Stolen Life (Repost)

By CamilaGagliardi8

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Olá, primeira vez postando aqui. Originalmente escrevi essa estória e pedi que a Juliana Mantovani postasse... More

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Tears and Rain
If I Believe You
Everyday Goodbyes
Kill'Em With Kindness
Lego House
I Want To Know What Love Is
Demonstrate
Malibu
Calma
Change Your Life
You've Saved My Life Again
Firework
You Da One
Beat It
Girl On Fire
Gonna Be All Right
Feeling Good
Girls Like You
Sugar
Just The Way You Ar
Just A Kiss
I See The Light
So In Love
Everything I Wanted
Pocketful Of Sunshine
Love You For A Long Time
Too Much
@kjapa
Good Luck, But Not So Much
Reborn
Light On
Jealousy
@kjapa
Yes Or Yes
Don't Stop
Just Us
Danger
Just Peace
New Times
Férias
Home Sweet Home
Happy Birthday
Back To Home
On The Road
Go Ahead
grandmother's day
Day Off
Marriage
Honeymoon
Damn
I Came To See You
New Bed For Lukas
Questions and answers
Trip
Fun
School
Free Weekend
Beach
Back To Work
Two Years
Not Again
Hope
Restart
The Time
Four
Boy or Girl
SIX MONTHS
Finish line
The second
Lar
Confuso
Acertos
Lukas & Jasmin & Finais Felizes

Lovely

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By CamilaGagliardi8

CAMI POV

Estou arrumando malas com o coração apertado. Sinto meu corpo elétrico de pura ansiedade e nervosismo. Logo depois da minha entrevista online meu advogado recebeu uma ligação informando sobre o julgamento dos homens que me mantiveram em cativeiro por quase 10 anos. Julgamento esse que será muito longe de casa, na Rússia. Fiquei na dúvida entre ir ou não, mas no fim o advogado deixou claro que minha presença e meu possível testemunho contaram e muito na sentença.

Não quero nunca ir naquele país, não me interessa nada que tenha lá, para mim é tudo motivo das lembranças mais ruins que terei em toda minha vida. Mas, quando conversei com Kage ele concordou que seria importante minha presença, e claro, não pensou duas vezes antes de dizer que iria comigo, assim como meus pais e irmãos. Seria uma viagem cara demais e que iria ruir minhas últimas economias, só que como um passe de mágica o governo dos Estados Unidos da América resolveu custear todas as minhas despesas caso minha decisão fosse ir até a Rússia. As minhas despesas, do meu advogado e de quem mais quisesse me acompanhar. É apenas uma decisão para, mais uma vez, tentar maquiar o péssimo trabalho da polícia.

Não foi uma decisão fácil, mas por fim decidi que quero ver a cara deles enquanto descobrem que nunca mais vão ver a luz do sol, enquanto eu estou vivendo e feliz, apesar de todas as atrocidades que eles fizeram, apesar de ter sido tratada como menos que um objeto indesejado.

- Um beijo pelos seus pensamentos. - a voz de KJ em meu ouvido não me assusta - o que foi, angel?

- Só pesando um pouco ... Estou nervosa.

- Ei ... Olha pra mim - viro até estar de frente para o moreno que me recebe com um sorriso - agora você é livre e eles estão presos e vão morrer assim, mas você não morreu ... Nada vai mudar esse fato, angel. Você é livre, eles presos, você vai viver livre pelo resto da sua vida ... Só está presa a mim e aí não tem jeito.

- Ah é?! - abraço sua cintura e olho para seu rosto - o que, exatamente, me prende a você, amor?

- Tudo. Eu sou seu pro resto da vida e vai ter que aturar isso. Pensou que iria se livrar fácil?!

- Tinha uma ilusão, confesso. - brinco.

- Esqueça, baby, vai ter que me carregar como um peso morto para sempre.

- Não fala assim - beijo seu queixo com a barba por fazer - eu te amo, baby, você iluminou toda minha vida quando entrou nela, não quero que saia nunca mais.

- Eu te amo, angel. Obrigado por estar comigo. - Kage me beija e aperta minha cintura com firmeza - vamos vencer, baby. Fica calma. Tudo vai dar certo. - Kage segura meu rosto e encosta a testa na minha.

- Eu sei.

- Você consegue. - diz, se referindo ao fato de eu ir até o tribunal - você é fantástica.

- Pára de encher minha bola. - uso minha voz mais melosa e esfrego meu nariz com o seu - já sou uma vencedora por ter todas as pessoas que amo ao meu lado.

Kage concorda com um aceno silencioso e então me abraça, escondo meu rosto em seu peito e aperto meus braços a sua volta. Seu cheiro familiar e seu calor típico me fazem relaxar. Não importa o resultado desse julgamento, já venci muito tempo atrás.

---------

Eu não tinha a mínima ideia de que o caso do meu sequestro, do sequestro se todas nós que estávamos naquele inferno teve tanta repercussão aqui na Rússia. Nos Estados Unidos meu nome não foi divulgado até que eu mesma decidi isso, mais de dois anos depois, e mesmo assim as pessoas levaram um tempo para juntar a minha história com aquela que abalou o país.

Aqui, todos me conhecem, todos conhecem meu rosto antigo, aquele rosto cheio de dor, desespero e desilusão, um rosto encovado, com olheiras profundas e olhos enormes e sem vida. Eu não sabia que meu rosto e principalmente meus olhos estiveram em capas de revista e jornais por meses, não sabia que era considerada um tipo de heroína apenas porque fiz aquilo que qualquer um faria no meu lugar, em completo desespero.

Foi muito estranho ser recebida pela polícia no aeroporto e ser escoltada até o hotel. Apenas 6, contando comigo, das 12 que saíram daquela casa estão aqui.  Duas estavam muito doentes e não resistiram, duas não suportaram voltar para o mundo real e lidar com suas dores e acabaram com a própria vida e outras duas não conseguem sair na rua.

Não sabia de nenhuma dela desde aquele dia, evitei qualquer procurar sobre minha vida passada, só queria deixar tudo para trás e seguir em frente, não podia ajudar nenhum delas quando eu mesma precisava de ajuda até para sair no quintal.

Mas agora sentada nessa poltrona, olhando pela janela do hotel, olhando as montanhas altas na noite escura. Não consegui dormir depois que soube das outras garotas, fico pensando que talvez, só talvez, se tivéssemos mantido algum tipo se contato poderíamos ter nos apoiado. Só quem entende o que passamos somos nós mesmas, só nós podemos compreender o que a outra passou.

- Cami? - a voz de KJ no escuro me assusta um pouco e pulo em meu lugar - vem pra cama.

- Não consigo dormir. Fico pensando ... - não término a frase.

Escuto o farfalhar dos lençóis e o rangido fraco da cama quando Kage se mexe. Fico com receio que o barulho acorde Lukas, mas não consigo protestar. Abraço meus joelhos mais apertados e olho para fora, sinto a presença do meu namorado antes mesmo dele estar perto o suficiente.

- Angel, olha pra mim?! - eu quero, mas não consigo desviar meus olhos do escuro lá fora - não faz isso ... Olha pra mim. Preciso que olhe para mim. - suas palavras me despertam um pouco e olho em sua direção, Kage está agachado a minha frente - isso ... Olha para mim. Cami, por mais que você pense que poderia ter feito algo para salvar aquelas garotas, não podia. Você fez o que pode e tirou todas vocês de lá, o que aconteceu depois tem muito mais a ver com quem elas eram.

- Talvez se ....

- Não, baby. Não tem talvez nesse caso. Você era a com mais tempo presa ali, e a responsável por tirar todas de lá. Mas não podia consertar elas, você mesma estava quebrada em mil pedaços que precisaram ser colados. Mas você é a garota mais forte que eu conheço, você tem o maior poder de superação que já vi em toda minha vida. Talvez elas só não tivessem o que era necessário para sobreviver. Você não sabe o que vivia dentro delas, ou como elas lidavam com tudo que perderam, ou como foi a vida delas depois que saiu ... Você não era responsável por elas, baby.

- O mundo falhou com a gente, Kage, as pessoas falharam conosco. Lá dentro e aqui fora, fomos colocadas a nossa própria sorte, nos deram muito dinheiro e nenhum apoio. Mas eu podia ter apoiado elas.

- Não podia, baby, cada um tem que lidar primeiro com a sua dor para depois ajudar os outros. Não foi isso que o psicólogo disse?

- Sim. - murmuro e solto minhas pernas para poder esticá-las um pouco - mas é tão difícil seguir em frente ... Foi tão difícil voltar ao mundo onde todas as pessoas tinham vidas menos eu.

- Eu sei, estava lá. Vi você em pânico, apavorada, vomitando, tremendo ou dopada de remédios. Mas também te vi levantar e seguir em frente. E tenho um orgulho sem tamanho de você, e eu te amo por todas essas coisas. - percebo que estou chorando quando Kage limpa uma lágrima em meu rosto - saia dessa armadilha, ok? Você não podia fazer nada. Eu preciso de você, Cami, o Lukas precisa de você.

Concordo com um aceno breve e abraço seu pescoço como posso, choro e sou acalentada por esse homem incrível que entrou na minha vida quando eu era só uma casca vazia e me ajudou a me transformar e ficar cheia de vida.

- Você é tão adorável. - sua voz murmurada no escuro me acalma - adorável e eu te amo tanto. 

- Também te amo, KJ. - ele fica de pé e me leva junto, dou um risada fraca e fungo - desculpa pelo surto.

- A vida de casado seria muito chata sem alguns surtos. - ele beija meu pescoço e começo a rir - opa, o bebê vai acordar assim. Shiu.

- Ele vai acordar de qualquer jeito. - falo rindo e como que para provar meu ponto um chorinho vem do berço ao lado da cama - não disse?

- Certo, senhorita sabe tudo. Agora vá para a cama que pego ele. Amanhã precisa estar forte para chutar uns traseiros. - Kage bate na minha bunda e rio, os gritos vindos do berço ficam mais altos - já vou, mandão, já vou.

Subi na cama e me acomodo da melhor forma, o quarto é pequeno então não demora nada para que Kage pegue Lukas do berço e o traga para a cama. Assim que seu corpo rechonchudo está perto do meu, Lukas se vira em minha direção e agarra meu pijama, a chupeta é cuspida longe. Começo a rir de seu pequeno ato de rebeldia e beijo sua bochecha macia.

- Mamãe, vai dar, gordinho, fica calmo se não engasga. - murmuro e levanto minha blusa, já deixei o uso do sutiã em casa a muito tempo - pronto, meu amor, pronto. - Luke procura meu peito com a boca aberta e encontra de primeira - agora vamos nanar, filho.

- Parece um Pitbull. - Kage brinca e cutuca a bochecha do bebê que suspira e fecha os olhos - estava pensando em comprar uma vaca.

- Nossa, Kage, obrigada pela comparação. - bato em seu braço e ele ri.

- Não tem comparação, amor, suas tetas são bem melhores que as da vaca. - bato em seu braço com mais força e ele ri de verdade - aí ai.

- Idiota.

Kage está rindo e eu não estou brava, ele apoia a mão sobre Lukas e se aproxima para me beijar, algo acontece porque ele se afasta gemendo de dor.

- Ele me beliscou. - reclama.

- Quem? - pergunto mas já sei a resposta - Lukas, você beliscou o papai? - Luke abre apenas um olho e sorri - não pode.

- Ciumento. - Kage beija o bebê que ri e larga meu peito - ciumento ... A mamãe é minha também ... Ela não é minha mamãe, mas é minha também.

- Luke? - chamo e ele me olha com um sorriso preguiçoso - eu sou do papai. - o bebê faz um não rápido com a cabeça e segura minha camiseta - o papai é meu então. - mais uma vez ele repete o movimento - coisa linda. Vai mamar, se não vou guardar. - começo a descer a camiseta e Lukas me ataca com sua boca ligeira - ok, ok, pode mamar.

- Melhor deixar ele quieto ou não vamos dormir mais.

- Concordo. - sussurro para não chamar mais atenção - preciso de forças.

------

O dia amanheceu frio, mas não demais, tem um sol que eu sei que não é aquele sol frio que bate na neve e queima o rosto. Lukas está pronto para sair, todos estão prontos assim como eu. O advogado avisa que já nos espera e descemos todos para o salão onde servem o café da manhã. Está mais cheio do que eu esperava e muitas cabeças viram em minha direção, mas não me incomodo. Luke está no colo de Kage fazendo a maior festa com Dylan que vem logo atrás.

Tomamos um café apressado enquanto o Dr. Monroe explica os detalhes do julgamento e como não vou dar um depoimento e sim um testemunho assim como outras garotas, o que a acusação espera que comova ainda mais o júri. Vai ser longo, muitas horas, mas não dias. E amanhã todos devem estar com suas sentenças.

Depois saímos, ao chegar no prédio do tribunal a frente está uma loucura, pessoas com faixas, câmeras e polícia. Nada me surpreende depois de tudo que vi e ouvi desde o dia que cheguei. Kage entrega Lukas para meu pai que o protege com o próprio terno e eu vou com Kage e meus irmãos, de cabeça erguida.

Dentro do prédio tudo é calmo, as pessoas falam aos sussurros. Menos uma que grita meu nome chamando minha total atenção.

- Joy? - pergunto para a garota de cabelos verdes que vem em minha direção - meu Deus.

- Meu Deus ... Meu Deus ... Não acredito. - vou em sua direção e recebo um abraço apertado, abraço de volta com a mesma força - Camila ... Cacete, eu queria tanto te ver ... Você está tão bem. Obrigada, obrigada, obrigada. - ela fala e me sacode de um lado para o outro e começo a rir - você salvou minha vida, garota.

- Fiz tanto por mim quanto por você. - falo quando me afasto para olha seu rosto - seu cabelo é meio maluco, mas você parece muito bem.

- Meu cabelo é um ato de vandalismo com meu corpo, mas de resto estou bem agora. Porque você me deixou naquele lugar apenas alguns dias e não anos. E não sei como você suportou aquilo ... Mas eu te admiro tanto ... E não posso te agradecer o bastante. Então ... Vamos entrar lá e acabaram com a raça naqueles porcos.

Estou rindo e chorando ao mesmo tempo enquanto aquela menina está eufórica a minha frente, ela é tão nova ainda e também muito diferente de quando a conheci. Ela é forte e me passa força. Não tenho mais medo, não estou sozinha.

Sentamos em nossos lugares, Lukas está dormindo como um anjo então não tem problema, e mesmo que ele estivesse chorando ainda continuaria aqui porque preciso dele e tenho direito a essa regalia. Aos poucos a sala vai enchendo, o júri é apresentado, é formado em sua maioria por mulheres de diversas etnias e idades e os únicos dois homens são completos desconhecidos.

O juiz chega e depois de todas as explicações chama os acusados. São 6 hoje, incluindo o segurança com quem tinha mais contato, e ele é o único que parede pelo menos minimamente envergonhado.

O processo é lido, fotos são mostradas a todos, fotos dos quartos, do banheiro, do sótão, do porão, cozinha, enfim, aquele lugar horrendo. Também são colocadas para todos fotos de esqueletos, muitos esqueletos  e roupas que foram encontradas enterradas em volta da casa. Meu estômago revira em náusea. Casa foto que vejo consigo sentir o cheiro daqueles lugares, é horrível. Mas me mantenho firme e não vacilo. Joy está sentada em outra fileira assim como as outras garotas.

De repente nossos rostos começam a aparecer nas fotos, as marcas em nossos corpos, as cicatrizes e os ferimentos, as correntes, os chicotes, as cintas e as facas usadas para "nos manter na linha". Escuto o choro baixo a minha volta e aperto Lukas em meu colo, ele está tranquilo e alheio a tudo só sorrindo para as pessoas. Kage aperta meu joelho e coloco minha mão sobre a sua, vai ficar tudo bem.

Olho para o lado e meu pai tem os olhos fechados, seu rosto está molhado mesmo que ele não possa ver o que é mostrado. Minha mãe está de olhos baixos também, acho que é muito difícil ver certas coisas e depois esquecer. Não os culpo, entendo o sentimento.

Aos poucos as provas vão crescendo e o advogado de defesa nem tem muito o que falar. Tudo que ele tem a dizer não parece convencer qualquer pessoa ali.

Depois de horas temos um intervalo para o almoço e banheiro antes de voltar para dentro. É hora dos testemunhos e eu sou chamada. Limpo a garganta, pego meu papel e vou para frente. Lukas está sentado no colo da minha mãe brincando com um colar pesado, sorrindo e feliz. É tudo que preciso ver.

- Meu nome é Camila Carraro Mendes e fui sequestrada, vendida, amarrada, espancada e estuprada durante quase 10 anos. Tive minha vida roubada por aqueles homens sentados ali. - aponto - eles não são humanos, não possuem compaixão, respeito ou dignidade, eles não teem qualquer humanidade dentro deles. Eu fui tratada como um objeto, fui vendida e passada de mão em mão, fui machucada tantas vezes que nem consigo lembrar. Mas a conta é bem alta. Não quero que sintam pena de mim, não quero ser símbolo de nada porque apenas lutei para viver mesmo quando tudo que eu queria era morrer. Mas quero que minha história não se repita, quero que esses homens tenham a maior e pior sentença que existe. Porque eu fui sentenciada a uma vida tendo que conviver com as consequências dos atos deles. Quero justiça por mim e por todas as outras, não quero que outra garota passe pelo que eu passei, porque eu andei pelo inferno por anos e conheci as diversas caras do diabo. Meu inferno foi aqui, mas o inferno não me definiu. Eu lutei, sobrevivi e vivo cada dia com alegria por estar livre. Mas outras garotas que saíram daquela casa não podem mais falar, elas morreram ou se perderam dentro delas mesmas. Eu não perdoo vocês. - olha para os homens que já me fizeram tanto medo, que me machucaram, que arrancaram sangue do meu corpo - eu não os  perdoo. - digo olhando para ao júri - é impossível perdoar o que eles fizeram com todas nós. Vou dormir ansiosa pelo dia de amanhã.

Dobro meu papel e desço da tribuna, o tribunal está em silêncio quase completo, perturbado apenas pelas fungadas e murmuros chorosos. Todas as meninas sobem na tribuna depois de mim e ouvir suas dores me faz chorar. Mas é um choro diferente de todos os outros, é quase de alívio.

Já é muito tarde quando chego ao hotel com a minha família e caio na cama, apesar da ansiedade sei que preciso dormir.

A noite é longa, mas a manhã de sol me traz volta de sair e aproveitar um pouco da liberdade que tenho. Como não conheço nada do país, chamo todos para um passeio que aceitam de imediato.

Arrumo Lukas, dou comida e o coloco em seu carrinho. Saímos todos para o sol, para as ruas e para as lojas. Não sei onde é a loja que pedi ajuda, mas Kage consegue achar um endereço na internet e vamos até lá. A loja não mudou nada, a fachada ainda é igual, e o clima dentro ainda é o mesmo.

Entro e a primeira coisa que vejo é a senhora de cabelos coloridos, ela está atrás do balcão, parede mais velha mas não menos vivaz. Minha família toda invade a loja e provoca um jato se ar.

- Posso ajudar? - ela pergunta e levanta os olhos do seu celular.

- Já ajudou. - respondo.

- Meu Deus. - ela grita e sai de trás do balcão com agilidade - menina, a única coisa que você tem daquela menina que entrou nessa loja dois anos atrás são esses grandes olhos. Mas agora eles são alegres e brilhantes, não apavorados e sem vida.

- Graças a senhora. - retruco.

- Não - ela chega mais perto e segura minhas mãos - graças a sua coragem ... Eu só fiz o certo.

- Podia não ter feito. - completo.

- Nenhum ser humano com um pouco de compaixão ignoraria aquilo. Você, menina, parecia um cachorro que acabou de levar uma surra mas depende do dono para sobreviver. Aquele homem era asqueroso.  Quando eu vi seus olhos soube que não era um pedido de ajuda qualquer. Graças a Deus me encontrou, e graças a Ele eu pude fazer uma ligação.

- Obrigada. - minha mãe fala - obrigada.

- Só fiz o que tinha que ser feito. - ela sorri.

Ficamos ali tempo suficiente para um chá e algumas conversas curtas, depois vamos para a rua e eu decido que quero andar por todos os lugares. Eu quero andar por essas ruas apenas porque eu posso e a sensação é maravilhosa.

Depois do almoço sento em uma praça com Lukas e Kage enquanto meus pais e irmãos vai buscar alguma coisa. Meu filho é perfeito e olhar ele sentado em seu carrinho me trás novas lembranças desse lugar, apaga a tristeza.

Estou encosta em Kage quando Cole vem correndo em nossa direção, correndo e gritando. Só quando ele chega perto que entendo.

- Prisão perpétua, Cami, prisão perpétua. O juri achou que pena de morte seria muito misericordioso.

Pulo do banco e agarro Cole. Começamos a pular e rir e Lukas ri em seu carrinho.

- Morrer é muito confortável. - Kage grita.

É quase impossível ficar mais feliz que nesse momento. Estou em paz.

camimendes a paz é uma coisa maravilhosa, e quando te olho só me sinto em paz. Te amo, filho. Obrigada por ser a minha vida.

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