O Que o Espelho Diz - A Rainh...

By MeewyWu

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Capa Atual: Foto de Alice Alinari, instagram: alice_alinari A Rainha da Beleza: O que o Espelho Diz. Bethany... More

Epígrafe
Prólogo
I - Alianças Diferentes
II - Um fantasma no Palácio
III - O Conselho Real
IV - Informação Vazada
V - Palácio de Verão e Vidro
VI - Chuva de Cristais
VII - Vidro Embaçado
VIII - Protetora de Paris
IX - Cavaleiro de Prata
X - Teia de Veludo Vermelho
XI - Carvão e Metal
XII - Ilusões Refletidas
XIII - Prismas
XIV - Retinta
XV - Sonhos de Marfim
XVI - Espadas de Madeira
XVII - Floresta de Esmeraldas
XVIII - Penas Prateadas
XIX - Corpos e Fantasmas
XX - Rios de Sangue
XXI - Palácio de Ferro
XXII - Cartas à Morte
XXIII - A espada vermelha
XXIV - Claro como Cristal
XXV - Coroa de Ossos
XXVI - Sapatos Brilhantes
XXVII - Segredo Americano
XXVIII - Posição Política
XXX - O Que o Espelho Diz
Epílogo
O Que o Espelho Diz - Por Meewy Wu
AESTHETICS

XXIX - Arte da Guerra

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By MeewyWu

-Nem pensar – exclamou Isabel, enquanto almoçávamos na sacada do novo quarto dela. Sabrine olhou irritada para a irmã – Assim que toda essa confusão acabar Teodore irá pegar Sabrine e colocar em um carro direto para a Itália. Ela sequer acabou os estudos dela.

-Eu poderia acabar meus estudos em Paris – falou a irmã mais nova, incomodada – Não é sua escolha.

-Acredite em mim quando digo que não quer ser deserdada pela nossa mamma – Isabel olhou para ela afetuosamente – E você sabe que Teodore irá joga-la em um carro para Veneza.

-Incrível como ele levou quase trinta anos para ter coragem de enfrentar mamãe e ainda sim faz tudo que ela manda – riu Sabrine sem humor, olhando para mim – Desculpe Bethany, eu teria adorado treina-la.

-Você nem saberia por onde começar – Isabel girou o pescoço, com um estalo alto, e me encarou – E você está claramente precisando rever suas prioridades.

-Foi você quem me julgou por passar os dias escolhendo flores e vestidos – lembrei a ela amargamente.

Isabel revirou os olhos para mim – Mantenho meu ponto. O que estou dizendo é que treinamento físico e político ambos levam anos. Você tem anos para o primeiro, mas não para o segundo.

-Sem dúvidas seria mais simples trazer um professor de políticas do que um de luta de Paris – falei indiferente.

Ela riu – Você não precisa de um professor de política, você precisa ir às reuniões. Aparentemente você não apareceu a nenhuma.

-Desculpe – Sabrine sussurrou, e imaginei que ela tivesse sido uma das pessoas a comentar isso com Isabel.

-Você também não – murmurei bebendo um gole de água.

-Eu tenho irmãos para isso – ela deu os ombros – Então, como Valenttina manteve você afastada? Fox não me deu nenhum detalhe.

-Fox? – ergui uma sobrancelha.

Ela deu os ombros – Ele veio ver como eu estava e tentar descobrir por que Dylan e eu brigamos dessa vez – ela fez uma careta – Não me olhem assim, todos parecem esquecer que Fox e eu somos amigos. Amigos que perderam os pais juntos. Ele não quase me fez rainha só pelo meu belo par de... – ela engoliu em seco – Pernas.

-E o que você disse para ele? – perguntei, desconfiada.

-Que contaria se ele me contasse o que James tinha contra ele – ela sorriu decepcionada – Nenhum de nós conseguiu as respostas que queria. O que me lembra: Valenttina?

-Tina escondeu que eu tinha um escritório e todas as cartas e documentos que eu recebi sobre as reuniões – contei, e até Sabrine parecia indignada – Ela disse que as pessoas precisavam ver Fox como o rei e eu tenha muito que fazer.

-As pessoas estão bem cansadas de ver Fox – Sabrine falou, com um garfo parado na metade do caminho da boca – De fato, pareciam aliviadas enquanto ele estava longe.

-De fato, ela enfiou ele pela garganta de todos e agora estão vomitando – grunhiu Isabel, e parecia prestes a seguir falando quanto duas batidas na porta do quarto principal a pararam – Entre! Estamos na sacada!

-Bom dia – Apolo curvou a cabeça em nossa direção – Bethany, a princesa Antoinette pediu para que eu encontrasse você. Disse que era urgente.

-Como é possível que você ainda seja usado como garoto de recados?- grunhiu Isabel desgostosa – Você está casado com Alicia!

-Apolo irá treinar os novos guardas quando voltar a Paris – respondi, esperando que ela se calasse – Annie disse o que era?

-Nada que eu conseguisse entender. Ela parecia um pouco perturbada – ele encolheu os ombros sem poder me dar uma resposta, e olhou para Isabel em seguida e entregando uma caixa longa e fina – Isso estava na porta.

-Outra rosa? – perguntou Sabrine, curiosa, enquanto Isabel desfazia o laço e tirava uma rosa de dentro da caixa – Quantas já foram? Seis?

-Cinco – Isabel balançou a cabeça, estendendo a flor para uma empregada – Coloque junto às outras. Obrigada Keller.

Apolo deu os ombros – Não foi nada. Bethany?

-Ah sim, vamos – falei, me levantando rapidamente. Isabel grunhiu algo as nossas costas enquanto nos afastávamos, e aproveitei para roubar dois muffins de chocolate do carrinho de sobremesas, oferecendo um a Apolo quando já estávamos no corredor – Onde está Annie?

-No escritório dela, no andar de cima – ele falou, seguindo para as escadas, arrancando um pedaço do muffin com os dedos e colocando na boca. – Não comi nada o dia inteiro.

-Você nunca para? –ri, erguendo uma sobrancelha e mordendo meu próprio bolinho.

-Estou sob as ordens de Dylan, e ele parece prestes a ter um colapso – ele olhou para mim pela lateral do olho – Procurando respostas que parecem impossíveis de encontrar.

-Talvez ele devesse parar de procurar. Ele obviamente não reagiu bem quando conseguiu uma resposta – bufei.

-Ele está obcecado – Apolo deu os ombros – É o que Dylan faz, fica obcecado. Com bebidas, com Isabel Venezza e com o trabalho. Imagino que todos deveriam agradecer que ele tem o bastante para fazer no escritório para mantê-lo longe das espadas e dos cavalos, ou teríamos mais dores de cabeça. Aqui.

-Obrigada – sorri, olhando para a porta entreaberta, e empurrando um pouco mais para conseguir entrar – Annie?

-Bethany! – ela arfou, correndo até mim com as mãos cheias de folhas, os olhos estavam borrados e com olheiras como se ela tivesse passado a noite em claro, havia quatro xícaras de café em um canto da mesa, mapas, livros e documentos espalhados caoticamente por todo resto e um prato intocado, provavelmente o almoço dela, em um aparador.

-O que está acontecendo? Você está bem? – perguntei, olhando para tudo em volta. Ela empurrou a porta para fecha-la, um pouco bruscamente demais para o que eu estava acostumada e começou a soluçar, um choro seco sem lágrimas – Annie se acalme. O que aconteceu?

-Nisha... – ela gemeu como um último suspiro, se curvando e abraçando o próprio corpo, amassando os papeis nas próprias mãos – Bethany, Nisha...

Dei um passo para trás, assustada com o que aquilo poderia significar. Assustada com a pior das possibilidades. – Annie, olhe para mim. Aconteceu algo com Nisha?

Ela balançou a cabeça negativamente, respirando fundo, estendendo uma das folhas amassadas para mim. A carta que Nisha havia deixado antes de partir. – Desculpe talvez eu esteja tendo um surto de Adrenalina. Eu estou tomando café insanamente, essas são apenas as xícaras que as empregadas não levaram ainda – ela apontou para o canto da mesa – Passei a noite inteira tentando encontrar algum código... Algum sinal... Descobrir onde ela possa estar... Mas não tem nada. Não tem mensagem nenhuma escondida, é só uma carta de despedida, só isso.

Olhei para a carta de Nisha engolindo em seco – Quer saber onde Nisha está? É isso?

-Bethany, você passou dias com aquelas pessoas com quem ela foi – ela me olhou suplicante – Você precisa saber de algo. Onde eles estão ou os lugares onde vivem. Qualquer coisa.

-Você precisa se sentar – falei, puxando ela para uma das cadeiras na mesa, ela estava tremendo, eu não conseguia imaginar quanto café ela poderia ter consumido – Tudo que eu sei é que depois que eu voltasse ao palácio eles queriam partir. Para a África, para longe de toda essa guerra. Eu sei que você sente falta dela, mas eu não acho...

-Ainda bem – ela suspirou aliviada, com os olhos cheios de lágrimas – Sim, isso parece... Isso é bom. É longe o bastante.

Encarei ela surpresa – O que está acontecendo? Você não quer encontrar Nisha?

-O que eu não quero... – ela engoliu em seco, secando as lágrimas e se recompondo, as lágrimas e o desespero virando quase ódio em meio aos tremores – O que eu não quero é que James a encontre.

-James? – perguntei da forma mais controlada que era capaz – O que James tem a ver com isso?

-James parece ter deixado seus tanques de lado para começar uma nova excursão de defesa do reino – ela engoliu em seco – ou como os amigos dele chamaram, quando vieram clamar para mim que interrompesse isso, a maior caçada humana da Eurásia.

-Ele não pode fazer isso! – exclamei, sem saber o que pensar – Depois da última vez...

-Minha mãe sacrificou muito para convencer o conselho de tirar os privilégios de James, Bethany – grunhiu ela frustrada – E ele já tem algo contra Fox, seja o que for.

-Então James, os homens dele e todos os outros podem fazer o que bem entenderem? – arfei, exasperada.

-Foi algo que também me tomou o sono a noite inteira, procurei por documentos que impedissem isso. E existem documentos – ela olhou para o chão derrotada – Documentos incrivelmente vagos. A única pessoa que pensou em um projeto para reescrever eles foi minha tia Nathalie, e pouco depois disso ela...

Morreu, pensei. Encarei Annie – Onde estão esses documentos?

-Em Paris, provavelmente. Veronicca quem me mostrou eles – ela deu os ombros – De toda forma eles são incompletos e nunca foram aprovados. Seriam inúteis contra meu tio.

-Não se alguém os terminasse – falei para ela, séria – Se nós os terminássemos. E levássemos para o conselho.

-Metade do conselho lambe as botas de James dez vezes ao dia – ela pontuou.

Balancei a cabeça – Mas estão apavorados. Terminamos o documento, e quando tiver pronto informamos Fox e convocamos o conselho. Com sorte James irá esperar até depois do casamento.

-E tudo é mais fácil se você já for à rainha – ela pensou de forma conspiratória – Me ajude a guardar tudo isso, vou enviar uma carta para Veronicca essa noite. 

Fox deu duas batidas na porta antes de entrar – O que vocês duas estão fazendo aqui?

-Só acabando de arrumar tudo, eu preciso dormir por algumas horas e Bethany tem um apontamento com Valenttina – Annie falou, colocando os últimos livros de volta nas prateleiras.

-É por isso que estou aqui, estava a caminho do ateliê dela quando vi vocês aqui e pensei que poderia acompanhar Bethany – ele sorriu para mim.

-Vá, eu acabo aqui – falou Annie, já mais calma.

-Coma algo antes de dormir – falei para ela, seguindo em direção a Fox e aceitando o braço dele – Estava passando por aqui?

-Eu queria falar com Annie sobre algo, mas pela quantidade de xícaras de café que ela parece ter consumido não acho que seja um bom momento – ele falou um pouco desconfortável, olhando sobre o ombro.

-Sobre os planos de James? – ergui uma sobrancelha – Vai mesmo deixa-lo fazer isso?

-Não se trata de deixar, Bethany, é apenas... – ele balançou a cabeça, frustrado – Prometi a James que pagaria por algo, e cada vez que falho o valor parece ficar maior. Se eu impedir isso o que ele irá inventar?

-Pagaria pelo que? – perguntei, mas seguimos por longos minutos sem que ele me respondesse.

-Então... – ele voltou a falar em um corredor deserto – Encontrou alguém para treina-la?

-Não, eu ainda não encontrei – falei o mais calma que eu conseguia.

Ele riu – Eu disse que seria difícil.

Olhei amargamente para ele – Talvez eu morra e você possa se casar com alguém que o conselho não tenha escolhido.

Ele ficou em silêncio por um tempo longo até exclamar – O que você acabou de dizer?

-Desculpe – respirei fundo – Fui injusto dizer isso. Mesmo que seja verdade.

-Acha que o conselho escolheu você? – ele riu os olhos negros brilhando de diversão – Bethany, eu escolhi você.

Pisquei – O que?

-Todos esses meses você acreditou que... – ele parecia exasperado em sua própria diversão – Por que não me disse nada?

-Você me disse que não iria me escolher, que não iria escolher ninguém, que não ia ser responsável por isso – comecei a tagarelar encarando ele.

Ele deu os ombros – E então eu mudei de ideia. Você sorriu para mim e eu soube que aquele sorriso me convenceria a acabar com todas as guerras. Você era a rainha do mundo que eu queria construir.

Eu estava furiosa. Mas era uma parte pequena demais minha, pois o resto do meu corpo estava completamente exaltante. Eu não sei exatamente o que estava passando na minha cabeça quando eu saltei sobre Fox – ele havia me escolhido. Não um conselho, ele. Fox.

Eu não conseguia parar de sorrir enquanto beijava-o.

-O meu quarto está vazio, caso vocês precisem de um – nos afastamos assustados, encarando Dylan que ria parado na virada do corredor – Mas Valenttina já está irritada com o atraso de vocês.

-Boa tarde Dylan – sorriu para ele, tentando não parecer desconfortável.

Ele deu um aceno com a cabeça, passando por nós – Ela está furiosa. Tina. Por ter de fazer uma roupa para mim de última hora.

-A festa é daqui a três dias – falou Fox, confuso – Por que não pensou nisso antes?

-Eu... – Dylan gaguejou incomodado – Eu não pensei que precisaria de uma roupa. Faz muito tempo que eu não precisava pensar nas minhas próprias roupas para esses eventos.

-Você ficaria bem em qualquer um de seus ternos – consolei ele, que revirou os olhos.

Ele deu um sorriso zombeteiro – Bem – ele desfez – Isso seria uma surpresa. – ele me deu um olhar desconfiado – Achou alguém para seu treinamento, Bethany?

-Ainda não. – olhei entre ele e Fox – Parem de ficar me perguntando isso.

Ele sorriu aliviado – É apenas algo que escutei. Obviamente eu entendi errado.

E então ele partiu, sumindo do outro lado do corredor. Fox e eu nos entreolhamos, divertidos, e seguimos em direção ao ateliê que Tina, onde Camille estava jogada em um divã enquanto a própria costureira andava de um lado para o outro irritada.

-Vocês estão atrasados – grunhiu ela, estressada. – Fox, para a outra sala. Bethany fique aqui com Camille.

Ela arrastou Fox para longe, enquanto eu sentava ao lado de Camille – Desculpe por isso, Dylan estava tirando os nervos dela segundos atrás.

-Como de costume – falei, enquanto ela colocava um livro no meu colo – O que é isso?

-Tina disse que você deveria escolher as joias, um incrível lapso dela em prol ao seu livre arbítrio se quer minha opinião – riu Camille, abrindo o livro que se revelou um álbum de fotos – Estão todas guardadas, pode ver algumas pessoalmente, mas acho que assim é muito mais fácil. Inclusive se pensarmos que é assim que elas irão parecer nas fotos.

Comecei a folhar devagar as fotos, com calma, pensando no vestido dourado que Tina iria me colocar – Como está Joelle?

-Ela está melhor, aparentemente era apenas um problema com hormônios – ela falou calmamente – Cameron disse que não podia trocar os remédios dela, mas o médico de Bordeaux o fez assim que chegamos. Ela passou a viagem inteira sentindo-se mal.

-Hormônios? – franzi a testa, parando em um lindo conjunto de esmeraldas, que parecia incrivelmente pesado e segui passando as folhas.

-Joelle... Ela precisa de remédios para... – Camille se moveu, e olhei para ela, encontrando uma expressão desconfortável – Ela nem sempre foi Joelle. Quando ela nasceu o nome dela era John.

Olhei para ela, boquiaberta, esquecendo o livro – Eu nunca soube disso.

-Ela nunca fala sobre isso, acho que a mãe dela era violenta sobre isso. Ela usa lentes o tempo inteiro, diz que os olhos lembram a mãe – ela deu os ombros, bebendo água de um copo que descansava ao lado dela – Por isso os olhos dela são tão sensíveis também. Ela tem os mais lindos olhos azuis que eu já vi por trás daquelas lentes.

-Isso é péssimo... – falei, passando mais algumas páginas – Vocês se conheceram na escola, certo?

-Ela fez uma cirurgia, e logo depois entrou na minha escola quando faltavam dois anos para eu me formar. Eu não tinha amigas por conta da minha herança familiar – ela deu os ombros – E Joelle estava sofrendo demais com dores e mudanças de humor para se aproximar das outras garotas. Nós gostávamos de ficar em paz juntas, e depois da escola descobrimos que gostávamos de farrear juntas.

-E ela ainda precisa de remédios depois de tanto tempo? – perguntei curiosa.

-Acho que ela precisara tomar para sempre. Aconteceram problemas nas cirurgias dela, o que tornam tudo mais difícil – ela deu os ombros – Ela sequer pode engravidar, é por isso que ela não pôde... – ela se calou, arregalando os olhos.

-Está tudo bem? – perguntei surpresa.

-Eu só estou falando mais do que minha boca, não é assunto meu para comentar por ai – ela desfez com a cabeça, olhando para o álbum – Gosto desses.

-Posso falar com você? – perguntei, sentando em frente à Teodore Venezza, que ocupava uma das duas poltronas em uma janela da biblioteca.

-Acredite quando eu digo que você não quer que eu a treine – ele falou com os olhos fixos no livro, extremamente envolvido.

-Como você sabe? - arfei, enquanto ele fechava o livro e olhava para mim.

-Por que minhas duas irmãs já me pediram isso, depois de você ter ido procura-las – ele falou complacente – Eu não sou a pessoa certa para treinar você.

-Certo. Boa leitura. – bufei, me levantando e me afastando, tropeçando contra Apolo ao virar um corredor. Ele sorriu, mas me adiantei apontando para ele – Eu não estou falando com você no momento.

Ele riu – Ainda não encontrou alguém para treina-la?

-Obviamente todos vocês estão esperando que alguém venha e me sequestre de novo – grunhi, me afastando dele batendo os pés, furiosa com todos naquele palácio. Agora eu conseguia ver por que Fox tinha ficado tão calmo a respeito disso, ele não poderia estar mais certo sobre ninguém querer me treinar. Se ele tivesse dado ordens para que todos recusassem provavelmente não seria tão eficaz.

-Bethany! – olhei para trás. Teodore se aproximava calmamente, e estendeu um livro para mim – Leia dez vezes.

-A arte da guerra – falei olhando para o livro – Já li esse livro.

-Dez vezes – ele repetiu – Se quiser que eu treine você.

Pisquei – Está falando sério?

-Eu ainda não acho que é uma boa ideia... – ele começou muito cauteloso.

-Se eu quiser ouvir sua opinião Teodore, ou vou pedir por ela – bufei.

Ele estreitou os olhos – Justo.

Pisquei surpresa com aquela reação. Mas ele deu os ombros e sorriu – Guarde essa raiva Bethany. Vai precisar mais dela se quiser que eu lhe ensine algo.

-Eu quero que me ensine tudo – rebati ainda irritada com o mundo – Eu quero estar pronta da próxima vez que estiver em perigo.

-Pretende colocar sua vida em risco com frequência? – ele ergueu uma sobrancelha, divertindo-se.

Ergui a minha – Não é o que rainhas fazem?

-Só conheci duas, uma buscava por paz – ele ponderou – e a outra fazia os outros lutarem em nome dela.

Sim, Nathalie buscava pela paz, e você só estava viva por causa dela, a parte da minha mente que ainda era aquela Bethany de Corippo me lembrou. Mais estariam vivos, se Lenna fosse mais dura nas ordens dela, aquela nova parte americana contradisse. Encarei Teodore – Eu não sou nenhuma delas. Já encontrei minha vida em risco vezes o bastante para ficar parada.

-Você tem mesmo certeza – ele murmurou intrigado – de que é isso que você quer?

Não. Não. Não. Não. Aquelas duas vozes contraditórias gritavam juntas, tentando quebrar minha determinação tanto quanto ele me encarando em dúvida. Não. Não. Não. Não.

"Você se saiu bem. Foi fantástica Bethany" a voz de Gelo preencheu meus pensamentos "Você está aqui majestade". Num coração que parará de bater por que eu não fora fantástica o bastante para proteger alguém tanto quanto ele me protegeu. Encarei os olhos verdes de Teodore, que gritavam para mim que eu não sabia o que queria. – Eu sei o que eu quero.

-Muito bem – ele assentiu, Eu não havia percebi quão perto ele estava, enquanto o silêncio entre nós deixava o ar pesado até ele acabar de avaliar minha expressão e repetir, batendo um dedo na capa do livro – Dez vezes.

Eu reli o livro dezoito vezes antes de reencontrar Teodore no dia seguinte no café da manhã, e após intermináveis perguntas para confirmar que eu havia lido ele estabeleceu uma hora de corrida todos os dias ao amanhecer, uma hora de esgrima antes do almoço e uma hora de luta antes do jantar, decepcionado pela falta de uma academia em Bordeaux como as do Palácio em Paris, ou as que ele clamava haverem em Veneza.

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