GOLDFIELD - Nerdices e anális...

By Goldfield

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Livro de não-ficção criado para unir críticas, análises e comentários de minha autoria sobre filmes, games, s... More

Apresentação e considerações
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Guerra Mundial Z (04/07/2013)
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O que é RPG? (22/01/2014)
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Assassin's Creed: Renascença (24/07/2014)
The Last of Us (29/12/2014)
O Exterminador do Futuro: As Crônicas de Sarah Connor (05/01/2015)
Vingadores: A Era de Ultron (01/05/2015)
O Exterminador do Futuro: Gênesis (04/07/2015)
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The Witcher - 2ª Temporada (27/12/2021)
The Batman (02/03/2022)
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The Last of Us - Seriado (14/03/2023)
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Horizon: Forbidden West (24/03/2024)

Resident Evil 3 Remake (25/04/2020)

10 0 0
By Goldfield

Game zerado três vezes, uma no modo Padrão, outro no Intenso, e por fim no Pesadelo (ainda estou criando coragem para começar no Inferno, principalmente devido a problemas que vou descrever adiante).

Preparem-se, pois minha opinião sobre esse jogo certamente é impopular, principalmente entre os fãs.

Vou começar falando um pouco sobre minha experiência com o Resident Evil 3 original.

Meu primeiro contato com a série RE foi como espectador: via os mais velhos jogarem, mas só fui pegar os games para eu mesmo desbravar na adolescência. Assim, já havia "assistido" ao RE1 e RE2 entre 1997-1998, na mesma época em que foram lançados. O RE3 demorou mais. Em 1999, ano em que o jogo saiu, trocamos o console de um PSX para um N64 (o qual, 6 meses depois, foi lamentavelmente roubado) – o que fez com que perdesse a época de lançamento do RE3.

Em 2000, após o furto, conseguimos outro PSX, mas ainda assim RE3 era um jogo que aparecia em casa timidamente, quase sempre emprestado. As jogatinas geralmente emperravam na parte do bonde, quando ainda havia uma dificuldade em entender inglês para se encontrar todos os componentes; ou partes esparsas do gameplay eram vistas por mim na casa de amigos.

Só fui realmente jogar RE3 para valer em 2003, no nono ano da escola – o último dos REs clássicos do PSX que terminei. O motivo de enrolar tanto tem dois motivos: primeiro, um trauma com uma tentativa de concluir o jogo no ano anterior (2002), quando cheguei à batalha contra o Nemesis na Clocktower sem itens de cura suficientes e teria que recomeçar o game do zero, o que então não fiz. Segundo: o próprio Nemesis e sua perturbação perseguindo a Jill pelos cenários.

Isso exposto, há uma lembrança que a mim sempre estará atrelada ao game: uma cirurgia para remover dois dentes. Nessa mesma época, um dos meus sisos estava nascendo adiantado, empurrando consigo um molar. No procedimento para tirá-los, acabei ficando de molho em casa por alguns dias, tendo acabado de zerar RE3 pela primeira vez. Ou seja, meu repouso consistiu em "farmar" pontos no modo Mercenaries.

Memórias afetivas à parte, vamos ao que eu achei do Remake do jogo.

A partir daqui, há SPOILERS ao longo de todo o texto.

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EXPECTATIVAS E FRUSTRAÇÕES

Toda a análise que farei a seguir com certeza é fruto das minhas expectativas desde meses antes do jogo sair. Quais seriam elas?

Bem, ano passado tive a oportunidade de jogar o Resident Evil 2 Remake. E, apesar de um excelente game em quesitos técnicos, terminá-lo seguidas vezes me causou enorme sensação de vazio (que faria até a resenha que eu fiz do jogo à época, se refeita hoje, não tão positiva).

Em janeiro deste ano, resolvei emular o Resident Evil 2 de PSX novamente, para verificar se esse sentimento tinha a mesma origem da qual eu suspeitava... e confirmei: a riqueza narrativa e as múltiplas variáveis de jogo (com os Cenários A e B, mais o "zapping game") tornam o Resident Evil 2 original uma experiência que eu desejo revisitar sempre que possível, enquanto o mesmo não ocorre com o remake, com seu enredo condensado, variação entre cenários inexistente e, sim, preguiça e simplificação em inúmeros quesitos.

Foi isso que me fez esperar que o Resident Evil 3 seguiria a mesma linha, e colocar algo em mente: encarar o game como uma experiência distinta com elementos do original, mas que fugiria deste em inúmeros pontos e, assim como o RE2 Remake, nunca a ele se equipararia. O próprio conceito de "reimaginação", termo que a Capcom defende ser mais adequado a se referir a esses jogos.

É preciso entender que experiências como o RE1 Remake (2002, remasterizado em 2015) não vão mais se repetir na atual conjuntura. Antes, tínhamos o próprio criador da série (Shinji Mikami) insatisfeito com o primeiro game, o qual achava excessivamente datado e defasado em relação às continuações, por isso decidindo refazê-lo sala por sala, e ainda por cima adicionando uma enorme gama de conteúdo que até tinha sido planejado à versão original, mas não incluído devido às limitações de hardware do período (como ter de queimar os zumbis derrubados, ou os baús não conectados entre si – ainda que isto tenha sido inserido como extra).

Agora temos a Capcom surfando numa onda de nostalgia, entregando novas versões de games que já eram mais redondos em termos narrativos e melhores em gameplay do que o RE1 original, em grande parte por uma pressão dos próprios fãs (de anos em relação ao RE2, e de imediatamente já querer um RE3 lançado na sequência – e bem, foi o que aconteceu!). Para bem e para mal, a opinião da fanbase tem valido muito à Capcom nos últimos anos. Assim como a tendência que ela sempre teve de desfrutar ao máximo de zonas de conforto – no presente caso, "remakes" mostrarem ter um retorno certo em vendas.

Com tudo isso exposto, quero chegar ao ponto que eu já estava preparado para um game de boa jogabilidade (a RE Engine é fantástica), mas enredo capenga. Assim como o RE2 Remake – friso. O que encontrei? Algum downgrade de jogabilidade no RE3 Remake, mas uma narrativa mais polida e com maior carinho aos fãs (sim!) do que eu esperava, inclusive se considerarmos o RE3 original.

Resultado dessa visão: RE3 Remake me divertiu à beça!

Explicando em partes...

MELHORIAS NARRATIVAS

A premissa da história de RE3 Remake continua a mesma do original, mas o que me surpreendeu bastante foi que diversos aspectos foram melhor polidos e trabalhados. Listando:

- Jill Valentine muito mais humana e identificável, com seus traumas do incidente da mansão retratados, assim como suas dúvidas e anseios enquanto foge de Raccoon City;

- Carlos Oliveira, de um personagem chato e caricato no jogo original, esbanja carisma e de longe é o melhor personagem do Remake – o que, consequentemente, também torna suas sessões jogáveis as mais memoráveis da experiência;

- Mikhail ganhou mais peso narrativo, é mais ativo e não apenas o cara que alucinava e se explodia com o Nemesis como no original;

- Nicholai está melhor estabelecido como vilão, mais carismático e inclusive teve sua trama expandida com o elemento de trabalhar a outra facção além da Umbrella (Wesker? HFC, que foi ressuscitada por uma menção no RE7?). Há inclusive potencial para que ele volte em jogos futuros – sim, é possível ver um helicóptero a mais no pátio ao final do jogo e nada impediria o personagem de escapar também da explosão da cidade;

- Tyrell ganhou muito melhor desenvolvimento, acompanhando os eventos até a reta final do jogo;

- Todos os eventos são cronologicamente estabelecidos e respeitam a datação dos games de origem – incluindo trazendo intrajogo explicações de eventos que se intercalam, os quais antes a Capcom havia explicado apenas por material extra. Isso inclui a excelente conexão entre os eventos de RE2 e RE3 Remakes na parte da delegacia, bem melhor concatenados que nos originais;

- Os fãs no geral criticaram o Brad. Eu ADOREI as mudanças feitas nele: mostrá-lo corajoso e querendo compensar ter abandonado os S.T.A.R.S. durante o incidente da mansão cria a ele um arco de personagem, coisa que nunca tivemos direito na série. Ele reaparece zumbi no mesmo local em que morre no RE3, e atrelá-lo à mordida no Marvin também foi uma sacada excelente. Nas dificuldades Pesadelo e mais elevadas, o Brad zumbi inclusive reaparece mais vezes dentro do R.P.D., referência a ser um inimigo difícil de derrubar quando aparecia como extra no RE2 original. Quanto a tudo isso, só tenho duas ressalvas: essas aparições extras deviam também ter ocorrido no jogo padrão, e o personagem merecia um pouco mais de tempo vivo para interações. No geral, porém, me agradou;

- O "lore" por trás de certos monstros, como os Hunters Gama e até o próprio Nemesis, melhorou absurdamente;

- Buracos de roteiro do RE3 original são corrigidos, como o fato de antes o Carlos ir do nada ao hospital atrás de uma vacina à Jill, "na intuição". Agora, há toda uma trama envolvendo o cientista Nathaniel Bard, com ele buscando salvar a si próprio usando a vacina que desenvolveu ao T-Vírus como barganha. Ela não apenas revela mais podres da Umbrella e suas conexões ao governo dos EUA, mas cria outra subtrama interessante na reta final, com Jill e Carlos tentando usar a garantia da vacina para impedir que Raccoon seja bombardeada. Muito bom!

- Este é um Remake que reconhece o que há antes e depois de si na série, e não se envergonha disso. Algo que não senti no RE2 Remake, que até mesmo não se atrevia a deixar o Marvin referenciar o incidente na mansão quando encontrava o jogador. Há inúmeras referências ao RE1 (mais até que no original!), das mais explícitas em Files a outras sutis (ou nem tanto!) como o Brad pedindo para helicópteros voltarem e resgatá-lo. Temos, vejam só, até um final cliffhanger para os fãs teorizarem;

- Única crítica a nível de enredo: Kendo foi pouco explorado. Sua cena é quase um repeteco do RE2 Remake, e nada novo foi adicionado à sua relação com a Jill que já não estivesse naquele File extra do RE2 Remake. Pena.

E A JOGABILIDADE?

Vou detalhar esse ponto em prós e contras:

PRÓS:

- A RE Engine continua ótima, e é muito satisfatório enfrentar zumbis e outras criaturas através dela. Houve críticas quanto a membros mutilados dos zumbis desaparecerem tão logo partidos, o que não ocorria no RE2 Remake. É um downgrade, mas que afetou muito pouco minha experiência. Outra controvérsia são os itens não aparecerem mais identificados no mapa de jogo, apenas o tipo a que pertencem (itens-chave, curas, armas ou munição). Não sei se isso pode ter sido alterado por reclamações dos fãs alegando que os coletáveis serem detalhados no mapa como no RE2 Remake tornava a exploração fácil demais, mas que fique mencionado;

- A esquiva funciona bem, e tem uma curva de aprendizagem bacana. É muito satisfatório usá-la melhor para evitar inimigos comuns ou o Nemesis conforme se domina seu uso. Li críticas quanto a ela "quebrar" o jogo e permitir simplesmente se esquivar de qualquer ataque. Não confirmo ser o caso, talvez por inépcia minha em atingir tal feito – mas se for, é algo que com certeza o jogo exige em suas dificuldades mais elevadas, o que talvez poderia apenas ter sido melhor dosado nas dificuldades menores, como um sistema de estamina ou algo similar;

- O fator replay deste jogo é muito melhor que o do RE2 Remake, por dois motivos. Primeiro, o sistema de "farmagem" de pontos. Para desbloquear as armas especiais infinitas, não é preciso fazer speedruns em dificuldades elevadas como no game anterior (algo de que não gostei), e sim somar pontos cumprindo desafios pelo game para adquiri-las numa loja. Muitos desses desafios (mate X inimigos com tal arma, encontre todos os Files ou todos os upgrades de armas) estimulam a explorar o jogo mais vezes após a primeira run; sem contar os itens extras existirem em maior variedade do que no RE2 Remake;

O segundo: eu sempre curti modos de jogo na série que mudem a localização de monstros e itens, cujo exemplo melhor executado é o "Arrange" do RE Director's Cut. Neste Remake, isso foi adicionado através das dificuldades Pesadelo e Inferno. A única decisão questionável, como já comentado no caso do Brad zumbi, foi não ter transferido vários dos elementos desses modos ao jogo comum, como os Lickers no hospital. Se você estiver insatisfeito com a campanha supostamente curta (do que discordo) do game, jogue ao menos o modo Pesadelo. É uma experiência nova e imprevisível em diversos aspectos;

- A trilha sonora foi incrementada em relação ao Remake anterior. As músicas estão mais presentes e audíveis (ao invés de apenas algumas notas serem tocadas para então sumirem, como ocorria no RE2 Remake), e as novas versões dos temas clássicos ficaram muito bacanas;

- Muitas reclamações dos fãs são fruto da exclusão de diversas áreas do original, como a Clocktower e o parque. Contra-argumento opinando que as áreas novas compensam razoavelmente essa falta. O esgoto está bacana, o hospital foi MUITO expandido e agora realmente se parece mais com um hospital de verdade (algo positivo que o RE2 Remake também fez em relação ao R.P.D.), e o laboratório final, mesmo parecendo genérico por lembrar muito o já visto no RE2 Remake, tem diversas áreas e ideias bem interessantes.

CONTRAS:

- Tenho visto opiniões sobre RE3 Remake ter "muita ação", o que é reforçado por parte da equipe que trabalhou no RE6 ter se envolvido com este jogo. Eu diria que o problema não é a ação, que inclusive é bem dosada (e o RE3 original já era mais movimentado). O que prejudica a experiência são as sequências scriptadas. Em partes excessivas do jogo a Jill só tem que correr linearmente ou executar poucas ações para remover um obstáculo ou resolver um quicktime event. Isso fica MUITO nítido nas perseguições com o Nemesis. Faltam também áreas mais abertas à exploração, em que se possa coletar itens e resolver puzzles em mais de uma ordem. Lamentavelmente, uma das poucas áreas em que isso ocorre no game são os quarteirões de Raccoon City já disponibilizados na demo. Partes como o hospital e o laboratório compensam isso em partes, mas ainda assim é uma lacuna;

- Os Drain Demons, Hunters Gama e os Cerberus reimaginados ficaram legais demais para só aparecerem em uma única área do jogo. Poderiam ser inimigos minimamente recorrentes. Outra decisão problemática foi incluir certas recorrências de criaturas apenas nas dificuldades Pesadelo e Inferno;

- O Nemesis tem problemas, e entendo que boa parte das críticas dos fãs advém disso. A princípio, não me desagradaram sua nova aparência e mutações. A questão é que com a maioria de suas aparições scriptadas (e não com ele rondando constantemente uma área, como o Mr. X do RE2 Remake), Nemesis deixou de ser um foco maior do jogo como no original. Com exceção da área da cidade após ativar a energia ao metrô, em que há alguma aleatoriedade nos encontros, as perseguições do monstro logo ficam frustrantes de tão batidas. No entanto, achei que isso foi até satisfatoriamente compensado nas boss battles, como a do prédio em chamas (uma das mais legais dos jogos recentes da série!), a ocorrida na plataforma de descarte de espécimes no laboratório, e a final com a nova versão da railgun (embalada pela melhor trilha sonora refeita de todo o jogo!). A destoante certamente é a da Clocktower (em frente a ela): um momento muito decisivo do jogo original, perdeu não só peso narrativo, mas é muito pouco criativa;

- As dificuldades mais elevadas (Pesadelo e Inferno) têm problemas em certas boss battles, particularmente a última, em que Nemesis pode iniciar uma sequência de golpes contra a Jill que, se não esquivada, não dá janela alguma à personagem se curar, matando-a mesmo no "Fine". Nem mesmo certas vantagens como as moedas de redução de dano e incremento de ataque, à venda na loja do game, conseguem equilibrar isso. Acaba-se criando o dilema de as dificuldades extras aumentarem o replay do jogo (como destaquei antes), porém se tornarem extremamente frustrantes, senão impossíveis, sem o uso das armas infinitas que o jogo oferece (e até com elas!).

RECORTES DO RACCOON TIMES

- O Grave Digger foi retirado do Remake, mas só eu tive a impressão que eles tentaram fundir esse monstro aos Hunters Gama, tanto pelo local em que os enfrentamos (esgotos), quanto pela maneira como eles abrem a boca?

- Algo que eu já tinha notado no RE2 Remake veio mais intenso nesse 3: a influência da estética dos filmes baseados na franquia ao longo do jogo: desde Raccoon retratada como uma metrópole mais moderna (diferente da cidadezinha do meio-oeste cheia de casarões dos originais), o uso do termo Umbrella "Corporation" (e não "Inc.") e o padrão do logo, a estética do laboratório final, a cena de preparação do Nemesis pelos cientistas (coloque-a lado a lado com certas partes do filme RE Apocalypse!) e finalmente a própria aparência da Jill, similar fisicamente à Alice e até com uma roupa referente ao traje dela em um dos filmes no Project Resistance;

- O jogo começar com uma introdução live-action falando em pandemia e quarentena (isso foi gravado antes ou só recentemente? Fica a dúvida!), e a época em que foi lançado, fazem com a Capcom tenha usado uma pandemia real como marketing adicional ao seu jogo;

- Por algum motivo os desenvolvedores incluíram muitas referências à franquia de filmes "Alien" nesse game: os parasitas dos Drain Demons e o seu "ninho", o "Café da Sigourney" (fundado em 1979, ainda por cima!), a similaridade entre o Nemesis e o Alien em algumas mutações, e até o ator cujas feições foram capturadas para o personagem Mikhail ser o William Hope, que, assim como o russo, se explode com uma granada no filme Aliens (1986) para eliminar as criaturas. Se fosse incluído o lança-chamas do RE2 Remake, o conjunto estaria completo;

- A cena final poderia ter gasto mais tempo retratando a destruição de Raccoon City pela bomba atômica. Mesmo com gráficos mais precários, a cena original de 1999 conseguia ser muito mais trágica, e grandiloquente, do que essa nova versão. Prioridade ao realismo, talvez?

CONCLUSÃO

RE3 Remake é um jogo muito divertido e bem pensado em diversos aspectos, mas também com alguns defeitos graves. A mesma situação do RE2 Remake. Em grupos e fóruns, tenho visto o game do ano passado ser "endeusado" em comparação ao recém-lançado, quando na verdade observo a mesma raiz de erros em ambos. Isso não ficou tão perceptível no RE2 Remake por ele ser um jogo de duas campanhas. Já no caso do RE3...

Porém, em termos de reconstrução de enredo e replay, RE3 Remake com certeza me cativou mais, e é um jogo que me convida a revisitá-lo muito mais do que seu antecessor. Nunca chegará ao mesmo apelo, no entanto, do original; e ter isso considerado antes mesmo da primeira run me ajudou a tornar o game uma experiência muito gratificante, divertida e, por que não, surpreendente.

Essa abertura poderia ajudar os fãs a desfrutarem mais esses jogos como o que eles realmente são: reimaginações nostálgicas de experiências passadas que nos agradaram, e um convite vistoso a quem chega à série mais recentemente a conhecer essas experiências. Com certeza eu teria desfrutado mais o RE2 Remake se o houvesse jogado com essa abordagem.

Agora, algo com o que a maioria provavelmente concordará: se era questionável RE2 e RE3 precisarem dessas atualizações, com certeza RE4 não necessita.

E aguardemos as reclamações para quando esse remake chegar e, recebido por fãs com as mesmas expectativas dos remakes anteriores, despertar o mesmo conjunto de críticas que o RE3 Remake recebeu.

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