Palavras como o destino ou o futuro
Estão completamente fora do alcance de nossas mãos
Não importa o quanto tentamos, não conseguimos alcançar.
As coisas pareciam estar finalmente se ajeitando pelo castelo alguns dias depois da batalha sangrenta que acontecerá ali. Robert havia assumido completamente o seu posto como rei, e Louis o ajudava como seu braço direito. Noah e Alexander não deram muito sinal de vida depois da morte do pai, ambos precisavam de um tempo para se conformar com a situação, principalmente o mais novo. Thomas não parecia se importar muito com toda aquela situação, na verdade, ele parecia até muito feliz.
No meio daquilo tudo, Robert tentava encontrar os responsáveis pela morte do rei. Havia mandado seus soldados fazerem diversas buscas, mas não encontrou nenhum sinal dos rebeldes, ou de alguém que pudesse estar os liderando ou financiando o ataque. Era uma busca que parecia sem saída, mas pretendia continuá-la até que todos os culpados tivessem suas cabeças cortadas por traição.
Harry era alguém que estava tendo um debate mental consigo mesmo. Agora que Troy Tomlinson estava morto e o primogênito havia se tornado o rei, o que aconteceria com Louis?
Se arrependia amargamente de ter dormido nas aulas de história, de não lembrar absolutamente nada de como Louis chegaria ao poder. A única opção que parecia plausível é que em algum momento da história Robert morreria sem deixar herdeiros, e Louis, como sucessor legítimo, assumiria o trono. O coração de Harry se apertou ao pensar nisso, apesar de não ter muito tempo de convívio com o príncipe mais velho, ele sabia o quando o homem era uma ótima pessoa.
– No que está pensando? – Louis questionou. Os dois estavam sentados na biblioteca, e Harry tinha seus olhos grudados na janela enquanto aqueles pensamentos invadiam sua cabeça. Ele finalmente deixou seus olhos encontrem os do príncipe, era incrível como o cacheado só precisava olhar para o outro rapaz que todas as suas preocupações desapareciam na hora. Estava cansado de repetir que Tomlinson era o homem de sua vida, a pessoa que sempre esteve esperando e finalmente havia encontrado.
– Hmm...Nada.– Na maioria das vezes, Harry gostaria de contar toda a verdade sobre o príncipe, dizer que havia viajado no tempo e que nos livros de história Louis era retratado como um grande rei, um dos melhores. Apesar de querer dizer tudo isso, ele sabia que não podia, sabia que soaria como loucura. Se os manicômios já existissem nessa época, Louis provavelmente o trancaria em um. Se eles já existissem, Harry pretendia passar bem longe deles.
– Você parece meio perdido.– Tomlinson disse, observando os detalhes do rosto de Harry com todo o cuidado do mundo.
– É o efeito que você causa em mim.– Styles sorriu e piscou para o príncipe. Sabia que Louis ficava frustrado com o flerte repentino.
– Harry...
– Não está mais aqui quem falou.– Styles levantou as mãos para cima como forma de rendimento.
Louis puxou o cacheado para mais perto e deu-lhe um beijo demorado na testa, sussurrando as palavras "eu te amo" em seu ouvido.
-x-
Depois que Louis saiu do castelo para uma pequena missão, a pedido de Robert, Harry ficou vagando pelo castelo, sem ter muito o que fazer. Não havia ninguém ali com quem o cacheado pudesse conversar além de Alexander e Noah, mas ambos estavam passando por um momento difícil, e Styles não queria tirá-los de seu luto de forma forçada. Queria dar-lhes tempo para que toda a dor fosse amenizada com o tempo.
Foi pensando nos dois príncipes, que ele acabou naquela situação. Estava olhando por uma pequena brecha na porta de um dos quartos, lá dentro estava Thomas e uma mulher que Harry reconheceu como uma das criadas do castelo, os dois estavam bem próximos um do outro.
– Você me disse que ia me tirar desse trabalho de criada.– A mulher falou, ela parecia zangada e se esquivou dos toques do príncipe.
– E eu vou, você só precisa me dar mais um tempo, Lilian. Estou esperando algo acontecer.– O tom de sua voz parecia diferente quando ele falava com ela. Thomas parecia...um cara bom.
– Você sempre diz que está esperando algo. Não sei se confio em você.
– Eu prometo que dessa vez irá acontecer, te tirarei dessa condição e ainda te darei um título de rainha. E eu serei o rei dessa nação.– O príncipe sorriu para a mulher chamada Lilian e tentou se aproximar de novo, dessa vez ela não se esquivou e deixou que o rapaz segurasse seu braço.– Você é a mulher da minha vida.
– Pra fazer isso você vai ter que se livrar dos seus irmãos, de dois deles, na verdade.– A voz de Lilian saiu muito baixa, mostrando que ela tinha medo que alguém escutasse. Mas, felizmente, a audição de Harry era muito boa e ele não conseguiu conter um barulho de surpresa que saiu de sua garganta.
Thomas olhou diretamente para a porta e Harry correu antes que o príncipe pudesse vê-lo.
Styles sabia a quem "de dois deles" se referia. Robert e Louis eram os únicos empecilhos entre Thomas e o trono. O estômago do cacheado se embrulhou em pensar que alguém podia se virar contra a própria família por poder. Era uma jogada suja.
-x-
Harry ficou no quarto pelo resto da tarde se sentindo mal com o que tinha escutado. No começo da noite, Louis bateu na porta do quarto e entrou.
– Me disseram que está no quarto há horas. Está se sentindo bem? – Tomlinson perguntou, se sentando na cama ao lado do cacheado. Ele levou suas mãos até a testa do rapaz para certificar-se de que não tinha febre.
– Eu estou bem.– Harry sorriu forçadamente, tentando mostrar que estava se sentindo bem. Ele sabia que deveria contar tudo que ouviu para Louis, mas não sabia como fazer isso.– Posso te perguntar uma coisa? – Styles se levantou para que pudesse olhar nos olhos do outro. Tomlinson assentiu, ainda procurando algo de errado com o cacheado.– Você confia nos seus irmãos? – Harry perguntou sinceramente.
– Sim, apesar de nem todos termos laços fortes, ainda somos irmãos.– Louis parecia surpreso com a pergunta, mas respondeu mesmo assim.
– E se um deles te traísse?
– E qual deles faria isso? Eu os conheço desde que nasci, nós passamos uma vida inteira juntos. Até mesmo Thomas, que não parece muito confiável, jamais faria algo para ferir um de nós.– Quando Louis citou o nome do terceiro príncipe, Harry sentiu seu estômago embrulhar de novo. Parecia uma sensação ruim que não passava, era a mesma sensação do dia em que invadiram o castelo, como se estivesse esquecendo algo muito importante.
– Louis, você gostaria de ser rei? – Questionou novamente.
– Não.
– Você nem pensou pra responder.– Harry ficou surpreso em como Louis respondeu sem nem precisar pensar.
– Porque esta posição não é minha, então, não preciso pensar. Robert será o rei e o poder vai passar para seus filhos e os filhos de seus filhos.– Tomlinson falou como se aquilo fosse fácil de entender, mas na verdade, a cabeça de Harry estava quase explodindo tentando entender toda aquela situação.
E se Thomas realmente se livrasse de seu irmão?
– Por que está fazendo todas essas perguntas? – Louis perguntou. Estava começando a ficar desconfiado do jeito que Harry estava agindo e das perguntas que fazia.
– E se eu te dissesse que, de alguma forma, você se tornará rei em um futuro não tão distante? – Os olhos de Tomlinson se arregalaram ao ouvir aquilo, parecia que Harry estava falando somente maluquice de uma hora para outra.
– Eu diria pra você esquecer essa história. Você pode ser preso por traição se disser para alguém que quer que eu seja rei.
– Eu não estou dizendo que quero. Você será rei, Louis.– Harry segurou as mãos do príncipe e olhou no fundo de seus olhos. O olhar de Louis parecia extremamente desconfiado de tudo que o cacheado dizia.
– Eu não estou entendendo mais nada, talvez você esteja realmente doente.– Quando Styles percebeu que Louis achava que ele não estava falando coisa com coisa, ele desistiu do assunto. Só fazia ele soar como um pirado.
– É, eu acho que estou delirando.– Ele voltou a se deitar na cama e se cobriu até a cabeça com o cobertor.
Um silêncio se instalou entre os dois. Harry respirava fundo dentro do cobertor, sem saber muito o que fazer naquela situação, ele parecia de mãos atadas naquele momento. Louis apenas ficou encarando a figura envolta do cobertor, pensando se deveria fazer o que veio fazer ali.
– Harry...será que podemos fazer aquilo? – Não sabia se aquele era o momento certo para perguntar, mas havia pensado nisso a tarde inteira enquanto estava fora.
Styles saltou de dentro do cobertor e sentou-se na cama com um sorriso enorme em seu rosto.
– É CLARO QUE SIM... Quer dizer...humm..sim.– Percebeu que havia soado desesperado demais no início e tentou consertar sua resposta.
Talvez aquilo tirasse todos os pensamentos ruins de sua cabeça por um instante.