Hate is love!! - HINNY

By MariaGayo

71.9K 4.2K 6.1K

E se seu melhor amigo tivesse uma irmã gata pra cacete, mas ela fosse completamente insuportável, o que você... More

PRÓLOGO!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Último Capítulo

Capítulo 14

3.2K 204 183
By MariaGayo



P.O.V HARRY

Eu realmente não me entendo. Realmente não sei qual é o meu problema...

Depois que Ginny saiu daqui de casa com toda a raiva do mundo, e não nego, ela não estava tão errada assim, eu fiquei pensando nas palavras que ela disse:


FLASHBACK ON

- Não estou para conversa! - disse o mesmo que estava falando desde o enterro, mas mesmo assim todas as noites os dois tentavam me ver, falar comigo e saber se eu estava bem

- Harry... - ela falou se aproximando

- O que foi agora Gina? - perguntei meio sem paciência e ela se assustou um pouco, mas manteve a postura

- Você não pode ficar desse jeito para sempre... - ela disse sentando na ponta da cama

- Eu acabei de perder os meus pais droga!!! - fui um pouco ríspido

- Olha aqui Harry Potter, eu tenho tido muita paciência com você porque eu sei o quanto você sente falta dos dois e o quanto esta sofrendo, mas eu não sou seu saco de pancada! - ela concluiu levantando com raiva e pegando suas coisas

- Ginny... - eu pedi, ainda meio sem paciência, mas sabendo que errei

- É bom você ficar sozinho mesmo, aí você põe a mão na porra da consciência e vê que só porque os seus pais morreram isso não te dá o direito de ser um babaca idiota com quem quer te ver bem! - ela disse saindo do quarto e batendo a porta

FLASHBACK OFF


Ao pensar nisso, percebi, mais uma vez, que desde que eu e Ginny nos conhecemos nós dois brigamos feito gato e rato. Mas aos poucos isso foi mudando. Eu realmente consegui entender, depois de tudo o que ela passou, o porque de tanta resistência no começo, o porque dela se irritar com meu jeito as vezes.

E Ginny foi me mudando. Me mudando que eu nem mesmo percebi.

Meu pai sempre me ensinou a ser MUITO direto com todas as garotas, a não iludir, pois isso as magoava. Mas eu nunca tinha parado para pensar que existem garotas como Ginny. Que gostam que sejam diretos, mas com um toque de paciência. E foi isso, entre inúmeras coisas que ela veio me ensinando.


FLASHBACK ON

-Foi isso pai... - eu disse terminando de lembrar e explicar o que tinha acontecido

- Filho, sei que sempre te ensinei a ser direto com as garotas e não as iludir, mas eu acho que o que você sentiu por essa garota foi além de vontade de transar, estou certo? - ele questionou e me fez pensar

- Não sei pai! Não quero me envolver com alguém agora, mas confesso que Ginny é diferente... - respondi a pergunta dele, provavelmente.

- Então filho, acho que o seu comentário a magoou! - ele me disse o que eu já tinha percebido enquanto dirigia para casa

FLASHBACK OFF


Lembrando de uma de nossas brigas, me fez lembrar de uma conversa sincera que tive com meu pai e a saudade apertou um pouco. Era muito difícil pra mim tentar entender aquilo tudo. E parece que quanto mais eu tentava, menos eu entendia...

Parei um pouco e decidi que ia atrás de Ginny. Precisava pedir desculpas a ela. Eu realmente não precisava ter sido grosso só por causa de toda essa tristeza. Ginny esteve comigo. Esteve ao meu lado. Desde a noticia até o enterro. Ela não merecia toda essa grosseria.


FLASHBACK ON

-Você quer alguma coisa para beber, Harry? - Gin me perguntou ao se aproximar de mim lentamente

- Não estou com sede e nem com fome. - respondi, sem querer sair do lado do caixão dos meus pais

- Meu amor... - ela me chamou baixinho e só de ouvir aquelas palavras doces, ditas daquela forma, eu virei rapidamente. Algo na voz dela me fez lembrar minha mãe.

- O que? - perguntei

- Será que seus pais iam gostar de te ver desse jeito? Sem comer nada, sem beber nem se quer um copo de agua? Acho que tia Lily seria a primeira a reclamar disso. E eu tenho certeza que ao lado de Deus ela está olhando e reprendendo essa sua recusa. Você precisa comer e beber alguma coisa, Harry! - Ginny completou

- Tudo bem... - me dei por vencido

FLASHBACK OFF


Mesmo conhecendo por tão pouco tempo a minha mãe, Ginny e ela tinham uma conexão incrível, a minha mãe a amava e eu tinha certeza que se ela soubesse que estávamos juntos, iria fazer a maior festa, afinal ela sempre quis uma nora como Ginny.

Lembro que todas as vezes que Tio Arthur e Tia Molly vinham de Londres e traziam fotos novas de Ginny minha mãe era a primeira a querer ver e torcia para que um dia finalmente conhecesse a "princesinha dos Weasley's" logo.

Quando minha mãe finalmente conheceu Ginny, a alegria dela estava completa:


FLASHBACK ON

De longe, pude ver minha mãe aparecer na porta e vim em direção a nós dois.

- Já chegou filho? - ela me perguntou e eu acenei um sim com a cabeça - Cadê o Rony? - perguntou quando provavelmente não reconheceu o carro e olhou para Ginny, com um sorriso nos lábios

- Ginny que me trouxe! - eu disse a ela, o que a fez olhar espantada para mim - Ah, quase me esqueço... Mãe, essa é a irmã do Rony! - falei para ela e ela foi em direção a Ginny

- Ah sim! - exclamou já de frente para ela - Rony, Arthur e Molly sempre falaram muito de você, estava ansiosa para conhecê-la pessoalmente - disse enquanto a abraçava

- Lilly, acertei? - Gin perguntou se afastando do abraço e a minha mãe concordou - Mamãe falou muito bem da senhora. - disse a ela retribuindo o sorriso.

- Você é mais bonita pessoalmente, minha querida! - ela falou para Ginny. Afinal minha mãe já tinha visto inúmeras fotos dela.

- A senhora também . - falou e parecia sincera, imaginei que também já tinha a visto por fotos

- Senhora não, querida. - pediu e eu ri - Pode me chamar apenas de Lilly. Ou tia Lilly se preferir, assim como seu irmão me chama ! - falou e eu vi Ginny concordar.

Mamãe rapidamente convidou logo Ginny para almoçar um dia conosco e para conhecer melhor a "garotinha de Molly e Arthur"

Depois que finalmente dona Lily entrou, fiquei parado, observando...

- O que foi? - ela me perguntou sem entender - Viu alguma assombração?

- Vi uma garota chata ser gentil com minha mãe. Estou surpreso por isso. Não sabia que era atriz... - falei a provocando, mas aquilo a irritou mais do que devia

- Você é um idiota! - exclamou com raiva entrando no carro.

FLASHBACK OFF


"Você é um idiota!" "Você é um idiota!" "Você é um idiota!"  foi isso que ouvi por muito tempo sair da boca de Ginny e quando finalmente tudo estava indo bem, um deslize meu trouxe o caos novamente...

Eu tinha que fazer alguma coisa. E tinha que ser agora!

Levantei da cama onde estava sentado e peguei as chaves do carro, junto com a carteira.

Desci as escadas mais rápido que tudo e quando coloquei a maçaneta na porta, ouvi a campainha tocar.

Abri levemente e pude ver meu amigo parado de frente a porta.

- Ron? - me surpreendi

- Eu sei que você que ficar sozinho cara, mas eu não vou deixar! - meu melhor amigo disse adentrando a casa.

Fechei a porta atrás de mim e coloquei minhas chaves e carteira em cima de um aparador ali perto

- Cara, eu... - tentei começar a explicar

- Olha Harry, eu realmente não entendo a dor que você está sentindo. Só você sabe! Eu não perdi meus pais, mas você sabe bem que Tio James e Tia Lily eram como se fossem para mim, também senti muito a morte deles, não como você, mas senti. - ele começou - Você é meu melhor amigo Harry, é como um irmão e eu sei que você tá mal cara, mas eu não vou deixar você sozinho nessa. - terminou de falar esticando a mão me puxando para um abraço

- Eu não sei nem o que te dizer, Ron... - eu tentei me expressar

- Você não precisa dizer nada! - meu amigo completou - Mas onde estava indo? - ele quis saber

- Ia na sua casa. Me desculpar com a sua irmã... - eu disse sincero me sentando no sofá da sala, onde Ron logo sentou ao meu lado

- Mano... Ginny realmente ficou chateada com o jeito como você a tratou, mas ela mesmo se arrependeu das palavras que lhe disse e...

- Ela estava certa, Ron. Não é porque meus pais morreram que eu tenho que ser grosso com todo mundo, com vocês, com ela. Eu não preciso me isolar. Preciso de vocês para me ajudarem a manter as boas lembranças dos meus pais vivas! Pelo menos as lembranças.

- Acredite, sempre iremos lembrar do melhor jeito!!! E minha irmã está tranquila, depois você conversa com ela. Hoje a noite seremos só nos dois, como nos velhos tempos de faculdade! - ele disse e eu não consegui segurar a gargalhada, pois lembrei das altas merdas que já fizemos juntos

Eu e Rony vimos alguns filmes, um jogo de futebol, tocamos um pouco e colocamos o papo em dia. Ele me atualizou das coisas que estavam acontecendo na empresa, disse que ele e Hermione estavam finalmente pensando em morar junto, afinal seriam pais agora e que em breve precisaria da minha ajuda para pedi-la em casamento.

- Cara... - Eu comecei

- O que foi? - Ron me questionou tirando os olhos da TV e olhando para mim

- Sabe que eu não aceito ser menos que o padrinho do seu filho com a Mione não sabe? - o perguntei e vi sua expressão mudar de sério para uma risada alta

- E quem mais você acha que seria? - Rony me rebateu - Harry, é como eu já lhe falei, você é meu melhor amigo, é com um irmão. Quem melhor do que você para se padrinho do meu filho? Tenho certeza de que Hermione pensa como eu!

Ouvir aquilo serviu de incentivo para mim, e confesso, me trouxe uma felicidade que eu não sentia fazia dias.

Meu pais sempre diziam que criança trazia uma esperança. E eu tive a certeza ali, de que eu deveria me alegrar com aquela noticia, que os dois iriam querer isso.

- liga pra Mione, Ron! - pedi me levantando do sofá e indo em direção as escadas

- Mas pra que? - ele me olhou sem entender

- Vamos sair para comemorar isso! - eu disse como se fosse obvio

- Mas nós já comemoramos essa noticia Harry. Você tá bem? Isso por acaso faz parte do luto ou o que? É negação? - Vi agora meu amigo preocupado e então eu sorri

- Não Ron! Só vamos sair tá bom? - eu disse e ele apenas concordou

Subi e em questão de 10 minutos me arrumei. Enquanto estava descendo as escadas liguei inúmeras vezes para Ginny, mas ela não me atendeu. Eu podia entender a tristeza e raiva que ela estava sentindo por ter ouvido as duras palavras que saíram da minha boca, mas eu não ia desistir. Algo muito maior me mandava ir atrás dela e era isso que eu faria!

- Estou pronto, vamos??? - questionei meu amigo, que estava estatelado sentado no sofá exatamente no mesmo lugar e do mesmo jeito - Ron??? - chamei sua atenção.

- Você tem certeza de que está bem Harry? - ele me perguntou levantando depressa

- Tenho sim! - disse já abrindo a porta da casa com as chaves do carro em minhas mãos

- Ué, mas porque você vai no seu carro? - meu amigo me questionou quando me viu abrindo a porta do mesmo e logo em seguida apontou para o seu caro parado de frente ao meu jardim

- Vou passar na sua casa para falar com sua irmã antes. - o informei - Vá encontrando logo com a Mione e com os outros.

- Tá bom! - meu amigo concordou - Mas para onde todos nós vamos? - me questionou

- Mas que pergunta hein, Ron... - comecei rindo já dentro do carro ligado - Para o bar, logico. Aonde mais iriamos? Preciso tocar para me distrair e lá é perfeito para comemorarmos a melhor noticia que recebi hoje! - completei me despedindo dele e rumando a sua casa

Durante o caminho, conectei meu celular ao som do carro e nele e aleatoriamente começou a tocar Impressionando os Anjos de Gustavo Miotto. Era uma musica brasileira, que eu já tinha ouvido antes, enquanto estudava português e que eu gostava bastante... A letra falava sobre uma perda e com ela, eu pude senti algo surreal.


Hoje foi tudo bem, só um pouco cansativo
Dia duro no trabalho que acabou comigo

Tô aqui com os pés pra cima pronto pra dormir
A saudade de você é visita frequente
Que nem a sua tia chata que irritava a gente
Ah, saudade da gente

Tirando isso
Do resto até que eu estou dando conta
A Julinha 'tá banguela e o Pedro só apronta
O que faltava do carro eu já quitei a conta

Ah! Falando nisso
Terminei o livro que você pediu pra eu ler
E só na página 70 entendi você
Naquela parte onde diz que
"O amor é fogo que arde sem se ver"


A letra da música parecia falar de um cara ter perdido a esposa. E era bem diferente da minha perda, mas uma perda não deixa de ser uma perda e quando começou a segunda parte, foi que eu comecei a sentir bastante o efeito dela.


Como é que 'tá aí?
De você faz tempo que não ouço nada
Fala um pouco sua voz 'tá tão calada
Sei que agora deve
estar
Impressionando os anjos
Com sua risada.


Eu sabia, na verdade, eu sentia que onde quer que meus pais estivessem, os anjos estavam sim impressionados. Impressionados com o jeito do meu pai, por ser tão engraçado, com certeza no céu, eles davam gargalhadas com suas piadas. E minha mãe, com o coração tão doce, impressionava qualquer um.


Mas de você faz tempo que não ouço nada
Fala um pouco sua voz 'tá tão calada
Aí de cima fala alto que eu preciso ouvir
Como é que tá aí?


Ao fim daquela música, enxuguei algumas lagrimas que rolaram pelo meu rosto. Quando dei por mim, já estava de frente a casa de Ron. Tranquei o carro e rumei a porta, tocando a campainha logo em seguida.

1...2...3 vezes e nada!

Comei a procurar então a chave reserva, que eu sabia que Ron a escondia em algum vaso de planta por ali e a achei. Assim que entrei, vi que a casa estava toda escura, ou seja, não havia ninguém em casa. E então foi o que pensei, onde Ginny poderia estar? Não havia bilhete ali, não tinha nada.

Liguei mais inúmeras vezes e não obtive resposta, foi então que me veio uma luz na cabeça. Eu tinha conversado com ela algumas vezes e eu percebia uma coisa muito forte vinda de Ginny...

Não precisei pensar em mais nada. fechei a casa do meu amigo e coloquei as chaves no mesmo local. 



P.O.V. GINNY

Eu não podia acreditar nas palavras que tinham saído da boca de Harry! Pior ainda, eu não queria acreditar que voltaríamos aquela fase infantil nossa de "eu odeio você seu idiota" e "Você é muito chata, Ogrinha".

Pra mim isso já deu! Aquelas palavras doeram demais. Eu estive ao lado dele esse tempo todo e eu imagino real oficial o quanto deve está sendo difícil, mas eu não sou obrigada a tá ouvindo certas coisas.

E foi exatamente por isso que eu fui embora daqui. Eu não queria mais saber. A ultima coisa que eu pude ouvir quando fechei a porta do seu quarto nas minhas costas foi o seu grito de fúria.

- O que aconteceu? - minha melhor amiga me perguntou já no andar de baixo ao ver meus olhos cheios de lagrimas e minhas bolsas em minhas mãos.

Rony logo as pegou de mim e entendeu, sem eu dizer apenas uma palavra.

- Acho que Harry quer e precisa ficar sozinho um pouco! - ele completou e saímos logo dali.

Como meu carro estava na garagem de Harry, fui para casa nele e Ron me seguiu.

Estacionei em minha vaga e entrei em casa sem querer falar com meu irmão ou até mesmo com a minha amiga, me dirigindo logo para o meu quarto.

Pensei, e pensei bastante ali deitada na minha cama. Realmente não fazia meu tipo voltar pra fase infantil. E mesmo que eu tenha ficado com raiva e bem chateada com o comentário do Harry, eu gostava dele. Gostava como jamais tinha gostado de alguém.

- Tudo bem, vamos combinar que em alguns momentos o Harry é sim um idiota. - ouvi a voz da minha melhor amiga e cunhada ecoar pelo meu quarto e me virei na cama para vê-la assim que ela sentou na ponta da mesma.

- Mione... - eu tentei

- Não Gi, só me ouça... - O Harry sempre teve uma relação muito boa com os pais dele. Ele sempre foi muito apegado aos dois, Harry é filho único Gi, então é de se esperar que ele se sinta só, mesmo quando nós sabemos que ele não está. Ele está vivendo o momento de luto, de negação e isso vai chegar a se repetir algumas vezes. - minha amiga disse agora afagando meus cabelos - Mas essa fase vai passar e... - Hermione parou no meio da frase e saiu correndo do meu quarto para o banheiro no corredor.

E só aí eu me lembrei... iria ganhar um sobrinho ou uma sobrinha e imediatamente veio a preocupação. Me levantei da cama e quando cheguei ao corredor já pude ouvir o som da agua correndo vinda da pia e segundos depois ela abrindo a porta.

- Você está bem? - perguntei

- Só enjoos. - respondeu dando de ombros e eu ri - Ria mais querida cunhada, quero ver quando for com você. - ela rebateu enquanto voltávamos para o meu quarto onde ela se sentou na cama escorada a parede e eu voltei a me deitar em seu colo

- Deus me livre, mas que me dera! - afirmei e ela riu. Hermione sabia que o que eu quis dizer foi que aquele não era o momento, mas que um dia sim eu sonhava em ser mãe.

- Voltando ao nosso assunto, Gi... Essa fase vai passar. O Harry vai perceber que falou besteira e vocês não vão precisar brigar. - disse por fim

- Eu sei Mi! Já passamos dessa fase de briguinhas bestas. O Harry já me mostrou que ele não é igual ao Dino e eu confesso que com ele eu estou deixando levar, não estou preocupada que aconteça tudo de novo... - disse sincera a minha amiga

- Que bom... - Mione disse sorrindo - Eu sempre soube que mesmo com aquelas brigas de cão e gato de vocês dois, ia sair alguma coisa. Estou feliz por isso - disse emocionada

- A não cunhadinha, pelo amor de Deus não chora! - supliquei me sentando para abraçar minha amiga

-Estou sensível! - ela alegou não negando o abraço e eu ri enquanto me afastava

- Eu sei... - disse pousando a mão sobre a sua barriga com um enorme sorriso no rosto

- Gi... - ela me chamou, mais emocionada e eu apenas a olhei curiosa - Eu estava pensando em uma coisa e eu sei que Ron jamais iria se opor a isso... - me disse e eu fiquei curiosa, o que me fez franzir o cenho ao encara-la mais

- O que? - a questionei

- Você aceitaria ser promovida a madrinha desse bebê? - ela me perguntou com um brilho nos olhos e dessa vez foi a minha hora de se emocionar

Já com os olhos tomados pelas lagrimas, que já começavam a rolar aos poucos pelas minhas bochechas, pude sentir uma mistura de felicidade e amor gigantesca.

- Você ainda pergunta, Mi??? - disse a abraçando e nos duas desabamos em choro e risadas de felicidade

Depois de tantas emoções, entramos em uma conversa sobre os próximos desfiles, sobre a linha nova que eu estava desenhando e tudo mais. E do corredor ouvimos meu irmão dizer que ia ver Harry. Foi então que Mione respondeu que estava cansada demais e que ia aproveitar a carona e ir para casa, pois precisava dormir.

Após a saída dos dois, o silencio tomou conta da casa e com ele, minha inquietação.

Será que eu devia ter ido com meu irmão ver como Harry está?

entre tantos pensamentos, eu decidi sair. Peguei as chaves do meu carro, adentrei nele, onde o cheiro do perfume de Harry ainda estava lá e rumei pelas ruas da cidade.

Como eu já disse, Santa Mônica estava igualzinha a como eu me lembrava e a cada canto que eu passava, alguma memoria vinha em minha mente.

Parei em uma praça onde brincava quando era criança, em um parque de diversão, em um cais, em vários lugares. Só para sentir aquela sensação nostálgica gostosa novamente. A sensação de estar em casa. E como ela era boa.

Todo aquele misto de emoção com sensação me trouxe uma paz e eu enfim decidir ir para casa. No meio do caminho, distraída com tantos pensamentos e uma energia extremamente boa, acabei errando o caminho e passei de frente a mesma igreja em que tinha passado uma vez.

A necessidade de parar e entrar foi exatamente a mesma de alguns anos atrás. Eu podia realmente sentir Ele me chamando para entrar em sua casa. Eu sentia a presença Dele. Sentia ele me convidando como sua filha.

Meu desejo desde que voltei era restaurar essa Fé! E ali, parada na porta daquela igreja, eu pude sentir a minha Fé ser restaurada.

Adentrei ela devagar, com calma, observando tudo e ela estava do mesmo jeitinho que antes e mais uma vez a sensação de conforto por estar, literalmente, em casa me consumiu.

Andei um pouco e me sentei perante a imagem Dele. Agradecendo imediatamente por tudo! Todos os acasos bons em minha vida, um deles sendo Harry. E foi em meio a isso, que eu senti alguém sentar ao meu lado, mas quando eu olhei, não havia ninguém. E ali, eu tive a maior certeza da minha vida, tive a certeza de que estava ao lado do Pai, que estava no caminho certe, o caminho que Ele escolheu para mim.

Passei boa parte da minha vida sem acreditar na existência Dele. Convivi e convivo com pessoas que não acreditam. Mas as respeito, as respeito como pessoa, como ser humano. Eles não creem, mas eu creio e para mim é isso que importa. Nunca pensei e jamais pensaria em destratar alguém pela sua crença ou pela falta dela, afinal todos nós somos iguais perante aos olhos Dele.

Como se fosse destinado, um grupo de adolescentes entrou para ensaiar alguma música e eu decidir então ficar para ouvir. Sendo a melhor escolha que eu fiz. Eu precisava ouvir aquilo.

E em partes, um por um foi cantando uma parte:


Não, não consigo compreender tua decisão
de me escolher pra te servir e não
os mais fortes ou que vivem mais tua fé

queria eu ter a alegria ou o amor de João,
ou ser pedra como Simão Pedro e então
ser tão puro como um dia foi José


Aquelas primeiras palavras ditas por aqueles garotos e garotas me chocaram totalmente. Era exatamente assim que eu me sentia alguns anos atrás e posso confessar, que em algumas vezes quando algo não saia como eu planejava.

Eu não conseguia mesmo entender, as vezes, o porque Dele me querer, Dele me escolher e com o tempo, aquilo foi clareando na minha mente, mas mal sabia eu, que teria essa resposta bem clara na segunda parte da música.


Por que insistes? Por que me chamas?
Se te nego e só te aceito se convém


Ainda durante a essa parte cantada, eu buscava entender de forma comp0letamente clara... Eu realmente muitas vezes, assim como inúmeras pessoas buscava Deus em um momento de aperto no coração, em momentos difíceis e justamente por isso eu não entendia o porque ele me chamava e me chama cada vez mais e mais para perto dele, mesmo sabendo que eu só o aceito, quando me convém...


Por que não desiste? Eu não sou santo
sou tão fraco, para que vais me querer?


Era exatamente como eu me sentia em boa parte do tempo, fraca! E foi aí que a resposta veio. Mas não foi só ela. Harry veio junto.

Pude ver, ele aos prantos, sentar ao meu lado e ouvir tudo aquilo como. E também pude sentir, sentir ele sentir a mesma sensação que eu. Via ele se questionar da mesma forma internamente. Principalmente agora, que eu já o tinha visto questionar a Deus o porque Dele levar os pais dele e não ele...


Não, não precisas entender minha opção
pois escolho sempre ao pobre coração,
Confia! Pois a ti só basta a fé


Nem eu e nem Harry precisamos realmente entender as decisões dele e ali, nós dois percebemos, juntos, que não adiantava de nada fazer inúmeros sonhos e achar que eles são "concretos", pois tudo é no tempo Dele e como Ele quer!


Vais perceber,
que o que passa não é mais que tentação,
e que nem precisa ser como João,
só precisas conhecer mais a você

Eu não desisto, não te abandono,
te conheço desde antes de nascer
Larga esse medo, filho eu te amo
e o meu coração anseia por te ter


Assim como o coração de Deus ansiava p0or ter nós dois mais perto Dele, o nosso também. Eu via Harry ao meu lado chorar compulsivamente e eu entendia que ele sentia bem mais que eu. Afinal a cada um a música toda de uma forma diferente.


Senhor me ensina... pra que eu te ame... - as crianças terminaram


Eu abracei Harry com toda a minha força, tentando passar pra ele o que eu estava sentindo agora depois de entender tudo o que eu tinha entendido e aos poucos, ele foi se acalmando.

Quando Harry se afastou de mim e olhou em meus olhos, ele não precisava dizer mais nada. Não foi preciso desculpas. Não foi preciso palavras para entender. Nós dois sabíamos que assim como Ele quis, nossos destinos se cruzaram.

Eu precisava de Harry para ele me mostrar novamente uma esperança no amor. Para ele me mostrar que nem todos vão me magoar ou vão me violar como Dino fez.

E Harry? Harry precisava de mim para mostrar exatamente isso nesse momento. Que quando Ele escreve os seus planos, é porque no final tem algum proposito.

E ali, nós dois, olhando um no olho do outro dissemos em um só som:

"Eu amo você!"


Continue Reading

You'll Also Like

536K 36.4K 52
Onde o capitão do BOPE Roberto Nascimento é obcecado por Hayla Almeida uma estudante de psicologia e fará de tudo para que ela seja sua. perfil da fa...
242K 14.8K 49
Me chamo Lucy Pearce Killian, venho por meio deste livro contar minha história de vida, o que muitos consideram uma loucura, mas eu concordo, foi rea...
200K 9.7K 28
Antes dos Mikaelson's existirem e se tornarem originais, existia outra família com essa fama. A família Sherwood. Mas após muitos anos ao serem desco...
38.5K 2.2K 19
Um interrogatório entre Caroline Stark e uma pessoa misteriosa que a faz contar sobre a sua história. O que Carol no passado fez pra estar onde est...