Intended

By itsbrunnalaynemiran

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A vida tem muitas surpresas que podem deixar alguns atordoados, ou felizes, ou tristes... Mas seja qual for o... More

Cap 1 -Lei da Recompensa
Cap 2 - Pista do Lobo
Cap 3 - Traçando Destino
Cap 4 - Força da Natureza
Cap 5 - Enfim, Nos Confins do Mundo
Cap 6 - Inverdades Revertidas
Cap 7 - Entre Paredes
Cap 8 - Indícios do Sentir
Cap 9 - Camomila - Parte 1
Cap 10 - Camomila - Parte 2
Cap 12 - Goela Curada, Coração Partido
Cap 13 - Concretizando-se um Passo
Cap 14 - Promessas Vindo à Tona
Cap 15 - Chegando no Limite do Possível
Cap 16 - Partindo-se aos Poucos
Cap 17 - Quebrados
Cap 18 - De Mal, para Muito Mal
Cap 19 - Endireitando o Curso
Cap 20 - Dois Lados de um Percurso
Cap 21 - Selando Destino
Cap 22 - Despedindo-se da Despedida de Solteiro
Cap 23 - Recepção da Fonte
Cap 24 - Um Bravo Bardo
Cap 25 - Um Bruxo Desolado
Cap 26 - Corações Cheios, Bolsos Vazios
Cap 27 - Cantos de Dor
Cap 28 - Quase Afogados
Cap 29 - Surpresas do Último Desejo
Cap 30 - Fogo Enterno Duplicado - Parte 1
Cap 31 - Fogo Enterno Duplicado - Parte 2
Cap 32 - No Coração de um Lobo
Cap 33 - Mais um no Ninho
Cap 34 - Hormônios de uma Fera
Cap 35 - Fera Desfeita
Cap 36 - Ares Novos de Kaer Mohren
Cap 37 - Epicentro Revelado
Cap 38 - Falha na Restrição
Cap 39 - Crescendo
Cap 40 - O Caos
Cap 41 - Consequências
Cap 42 - O Fim
Cap 43 - Almas Perdidas
Cap 44 - Lar
Cap 45 - Infindável
Agradecimentos
Cap 46 - (Extra) - Susto em Dobro e à Galope

Cap 11 - Laços Iniciais do Último Desejo

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By itsbrunnalaynemiran

Oiiii oi oi!
Tuto pom kom voxêis?

Como hoje é o dia da Mulher, então vou postar dois caps hoje!
Entonces...
Let's Go peoples!🤩✨

Divirtam-se my littles!😘

Uma cidade tranquila demais para um bruxo, e perfeita para um bardo ganhar seus trocados. Uma incompatibilidade dessas só poderia resultar em discussões, mas Jaskier cedeu aos motivos de Geralt, afinal ele também precisava que o bruxo arranjasse trabalho para ganhar novas aventuras para também ganhar novas inspirações para suas canções.

Murivel é uma cidade de Redania, situada ao oeste da capital Tretogor. Situa-se a norte do rio Pontar entre Rinde e Ban Gleán. Foi ali que pararam para averiguar se não havia algum monstro dilacerando algum comerciante na estrada ou sequestrando alguma donzela virgem para algum ritual macabro.

Mas a única coisa que conseguiram ali foi uma pequena briga de bar por causa de um homem que disse ter reconhecido o amante de sua esposa, no caso esse seria Jaskier, que negou veemente que não era ele e que não conhecia tal mulher que tinha chegado ali dizendo que tinha engravidado e tido um filho do bardo.

- Aquilo foi mais assustador que uma kikimora faminta, não concorda? - comentou o bardo, indo a pé ao lado de Geralt que ia montado em sua égua. Estava bem melhor do que antes dos seus ferimentos. Graças a Jaskier que começou a tratá-las com afinco.

- Não dúvido que possa ter já uma prole espalhada pelo Continente. - comentou o bruxo, dando um pequeno sorriso sarcástico de canto.

- Disso eu tenho certeza Geralt, que não possuo filhos, de nenhuma maneira. Isso é impossível. - disse ele aliviado, mas algo lá no fundo fazia com que seu tom fosse um pouco triste.

- Do jeito que é tão...

- Descuidado? Bom... Isso devo admitir que as vezes me deixo levar um pouco mais pela emoção... Algumas tem técnicas tão impressionantes... - sorriu em um careta pensativa - E você, já teve alguma que te deixou impressionado e encantado por dias pensando na tal "artimanha predatória" que ela exibiu naquelas horas na cama?

O bruxo olhou para ele e arqueou uma sobrancelha arqueada se perguntando mentalmente "Que tipo de conversa é essa?". Imaginou dezenas de repostas mal criadas para dar ao bardo, mas seu humor milagrosamente estava bom naquela instante.

- Teve uma. - disse, desacelerando mais os trotes de Plotka.

- Sim, continue. Quero mais detalhes.

- Renfri, era o nome dela.

- Um nome interessante, ela é de onde... - e de repente o bardo se deu conta do verbo no passado - Ah, me desculpe... Então... Ela...

- Está morta. - abaixou a cabeça por alguns segundos - Eu a matei. Era... princesa de Creyden. - disse.

Jaskier ficou por mais alguns segundos em silêncio temendo continuar, pois isso poderia ser um assunto muito delicado, mas ele também queria saber mais da vida de Geralt, então, porque não tentar? Afinal, a única coisa que o bruxo poderia lhe fazer era lançar um olhar furioso ou um rosnar mal humorado.

- Mas com certeza foi por alguma situação de impasse, não? - perguntou, e o bruxo somente abaixou seu olhar, o que foi uma confirmação para o que o bardo tinha pensado - Bem, isso é muito triste. São raras as pessoas que nos fazem feliz, mesmo que por um momento. E quando a gente encontra, a perdemos por nossas atitudes mal pensadas ou por conta do destino...

- O destino não tem nada a haver com isso. São as pessoas ao nosso redor que fazem as nossas vidas virarem um inferno quando deixamos elas entrarem nosso caminho. Por isso é muito melhor estar só.

O bardo entendeu aquilo como uma indireta para ele, mas decidiu não deixar-se abalar, pois sabia que Geralt era assim, e pelo jeito, foi a vida toda dessa maneira, não deixando as pessoas se aproximarem dele, sendo amargurado quase todo o tempo. E Jaskier se sentia sortudo por mesmo que depois de três meses, ainda ele ter ficado ao seu lado. Bem, mesmo que o bruxo já o tenha mandado embora uma dezena de vezes.

- Eu já acho ao contrário. Por mais que sejamos diferentes, e estou falando de qualquer espécie, todos precisam um do outro para viver. Um exemplo disso é você bruxo. Você precisa dos mosntros, porque eles são seu ganha pão. Assim como eu preciso das pessoas me ouvirem para que eu expanda minha fama e ganhe mais ducados. É um ciclo, mesmo querendo viver sozinho e não querendo admitir que faça parte de algo, mas você está de qualquer maneira ou de outra. - disse Jaskier, em uma epifania filosófica - Essa boa não acha? Vou anotar isso para um próximo poema...

É claro que ele não ia perder uma oportunidade...

- Que tal pararmos ali atrás naquele morro? Há um lago por perto. Ou talvez um vilarejo perto da cidade que precise da ajuda de um bruxo.

- Hm. - murmurou Geralt, pela primeira vez concordando com o bardo, que ficou muito contente por esse pequenino avanço.

- Geralt.

- Fale Jaskier.

- Meus pés estão doendo muito...

- Não. - respondeu antes que o bardo completasse seu pedido, e o mesmo bufou derrotado, e então puxou seu alaúde para frente e começou a cantar uma canção para distraír-se do cansaço, já que o bruxo egoísta não lhe dava uma oportunidade de descansar suas sofridas solas, as quais não era acostumado a caminhar por tanto tempo assim.

Geralt olhou para ele e revirou os olhos aborrecido, mas não falou nada, talvez por não estar afim de discutir.

- Suba. - disse, se rendendo.

- Orbigado! - e então jogou seu alaúde nas costas novamente e tratou logo de subir no lombo da égua, que agora não mais estranhava a presença do bardo.

Às vezes Jaskier acariciava a mesma, conversava e até fazia algumas confissões como se ela fosse entender tudo. Mas claro isso quando Geralt não estava presente. E quando o bruxo via essa interação dele com a égua achava interessante, pois Plotka não era de se dar bem com todo mundo. Então isso indicava ao bruxo que o bardo, mesmo sendo um cafajeste de quinta, ainda sim era uma boa alma.

- Jaskier. - chamou-lhe atenção quando sentiu as mãos do mesmo envolverem sua cintura.

- Oh, certo, quase ia me esquecendo... - disse, ajeitando para ficar de costas para o bruxo - Sabe, até que não é tão ruim ficar dessa maneira. Consigo ter uma boa paisagem daqui detrás. E apesar desses músculos serem tão duros que parecem mais a uma parede de...- disse, recostando-se nas costas do bruxo, mas logo foi interrompido pelo mesmo.

- Mais uma palavra, e voltará para o chão. - ameaçou.

- Entendido, entendido... - deu um pequeno sorriso, pois mesmo que o bruxo tenha lhe ameaçado, no fundo ele sabia que não iria fazer isso.

Mas claro, não abusaria da sorte...

No fim da tarde, Geralt e Jaskier chegaram a Rinde. Dessa vez o bruxo não quis ir para alguma estalagem, não queria contato com as pessoas, queria ficar ali na floresta, em silêncio.

O que era um tanto impossível, já que havia um bardo ao seu lado cantando aos quatro ventos, ou quando não era tão alto, ficava sentado em algum lugar cantarolando enquanto escrevia algo em seu caderno. Talvez alguma nova composição, ou melhor, mais alguma nova alguma mentira. Como pensava o bruxo.

Ah se ele soubesse...

"À alguns dias atrás, não me lembro o dia, mas me lembro que foi numa quarta-feira, quando tínhamos nós hospedado em Ban Glean, uma cidade perto de Ban Ard. Ah... Aquele dia foi maravilhoso para mim. Descobri que estou realmente apaixonado por ele, pelo tão temido Geralt de Rívia. Pensei que fosse somente algo como uma fascinação e curiosidade, mas toda vez que aqueles olhos dourados miram em mim sinto que vou derreter-me! E não somente isso. Meu peito se aquece de uma maneira muito boa. Se isso não é paixão, eu não sei o que é. Estou muito feliz, apesar dele ser um completo babaca comigo às vezes. Mas acho que se deve ao fato de eu ser só um estranho que está o seguindo. E acho que é melhor que fique assim, tenho medo que quando ele souber de meus sentimentos ele possa me escurraçar como um cão sarnento, assim como aqueles idiotas lá de Ban Ard...

Me trataram como se eu estivesse com alguma doença contagiosa...

Devo ter mais cuidado com essa minha parte. Porque não suportarei isso daquele bruxo. E sei que ficarei num porre por isso, eu me conheço.

Ah! E ele me deixou subir em Plotka ontem. Fiquei coladinho com ele por mais de uma milha! Isso é um grande avanço. Me sinto tão abobado... Sei que isso não é coisa para se alegrar, mas foi uma coisa vinda dele, o que significa que é uma raridade a ser anotada!"

Escreveu o bardo, ficando com seu peito apertado ao imaginar o que Geralt faria se ele descobrisse dos seus sentimentos, mas também feliz pelos pequenos gestos gentis do bruxo para si.

- Jaskier. - chamou Geralt, sentando em sua manta ali no chão. O bardo fechou rapidamente seu caderno e se pôs a dar atenção à ele - Está na hora de comer. - disse.

- Ah sim! Obrigado por avisar. Já estava morrendo de fome... - disse, se sentando na manta ao lado do bruxo que logo olhou para ele sério - O que foi? - perguntou, e Geralt franziu a testa - Eu não tenho uma manta para sentar-me, e não posso ficar no chão também. Vai sujar minha roupa nova.

- Mas está sujando meu manto.

- Esse manto já está sujo, eu me sentando aqui não vai fazer diferença nenhuma.

- Sente-se mais na borda. - disse empurrando o bardo, pois o mesmo estava muito perto dele. Praticamente colado ombro à ombro.

- Ok, ok... Espaçoso. - resmungou e logo inclinou o espeto com coelho pequeno que estava perto da fogueira e justamente o mesmo que o bruxo ia pegar.

A mão do bruxo pousou sobre a sua, aquele contato, mesmo que por um microsegundo, fez seu corpo tomar um choque.

- Esse é o seu?

- Pegue. - disse Geralt, se levantando.

- Aonde você vai? - perguntou o bardo, meio preocupado.

- Vou pegar meu jantar.

- Mas tem outro aqui...

- Coma. - disse, cortando mais uma vez o bardo.

- Pare com isso Geralt. Está sendo indelicado! Se esse coelho é seu, não precisa ficar bravo.

- Jaskier, coma o seu jantar. - disse em tom aborrecido.

- Mas...

- Se não quiser jogue fora, mas não me aborreça! - rugiu, assustando o bardo, que olhou para ele da mesma maneira. E sem dar chance para o moreno falar, saiu à passos duros para mato adentro, deixando o outro ali sem entender essa atitude explosiva repentina.

❃❃❃❃

Geralt só voltara no meio da madrugada quando viu que o bardo já dormia.

Tentou também dormir, mas seus pensamentos não o deixavam pregar o olho.

Mas porque?

Bem, o motivo exato era quem dormia ali perto de Plotka, em cima de sua manta, sendo iluminado pela luz da forgueira, que o deixava com um ar mais inocente.

Isso perturbava o bruxo, porque ela sabia como Jaskier era, um malandro, um conquistador barato que se mete com qualquer rabo de saia, entrando em confusões em toda cidade ou vilarejo que paravam. As vezes por um pai ou marido querendo acertar as contas, ou em outras arrecadando admiradoras que deixavam seus pretendentes ciumentos por seu charme barato.

E era exatamente esse charme barato que estava pertubando Geralt. O que há de errado consigo? Porque está se sentindo estranho dessa maneira?

Os ferimentos do bruxo já estavam quase todos cicatrizados, já se sentia bem o suficiente para matar mais mosntros, então porque se sentia febril? Porque seu coração está acelerando tão de repente? E o pior de tudo: porque seu corpo sentiu um choque quando tocou naquela mão de pele macia e delicada do bardo?

Isso foi a causa de sua repentina perda de apetite e explosão de raiva. Porque foi uma reação de si muito assustadora. Porque era uma coisa que nunca havia sentido. Parecia que estava a ponto de infartar e morrer.

Estudara todas as possíveis causas, até que apareceu uma mais alarmante entre elas: Jaskier.

Seria Jaskier a causa dessas súbitas reações e sintomas em seu corpo? Será que toda essa irritação que ele vem passando por causa do bardo está aflingindo-o? Já ouvira falar sobre pessoas que morreram de repente por causa de estresses, mas se fosse por causa disso, já teria morrido à tempos.

Geralt nunca teve um momento de paz em sua vida, isso já era um ponto crucial para ter deixado essa vida à tempos. Um exemplo disso foi seu treinamento quando criança. Muitos de seus colegas morreram nas primeiras semanas, mas ele, sobreviveu a tudo até o final.

Então não. Não era Jaskier a causa, tem que ser outra coisa. Algo que está deixando escapar!

Mas o que poderia ser?!

❃❃❃❃

Quando acordou pela manhã, a primeira coisa que ouviu foi um silêncio. Respirou fundo em alívio, pois significava que o bardo ainda dormia.

Às vezes Jaskier dormia horas à mais que ele, acordando somente para almoçar. No início isso o irritava, mas com o tempo, foi se acostumando com os horários do bardo. Mesmo que depois ele não movesse um dedo para recompensá-lo com alguma ajuda como caçar ou conseguir água para Plotka.

Ao abrir os olhos, estranhou ao ver que Jaskier não estava por ali. Se levantou, sentando preguiçosamente e olhou em volta.

Tanto o bardo quanto as suas coisas não estavam por ali.

Será que... Ele foi embora?

- Já era tempo. - respirou aliviado.

Mas por pouco tempo.

Seu peito apertou-se de maneira ruim, sentindo-se culpado.

"Devo tê-lo assustado pela minha explosão de ontem... Que seja, menos mal. Agora não há ninguém para me atrasar." Pensou, mas, quanto mais ele tinha pensamentos negativos em relação ao bardo, mas sentia-se mal.

- Foda-se. - fungou profundamente e se levantou - Bom dia Plotka. - a égua relinchou em reclamação parecia irritada com o bruxo - Acordou de mal humor? Não se preocupe, já terá seu café da manhã.

Passaram-se uma semana, talvez até duas, e o bruxo, por alguma razão, ficou ali nos arredores de Rinde tentando achar uma maneira de curar sua falta de sono.

Sim. Depois que o bardo se foi Geralt tem tido dificuldades para dormir. Não sabia ao certo se era por peso na consciência, ou se era alguma outra doença lhe atingido por ter ficado tanto tempo ao sereno, já que costumava dormir ao relento.

Ele ia para alguns vilarejos pela região, mas sempre voltava ao lugar em que estivera acampado com o bardo na última vez.

Era um gesto irracional, incompreensível, mas tudo lhe fazia voltar lá. E isso estava o irritando em demasiado.

Até que ele teve uma idéia para quebrar seja qual for o tipo de "maldição" que ele tivesse pego ali naquele local. Afinal, poderia ser que o bardo tenha contratado algum feiticeiro em momento de raiva e pedido para que fizesse algo como um gesto de pura vingança contra ele.

Apesar de ele saber que Jaskier não era esse tipo de pessoa, ele também não dúvidava da hipótese. Pessoas que ficam endurecidas pela raiva são capazes das mais variadas barbaridades...

Pela décima vez, Geralt voltara para o local do acampamento, mas dessa vez, mudou um pouco, somente para mais perto do lago que ali havia, e era também de onde ele pescava alguns peixes, já que estava completamente sem economias por não encontrar trabalho nos arredores.

Já fazendo agora mais de três dias sem dormir, Geralt decidiu buscar por algo que seria impossível de achar por ali, mas era a única que ele via como saída, já que nem seus elixires estavam fazendo efeito.

Pegou uma rede de pesca, e foi para a beira do lago caçar. Sim, não era pescar, mas sim caçar.

E de repente, para seus pesadelos, e também em parte, não querendo admitir para si mesmo que também era um alívio, Geralt ouviu ao longe uma voz melodiosa cantarolando.

- Merda... - resmungou.

- "Porque todos sabem que este bardo/ Amou várias mandames de Nilfigaard/ Mas Nilfigaard pode ir se fe..." Geralt! Olá. - disse, chegando todo casual, como se tivesse saído somente à quinze minutos desde a última vez que viu o bruxo - Parece que não nos vimos à meses. Anos? O que é o "tempo", não é mesmo? Ela sempre ameniza tudo... - disse num tom que dizia ser um indireta, mas o bruxo continuou a ignorá-lo, fazendo sua pesca ali.

- Soube que estava na cidade. Está me seguindo, seu cachorro? - perguntou em provocação, e logo recebeu um olhar rude do bruxo, mas como sempre, isso não afetava o bardo, pelo ao contrário, toda vez que via esse tipo de olhar para ele, aqueles olhos dourados fixos em sua direção, seu coração palpitava ainda mais.

- Me sinto lisonjeado. Mas precisa arrumar outro passatempo. - disse, se aproximando calmamente como alguém querendo puxar papo descontraídamente, bebia algo que comprara no caminho, como uma desculpa para ter quando se aproximasse de Geralt, pois ele sabia que o bruxo adorava beber - Quer? - ofereceu a pequena garrafa, e mesmo assim, foi ignorado pelo outro que continuava assiduamente em seu trabalho de pegar algo no rio.

- "Como vai?" você me pergunta.

- Eu não perguntei. - disse o bruxo, se rendendo a insistência do bardo em puxar assunto, e o mesmo comemorou por dentro por ter conseguido chamar sua atenção.

- Bem, a condessa de Stael, minha musa e também beleza única deste mundo, me deixou. De novo. Inesperada e friamente, devo acrescentar. - disse o bardo, com a intenção de provocar em Geralt alguma reação, pois quem sabe se ele soubesse que estava aproveitando a vida com outro alguém isso não mexesse com ele de alguma forma mesmo que fosse um simples ciúme de amigo para outro.

- Temo morrer com o coração partido Geralt. Ou com fome, no mínimo. - ele falava, e o bruxo continuava a mexer em sua rede de pesca - A menos que alguém queira dividir o peixe com um velho amigo.

Tentando mais uma vez ignorar o bardo para ver se ele entendia que não queria conversa, o bruxo se afastou dali com sua rede para outra parte do lago, e o bardo, em sua perseverança, o seguiu.

- Certo, ainda não usamos a palavra "amigo"? Ok, esperemos outros meses para isso. - e mais uma vez mais silêncio - Tenho que dizer, Geralt, você é ótimo em muitas coisas, mas pesca não é uma delas. Já pegou alguma coisa hoje?

"Ignore, e ele desistirá de você. Continue até que se ele se canse." Pensou o bruxo.

- O que deseja pescar? Bacalhau? Carpa? Lúcio? Brema? Estou listando todos os peixes que conheço... - respirou fundo - Lúcio é peixe?

- Não estou pescando. - respondeu Geralt, perdendo mais uma vez para a persistência do bardo. - Não consigo dormir. - disse, em uma voz rouca e baixa, muito irritado enquanto puxava sua rede sem nenhum resultado do que ele queria.

- Certo... Ótimo... Isso faz sentido. Tanto sentido que... não faz. - disse o bardo não contente com sua resposta vaga, mas também preocupado pela expressão cansada do bruxo, que parecia quase desesperado para conseguir o seu objetivo - O que foi, Geralt? Fale comigo. - disse empático.

Geralt parou o que estava fazendo, respirou fundo cansado, como o bardo já tinha percebido. E como se rendesse ou não se importasse mais com a presença de Jaskier, respondeu:

- Um djinn.

- O quê? - perguntou o bardo ficando mais confuso ainda.

- Procuro por um djinn.

- Um djinn? Tipo um gênio? Uns caras mal humorados e com magia proíbida? Aqueles?

- Sim. Preciso dos desejos. - respondeu. Jaskier não conseguiu aguentar um riso que logo foi cortado pelo bruxo, que se irritou rápidamente - Está nesse lago, eu sinto isso! Eu preciso porque não consigo dormir, porra!

Jaskier logo ficou sério, sem dar mais nenhum riso.

- Eu não quero bancar o chato nem nada mas, já te ocorreu que isso possa ser uma medida paliativa? Que está ignorando a causa do problema? Quero dizer que talvez, e só talvez, toda essa insônia seja por algo que você fez para alguém? Talvez o destino esteja te punindo por algo... - disse em um tom de indireta mais uma vez, o que fez Geralt lhe encarar.

Não. Nem morto que ele ia falar isso. O bruxo era orgulhoso demais para se desculpar.

- Não, não é isso. - disse sério, e jogando mais uma vez aquela rede no lago - Mas é algo do qual que não consigo me livrar.

Jaskier ficou pensativo, mas tentou não levar o que ele falou pro lado pessoal, pois ele é um bruxo, e com certeza nas semanas que eles estiveram separados pode ter ocorrido algo que ele não queira contar para ele.

- Deve estar certo. E se não estiver? - sem respostas do bruxo, ele continuou - A condessa de Stael me disse uma vez que o destino é a personificação do desejo que alma tem de crescer. Sabe, as vezes ela está lhe passando uma mensagem da qual você está tentando fugir.

- Cantou isso para ela antes da moça ir embora?

- Sim... - logo o bardo sacou que essa pergunta foi uma ironia - Porquê? O que quer dizer?

O bruxo lhe encarou outra vez e arqueou uma sobrancelha e franziu a testa.

- Ooh ho... - estava recostado em um árvore, mas após entender o que bruxo quis dizer... - Conversemos sobre isto, Geralt. Diga! Seja honesto. O que acha do meu canto? - pediu em desafio, querendo tomar satisfação dessa indireta prejurativa do bruxo.

Todas às vezes ele sempre lhe indagava sobre isso, mas o bruxo nunca respondia, sempre ocupado ou lhe mandando calar a boca....

Mas não dessa vez!

- É como comprar uma torta e descobrir que não tem recheio. - respondeu, jogando mais uma vez a rede no lago.

Jaskier, ao ouvir a resposta tão mal criada, ficou indignadissimo. Ele esperava alguma observação, mas aquilo foi demais.

- Você precisa mesmo de uma soneca! - sua voz saiu mais aguda por estar exasperado - Você está tentando me magoar, Geralt? É muito indecoroso da sua parte, se quer sabe minha opinião! Isso passou dos limit... Wow... Nossa. O que é isso? - perguntou, desfocando-se totalmente da discussão.

A perseverança do bruxo deu resultado, agora em sua mãos havia um jarro lacrado com uma tampa com um selo estranho na superfície.

- O selo de um mago... O djinn. - respondeu contente, mesmo que não demostrasse por fora isso. Ter achado a solução de seus problemas era um grande alívio depois daquelas semanas mal dormidas.

- Posso... - Jaskier se aproximou mais, querendo ver mais de perto aquele jarro, e quando menos o bruxo esperou, ele tomou de suas mãos.

- Jaskier! - rosnou.

- Retire o que disse sobre mim! Se voltar atrás, devolvo o djinn!

- Solte! - disse Geralt, tentando puxar a todo custo aquele jarro das mãos do bardo.

- Não! Solte você, idiota! - xingou ainda aborrecido do julgamento do bruxo sobre seu canto.

E no meio daquela puxação de jarro, acabou com Geralt puxando acidentalmente a tampa com selo, restando o jarro para Jaskier, que ficou decepcionado pela abertura ter resultado em nada anormal, já que ele esperava que fosse mesmo sair um gênio. Até sacudiu o jarro de cabeça para baixo para ver se não saía algo dali de dentro.

- Que anticlímax... - disse meio desanimado, mas logo esse sentimento foi interrompido quando tudo ao redor de repente começou a ficar escuro e ventando - Ou não! - se animando outra vez, ele passou pelo bruxo invocando o djinn - Djinn, eu o liberei, e agora sou o seu senhor!

- Jaskier! - chamou o bruxo num rosnado de advertência.

- Um: Que Valdo Marx, o trovador de Cidaris, sofra apoplexia e morra. Dois: Que a condessa de Stael me receba com alegria, braços abertos e pouca roupa! - eram desejos fúteis, não eram os que ele queria pedir de verdade, mas, ele também tinha seu orgulho. Afinal, ninguém gosta de ser enxotado por outra pessoa.

Quando o bardo já ia fazer o terceiro pedido, Geralt o impediu.

- Jaskier! Já chega! - disse o puxando pela gola e aproximou-o de si ameaçadoramente - Só são três desejos bardo.

- Sempre diz que não quer nada na vida! - argumentou Jaskier - Como poderia saber que você queria mesmo alguma coisa? Ou todos eles! - disse espavorido.

- Só quero um pouco de paz! - esbravejou muito furioso, irritando o bardo.

- Então tome a sua paz! - e jogou ao chão aquela ânfora, que se partiu em pedaços velhos de barro.

Geralt, desesperado para ter seu desejo concedido, se abaixou para juntar os cacos, e foi nesse mesmo momento que Jaskier começou a passar mal.

- G-Geralt... - chamou o bardo, pegando em sua garganta, tossindo seco dolorosamente. E quando o bruxo olhou para ele, viu logo que se tratava de um ataque.

- O Djinn! - contastou ele fazendo o Sinal de Aard, conseguindo acertar o djinn, que largou Jaskier e saiu voando pela superfície da lagoa. Atrás de si, ouviu os murmúrios e aspirações sofridas do bardo, que tentava se aguentar nas duas pernas - Jaskier... - chamou-o muito preocupado ao ver o mesmo tossir e em seguida cuspir sangue, como se seus pulmões estivessem estourando internamente e ele estivesse explodindo por dentro, logo foi até ele para segurá-lo antes que caísse no chão.

Sua súbita aflição pelo menor o deixou um tanto surpreendido, mas não mais surpreso que Jaskier, que pensara que o bruxo fosse deixá-lo para morrer, mas ao em vez disso, se abaixou mais um pouco para poder levantá-lo e carregá-lo de lado até que chegassem em Plotka o mais rápido possível.

- G-Geralt... - sussurrou Jaskier em uma respiração difícil, sua voz quase não saía, mas ele se esforçava para tal ação.

- Não se esforce. Poupe de falar. - disse, pondo-o na garupa de sua égua e logo em seguida subindo também - Segure-se em mim, aguente firme. - ordenou, surpreendendo o bardo mais uma vez.

Mesmo em meio aquele terrível desespero para respirar e tossindo sangue em ambudância, Jaskier sentiu-se reconfortado, a atitude do bruxo era uma que ele jamais esperava. Sempre partia dele os avanços de cuidados com o bem estar do outro, mas agora, viu que o bruxo estava preocupado com ele. O que significa que... Ele se importava.

Com galopes mais rápidos que Geralt podia exigir de Plotka, ele conseguiu chegar num acampamento de soldados que ele havia visto outro dia, sabia que poderiam ter algum médico, toda base sempre tem.

- Há um médico por aqui?! - perguntou aflito querendo logo uma resposta.

- Sim, Chireadan, um curandeiro elfo. - mal o soldado respondeu e Geralt saltou do cavalo para tirar Jaskier e carregá-lo o mais rápido possível para a tenda que o soldado indicara.

- O que está acontecendo? - perguntou o elfo, ouvindo a pequena movimentação lá fora, mas logo sua resposta foi respondida por ver dois homens vindo em sua direção, um de cabelos brancos carregando um menor que respirava com dificuldade.

Geralt passou por ele e entrou na tenda sem pedir, o elfo não reclamou, entendeu que era uma situação de emergência.

- Tivemos problemas com Djinn. - respondeu o bruxo.

- Dijinn? Como nos contos de fadas?

- Mas sem o final feliz. Pode ajudá-lo? - perguntou mais preocupado ainda ao ver Jaskier agora se engasgando e jorrando mais um grande quantidade de sangue, e laringe completamente inchada com regiões arroxeadas entregava o quão alarmante estava ficando a situação dele.

O elfo se abaixou até o bardo que foi posto sentado em uma maca, e em instantes soube do diagnóstico.

- Oh, não...

- O que foi? - perguntou o bruxo.

- Eu garanto a você que tive a melhor educação médica daqui de Rinde... Mas... Esses ferimentos são de natureza mágica. Eu posso amenizar a dor mas...

- É só uma medida paliativa? - perguntou Geralt, em uma indireta fora de hora para o bardo, talvez, como uma pequena vingança pela importunação de antes.

- Nãão...! - sussurrou o bardo em desespero.

- A garganta dele foi atacada, se o feitiço não for interrompido o quanto antes, o dano pode ser irreverssível. - disse enquanto preparava uma mistura medicinal rapidamente, mas mesmo assim o bardo não parava de tossir e jorrar sangue dolorosamente.

Era surpreendente o quanto o bruxo estava sendo cuidadoso com ele naquela hora. Quando Jaskier ameaçava cai para frente por estar fraco demais por conta daquela dor, Geralt o segurava pelos ombros, até suas mãos se encontravam buscando apoio.

Muito diferente da vez em que o bruxo praticamente o afastou com seus rudes esbravejos de fúria par cima do bardo.

- Quanto maior o tempo sem tratamento, mais isso se espalhará. E, ele pode morrer. - acrescentou o elfo.

- Porra...! Geralt...! - exclamou o bardo muito assustado e outra vez vomitando um rio vermelho, e quanto mais ele fazia isso, mais sua respiração ficava difícil.

Geralt pôs uma mão no ombro dele para acalmá-lo, mas o mesmo se mantinha em um pavor enorme pela vida do moreno, e principalmente, por sua garganta. Ficar sem falar... Ou pior, ficar sem cantar, era o mesmo que morrer para o bardo.

- Não deixaremos que isso aconteça, Jaskier. - disse o bruxo, tentando acalmá-lo.

"Que porra é essa? Geralt me dando frases de consolo? Tentando me manter são e se preocupando? Eu devo estar alucinando e perto de minha morte, é a única explicação!" - pensou o bardo muito confuso.

O elfo então, assim que preparou a mistura, foi rapidamente ao bardo e lhe deu o conteúdo, que foi ingerido velozmente.

- O remédio dará algumas horas de alívio, mas ele precisa já de um médico mágico. Deve levá-lo à cidade. - disse Chireadan, o elfo.

- Há um mago aqui? - perguntou Geralt.

O elfo ficou receoso de falar sobre, como se o assunto fosse muito contragedor para isso.

- ... o prefeito diz que é perigoso. - disse sem olhar para o bruxo.

- O que está escondendo? Diga. - exigiu Geralt.

- Bem... Há uma pessoa... Eu.... Fui incubido de entregá-la à justiça. Mas não consegui entrar em suas defesas. E acabou sendo o prefeito a fazer a captura. E levou essa, pessoa, para casa dele.

- Não foi tão difícil falar, não? - disse o bruxo impaciente, pois a cada segundo que o bardo passava sem tratamento, mas ele estava perto da morte.

E tendo sua resposta, Geralt levantou Jaskier e o carregou de lado para fora da tenda, rápidamente pondo o bardo em Plotka e subindo em sua cela novamente.

- Ainda aguenta se segurar em mim Jaskier? - perguntou, e só recebeu um murmurio aspirado e dificultoso da garganta dele, mas que soou como um sim.

E novamente Jaskier envolveu seus braços no tronco do bruxo, e como também não se aguentava sentado, apoiou sua cabeça nas costas largas do bruxo. Geralt não reclamou, pelo ao contrário, ficou ainda mais preocupado pelo estado decadente do bardo.

Gostaram?

Kkkk
Aqui podemos ver que Jaskier é um completo desastre na missão de conquistar seu mozão.😁😅🤭

(Mas até que tá dando alguns resultados...😏💕❤️)

Espero que tenham gostado. Daqui à pouquito tem mais!😉

Beijitos my littles!😘
Inté.👋☺️ #peaceandlovealways✌️❤️✌️❤️✌️❤️✌️❤️✌️❤️✌️❤️

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