronizados. - E, consequentemente, o treinador transfere pra mim.

- Você não é o único jogador do time, Harry.

Sem se conter, Louis murmurou. Se tinha algo que o incomodava na postura de Travis era que parecia enxergar apenas o camiseta 28, dentre todos os outros jogadores completamente talentosos e capazes de realizar os pontos. E sabia que isso era uma reclamação recorrente do próprio Harry.

Fazendo um bico, assentiu, ainda de olhos fechados.

- Nem todos pensam assim.

- O treinador não pensa assim. - revirando os olhos, aproveitando que o namorado não conseguia vê-lo, Louis se mostrou descontente. - O outro treinador era uma droga mas Travis...

- Ei, ele não é tão ruim assim. - Harry tentou defender e, ao não receber um contra-argumento, abriu os olhos confuso, encontrando Louis com uma sobrancelha erguida. - Não estou defendendo ele, só...

- Está defendendo ele. - provocando o namorado, Louis bufou teatralmente. - Ele joga todas as responsabilidades pra cima de você e leva todo o crédito por isso. Não acho justo.

Suspirando derrotado, Harry puxou Louis mais para perto.

- E não é.

- E os treinos? - incapaz de desviar do assunto, Louis indagou, os olhos azuis curiosos. Harry ficou hipnotizado no movimento por alguns segundos, a mão subindo e descendo nas costas do namorado. - Zayn comentou que estão ficando até mais tarde no campo. - e então, foi tomado por uma onda de arrependimento. - Desculpa não conseguir te dar tanta atenção essas últimas semanas, o...

- Musical. - Harry completou, ecoando junto com o namorado e sorrindo em seguida. Louis mordeu o lábio, culpado. - Tudo bem, gatinho. Sei que também tem seus projetos pra coordenar.

E mais uma vez, de forma recorrente nas últimas semanas, chegaram no buraco negro das discussões, o impasse dos cursos e projetos - estavam tão ocupados e imersos em suas próprias responsabilidades acadêmicas, que acabavam não priorizando um ao outro, sempre recebendo notícia dos amigos ou através de mensagens de texto.

Era difícil - ainda mais quando seus corpos e mentes desejavam estar juntos o tempo todo. Lidar com sentimentos de culpa, desmotivação e insatisfação durante as atividades também não havia se mostrado fácil.

- Desculpa, desculpa, desculpa... - Louis murmurou diversas vezes, distribuindo beijos pelo rosto de Harry nos intervalos de suas palavras, até que segurou-o pelas bochechas e juntou seus lábios firmemente. - Eu prometo te compensar.

- Hm... compensar, é? - Harry murmurou interessado, ainda com seus lábios unidos. Louis estava na ponta dos pés e riu contido ao sentir as mãos de Harry apoiarem sua cintura. - O que tem em mente, Danny Zuko?

Afastando o rosto do namorado para conseguir vê-lo melhor, Louis engasgou com um suspiro, os olhos azuis intensos em luxúria.

Aquilo era novidade.

- Do que me chamou?

Surpreso pela voz rouca do outro, Harry sorriu sugestivo.

- De Danny Zuko. Não é o seu papel?

Erguendo uma sobrancelha, Louis finalmente liberou o suspiro que estava engatado, o corpo relaxando contra o de Harry.

- Promete que vai me chamar assim até o final da noite?

- Só se você cumprir a promessa de me compensar ainda essa noite.

Com um sorriso ladino nada inocente, Louis assentiu. A última coisa que se lembra vividamente foi de enrolar suas coxas no quadril de Harry e subir as escadas cobertas por carpete da fraternidade.

Dejavú?

%%%

- Vou ajudar a Dona Margarida. - foi o que Zayn disse antes de levantar e deixar a mesa.

Estavam no Balls&Blues. Era terça-feira, quase anoitecendo, e a lanchonete já estava lotada de universitários famintos e barulhentos. Na mesa de sempre, Louis e Niall dividiam uma porção de batatas-fritas - Niall comia a maior parte e Louis ocasionalmente beliscava uma ou outra, mas para parâmetros de pagar a conta depois, estavam dividindo, e como o educado que é, Zayn se ofereceu para ajudar Dona Margarida nos pedidos - era a pessoa mais velha e mais respeitada de todo o campus, aquele lugar só funcionava graças a ela e todos os alunos garantiam em fazê-la se sentir confortável.

Não era a toa que estava tão lotado - terças-feiras chamavam para uma noite de dominó. Um clássico na história da UAL. Quase todos os alunos terminavam suas atividades e se reuniam na lanchonete para jogar, acompanhados de milk-shakes e hambúrgueres.

- O treino vai demorar muito? - Niall perguntou e Louis só percebeu que estava se dirigindo a ele porque não havia mais ninguém na mesa além dos dois.

Checando seu celular e relendo a última mensagem de Harry, que dizia mais duas horas e estou livre, juro, Louis assentiu, logo alcançando mais uma batata. Foi enviada há quarenta minutos atrás então...

- Ainda vai demorar mais um pouco.

- Os Wolves estão mesmo se dedicando nessa temporada, hu.

Louis ergueu o olhar para o loiro, encontrando os seus azuis. Aquela frase parecia inocente mas havia bagagem o suficiente para fazer ambos tremerem. A liderança dos Wolves nos últimos anos foi de Ryan - e eles não costumavam treinar tanto quanto o time atual, nem mesmo de perto. E isso era nítido para qualquer um com olhos e presença ativa nos jogos.

Os Wolves significam pra Harry algo que jamais significou pra nenhum dos outros jogadores ou capitães - uma chance de ser alguém por quem batalhou, ao invés do que as pessoas esperam que você seja.

E comparar sua liderança - que nem era oficial, tamanha era a importância que dava para títulos insignificantes - com a de Ryan, que só levava o mérito pelo trabalho dos outros jogadores, era quase um insulto.

Comparar qualquer um a Ryan era um insulto.

- Harry está fazendo um trabalho sensacional. - foi o que Louis respondeu, ainda conectado nos olhos de Niall, que assentiu enquanto enfiava mais batatas do que deveria na boca. - O campeonato significa muito pra ele.

- Ele se cobra bastante, né. - Niall afirmou, quase triste, e Louis assentiu.

- Já foi pior. Eu acho. - deu de ombros. - Não éramos muito próximos, como tenho certeza de que se lembra. - Niall riu com aquele comentário, achando graça relembrar da época em que se odiavam. Louis, com olhos brilhando, seguiu o mesmo caminho. - Ele não soca a parede do dormitório faz algum tempo, o que é um avanço.

Niall apontou uma batata em sua direção, concordando com aquele ponto.

- E também não fica tão insuportável antes dos jogos. - revirou os olhos dramaticamente. - Ele ficava um porre. Não conseguíamos manter uma conversa decente com ele nas semanas de classificatórias.

- É muita pressão. - Louis se limitou a dizer, desconfortável em comentar sobre aquela época da uni. Já não bastava o pressentimento que ainda o açoitava, não precisava de mais inseguranças aflorando. - Mas acho que temos mais chances do que nunca no campeonato.

- Tomara. - Niall bebeu um longo gole de sua Coca-Cola. - Todos contam com isso.

Louis encarou o amigo por alguns instantes, calado, e ponderou sobre suas palavras. Realmente todos contavam com Harry, e isso apenas o angustiava mais. Queria tirar algum peso de seus ombros, aliviá-lo de alguns fardos, mas, bufando, se limitou a entrar em paz com a possibilidade de que talvez não lhe cabia tal ato.

Algumas batalhas eram de Harry - apenas.

Ele também tinha as suas próprias, afinal.

- Como vão os preparativos para a feira? - mudou de assunto, claramente desconfortável com seus próprios pensamentos, mas Niall pareceu não notar, subitamente animado com a temática da conversa.

- Já estamos com quase tudo pronto. - suspirou ansioso. - Terminei o projeto coletivo no sábado e falta pouco pra finalizar o esboço do objeto individual.

Louis apoiou o queixo na mão, olhando orgulhoso para o amigo, do outro lado da mesa. Não era de descartar todas as madrugadas que olhava para a cama de solteiro na parede oposta do dormitório e via Niall no notebook, elaborando projetos e refinando esboços.

Sempre animado, dedicado e passional sobre seu trabalho.

- Já sabem pra onde vamos? Qual vai ser a uni escolhida pra sediar?

- Não. O reitor não disse nada. - fez um bico. - Ele contou alguma coisa pra você?

- Não. Por que contaria?

- Você quem organiza esses projetos, não? - Niall pareceu confuso, ainda focado demais na porção de batatas para encarar Louis. - Você cuida da logística e das questões burocráticas, e Zachary cuida das casas e das festas. Ou..?

Assentindo rapidamente, Louis reclinou na cadeira estofada, nem um pouco entusiasmado em lembrar do tanto de pendências que ainda teria que resolver.

- Sim, sim. É isso mesmo. Eu fico com a papelada e Zachary com a diversão. - riu seco, embora sua expressão estivesse leve. Ele gostava do que fazia, afinal.

- Vocês dois estão bem ocupados ultimamente.

Louis imediatamente ergueu o olhar para Niall, que pareceu não notar o tom de sua frase, avulso demais naquela noite.

Por que todos diziam aquilo pra ele?

O que tinha de tão errado em passar algum tempo com seu colega de trabalho?

Levava muito mais planejamento e organização para fazer aquelas festas rotineiras acontecer do que muitos universitários imaginavam, e finalmente grato por ter alguém para ajudá-lo, Louis se pegava questionando o porquê dos amigos sempre pontuarem aquilo.

- É um trabalhão. - murmurou, sem querer se estender no assunto e levemente chateado por não ser reconhecido.

Não havia ninguém naquele campus com a dedicação dele quando se tratava dos projetos, e sempre lutou por cada um, desde quando decidiu retornar à UAL e lutar por seu ano letivo. Parecia quase injusto que só agora que tinha um parceiro, seus amigos se dessem conta do tempo que sempre gastou na organização.

- Mas o reitor não comentou nada? - Niall voltou a perguntar, como se achasse estranho aquele feito. - Sempre estão entrando e saindo da sala dele. Achei que a reitoria ajudasse nas festas e nos... projetos. - Louis abriu a boca para responder e foi cortado por um Niall decepcionado. - Ah, não me diga. Não vamos ter uma festa de comemoração pra feira de artesanato? Ah, cara... que droga.

Já desistindo de falar e com o cenho franzido de forma triste e imponente por ter deixado o amigo daquele jeito, Louis esticou a mão sobre a mesa, agarrando a de Niall sem se importar com o sal das batatas ou o ketchup.

Ele sabia que isso ia acontecer. Ele sabia e já havia discutido com o reitor diversas vezes sobre o assunto.

Ele sabia e mesmo assim não pôde evitar em se sentir péssimo.

- Foi mal, Nialler. Eu tentei. - se desesperou, o coração apertado e os lábios secos. - Eu juro que tentei, mas... - quase chorando, Niall ergueu os olhos tristes para o amigo, que murmurou devastado. - Eu sinto muito. O reitor só tem olhos pro campeonato e pro musical. Eu tentei fazer ele mudar de ideia mas...

- É uma pena. - Niall o cortou, decepcionado e até mesmo emburrado. Aceitando o carinho em sua mão, suspirou. - Eu... acho melhor eu avisar pro pessoal do curso que, hm, que não vai rolar. Eles estavam planejando algumas coisas mas... melhor já acabar com as esperanças antes que seja tarde demais.

- Eu juro que...

- Eu sei, Tommo. - com o tom monótono, Niall suspirou de novo, desistindo de comer mais uma batata e a jogando de volta na pilha. - Eu sei que tentou de tudo, mas tem alguns projetos que, infelizmente, não são tão importantes quanto os outros.

- Lógico que são. - Louis tentou não se irritar, afinal, a culpa não era de Niall, e ele sentia que havia abordado o mesmo assunto há meses e ninguém parecia prestar atenção. - A feira de artesanato é tão importante quanto o musical e o campeonato. Vocês trabalham todos os dias pra isso e merecem tanto reconhecimento quanto nós.

- Então por que? - Niall ergueu a voz e em seguida a abaixou, se controlando para não chorar. - Por que ninguém dá a mínima pra feira? Ou pra conferência de maquiagem do Zayn? Ou pra competição de líderes de torcida das meninas? Sabia que a Bar vai se apresentar com a banda em outra uni? - Louis fez um bico, imponente. Sim, ele sabia, e não só sabia como também contara para o reitor diversas vezes em várias ocasiões, sempre ignorado. - De que adianta você me falar que todos os projetos importam, quando na realidade, nós sabemos que são só formalidades?

Louis encarou o amigo em sua frente, com as bochechas vermelhas - mais do que o normal -, os olhos lacrimejando e o lábio trêmulo. Parecia à beira de uma crise de choro e tudo que podia dizer para consolá-lo era sinto muito. E além do mais, não conseguia evitar em se sentir mal por estar no musical, recebendo privilégios que sabia ser infundados.

O esforço dele não era maior que o de Niall, Zayn, Bar, ou qualquer um naquela uni.

Não era.

No final do dia, não se resumia em horas ensaiadas, esforço físico ou magnitude do projeto - se resumia em paixão. E todos na UAL eram apaixonados pelo que faziam.

E quem era Louis para olhar no fundo dos olhos marejados de seu amigo e dizer que todos os projetos têm a mesma importância quando ele próprio passava todos os dias com os melhores equipamentos e estruturas do campus inteiro para ensaiar pra um projeto que vai ter cobertura em um dos maiores anfiteatros de Londres?

Por isso, com olhos lacrimejados, apertou sua mão na de Niall e a trouxe para sua boca, beijando o dorso afavelmente, quase como se pedisse perdão - e isso não passou despercebido pelo amigo.

- Não, Lou, não faça isso. - murmurou fraco, ainda lutando contra o choro que ameaçava sair. - Não se sinta mal por estar no musical. Você merece cada minuto desse projeto, e ainda mais. Não posso deixar que pense o contrário só porque o meu projeto de merda não tem o mesmo reconhecimento.

Batendo a mão livre na mesa, utilizando o soco como uma válvula de escape, Louis bufou, fazendo Niall arregalar os olhos e liberar algumas lágrimas no processo.

- Para de menosprezar o seu projeto. - disse firme e em seguida grunhiu chateado. - A feira de artesanato é um dos projetos mais tradicionais da UAL, é quase cultural. Eu tento e tento convencer as pessoas que todos os cursos são merecedores e sempre recebo a mesma resposta. Campeonato, e se não for esportes, o musical, já está de bom tamanho, e não, não está. Se estivesse, a UAL só teria o time e o curso de música. De que adianta ter um dos maiores campus de todo o Reino, com a maior variedade de cursos, se sempre apostam nos mesmos de sempre? O que nos difere das demais? Por que essa necessidade de hierarquizar tudo? E já que estão colocando em ordem de importância, tem vários outros projetos que estão aqui antes mesmo dos colégios serem fundados. Eles deveriam ser as prioridades, não o campeonato, não o musical.

Niall encarou Louis por alguns instantes, aguardando o amigo se acalmar. Agradeceu por toda a lanchonete estar concentrada demais na televisão, na jukebox ou em suas próprias conversas para prestar atenção na cena que estavam fazendo no canto mais afastado, e também sentiu seu coração bater mais rápido ao ver toda a frustração de Louis transbordar de seus olhos em lágrimas de raiva.

Apertou suas mãos juntas, chamando a atenção do amigo que fungava ao mesmo tempo que resmungava - a coisa mais Louis de se fazer.

- Eu sei o quão injusto você acha isso, Tommo. - sua voz saiu fraca e, limpando a garganta, forçou para ser mais firme, querendo garantir que o amigo compreenda cada palavra. - Sei que desde o primeiro ano luta pra que essas festas aconteçam depois de todos os projetos, e não só em comemoração aos jogos.

- É tudo tão... - suspirou forte, tentando parar de chorar e se recompor, finalmente. - Tudo tão movido a...

- Dinheiro. - Niall se intrometeu, surpreendendo o amigo, que fez um bico. - O campeonato e o musical atraem mais dinheiro pro campus. Por isso são os favoritos.

Grunhindo derrotado, Louis puxou a mão de Niall para si, mais uma vez, usando-a deliberadamente para limpar suas lágrimas restantes, o que causou risadas protestantes do loiro, quebrando um pouco do clima instável na conversa.

- Sinto muito. - ainda se sentiu na obrigação de dizer, mantendo a mão de Niall contra seu queixo.

O loiro sorriu ladino, ainda vermelho.

- Sente por que? - ergueu uma sobrancelha. - Não é você quem paga.

- Mas eu estou no musical.

- E sente muito por isso? - incrédulo, Niall balançou a cabeça. - Não, não enquanto eu estiver respirando. - puxou a mão, dessa vez trazendo a de Louis até seu peito e deixando-a firme ali. - Tem que se orgulhar de estar no musical. Depois de tudo que passou e lutou, merece cada segundo.

Louis abriu a boca para responder e foi impedido por Zayn, que chegou na beirada da mesa carregando uma bandeja com três milk-shakes. Tinha um pano de prato no ombro e uma caneta atrás da orelha.

- Eu saio pra trabalhar e vocês ficam aqui... - franziu o cenho pros amigos, Niall segurando a mão de Louis e fungadas sentidas ecoando. - Estavam chorando?

- Longa história. - Niall deu de ombros. Não soltou a mão de Louis, contudo.

Sem esperar explicações, já acostumado, Zayn repousou a bandeja na mesa e entregou um milk-shake para cada um dos amigos, recolhendo todos os adereços de garçom para se sentar ao lado de Louis, devidamente relaxado depois de ajudar Dona Margarida.

- Os rapazes não chegaram ainda? - questionou o óbvio, já que estavam apenas os três na mesa. - Eu quero jogar dominó logo.

- Nem me fala. Será que temos que esperar pra pedir a comida também? - Niall fungou, recolhendo os últimos resquícios do choro que aconteceu minutos atrás para, finalmente, se portar normalmente. - Quero um hambúrguer.

Louis, com sua mão já solta, reclinou na cadeira, bebericando o milk-shake despreocupadamente.

- Eu também.

- Três. - Zayn completou, absorto na televisão que passava um jogo qualquer de basquete. Parecia alheio.

- Então... - Niall ponderou. - Vamos esperar ou..?

- Vamos esperar.

- Vamos pedir. - Zayn contra-argumentou Louis, fazendo Niall erguer os ombros.

- Vamos passar fome, então.

Ficaram alguns minutos em silêncio. Niall concentrado na porção de batatas-fritas que, mesmo frias, ainda matavam sua fome e Louis fazendo um barulho extremamente irritante com os dedos. Zayn, contudo, parecia tenso, os olhos na televisão mas claramente com o foco longe. Se olhasse atentamente, seus dedos tremiam ao redor do milk-shake.

- Eu, hm... - começou e chamou atenção dos amigos. - ... aproveitando que os rapazes não estão aqui, hm, queria falar uma coisa com vocês.

Se entreolhando, Niall e Louis se remexeram curiosos, Zayn nunca deixando o foco da televisão, como se o fato de não olhar nos olhos dos amigos tornasse tudo mais fácil. Ainda tremia e parecia prestes a gritar, a postura contida de sempre mas carregada com tensão.

Ao que tudo indicava, era um assunto delicado.

- Sabe que pode confiar na gente pra qualquer coisa, Zee. - Louis disse, se virando para ficar de frente para o amigo, completamente preocupado.

Nunca havia o visto assim antes - e seu mal pressentimento só piorava.

- Não sei se perceberam mas... - fechando os olhos com força, Zayn se reclinou na cadeira, abraçando o próprio corpo em uma tentativa de se proteger das próprias palavras. Tudo em seu corpo parecia lutar para impedir que falasse, mas ele forçou para fora. - Quando estamos na fraternidade, Liam meio que... some. Às vezes. Quase sempre.

As entrelinhas, em muitos dos casos, são mais perigosas do que os enunciados em si.

Perdendo o fôlego, Louis travou na cadeira, incapaz de reagir. Já Niall, arregalou os olhos e se adiantou em levantar do seu lugar para ir até Zayn, sentando no colo do amigo - não dava a mínima se estava evitando contato visual ou disfarçando vendo televisão, simplesmente precisava abraçá-lo.

Aquela era uma situação complicada. Desde terem a confirmação daquela insinuação até resolver o desentendimento dentro do próprio círculo de amizade.

- Zayn... - Louis murmurou, se forçando a não ser alheio no que se passava. - O que quer dizer com isso?

Sabia o que Zayn queria dizer, todos sabiam - mas era importante terem a certeza de tudo a partir daquele momento, porque acusações assim não são feitas inconsequentemente.

Zayn se derreteu no abraço desajeitado de Niall, ofegando aliviado ao sentir a cabeça de Louis repousar em seu ombro, logo estando em uma bagunça de braços e murmúrios - típico carinho dos três amigos.

- Eu sei que pode não ser nada. - disse, baixo e envergonhado. - E nem me sinto bem colocando a possibilidade na mesa, mas... - suspirou. - Fazem duas semanas e, desde que pisamos na fraternidade, no primeiro dia do trimestre, ele está assim. Não fala onde vai, com quem está ou o que está fazendo. E eu não quero ser o chato, nem me importei no começo, até porque não é da minha conta, mas cada dia que passa, ele está mais estranho, mais distante.

Louis e Niall não conseguiram responder àquilo, ao menos não imediatamente. Focando seus esforços em consolos físicos, apertando seus braços ao redor do corpo do moreno e esfregando suas bochechas contra os tecidos dos moletons, deixaram que a tensão no ambiente se esvaísse naturalmente.

E então, tomado pelo mal pressentimento que parecia já fazer parte de si, Louis suspirou.

- Só acontece quando ele está na fraternidade?

- Sim.

- Ele está estranho como?

- Desde que, hm - sem jeito e claramente envergonhado, Zayn hesitou. - Desde que voltamos pro campus e ele começou a sumir esporadicamente, não estamos mais... invertendo as posições, sabe?

Louis pôde sentir cada músculo em suas costas tensionando.

- Acha que está relacionado? - Niall disse, cauteloso. - O fato de ele querer ser o ativo de novo e os sumiços?

Zayn tinha um expressão quase dolorosa no rosto, a voz falha e os olhos tristes. Não precisava se esforçar para notar o quão machucado estava, apenas com a possibilidade de estar certo nas suspeitas.

- Ele nem está disposto a conversar sobre. Antes costumávamos passar madrugadas em claro só falando sobre como confiamos um no outro a ponto de não nos importarmos com posições e rótulos, e agora... - enfiando a cabeça no vão do pescoço de Niall, que ainda estava sentado em seu colo, Zayn choramingou. - Agora ele fica irritado quando menciono alguma coisa.

Encarando Louis com olhos arregalados, Niall deu de ombros, sem saber como reagir. Louis suspirou, voltando a deitar a cabeça no moreno e os embalando em um abraço triplo.

Nem ele sabia o que fazer.

- Olha, Zee... - hesitou. - Não sei exatamente o que dizer... - fez um bico decepcionado. - Mas de uma coisa eu sei, com certeza. Liam te ama, muito. E não faria absolutamente nada pra te machucar.

- Mas se ele fez... - Niall começou.

- Nós vamos ficar do seu lado. - Louis completou, seu corpo rejeitando a possibilidade que aquele cenário trazia à mente. - Vamos tentar resolver isso da melhor forma possível.

- E se... - Zayn começou e xingou baixinho em seguida. - E se ele estiver me traindo?

Niall e Louis trocaram mais um olhar enigmático e desesperado.

- Zee...

- Eu não quero ser o motivo pela qual o grupo vai acabar.

Aquelas palavras doeram no coração de Louis de uma maneira que jamais pensou ser possível e, se controlando para não chorar pela segunda vez naquela noite, suspirou.

- Não tem que se preocupar com o grupo, Zee. - Niall tranquilizou o amigo, que movia a cabeça em seu ombro até conseguir conectar o olhar com Louis.

- Nós nos importamos com você e queremos o seu bem. Se isso significar que você tenha que sair do grupo, então que não haja mais grupo.

- Não tem nós sem você, Zayn.

Sem proferir mais nenhuma palavra, os três permaneceram abraçados por alguns minutos, inabalados pela atenção ocasional que recebiam dos demais universitários que estavam na lanchonete, até mesmo de Dona Margarida, atrás do balcão. Por fim, quando ergueu a cabeça e suspirou, Louis voltou a dizer.

- Mas - quando captou a atenção de Zayn, prosseguiu. - Se realmente acha que tem alguma coisa acontecendo na casa que está te distanciando de Liam... - engoliu o bolo em sua garganta. - Posso perguntar pra Zachary. A fraternidade é dele, afinal.

- Acha que ele pode saber de alguma coisa? - os olhos de Zayn brilharam.

Louis mordeu o lábio inferior.

- Acho que poderia tentar falar com Liam de novo. Abrir o jogo pra ele. - ergueu os ombros. - E que, se mesmo assim ele não quiser falar, posso perguntar pra Zachary.

Zayn encarou de Niall para Louis algumas vezes e, assim que ia responder, ouviu um barulho familiar se aproximando. Não demorou mais do que alguns segundos para Harry e Liam entrarem em seus campos de visão, com cabelos úmidos (só Harry, já que Liam estava careca), jaquetas do time e banhos tomados.

- Ei! - Liam disse, sorridente. - Não tinha espaço suficiente na mesa?

Encarando os três amigos encolhidos em um só lado do sofá, e Niall, ainda sentado no colo de Zayn, deu de ombros, contente.

Antes de responder, Harry agarrou a câmera Nikon pendurada em seu pescoço pela tira grossa e a alinhou em frente aos olhos. O click ecoou quase que simultaneamente com o sorriso largo que se formava em seus lábios, satisfeito ao ver a foto dos três amigos juntos na tela pequena do equipamento. Quando se deu conta de olhar para a realidade, Niall já estava em uma cadeira individual e Zayn e Liam compartilhavam um selinho desajeitado.

Na outra extremidade do banco acolchoado, Louis o encarava com ansiedade, como se estivesse esperando-o despertar do transe causado pela câmera para finalmente o dar a devida atenção. E assim como todas as vezes em que encontrava o namorado no final do dia, Harry pôde perceber que havia algo de errado - e pior, era nítido que ele tentava de tudo para disfarçar.

Ás vezes, Harry achava que Louis havia esquecido de todos os momentos pelos quais passaram e superaram quando saiu da uni e se escondeu no apartamento do Stan. Ou de como aprendeu a ler seus olhares enigmáticos e desvendar suas expressões corporais. Mas ao mesmo tempo, achava que, justamente por saber que ele conseguia ver através de suas emoções, não as demonstrava de propósito - como se confiasse essas sensações somente aos dois.

Deixando que a Nikon pendesse segura na tira, como inicialmente, Harry deu a volta na mesa, deslizando pelo assento acolchoado até ter Louis em seus braços, os lábios imediatamente conectando em um beijo sem línguas e com diversos temas nas entrelinhas, não pronunciados. Suas mãos foram para a gola da jaqueta do time, utilizando do impulso para aproximar ainda mais seus narizes, respirando como um.

- Como foi o treino? - Louis murmurou contra seus lábios, perdendo as palavras no meio do beijo e esperando que Harry as encontre.

- Cansativo, longo, intenso. - Harry desceu uma das mãos para a cintura esguia do namorado, a outra subindo minuciosamente por sua nuca, pressionando um pouco de seu pescoço e segurando seu maxilar firme.

Não prolongando o contato pelo ambiente barulhento, animado e, de certa forma, familiar em que se encontravam, separaram os lábios com um estalo, Harry mantendo o aperto no pescoço de Louis por mais alguns segundos antes de finalmente o soltar.

- Então - Liam murmurou, o braço ao redor de Zayn, que estava sentado ao seu lado no banco. - Fizemos vocês esperarem muito?

- O que? - Niall ironizou. - Estou faminto. Vamos pedir.

Sem discussões quanto àquilo, fizeram seus pedidos - um breve o de sempre, por favor - enquanto retiravam algumas coisas da mesa para montarem o jogo de dominós.

Afinal, ainda era terça-feira - e todo mundo sabe que as terças-feiras são para dominó.

%%%

- Posso saber o por quê me trouxe aqui? - Louis indagou curioso.

Harry havia o puxado pelo campus por longos minutos, sem explicação ou motivo aparente, e agora, finalmente parando de caminhar sem rumo pelos paralelepípedos em uma noite fria de quinta-feira, os direcionou até o prédio de fotografia, na qual, após infinitos lances de escada, puderam chegar no estúdio reservado no andar mais superior.

Parado na porta enquanto Louis caminhava curioso pelo lugar, Harry sorriu, a Nikon pendurada no pescoço e a câmera polaroid repousando na mão esquerda.

- É aqui que venho muitas das vezes. - disse baixo, afinal, pela falta de móveis na sala, o eco contribuía para a ampliação do seu tom. - Quando quero pensar, quando quero criar. É o meu refúgio.

Louis rodou nos pés, maravilhado com o lugar. Tinha uma parede coberta por espelhos e outras três com fundos diferentes - uma branca lisa, uma com listras nas cores do arco-íris, e outra com fundo verde. No teto, uma clarabóia permitia a entrada da luz da lua e algumas estrelas mais visíveis. Em um canto, diversos equipamentos estavam alinhados, desde anéis de luz até lentes e mais lentes de diversos tipos.

Parecia um paraíso da fotografia. E se virando para o único fotógrafo na sala, Louis cruzou os braços, o sorriso nunca deixando seus lábios.

- Acho que ainda não me disse o porquê me trouxe aqui.

Desencostando da porta, Harry se arrastou preguiçoso até onde Louis estava, suas mãos automaticamente agarrando sua cintura e trazendo-o pra perto, a Nikon sendo uma barreira para o contato total e a polaroid pendendo pelo cordão em seu pulso.

- Eu te trouxe aqui porque queria mostrar onde sou mais vulnerável. - sussurrou, o eco tornando um murmúrio. De olhos fechados, como se aquilo fosse um segredo valioso que devesse proteger com toda sua vida, Louis suspirou. - Sei que está passando por algumas coisas agora. Coisas que não quer me contar. - tremendo nos braços firmes de Harry, engoliu em seco, o pressentimento ruim o açoitando novamente. - E tudo bem. Mas quero que saiba que se quiser conversar, se quiser ser ouvido, ou se apenas quiser alguém pra ficar em silêncio, eu ficaria mais do que feliz em ajudar.

Assentindo sem saber realmente para o que, Louis pressionou os olhos firmes e fechados, as mãos buscando apoio no peitoral forte de Harry enquanto sentia lábios devaneando em suas bochechas, carinhosamente.

Harry sabia - sabia das suas inseguranças, dos seus medos e dos seus sentimentos. Ele sempre soube. E aquela era sua maneira de dizer ei, estou te ouvindo, mesmo que não esteja falando nada, ainda estou ouvindo.

Mas Louis estava pronto para falar?

- Toda vez que entro por aquela porta, eu sinto que estou fraco. - Harry continuou, sabendo que Louis estava confuso e hesitante demais para responder. - Sinto como se a qualquer momento, alguém fosse entrar e me derrubar no chão. Vulnerável. Na primeira vez eu odiei. Não quis voltar e jurei que não o faria. - apertando seus corpos juntos, a ponto de sentir a câmera pressionando sua costela, Harry suspirou. - Quando você saiu da uni, eu me senti igual. Vulnerável. E decidi dar mais uma chance pra esse estúdio. Foi quando encontrei a força na fraqueza. - respirando descompassado, Louis tentava não chorar, os olhos, o peito e as bochechas ardendo. - Eu soube que, o que me mantinha forte, era justamente me sentir fraco sem você. Eu precisava te ter de volta para ser forte, mas não conseguiria me aproximar sem me mostrar vulnerável. E você me ensinou que não tem nada de errado nisso. Pelo contrário. É necessário coragem pra ser vulnerável, e mais ainda pra deixar isso transparecer.

Houve uma pausa, quase como se Harry esperasse que Louis dissesse algo, mas nada aconteceu, apenas o barulho suave das respirações descompassadas e os corações acelerados no peito. Então, erguendo uma das mãos para os fios de cabelo de Louis, Harry suspirou, tomado por sentimentos e lembranças.

- Você está escondendo algo do mundo, eu sei que está. - Louis tensionou cada músculo em seu ser, apenas para respirar aliviado ao sentir os braços de Harry firmes ao seu redor. - E eu não quero que se sinta pressionado a nada. Eu confio em você. Sei que vai tomar a decisão correta, quando quiser. Mas quero que saiba, que quando esse momento chegar, - Harry afastou seu rosto, apenas o suficiente para encarar Louis nos olhos. O azul intenso e o verde ameno. - Eu estarei te esperando. Vulnerável. - assentindo para o namorado, Louis deixou uma única lágrima descer, que foi rapidamente recolhida pelos lábios de Harry, permanecendo na região mesmo quando falava. - Eu menti. Esse lugar não me deixa vulnerável. Você me deixa assim. Quando entrei aqui pela primeira vez e me senti fraco, era porque não sabia o valor da força interior. Você me mostrou isso. Você me ensinou isso. E quando foi embora, cultivei essa força aqui dentro. - encontrando a mão de Louis no meio de seus corpos, Harry a levou delicadamente para seu próprio coração, repousando debaixo da Nikon. - Cultivei ela aqui. Coincidentemente, onde você também está.

Sem se conter por mais um segundo, Louis ergueu a mão que antes estava segurando o braço de Harry, firme para não cair ao chão, até que estivesse em sua nuca, puxando alguns fios de cabelo enquanto trazia seus lábios mais próximos um do outro, iniciando um beijo tão intenso que gemeu no contato brusco.

Ele precisava daquilo.

Tinha tantas coisas em mente - musical, projetos, fraternidade, traição, amigos, família, Ryan - tantas coisas, que se sentia grato por ter Harry, também. Como um suspiro aliviado no meio de uma tempestade.

Não estava pronto para falar - e tinha seus motivos - mas no fundo, sabia que Harry estava ciente disso. Que aquelas palavras, aqueles gestos, o próprio estúdio, não são elementos para arrancar de si o que tanto lhe angustia, e sim, pequenos degraus que o levarão cada vez mais próximo do que busca.

E isso não cabe à Harry, não cabe à Niall, não cabe à ninguém além de si mesmo - e Louis ainda estava se preparando para dar-lhe a solução.

Separando seus lábios em um estalo sufocado mas urgente, Harry segurou a bochecha de Louis, mantendo-o próximo o bastante para a ponta de seus narizes encostarem. Beijos de esquimó. Lembra? Era quase como se seus olhos falassem, e trocando sorrisos cúmplices de uma conversa mais íntima do que pensamentos, separaram seus corpos relutantemente.

Pegando Harry de surpresa, Louis falou, pela primeira vez em um bom tempo, e quase como se não esperasse deixas, já agarrava a barra de seu moletom, pronto para retirá-lo.

- Eu quero me sentir vulnerável também. - seu moletom alcançou o chão em um baque oco, e segundos depois, sua camiseta.

O choque térmico do frio com sua pele quente o fez arrepiar por inteiro, seus mamilos se eriçando quase que automaticamente e o piercing brilhando com a iluminação precária vindo da clarabóia. Estático, há alguns passos de distância, Harry abriu a boca e não conseguiu forças para fechá-la, tomado pela surpresa e expectativa do que estava por acontecer.

- Lou...

- Você disse que vem aqui pra criar. - se atrapalhou nos botões do jeans, mas quando finalmente conseguiu abrir o zíper, a deslizou pelas coxas com destreza. - Que quando eu saí da UAL, veio aqui para encontrar sua força na fraqueza. - assim que se desvencilhou completamente da peça, chutando os Vans e as meias no movimento, Louis deu um passo pra frente, vestindo apenas uma cueca preta e os calafrios noturnos. - Então me diga, Harry. Se sente fraco agora?

Ainda de boca aberta, e não planejando a fechar, Harry piscou atônito para a imagem de Louis seminu em sua frente, literalmente reluzindo pela luz do luar. Os cabelos cortando raios de iluminação caindo da clarabóia e os olhos azuis brilhando como nunca antes. As coxas delineadas pelos ensaios corriqueiros e os quadris esguios pareciam pertencer àquele complexo como as estrelas pertencem ao céu, sua barriga traçando o caminho para o peitoral largo - com uma constelação extra concentrada no piercing - e dando espaço para seus ombros, braços e pescoço. Mas nada, absolutamente nada, era comparável ao seu rosto angelical. O maxilar estava tão firme que subia proeminências em suas bochechas, esculpindo seus detalhes à perfeição, o nariz fino e os lábios rosados.

- Eu me sinto forte. - Harry respondeu, a voz rouca e os dedos ardendo em expectativa para tocá-lo.

Um sorriso floresceu nos lábios de Louis, erguendo ambos os cantos e levando as bochechas no processo. Mas nem mesmo o sorriso mais largo do mundo poderia desfocar o brilho de seus olhos azuis naquele momento.

- Eu quero me sentir vulnerável. - sua voz melodiosa ecoou, firme na sala vazia, ricocheteando por todo o corpo de Harry. - E quero com você. - perdendo o fôlego mas dando um passo para frente, encurtou suas distâncias. - Quero me sentir fraco e quero me sentir forte. Com você. - sem se importar com regalias, Harry juntou seus corpos, o choque da pele nua de Louis contra suas roupas fazendo ambos suspirarem. - Harry Styles, você aceita ser vulnerável comigo?

Conectando seus olhares, sentindo como se uma explosão tivesse acontecido e energizado ambos seus seres, Harry sorriu ladino, uma covinha aparecendo e queimando a largada de suas próximas palavras.

- Louis Tomlinson, você me faz forte.

you make me strong

O que acharam?

Muitas coisas importantes nesse cap, eu diria, pontos de atenção hihi

Mal posso esperar pro próximo e principalmente pro próximo jogo dos Wolves!!!

!!!

amo ocês

demais

já chegaram a playlist da fanfic? o link ta no meu perfil

insta as always no nathaliemach_

tt as always no ohnanathalie

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