Se não demorar muito, posso esperá-lo por toda a minha vida.
Oscar Wilde
Sábado . 01/02/2018
Eu não fazia a mais remota ideia de como explicar o que havia acabado de acontecer, a única coisa que eu sei é que tê-la em meus braços nessa noite é a melhor coisa que já senti. A dona dos olhos de oceano dedilhava meu abdômen enquanto eu acariciava seu cabelo negro, sua voz vagava entre os mais variados assuntos me fazendo perceber que não me importaria em escuta-la pelo resto de minha vida.
- No que está pensando, britânico? - Ela sorri divertida.
- Não sei ao certo. - A fito, sua imensidão azul é direcionada a mim. - Apenas estou sentindo esse momento.
- Posso te fazer uma pergunta aleatória? - Ela debruça sob meu peitoral, assinto. - Se te pedirem para listar todas as coisas que você ama, quanto tempo levará até você citar?
- Eu não sei, sinceramente. - Devaneio entre tantas coisas presentes em minha vida, fiquei assim por pelo menos cinco minutos e ela não se importou em me interromper. - Acho que precisarei de alguns dias para poder lhe dar essa resposta.
- Tudo bem, isso quer dizer que ainda quer manter contato comigo. - Ela tem uma expressão convencida, rio.
- Mas e quanto a você, garota dos olhos de oceano? Se te pedirem para listar todas as coisas que você ama, quanto tempo levará até você citar?
- Um segundo. - Ela sorri, a encaro surpreso. - Amo a vida.
- Eu não entendi. - Ela ri de mim, mas não de modo arrogante. - Me explique, por favor.
Seu corpo nu levanta sem aviso prévio, eu a sigo até a cozinha ainda confuso. Eu a observo retirar uma embalagem de morango da geladeira e começar a lava-los, depois de feito ela se senta sob a mesa de centro e passa a comê-los.
- Você irá me deixar sem uma resposta? - Me aproximo dela.
- O que você acharia de nos conhecermos melhor? - Ela diz após mordiscar a fruta.
- Eu presumi que fosse isto que estivéssemos fazendo. - Ela sorri.
- Você quer respostas e eu gosto de fazer perguntas, mas para isso eu preciso de mais do que uma noite.
- Pois bem, podemos marcar de nos encontrarmos novamente.
- Eu tenho uma proposta para te fazer.
- Proposta? - A fito confuso, ela sorri divertida.
- Sim! - Ela dá espaço para que me sente ao seu lado. - Hoje é o primeiro dia do mês, Fevereiro. Conhecemos-nos, conversamos e bebemos juntos agora o que acha de passar o restante desse mês comigo?
- Perdão, eu não compreendi o que você está tentando me propor. - Ela larga a embalagem e olha em meus olhos, focada.
- Eu posso ajudar você, seja o que você estiver precisando, eu posso ajudar. - Ela me deixava ainda mais confuso. - Você tem que morar comigo.
- Como exatamente você me ajudaria, olhos de oceano?
- Eu tenho um dom e se você quiser eu posso te dar um amor desses de cinema, não vai te faltar carinho, plano nem assunto ao longo dos dias basta dizer que sim. - Ela vibra sorridente. - O que você acha, topa?
- Mas é claro que eu topo, seria loucura de minha parte negar! - Sorrio divertido.
- Ótimo! - Ela bate palma em alegria. - Teremos um mês.
- Um mês? - Eu achei que ela estivesse apenas brincando, mas percebo seu tom integro.
- Sim, oras. Você morará comigo por um mês, nem mais nem menos.
- Que tipo de proposta é essa? Você estaria disposta a viver com um completo estranho por um mês apenas para ajuda-lo pois tem um dom?
- Não seria a primeira vez... - Ela me deixa sozinho mais uma vez enquanto vaga pela casa.
- Como assim não seria a primeira vez? - Eu a sigo até seu quarto, onde ela veste um hobby florido.
- Existem regras, britânico. - Ela me encara. - Regras simples: sem perguntas, sem se prender aos seus medos e absolutamente nada mais do que um mês.
- Eu não estou conseguindo compreender o proposito disso. - Eu balanço a cabeça, aquela ideia não entrava em minha cabeça. - Você ainda está bêbada?
- Estou ótima, Daniel. - Ela estava séria desta vez, portanto me chamou por meu nome. - Quais suas duvidas? - Sento-me em sua cama, ao seu lado.
- Por que faz isso?
- Ciência. - Ela ri. - Talvez uma pequena parte egoísta de meu ser goste de fazer a diferença na vida dos outros.
- O que quis dizer quando disse que já fez isso antes? - Eu a questiono confuso, pois realmente estava.
- Caso tope, você será meu Fevereiro. Há outros meses no calendário.
- Você pega caras aleatórios para isso todos os meses? - Percebo meu tom sair mais alto do que planejei e suponho que minha feição havia sido de tamanha surpresa e aversão.
- Não necessariamente caras e não necessariamente todos os meses.
- Por que eu? - Engulo em seco, havia certa hesitação em meu ser por sua resposta.
- Te achei interessante, entre outras coisas que não me convém lhe dizer agora. - Ela sorri divertida, respiro fundo.
- Por que um mês?
- É o bastante para ter significado e pouco tempo para haver um envolvimento.
- Você já quis que durasse mais do que um mês? - Ela foge dos meus olhos sob seu corpo, o assunto parecia ter a incomodado.
- Se eu quis ou não, não tem importância. - Ela volta sua atenção para mim. - O que importa é se você topa.
- Eu não sei se posso fazer isso. - Levanto-me e ando até seu corpo. - Preciso analisar sua proposta e...
- Não estamos falando sobre um investimento, britânico. - Ela ri.
- Sei disso, mas estamos falando sobre um mês de minha vida. - Ela engole em seco e assente.
- Certo. - Ela me segue até a sala, onde procuro minhas vestimentas. - Você irá para sua casa?
- É o que pretendo. - Calço os tênis e a olho pronto para partir. - Preciso dormir um pouco, não consigo racionar direito há essa hora.
- Você não vai conseguir dormir, vai pensar em mim. - Ela se aproxima de meu corpo e me inunda com seu oceano. - Vai revirar na cama porque eu simplesmente não saio da sua mente, então você vai tentar se distrair com seus livros e até mesmo com alguma besteira na internet, mas vai acabar pesquisando sobre mim e finalmente vai tomar sua decisão e voltar para minha casa.
Nós vamos até a porta, ela a abre e acaricia meu cabelo enquanto eu reviso as coisas na qual ela havia me dito, com medo de que se concretizasse. Seu perfume estava por todo meu ser, seus toques não conseguiam ser esquecidos por meus músculos e muito menos minha mente desligava de sua proposta.
- Adeus, garota dos olhos de oceano. - Ela me fita achando graça e me beija, um simples beijo com gosto de quero mais.
- Eu vou deixar a porta destrancada, caso você resolva voltar.
♡♡♡
O caminho até a minha casa não havia sido longo, porém dentro de minha cabeça havia sido uma viagem cansativa, meus pensamentos estavam bagunçados e a proposta de Alex me deixa aflito e inquieto. Eu quis dizer a ela que aceitava, no mesmo momento, eu não pensaria duas vezes, mas não seria de meu feitio agir sem pensar mesmo que ela estimule isso em mim.
Ao adentrar meu apartamento, me livro das vestimentas e me jogo na cama pronto para dormir. Meu corpo estava extremamente cansado, mas parece que no segundo que fecho meus olhos, a morena me vem em mente. Seus olhos pareciam o oceano em que eu estava me afogando, minha mente imaginava como seria viver com ela durante um mês. Pulo para parte em que procuro sobre ela na internet, eu sabia que isso aconteceria, mas esperava que minha mente me ajudasse dessa vez.
Alexandra Anna Adams, de família rica, possui próprio estúdio de artes onde dá aulas e expõe suas obras. Eu não quis ir além disso, eu não costumo acreditar em noticias presentes nesses sites logo deixo para que ela me diga sobre si mesma. Após tomar um rápido banho, eu arrumo uma mala com todas as coisas que eu precisaria nesse um mês longe de meu apartamento, pensaria sobre o que fazer com ele mais tarde, pois agora apenas queria deitar ao lado de seu corpo.
Eu passo pela porta timidamente e cuidadosamente, deixo minhas coisas ao lado de seu sofá. Tiro meus tênis e a blusa indo de encontro ao seu quarto, lá está ela deitada fitando a porta, ela sorri.
- Sabia que iria voltar. - Eu me deito ao seu lado e a beijo.
- Tente não ter razão de vez em quando, seria bom para o meu ego. - Ela sorri e então me entrego aos seus toques.