Intended

By itsbrunnalaynemiran

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A vida tem muitas surpresas que podem deixar alguns atordoados, ou felizes, ou tristes... Mas seja qual for o... More

Cap 1 -Lei da Recompensa
Cap 2 - Pista do Lobo
Cap 3 - Traçando Destino
Cap 4 - Força da Natureza
Cap 5 - Enfim, Nos Confins do Mundo
Cap 6 - Inverdades Revertidas
Cap 7 - Entre Paredes
Cap 8 - Indícios do Sentir
Cap 9 - Camomila - Parte 1
Cap 10 - Camomila - Parte 2
Cap 11 - Laços Iniciais do Último Desejo
Cap 12 - Goela Curada, Coração Partido
Cap 13 - Concretizando-se um Passo
Cap 14 - Promessas Vindo à Tona
Cap 15 - Chegando no Limite do Possível
Cap 16 - Partindo-se aos Poucos
Cap 17 - Quebrados
Cap 18 - De Mal, para Muito Mal
Cap 19 - Endireitando o Curso
Cap 20 - Dois Lados de um Percurso
Cap 21 - Selando Destino
Cap 22 - Despedindo-se da Despedida de Solteiro
Cap 23 - Recepção da Fonte
Cap 24 - Um Bravo Bardo
Cap 25 - Um Bruxo Desolado
Cap 26 - Corações Cheios, Bolsos Vazios
Cap 27 - Cantos de Dor
Cap 28 - Quase Afogados
Cap 29 - Surpresas do Último Desejo
Cap 30 - Fogo Enterno Duplicado - Parte 1
Cap 31 - Fogo Enterno Duplicado - Parte 2
Cap 32 - No Coração de um Lobo
Cap 33 - Mais um no Ninho
Cap 34 - Hormônios de uma Fera
Cap 35 - Fera Desfeita
Cap 36 - Ares Novos de Kaer Mohren
Cap 37 - Epicentro Revelado
Cap 38 - Falha na Restrição
Cap 39 - Crescendo
Cap 40 - O Caos
Cap 41 - Consequências
Cap 43 - Almas Perdidas
Cap 44 - Lar
Cap 45 - Infindável
Agradecimentos
Cap 46 - (Extra) - Susto em Dobro e à Galope

Cap 42 - O Fim

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By itsbrunnalaynemiran

Olá novamente à todos!

Cá estou eu lhes trazendo mais um cap!
E olha...
Bem, vou deixar vocês lerem, se eu continuar...

Entonces...
Let's Go peoples!

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Geralt e mais os outros bruxos tiravam os corpos dos feiticeiros do pátio e os colocavam amontoados na entrada de Kaer Mohren, um pouco mais para a esquerda, pois os mesmos decidiram limpar o que dava para limpar, e consertar o que dava para ajeitar. Tinham decidido isso para honrar o nome de Vesemir, pois o lugar era seu lar, e lar de outros bruxos que perderam suas vidas ali ou foram criados, como os outros dois que o ajudavam.

Depois que Yennefer acordou tudo ficou mais "fácil", e ela pôde então fazer seus feitiços mais poderosos para ajudar na cura dos dois bruxos, de Nenneke e de Triss, mas essa última agora era a quem estava desacordada, pois sua vitalidade ainda estava quase a zero, e precisava de tempo para se recuperar.

Se eles podiam seguir rumo a luta para resgatar Jaskier e Ciri? Sim, mas precisavam de todo braço forte e pessoas possíveis. E Yennefer prometeu que conseguiria.

E assim fez.

Mas a única pessoa quem conseguiu foi Tissaia, que prometeu conversar com outras feiticeiras ou magos que quisessem ajudar. E agora a única coisa que se podia fazer era esperar e ganhar forças para poder ir fazer o resgate de Jaskier e Ciri.

Geralt fez tudo o que podia, até doar metade de sua vitalidade para que Yennefer trabalhasse essa energia e curasse a todos, ele fez. E como a feiticeira previu, ele ainda ficou de pé depois disso.

E bem, não somente porque ele era resistente, o que mantida o bruxo acordado era seus pensamentos em Jaskier e a princesa, raiva pelos Nilfgaardianos terem quase acabado com Kaer Mohren, e além dos tais cavaleiros que mataram Vesemir e feriram Eskel e Lambert. E por último, tinha o fato de Coën ter sumido.

Tantas coisas... Tudo parecia ser um redemoinho de sentimentos na cabeça do bruxo. Às vezes quase sentia vontade de pegar suas espadas e sair da fortaleza sozinho para logo resolver essa situação, mas Yennefer lhe aconselhava a manter a cabeça no lugar, a ter paciência e pensar na estratégia que eles tinham que fazer. E mais, esperar por ajuda. Pois a feiticeira reconhecia que Nilfgaard era uma força da qual não se podia substimar.

- Não dá para esperar mais! - disse Geralt, ao receber a informação de que Tissaia precisava de mais tempo para negociar.

- Geralt, acalme-se bruxo. Nada vai se resolver dessa maneira! Assim como você, eu e todos nós, estamos aflitos. Eu também sinto vontade de sair por aquela porta e acertar todas as contas custe o que custar! Mas a feiticeira está certa, temos que esperar. - disse Eskel, segurando o bruxo de cabelos brancos pelos ombros.

- Já são dois dias Eskel. Dois malditos dias! Jaskier não vai aguentar por muito mais tempo! Ele... Nossos filhos... - a voz do bruxo quase falhou, mas se manteve firme para não demostrar mais essa fraqueza.

- Geralt, eu não sinto mais que ele esteja sentindo dor. Mas sinto um medo muito grande vindo dele. Acho que... O que quer que ele tenha feito, funcionou por hora. O que sinto também agora é uma constante tristeza. Ele chora. Eu sinto isso pelos nós em minha garganta. - disse Yennefer, se aproximando do bruxo - Eles tentaram, mas não conseguiram cortar nossa ligação empática. O que significa que estamos em vantagem. Então acalme-se. Eu sou como um farol agora. Se estou aqui em pé e falando com você, é porque ele está fisicamente bem também. - explicou.

- Geralt tem razão. - dessa vez Lambert se pronunciou - Nós já devemos atacar, pegá-los de surpresa! Quanto mais tempo passarmos aqui esperando, mais tempo nós daremos à eles de pensar numa maneira de cortar essa ligação empática da simbiose. Temos que aproveitar enquanto ainda estamos com a vantagem. Tissaia pode vir depois como reforço. Porque eu, Geralt e Eskel, podemos dar conta da primeira leva que vier pra cima da gente. Já estive em uma situação em que tive que me defender de vinte homens, todos armados com suas melhores espadas. E agora me diga se sobrou um para contar história? - disse, se levantando da cadeira normalmente, já que a cura foi completa - Nós fomos criados para isso, para matar qualquer tipo de monstro, seja ele até mais forte que nós. Nilfgaard pode ter quantidade, mas nós temos o maior valor de poder aqui.

- Não. Não somos suficientes. - retrucou Yennefer - Eles tem Fringilla. Que assim como eu, tem um vasto conhecimento de magias, das mais profanas até às menores e mais inocentes como fazer crescer tomates de uma horta. E claro, é ela quem está cuidando de Jaskier e Ciri. Porque sabem que ela é a única quem pode controlá-los.

- Como você mesma disse. Essa Fringilla se equipara à você. E nós temos você aqui. O que significa que já é um começo. - disse Geralt - Yennefer, sei que já perdeu as contas de quantas vezes eu fui teimoso em querer lhe escutar, mas dessa vez estou sendo teimoso por algo muito maior que nós todos. E quanto mais tempo passarmos aqui parados, mais tempo eles é que terão vantagem. Pensam que estamos fodidos, mas esqueceram que somos persistentes, que não deixamos a luta enquanto ela não acabar. Porque é isso que nos foi ensinado. E assim como Vesemir disse em suas últimas palavras... não desistiremos.

Yennefer respirou fundo pensativa.

- Que façamos uma votação então. - disse Triss, aparecendo ali no salão de repente, e recebendo todos os olhares - Não pensem em me deixar de fora disso. - todos então lhe deram expressões de alívio pelo seu despertar.

- Que façamos uma votação. - disse Geralt, se levantando da mesa.

❃❃❃❃

Por unanimidade, mesmo com Yennefer votando a favor com muito receio também por ver que perderia, todos decidiram ir para a luta já.

Os bruxos se puseram a preparar-se com todo tipo de elixires e meditaram para se concentrarem e ganharem mais resistência. As feiticeiras preparam também suas coisas, levando consigo em suas bolsas algumas poções contendo em maioria adrenalina e outros aditivos que lhes deixassem mais poderosas em suas vitalidades. E Nenneke, a única que não tinha nada além de suas ervas, também fez suas bombas de alucinógenos e soníferos para ir na viagem.

- Dessa vez Fringilla é quem vai ser pega de surpresa. - comentou Triss, ao receber de Yennefer um saquinho com um conteúdo muito perigoso até para elas.

- Dimerítio. Ela merece provar do próprio veneno. E estamos em guerra, então vale-se de qualquer artifício. Não se culpe, pois ela não se culparia nem por um fio de cabelo em usar isso contra nós. - disse a de olhos violeta.

- Tudo pronto? - perguntou Geralt, entrando ali no quarto onde as três mulheres estavam.

- Sim, tudo pronto. - Yennefer respirou profundamente, pois o que estava prestes a fazer era muito arriscado.

- Yennefer, tem certeza que quer seguir numa linha reta até lá? - perguntou Triss.

- Tenho. Eu vou aguentar. Mesmo que seja de um jeito muito sujo, mas é como eu falei antes, estamos numa guerra, então de tudo vale.

Yennefer sempre usava uma energia normal para fazer seus transportes, mas dessa vez ela iria usar energias mais densas e mais difícies de se controlar, pois estavam ligadas diretamente ao Caos: O desespero, a raiva, vazio, e a morte.

E era tudo o que eles todos sentiam naquele momento.

Geralt estava cheio dessas quatro coisas...

Todos se reuniram no salão, onde Yennefer e Triss arrumaram o chão com os cervos mortos como sacrifício e as ervas emprestadas de Nenneke, que disse que não poderia se envolver no ritual, já que era uma arquisarcedotiza diretamente ligada a deusa, que era contrário à tudo o que elas iriam usar nesse ritual proíbido de mais uma vez pegar energia emprestada de todos e agora, e dos elementos ali presentes.

- Todos, dêem as mãos. - pediu Yennefer. Todos assentiram e entraram no círculo, menos Nenneke.

A feiticeira então começou a dizer o feitiço em língua antiga, e no mesmo instante que ela começou a pronúnciar, todas as velas se acenderam, as brisas iniciaram seu leve rodopio que a cada segundo se intensificava.

Todos então sentiram seus peitos doerem, pois assim como era doloroso ganhar essa dor por causa das circunstâncias, era doloroso retirá-lo.

Todos grunhiam e gemiam se contorcendo de dor. Parecia um tortura coletiva onde havia um carrasco invisível.

As chamas da vela se tornaram ainda mais inflamáveis, a brisa virou vento e tudo no lugar começou a bagunçar pelo caos que se instalava ali naquele círculo.

Geralt teve a lembrança de quando salvou Yennefer que queria ser a hospedeira de um dijin, pois era assim que ela estava novamente, parecia que ele estava tendo um djavu em vê-la sofrendo daquela maneira, de ter algo maior que ela, de algo muito perigoso e incontrolável sendo domado com dificuldade.

E então ouve um grito muito estridente dela.

E em seguida, o silêncio.

Todos caíram. Menos ela.

Quando Yennefer abriu os olhos, no lugar dos violetas, estavam agora pupilas vermelhas como sangue. Parecia estar possuída por algum demônio, pois a mesma sorria de maneira sombria.

- O que estão esperando? Levantem-se. - ordenou ela à todos no grupo - Eu consegui. Está pronto. - e então fez um portal que em segundos se fez ali no meio daquele círculo - Vamos em duas viagens, será mais seguro para vocês... Primeiro em Cintra, e depois em Ymlac, é onde Jaskier e Ciri estão. Descobri. - disse, e sorriu mais uma vez.

Todos estavam achando muito estranho aquele jeito dela. E claro, Geralt não conseguia deixar de se preocupar.

- Yennefer.

- Não se intrometa, bruxo. Não é o que você disse? Qualquer meio?

- Yennefer, você pode perder a sanidade! Mexer com o Caos é muito arriscado! - se pronunciou Triss.

- Isso é para quem é covarde. - e sorriu mais uma vez para a sua amiga - Eu me sinto bem, não se preocupem. Não vou virar pó ou coisa assim. E mesmo que isso possa acontecer, me esqueçam. O que interessa nisso tudo é salvar o Epicentro e a Chama Branca.

Geralt franziu o cenho ao perceber seu modo de falar. E quase estava acreditando em sua teoria da feiticeira estar mesmo possuída por algo.

Mas não havia mais tempo para conversas. Era hora de agir.

❃❃❃❃

A viagem era longa. Se fosse em modo natural poderia levar até um ano e meio para chegar do outro lado do Continente. Mas com aquela magia proíbida de Yennefer, a viagem durou somente dois segundos. Um em Cintra, e outro quando chegavam em Ymlac, nos arredores da região de Nilfgaard.

Assim como todo lugar conquistado por Nilfgaardianos, aquele lugar estava completamente destruído. Árvores haviam sido queimadas e algumas cortadas para fins que eles todos não queriam saber.

O coração do bruxo estava batendo forte em saber que Jaskier e Ciri estava em algum lugar ali perto. E num momento raro, agradecia mentalmente aos deuses por Jaskier ainda resistir e por estar ligado à Yennefer, pois assim ela conseguia nitidamente saber exatamente onde ele estava.

- Por aqui, vamos. - disse a feiticeira, liderando aquele pequeno grupo de bruxos, uma outra feiticeira e uma sarcedotiza.

Atravessaram um pequeno rio já quase seco, passaram por vilarejos incendiados, por campos onde ainda havia corpos que foram deixados apodrecendo ao ar livre...

O que os Nilfgaardianos faziam era realmente cruel.

- Ele está lá dentro. - disse Yennefer, assim que subiu um pequeno monte e viu a base do inimigo.

Geralt logo tirou uma espada da costa, e os outros bruxos repetiram seu gesto. Triss fechou os olhos para se concentrar e Nenneke, pegou algumas "bombinhas de ervas" de sua bolsa.

- Yennefer! - gritou Triss avisando quando de repente uma bola de fogo vinha do céu em direção à eles.

A feiticeira de Vengerberg ergueu uma mão e fácilmente desviou aquilo para outro local, que explodiu numa grande destruição.

- Fringilla já sabe que estamos aqui. - disse ela.

- Merda. Então o que estamos esperando? Vamos ao ataque! - disse Lambert.

- Não. Se forem pela linha de frente irão ser mortos na primeira investida deles. - rebateu Yennefer - Não é? Rience. - quando ela disse esse nome, todos se viraram para a direção que a feiticeira olhou.

- Hm, então a feiticeira favorita de Tissaia andou mexendo com coisas proíbidas... Ela vai ficar tão decepcionada. - retrucou Rience em deboche, em seguida acendendo suas mãos em chamas.

- Olá. - disse ela passando pelo seu grupo ficando à frente deles - Quer dizer que Fringilla não veio e mandou o cão dela fazer o trabalho sujo? Isso é decepcionante.

- Gostaram da nova marca? - perguntou, apontando para o rosto das três mulheres, que lhe direcionaram olhares cheios de ódio.

- Você mexeu onde não devia, Rience. E agora vai pagar caro por isso. - disse Yennefer, também acendendo suas mãos em chamas.

- É o que vamos ver. - e sem aviso prévio, o feiticeiro lançou uma bola de fogo na direção do grupo, mas Yennefer outra vez desviou com uma mão, enquanto que com a outra, abriu um portal.

- Vão! Eu seguro ele!

- Eu ficarei para te ajudar. - disse Triss - A mais deles chegando. - argumentou, fazendo a outra feitceira não ponderar.

Geralt, os outros dois bruxos e Nenneke não questionaram, correram logo para dentro do portal, que logo se fechou assim que eles todos passaram.

Olhando ao redor, viram que estavam em um lugar muito escuro. Havia sons de gotas de infiltramento e o cheiro parecia a de um sanitário de estalagem. Era horrível.

- Para onde ela nos mandou?! - perguntou Eskel.

- Deve ser o porão de alguma coisa. Ou os esgotos. Acho que esse era o único lugar onde poderia ter a brecha para nos transportar para dentro. - explicou Nenneke, retirando da bolsa uma pequena tocha que ela acendeu manualmente com suas químicas.

E logo todos souberam onde estavam.

- Masmorras. - Geralt olhou para todos os lados, e viu que em uma delas havia rastros de alguém que foi arrastado para fora de uma, se abaixou e aguçou seu olfato, se concentrando em separar cada odor, os de terra, de sangue e de... - Camomila e vinho...! Jaskier esteve aqui! - disse se levantando e correndo em direção à saída daquele lugar. Os outros seguiram-no, se perguntando como ele havia conseguido sentir o aroma do bardo no meio de tantos outros cheiros horríveis daquele lugar.

Eram tantos corredores que ali dentro daquela base parecia ser um labirinto. E como todo labirinto, havia suas armadilhas. De algumas paredes saiam fogo, e em outras, flechas envenenadas. Às vezes o chão se abria para um abismo e em outras deixava sair uma criatura venenosa. Os bruxos passavam por aquilo tudo sem muitas difículdades.

- Isso não está certo... Isso não devia ser assim! - disse Nenneke, bebendo algo, e em seguida arregalando os olhos - Bruxos, estamos sendo pegos numa magia de ilusão! - e rápidamente ela lhes jogou sua garrafinha para eles também beberem.

Quando os três bruxos beberam, viram que ela estava certa. E assim como eles, os três se espantaram pelo que viram.

Ali pelos corredores agora sangrentos, havia corpos de pessoas normais.

Eram camponeses.

E até de crianças...

- Por deuses... - disse Nenneke, fazendo um sinal de pêsames e proteção de Melitele - Foi a tal Fringilla! É claro que ela deve estar nos manipulando como ratos! - disse - Vamos... Não podemos parar... - disse aos bruxos, que se puseram a seguir em frente mesmo muito atordoados - Que Melitele receba suas almas... - disse ela, olhando para toda aquela barbaridade.

Mas a difículdade não parou aí. Pois quando conseguiram ir para o andar de cima, se depararam com um grupo de soldados Nilfgaardianos, que assim que viram os bruxos entrando naquele salão, começaram a atacar.

No último andar, Jaskier estava deitado. Sentia muito frio, pois estava febril por conta das torturas sofridas. Mas assim que percebeu uma certa agitação lá fora de soldados correndo pelos corredores, se levantou e foi até a janela.

Ao longe no meio daquele deserto de destruído, havia um grande grupo de feitceiros lutando uns contra outros. Eram bolas de fogo pra lá e pra cá, pessoas voando, pessoas sendo jogadas para longe, pequenos redemoinhos se formando do nada. Vinhas gigantes crescendo do nada... Era a maior confusão de feitceiros que ele já virá em toda sua vida.

- Por deuses, o que está acontecendo?! - perguntou-se ao sentir um grande terremoto pelo local todo. Olhou lá pra fora e viu que todos os feitceiros haviam parado por um momento.

Algo muito errado estava acontecendo.

E de repente, a porta daquela dispensa onde estava preso foi aberta bruscamente.

- Você. - disse Fringilla indo apressadamente até ele - O que está fazendo?!

- Eu não estou fazendo nada! Eu juro!

- Venha, temos que tirar aquela menina daqui ou todos nós morreremos! - disse a mesma empunhando uma adaga em direção ao bardo.

- O que está acontecendo com ela?! O que está acontecendo aqui?! Porque há tantos feitceiros lutando lá fora?!

- Cale a maldita boca! - disse e deu um tapa na cara do moreno - Só abra essa boca quando eu mandar. Me ouviu bem? - Jaskier assentiu - Vamos. Hora de fazer seu trabalho.

Fringilla guiu o bardo até o cômodo de cima, onde Ciri estava trancada. O lugar todo tremia, as coisas começavam a cair e muita poeira era levantanda. Às vezes a feiticeira e o bardo se desiquilibravam e se apoiavam nas paredes para se manter em pé.

Quando pararam em frente a porta do compartimento de Ciri, a mesma foi destroçada, parecendo ser sugada para dentro, o que segundo depois foi confirmado que era isso mesmo que tinha acontecido.

- Ciri! Deuses! O que estava havendo com ela?! - perguntou Jaskier assim que viu a princesa no meio de uma esfera de ventos e destroços do telhado e de tudo que havia ali.

- Vá! Faça o seu trabalho! - ordenou Fringilla.

- O que?! O que faço?! E-eu não tenho idéia!

- Sim, você tem. E se não fizer. - a feiticeira apontou aquela adaga para a sua barriga - Você sabe. Sei que sabe.

Jaskier suou frio. Ele realmente não sabia o que fazer. Mas também não podia deixar que nem seus bebês e nem Ciri se ferissem ou morressem.

Com muito medo e sem idéias do que poderia fazer para fazer Ciri se acalmar, Jaskier entrou no compartimento já sem telhado.

- Ciri, sou eu! - gritou, pois a ventania era muito forte e uivante que não dava nem para escutar a própria voz - Ciri!

A menina continuava ali em pé, no meio da esfera de ventos, com um olhar vazio e pronunciando alguma coisa.

O bardo então foi se aproximando cautelosamente, até que chegou perto o bastante para poder sentir algumas farpas arranharem seu rosto.

- Ciri! Sou eu! Jaskier! Por favor, me ouça! - gritou com toda sua força.

E foi então que tudo parou e a menina se virou para ele, mas ainda em transe.

- A hora do Epicentro estar para se concretizar. A Chama Branca queimará tudo. O ser que carrega duas sementes de esperança dará ao mundo a escolha. Morte e vida é o que espera para o Epicentro que tudo começou...

- Merda... Ciri, olhe, eu realmente não quero entender nada do que disse, mas sei que tudo vai ficar bem. É vida e morte que me espera. Então que seja! Ou melhor, eu mando na minha vida! - disse andando para perto da menina - Nem você, nem ninguém vai mandar nas minhas escolhas! Não sou o "Epicentro"? Então foda-se as profecias! - gritou.

Mas Ciri foi quem superou o volume.

Pois no segundo seguinte a menina soltou um grito apavorante que o bardo teve que tapar os ouvidos porque senão ficaria surdo. E quando Ciri ia pra cima dele, talvez por ainda estar em transe e querer atacá-lo, o bardo se adiantou e foi até ela, e lhe abraçou. A mesma se debateu, tentava se soltar. Mas Jaskier tinha sua forma masculina, então tinha sua força de homem novamente para poder aguentar aqueles ataques da menina.

- Tudo bem minha princesa. Estou aqui. Você é minha menina, minha preciosa menina que tanto amo. Vai ficar tudo bem. - disse, com todo carinho que podia enquanto abraçava.

Ciri ia se acalmando, cedendo e se aquietando. As palavras doces do bardo iam surtindo efeito aos poucos.

- Eu disse que você sabia. - disse Fringilla, e antes que a mesma dissesse algo, foi atingida por uma bola de fogo vindo de lá do chão daquele campo de guerra entre os feiticeiros e alguns soldados Nilfgaardianos.

A mesma desviou pro lado e caminhou até Jaskier e Ciri, fazendo os dois caminharem com seu feitiço.

Mas de alguma maneira, ambos começaram a resistir à sua magia.

- Melhor não serem rebeldes. Ou será pior. - ameaçou.

- Sério. Eu acho que não. - Jaskier olhou para ela com aquele olhar de encanto, e logo a mesma desviou o olhar e logo fez um feitiço para selar sua boca, pois sabia que o bardo estava prestes a começar usar sua habilidade.

- Não dessa vez! - disse ela, abrindo um portal de transporte.

E quando a feiticeira puxou os dois para fugir daquele local, uma flecha foi acertada em seu ombro, fazendo a mesma cair no chão, e se contorcer de dor.

- Quer levar todos os créditos Fringilla? Eu te falei que isso não aconteceria de novo. Eu disse que estaria preparado para a sua ganância. E tinhamos um acordo, mas vejo que além de ganaciosa, é também desonesta. Que pena. - era Rience - Olá Mestre Jaskier. - sorriu sombriamente para o mesmo, que se encolheu abraçando Ciri, que olhava brava para o feiticeito - Parece que seu amante e seus amiguinhos não sabem quando parar, não é?

- O quê?! - Jaskier olhou para Ciri e ambos fizeram uma expressão de alegria e alívio.

- Não, não... Não fiquem tão felizinhos. - disse Rience.

No andar debaixo, os bruxos e a sarcedotiza conseguiam dar conta de todos aqueles soldados. Era como Lambert tinha dito antes, eles são treinados para isso. Podem ser poucos, mas tinham qualidade de luta e disciplina fora do comum. E todos que entravam em seus caminhos, eram executados sem hesitação. Geralt era o quem mais agia, não tinha nenhum pingo de piedade, seus pensamentos estavam focados em Jaskier e Ciri. Saber que estavam tão perto e em algum lugar dali fazia sua adrenalina ficar em alta.

- O que foi isso?! - perguntou Nenneke quando tudo ali começou a tremer.

- Isso é a Ciri! - disse Geralt olhando para cima - Está no último andar! Vamos! - disse, já correndo para as escadas depois de executar mais cinco soldados Nilfgaardianos.

Geralt sabia e conhecia muito bem esses tremores, pois não era a primeira vez que tinha sentido isso. Sabia distinguir muito bem de um terremoto natural para um que era causado por uma força sobre humana.

Claro que a subida até o último andar não seria fácil também. Havia mais soldados, alguns mais habilidosos que outros, mas a maioria não tinha tanta destreza quanto aquele trio de bruxos e uma sacerdotisa e suas poções.

Até que conseguiram chegar no andar de onde vinha aquele tremor.

O coração de Geralt ficava cada vez mais ansioso, querendo logo vê-los.

Mas assim como acontecera lá embaixo com as ilusões, quando subiram, se depararam com um corredor cheio de portas.

- Bebam isso novamente! Vai proteger suas mentes dessa ilusão!

Geralt aguçou então sua audição, assim como os outros bruxos.

- É ali! Naquela porta! - disse Eskel que tinha ido mais ao fundo, mas claro, tinha visto antes se não tinha alguma mais armadilha.

O bruxo correu até parar em frente da tal porta, e pôde ouvir vozes alteradas.

- Jaskier... E Ciri! - murmurou.

E sem esperar por mais nenhum segundo, fez o sinal de Aard, arrombando a porta, estilhaçando ela inteira.

- Ah, claro. A trupe conseguiu passar por esses amadores. - disse Rience, apontando uma besta para Geralt, enquanto mantinha uma mão sua que estava magicamente modificada com garras de aço, apertando-as contra a jugular de Jaskier, que estava com expressão de pavor, pois sabia do que Rience era capaz de fazer - Nem um passo à mais, bruxo.

- Onde está Yennefer?! - questionou Nenneke ao ver um grande silêncio que se fez lá fora.

- Vamos dizer que ela está um pouco ocupada com alguns colegas nossos... Pensou que também não temos nossos melhores campeões? - respondeu Rience, apertando uma unha de aço no pescoço do bardo, e deixando um linha fina de sangue escorrer.

- Geralt... - chamou-o Jaskier, muito feliz em ver o bruxo novamente - Salve Ciri, e nossos filhos. Foque neles... Por favor... - disse.

O bruxo ficou com o peito apertado, pois era a primeira vez que ele escutava o moreno dizer para salvar outros, e não mencionou ele mesmo. O que quer dizer que... Jaskier já tinha se conformado que não saíra dali vivo.

- Fique calmo, tudo vai ficar bem. - disse Geralt, olhando aflito e com uma grande preocupação para o menor.

- Não bruxo. Nada vai ficar bem. E sabe porque? Porque esse negócio todo já me encheu! Eu deveria ter só pêgo meu pagamento e me mandado, mas não. Fui ludibriado por essa cadela. - Rience então olhou para Fringilla, que se mantinha paralisada no chão, por causa do veneno da flecha dele em seu ombro - O imperador tá pouco se lichando para nós. O que quer dizer que posso fazer qualquer coisa!

- Mova um só músculo, e eu acabo com sua raça. - ameaçou Geralt.

- Não bruxo. Está completamente equivocado. E em desvantagem. Sabe, eu poderia também deixar essa coisa toda pra lá. Mas você e essa Aberração aqui me irritaram. Assim como aquela vadia lá fora. Fizeram da minha vida um inferno, e acabei ganhado isso de presente. - apontou para sua marca no rosto - Mas agora, posso consertar as coisas. - disse e apontou a besta para a barriga do bardo - Essas coisas não são normais! Não sou tão religioso, mas sei que essas crias aí dentro são o caos e a destruição de tudo que é organizado e simplificado. O imperador é um louco por querer essas nojeiras... Mas isso não importa. O que importa é que agora vocês terão suas punições pelo que me fizeram!

E quando ele estava prestes a apertar o gatilho da besta, Ciri deu um grito muito alto e estridente.

- Nãão!!!

E todos no local voaram para todos o cantos!

Os bruxos bateram contra as paredes de pedra, a sarcedotiza foi jogada para fora daquele cômodo já sem telhado, Jaskier também foi lançado para longe, e acabou caindo e batendo contra um armário, e Rience...

Acabou sendo impalado brutalmente.

Uma haste pontiaguda de madeira atravessou suas costas até a ponta aparecer em sua barriga, era uma pilastra que havia caído do telhado e estava como uma estaca entre os escombros.

- Jaskier! - gritou Geralt, ao ver o bardo ali muito machucado entre os escombros também.

Mas isso não era o pior.

Em meio aquela confusão de pessoas sendo jogadas para todos os cantos, Rience tinha apertado o gatilho, mas não foi acertado onde ele queria, então a flecha tomou outro rumo: bem no peito do bardo.

- Jaskier!!! - Geralt mancou, se arrastando para o bardo, que agonizava ali entre os destroços do armário.

- G-eralt... - disse, muito fraco, deixando em uma tosse, escorrer muito sangue de sua boca.

- Jaskier, olhe pra mim! Se esforce em manter os olhos abertos! Está me ouvindo?! - disse, ficando cada vez mais desesperado ao ver Jaskier perdendo o brilho de seus olhos e seus lábios ganhando uma cor pálida.

- Geralt... Ainda dá pra salvar os bebês... Tudo bem virem... antes da hora... Tire eles de mim... Salve eles... por favor... - sua respiração era dolorida, e cada vez que tentava disfarçar com um sorriso fraco, mas tossia um mar de sangue.

- Merda, Jaskier, pare de fazer discurso de despedida! Você não vai morrer!! 

- Eu... Sempre soube... Sabia que uma hora isso ia me acontecer... - e deu um sorriso dolorido ao bruxo, erguendo uma mão e a pondo no rosto do mesmo, que tinha uma expressão de medo e dor - Não me arrependo de ter... me apaixonado por você. E muito menos... de ter amado. Cuide deles por mim Geralt... - as lágrimas então começaram a cair pelas laterais de seu rosto - Seja bom para eles... E siga em frente se puder. - e olhou bem nos olhos do bruxo, sorrindo - Menos com aquela psicopata... Ou então voltarei para lhe assombrar. Promete?

Geralt sorriu fracamente também em meio as suas lágrimas, balançando a cabeça em negativa, inconformado pelo que estava acontecendo.

- Eu não prometo nada, Jaskier. Porque tudo vai ficar bem e você vai estar do meu lado para que isso não aconteça! Você vai ficar bem! Está me ouvindo?! Por favor, continue falando! Não ouse fechar os olhos!

- Cuide... deles... Geralt... - e então, em uma inspiração muito difícil, como se estivesse se afogando em seu próprio sangue...

Outra vez Geralt teve seu coração dilacerado...

Quando um último suspiro se fez.

E Jaskier, se foi.

Geralt tentou sacudí-lo, beijou-o, mas nada adiantava.

- Jaskier, não! Por favor! Não me deixe!

Em meio a incrédulidade, e sentindo seu corpo anestesiado por isso, por não acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, abraçou aquele corpo menor com muita dor. Não conseguia agir ou pensar. Nem respirar direito conseguia por sentir-se em completo vazio sufocante.

Havia começado um outro grande tumulto lá fora e ele tão pouco se importou.

- Geralt! - uma voz feminina lhe chamou. Era Yennefer, que acabara de chegar de seu portal ali dentro do cômodo - Não... - seus olhos se arregalaram quando viu o estado de todos - Não, não, não.... Não!

Os bruxos já haviam se levantando, um pouco tontos, mas já prontos para uma outra leva de luta. Nenneke estava sumida. Fringilla ainda estava paralisada pelo veneno da flecha do Rience, este que já se fora a tempos por ter sido empalado. E Ciri, havia desmaiado depois de seu surto.

- Geralt... Eles estão vindo... Temos que tirar todos daqui... - disse a feiticeira, mas logo foi interrompida pelo bruxo.

- Vá. Leve Ciri com você. Lambert, Eskel, ajudem-na. - disse, sua voz mais grave que nunca, mas... Sem ânimo. Completamente.

- Geralt, você não está pensando que...

- Me deixem! Vão! - esbravejou, enraivecido enquanto abraçava o corpo de Jaskier - Não vou deixá-lo! Nunca mais... Nunca mais...

- Geralt... - Yennefer se abaixou e pôs uma mão na barriga do bardo - Geralt! Eles ainda vivem! - os olhos do bruxo se arregalaram - Nós podemos salvar ainda esses bebês!

- Então salve! Faça qualquer coisa Yennefer! Por favor! - Geralt implorou, sem nenhum pingo de orgulho. Mas em sua voz havia muita desolação, assim como em seus olhos cheios de lágrimas e avermelhados em tentar inútilmente segurar aquele choro.

- Sim, eu farei. Vamos. Ainda tenho um poder extra para irmos só até Ellander...

- E a sarcedotiza? Onde ela está?! - perguntou Lambert.

- Eu a peguei quando a vi caindo daqui. Triss está com ela. Mais tarde elas nos alcançam. Vamos! Há mais Nilfgaardianos chegando!

Yennefer então abriu um outro portal, seus olhos vermelhos ainda continuavam, mas nem isso mais preocupava Geralt, pois sua mente estava vazia e seu peito doía tanto que parecia que estava prestes a morrer de tristeza.

E levantando o corpo inerte do bardo em seus braços, Geralt caminhou depressa para dentro do portal, que logo em um passo, o levou para os portões de templo de Melitele.

Havia umas jovem aprendizes ali, que ficaram assustadas com a repentina chegada e repentina daquele grupo.

- Quem são vocês?! - disse uma senhora com vassoura nas mãos.

- Somos amigos de Nenneke, temos uma urgência! - disse Yennefer, passando pela senhora e guiando Geralt com o corpo Jaskier em seus braços - Você, arrume a sala de cirurgia. E você, um quarto com dois pequenos berços! - ordenou a feiticeira às aprendizes, que a olharam confusa mas logo assentiram em atender quando viram o bardo e sua grande barriga de gestante, então entenderam que poderia se tratar de um parto.

- Yennefer... - chamou o bruxo, assim que entraram naquele cômodo cheio de frascos e poções de Nenneke. Havia uma mesa no meio. Apesar de ter pedido para arrumar uma outra sala, viu que não daria tempo. Ela tinha que salvar os bebês o mais depressa possível.

- Geralt, confie em mim. Eu vou salvar esses dois bebês. Sei que está com o coração em pedaços, mas peço que se concentre agora no que vou fazer! Eu preciso de ajuda para cortá-lo! - disse, higienizando uma adaga e dando-a apressadamente para o bruxo, que olhou a lâmina desolado.

- Senhora, já está tudo pronto! - disse uma jovem moça entrando ali no cômodo - Por Melitele, o que vocês vão fazer?! - perguntou assim que viu a adaga na mão do bruxo, e foi então que ela mirou para o corpo do bardo e entendeu - Ele... Está morto? É uma mulher amaldiçoada num corpo de homem? E vocês vão tirar o bebê dela?

- Sim, exatamente isso tudo! - mentiu Yennefer, menos na parte do bardo estar morto - Pegue por favor toalhas. Vou precisar de duas mantas limpas e esterelizadas. - disse, e a jovem saiu correndo buscar - Agora Geralt! Faça um corte de quinze centímetros na horizontal. - orientou.

Geralt se aproximou lentamente do corpo do bardo, olhando-o com grande tristeza, mas ele não podia se demorar. Tinha que fazer isso ou então iria perder todos eles.

- Te amo, Jaskier. Queria muito ter dito isso enquanto havia tempo... Mas fui um idiota até em seu momento final... Mas agora não dá mais para dizer ou lamentar... Minha... pequena andorinha... - a voz do bruxo saía embargada e aproximou a lâmina na barriga do moreno, já mais do que pálido por ter partido.

O corte foi rápido, assim como ele fazia nos monstros e seus abates. Fazia tudo de modo automático, sem certeza do que estava fazendo ou como estava executando.

- Conseguiu chegar na placenta! Olhe! - disse Yennefer vendo uma bolsa membranosa com duas criaturinhas dentro. Não dava para ver direito ainda o que eram, pois havia muito sangue ao redor.

Naquele momento o bruxo deixou derramar suas lágrimas, pois estava vendo duas crianças tão pequenas se mexendo ali dentro.

- Geralt, faça as honras... - disse Yennefer, também emocionada por ver que os bebês ainda se mexiam vívidamente.

E então, o bruxo cortou a placenta que envolvia aquelas crianças, e uma certa quantidade de líquido aminiótico saiu, molhando as mãos do bruxo. Yennefer em seguida e depressa enfiou as duas mãos ali dentro, pegando com cuidado a primeira criança, que estava enrolada em seu cordão umbilical.

- Um menino...! - disse, sorrindo e deixando derramar uma lágrima quando viu aquela bolinha pequena em suas mãos - Um menino Geralt! - a voz da feiticeira saiu embargada, muito afetada por tudo.

E bem nesse momento, uma jovem chegou com as toalhas e mantas, e trazendo consigo uma colega que vinha com uma bacia cheia de água, para dar banho no bebê.

- Corte o cordão Geralt. - disse a feiticeira, e o bruxo, que pela primeira vez em sua vida, estava com as mãos trêmulas, olhou assustado e dolorido para aquele bebê todo sujo de sangue.

E assim que fez isso, o bebê parece ter sentido dor por ter se separado de seu pai, e abriu um berreiro muito alto e forte.

- Igual ao pai... - sorriu Yennefer, olhando para Jaskier com tristeza - Agora vamos ao segundo bebê. - a feiticeira então foi procurando as costinhas e desenrolando o outro cordão umbilical, e quando puxou a criança para fora, sentiu um alívio imenso - Mais um menino! Geralt! É mais um menino! - disse, deixando mais ainda suas lágrimas caírem.

Geralt não se aguentava em tamanha emoção ao ver seu segundo filho ali nas mãos da feiticeira. E sem que e mesma pedisse, ele cortou o cordão. Mas diferente do outro, esse somente murmurou baixinho um pequeno resmungo de choro, como se estivesse bravo por tê-lo incomodado.

Yennefer sorriu para o bruxo, nem precisando falar a quem o bebe devia ter puxado.

Geralt queria muito segurar as duas crianças que agora estava nos braços daquelas duas jovens aprendizes de Nenneke, mas suas mãos estavam trêmulas e sujas de sangue. Sangue do amor de sua vida.

E uma infinita tristeza lhe invadiu outra vez.

- Jaskier... - sua voz saiu rouca, muito fraca. A lâmina que segurava caiu sem forças fazendo o som metálico ecoar pelo cômodo. Até suas pernas pareciam ter virado dois gravetos por não conseguir se manter em pé.

E então deixou todo seu choro sair.

Em completo desolamento, Geralt pegou a mão do moreno e entrelaçou na sua, desejando arduamente que por algum milagre ele pudesse voltar a vida, mas nada acontecia.

- Era dessa dor da qual queria me livrar? Era desse destino que queria fugir? Jaskier, eu entendo... E faria a mesma coisa que fez. Eu também não suportaria ver o meu amor sofrer... Droga... Jaskier... - soluçou, sentindo sua respiração doer - Volte pra mim... Me irrite... Me ame... Por favor... porra... Volte pra mim...! - e se ajoelhou, não aguentando a dor de olhar seu moreno ali, jazido sobre a mesa e com a barriga aberta como se tivesse sido estripado por um lobisomem.

- Geralt... - Yennefer se aproximou do bruxo. A feiticeira nunca na vida imaginou vê-lo daquela maneira. Nunca tinha visto um amor tão grande quanto o que estava vendo Geralt deixar mostrar ali, chorando copiosamente em silêncio pelo bardo.

- Yennefer, me deixe. Não estou em condições pra ouvir qualquer merda de palavras de consolo. Nada disso vai fazê-lo voltar! Então me deixe aqui com ele! - disse, em tom quase de rosnado, pois sentia uma raiva tão grande de si mesmo, e de tudo. Se culpava pelos anos que o fizera Jaskier sofrer de amor por ele, culpava-se por não ter sido o melhor para ele. E culpava-se por não ter tido a capacidade de protegê-lo. Se sentia um completo lixo, um inútil. Somente um monstro que foi criado para matar outros monstros.

Mas a feitceira não queria deixá-lo ali sozinho. Sabia que Geralt precisava de ajuda, mesmo que só um abraço.

E foi o que fez.

- Geralt... Eu sei que isso é uma merda para ser dita agora, mas tente ficar forte! Você tem agora três crianças para cuidar. Ciri e esses dois bebês precisam de um pai. Precisam de você.

- Precisam? - e afastou a feiticeira - Yennefer, eu não sei cuidar de ninguém! Sou um merda! Um porcaria criada pra limpar a merda dos outros! Eu não sou nada além de um... De um... Filha da puta que aceita contratos chulos em troca de míseros trocados pra ficar bêbado para poder aguentar essa porcaria de mundo! É isso que sou e é isso que faço! - esbravejou, levantando-se, e virando-se de costas para o corpo de Jaskier, pois não suportava mais ver e se conscientizar de que o amor de sua vida havia lhe deixado para sempre.

Até para os bebês ele não suportava olhar, pois eles eram a prova viva do tanto mal que fizera ao bardo. Pois se ele tivesse mais cuidado, Jaskier não teria engravidado e não teria esse destino. Olhar para aquelas crianças lhe deixava mais amargurado por fazer-lhe lembrar de que ele era um imprestável. E de que por ser assim, podeira até por em risco suas vidas assim como pôs a vida do bardo por não saber ser uma pessoa boa e normal.

Quando estava saindo pela porta, com o pensamento de sumir no mundo ou quem sabe talvez morrer brevemente em uma caçada suicida, Yennefer o chamou.

- Geralt! Não vá! Não cometa essa besteira!

- Você sempre quis ser mãe Yen. Parabéns, ganhou três crianças.

- À merda essa parabenização! Porra Geralt! Você é o pai deles! Você não pode fazer isso!

Geralt logo soube que a feiticeira leu os seus pensamentos.

- Foda-se!!! - disse, socando a parede, e pouco se importando com a dor que lhe auto causou, fazendo até suas falanges sangrarem - Yennefer, eu já vivi demais... Já suportei coisas demais... E eu não aguento mais. Para mim... - Geralt então se permitiu olhar mais uma vez lá pra mesa e para o corpo de destroçado de Jaskier - Eu morri no momento em que ele se foi. - disse, tentando engolir um nó insuportável em sua garganta, seus olhos dourados sem brilho entre os vermelhos de suas escleras.

Yennefer não conseguiu segurar mais lágrimas que desceram pelo sofrimento do bruxo, e também pela tristeza da morte do bardo, afinal, mesmo que tivessem tantas discussões e desavenças durante todos esses anos, a feiticeira gostava do bardo, tinha se afeiçoado, e muito mais depois de ter se ligado empáticamente com o moreno.

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Gostaram?

Sem comentários...
Estou tão triste quanto vocês 😭😭😭
(Doeu... Doeu muito escrever esse cap😣😞😢)

Espero que tenham gostado (apesar dos acontecimentos...😔)
Me desculpem pelos erros que houver, qualquer coisa, podem me avisar que vou correndo ajeitar.

Agora só quarta-feira, para o nosso antepenúltimo capítulo dessa jornada tão cheia de emoções que até a autora aqui tá só pó por também passar por todos esses sentimentos.

Um grande abraço apertado e beijitos à todos!😘😘😘
Inté lá my littles.👋😉
#peaceandlovealways✌️❤️✌️❤️✌️❤️✌️❤️✌️❤️✌️❤️

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