The Hamptons ✧ l.s.

By loverofmaria

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O lugar onde Louis Tomlinson acaba um namoro de oito meses e é surpreendido (constantemente) pelo quaterback... More

✧prologue
✧one
✧two
✧three
✧four
✧five
✧six
✧seven
✧eight
✧nine
✧ten
✧eleven
✧twelve
✧thirteen
✧fourteen
✧fifteen
✧sixteen
✧seventeen
✧eighteen
✧nineteen
✧twenty
✧twenty one
✧twenty two
✧twenty three
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✧twenty five
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✧twenty seven
✧twenty eight
✧twenty nine
✧thirty
✧thirty one
✧thirty two
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✧thirty five
✧thirty six
✧thirty seven
✧thirty eight
☼thirty nine
✧forty
✧forty one
✧forty two
✧forty three
✧forty five
✧epilogue
✩thank you

✧forty four

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By loverofmaria

O inverno finalmente estava chegando nos Hamptons.

A época de final de ano era sempre um pouco estranha para os moradores da ilha, já que estavam acostumados com o sol durante nove meses do ano. Os três meses de inverno acabavam vindo com ventanias fortes, chuvas o dia inteiro e, vez ou outra, neve. O que tornava a tradição americana de festas de fim de ano ainda mais forte na região, os moradores costumavam ficar mais em casa com a família, não se reuniam tanto na praia quanto antes e as festas de colégio consequentemente também diminuíam.

A pequena chuva na manhã daquele sábado, um sinal de que o inverno realmente estava logo ali, fez com que Harry acordasse automaticamente preocupado, pois aquele dia tinha que ser perfeito, e se caísse uma chuva mais forte, estragaria tudo. Naquele sábado Gemma e seus pais voltariam para casa e ele tinha ficado responsável pelo almoço, fazendo com a ajuda de Louis, a famosa lasanha de Celine. Ele pegou a receita e deu folga para a senhora naquele dia, pois viu em algum lugar que cozinhar é uma das maiores demonstrações de amor - ele não admitiria isso em voz alta, mas Tomlinson apenas sabia.

Depois da pequena reunião dos seis amigos na praia, Harry deixou o namorado em casa com um beijo de boa noite e palavras confortantes de que tudo ficaria bem e ele iria gabaritar a prova do dia seguinte. Na sexta-feira trocaram algumas mensagens pela manhã antes de realizar as provas, e quando terminaram, os dois falaram pelo telefone e assim como o combinado, Louis dormiu o dia inteiro pra renovar todas suas energias e noites que passou acordado estudando. Aquilo já estava feito e ele apenas esperava pelo melhor. Agora no sábado ele ajudava o namorado em silêncio, segurando um risinho pois era realmente engraçado ver Harry tão nervoso daquele jeito.

– Está tudo no lugar? – O jogador perguntou pela terceira vez enquanto encarava a mesa pronta, ajeitando os talheres para que ficassem perfeitos.

Styles estava lindo, como sempre, mas naquele dia especificamente tinha algo diferente sobre ele. Apesar de seu olhar nervoso, parecia genuinamente feliz e animado e Louis apenas torcia para que seus pais não conseguissem estragar aquela felicidade.

– Amor, você organizou esses talheres pelo menos trinta vezes. – O menor riu, balançando a cabeça negativamente.

– Tem que estar tudo perfeito. – Respondeu sem olhar em sua direção, ajeitando os guardanapos dessa vez.

– Já está tudo perfeito, fica tranquilo. – Tomlinson deu uma última olhadinha na mesa e realmente, tudo estava lindo e em seu devido lugar.

– A mesa está bonita mesmo? – Harry se afastou um pouco para olhar. – Esses foram os únicos guardanapos que eu encontrei, mas estão bonitos, não estão? A lasanha já está no forno?

– Harry, respira. – O namorado deu uma risadinha, o encarando. – O jogo de mesa está lindo e a lasanha já está no forno, você precisa se acalmar, sun.

– Eu estou nervoso. – Respirou fundo, passando a mão pelo cabelo jogado pra trás.

– Jura? – Arqueou o cenho, estendendo sua mão pra o maior com um sorriso leve no rosto. – Vem aqui.

E Styles deixou o nervosismo um pouco de lado e sorriu se volta, segurando sua mão e se aproximando até inclinar o pescoço para baixo para conseguir colar seus lábios em um beijo calmo e leve, sem língua, apenas seus lábios roçando um no outro em uma fricção gostosa e relaxante. Quando partiram o beijo, colaram suas testas e respiraram fundo juntos porque mesmo sem verbalizar, eles sabiam que o que viria em seguida poderia ser uma experiencia nova e legal, mas também poderia ser terrível.

– E se a lasanha tiver ruim? – O garoto de olhos verdes perguntou baixinho. – Eu segui direitinho a receita de Celine mas tem chances de ficar ruim, não tem?

– Vamos fazer assim, eu experimento primeiro e se e tiver ruim eu faço um sinal e você diz na mesma hora que fez com amor, aí as pessoas vão ser obrigadas a comerem de todo jeito. O que acha?

Eles riram na mesma hora mas em seguida uma buzina fora da casa foi ouvida e na mesma hora Harry parou de sorrir.

– Eles chegaram. – Disse com os olhos levemente arregalados demonstrando seu desespero e Tomlinson não disse nada, apenas deixou um beijo leve nos seus lábios com um sorriso reconfortante e o puxou pela mão para irem até a garagem.

E quando saíram pela porta dos fundos, deram de cara com o enorme carro preto parado na parte de trás da casa. Arthur, o motorista, desceu do carro junto com Des que estava no banco do passageiro.

– Arthur! – O jogador falou com um sorriso de orelha a orelha, indo até o senhorzinho e o puxando para um abraço.

– Harry! – Ele exclamou rindo, dando batidinhas em suas costas. – Como está, criança?

Louis ainda estava um pouco afastado observando a cena de longe, e pode ver que Des olhava seu filho abraçando o motorista com um olhar curioso e quase surpreso.

– Eu estou ótimo, cara, é bom te ver. – Se afastou com um sorriso, se virando para o pai e falando mais baixo e mais sério, sem jeito. – E aí, pai.

– Harry. – Sr. Styles sorriu igualmente desconcertado, dando suas batidinhas em seu ombro. – Como estão as coisas por aqui?

– Tudo bem.

– Des, venha aqui tirar Gemma? – A voz de Anne chamou a atenção dos dois e quando se viraram, a mulher já estava fora do carro, com a cadeira de rodas montada em sua frente.

O homem assentiu, indo até o banco de trás e segurando Gemma no colo, que usava um vestidinho branco e soltinho, colocando-a em seguida na cadeira.

– Isso é meio humilhante. – A garota disse em uma careta fazendo todos rirem, olhando para o irmão em seguida com os braços abertos. – Hazzy!

E o jogador não disse nada, apenas sorriu e foi até ela, se ajoelhando para abraça-la com cuidado. Ele nem saberia dizer o quanto estava feliz em vê-la em casa depois de todos esses anos.

– Nem acredito que você está aqui. – Respirou fundo, dando um beijo na sua testa. – Seja bem-vinda de volta, irmã.

– Também nem acredito, foi só uma semana longe de você mas já senti tanto sua falta. – Gemma sorriu de orelha a orelha.

– Mãe... – Harry cumprimentou sua mãe de longe, apenas olhando em sua direção, sem muita animação ou sorrisos.

– Oi, filho. – A mulher respondeu curvando os lábios fechados em um sorriso discreto e o clima podia começar a ficar um pouco tenso demais.

– Louis, você também tá aqui! – A garota na cadeira de rodas disse notando sua presença ali e fazendo-o corar um pouco por agora ter todos os olhos em si. – Só não corro aí pra te dar um abraço porque... Bom...

Todos riram com a fala de Gemma que, junto de Louis, era a quebradora oficial de climas tensos e o garoto de olhos azuis se juntou ao namorado minimamente envergonhado e se sentindo um pouco intrometido de estar ali quando era pra ser um dia de família, mas Harry fazia questão da sua presença e Gemma e os sogros também não pareciam incomodados com ele ali. Falou com Gemma dando dois beijinhos se certificando de que ela estava melhor e sem dor, cumprimentou Anne da mesma forma com simpatia e naturalidade e deu um leve e rápido abraço em Des, sempre chamando atenção com o quanto era espontâneo e educado, fazendo o jogador ao seu lado segurar um sorriso bobo.

Em seguida depois de se despedirem de Arthur, foram todos para dentro de casa, colocando todas as malas na sala com a ajuda de Harry e Louis, e Gemma olhava a casa ao seu redor com a boca aberta em surpresa.

– Meu Deus, parece que fazem anos que eu não venho aqui.

– Mas realmente fazem. – Harry sorriu do seu lado, alisando seus cabelos.

– Uau. – Ela suspirou, virando para encarar a mãe com o cenho franzido. – Você mudou a decoração, Anne?

– Pelo menos umas quarenta vezes nos últimos dois anos. – Des disse colocando uma última mala no canto da sala e Anne deu um pequeno tapinha no seu braço, fazendo os dois filhos e o genro rirem.

– Harry, essa mesa está linda. – Sra. Styles falou observando a mesa de jantar no outro cômodo e o garoto pareceu ser pego de surpresa com aquela observação. – Foi você que fez?

– S-sim. – O filho respondeu coçando a parte de trás da nuca, a encarando com expectativa. – Você gostou?

– Está muito bem feita. – Ela assentiu com a cabeça, se virando para Tomlinson. – Você ajudou também, Louis?

– Só coloquei os pratos, não vou mentir. – O garoto arqueou as sobrancelhas charmoso fazendo todos rirem e Harry apenas o encarava com os olhos brilhando e um sorriso bobo.

Aquele começo estava indo surpreendentemente bem.

– Mãe, então os... hm. – Styles voltou a falar com a mulher na sua frente meio desconcertado, se sentindo até um pouco patético de estar puxando assunto, mas resolvendo tentar. – Os talheres estão na ordem certa?

– Estão. – Ela disse checando os talheres e vendo que eles estavam em seu devido lugar. – Vocês fizeram um ótimo trabalho aqui.

– Eu nem sabia que tinha uma ordem. – Tomlinson disse baixinho pra Gemma, que riu.

– Nem eu, cunha. – Ela fez uma careta.

– Ei... – Des olhou ao redor com o cenho franzido, como se estivesse procurando algo. – Alguém está sentindo um cheiro de queimado?

– A LASANHA! – Harry e Louis gritaram se encarando com os olhos arregalados antes de sairem correndo rapidamente para a cozinha.

Assim que chegaram no outro cômodo, Styles colocou a luva de tecido rapidamente, desligando o forno e abrindo-o em seguida, tossindo um pouco quando a fumaça cinza saiu de dentro, abanando a mão para enxergar melhor e puxando a recipiente onde estava a lasanha e colocando ele em cima da pia, podendo finalmente ver ela completamente queimada. Louis encarava a cena com os olhos arregalados e as mãos cobrindo a boca sem se mover, completamente chocado.

– Puta que pariu, amor. – Harry disse manhoso no meio de um silêncio ensurdecedor com a voz de choro olhando pro namorado com desespero.

Então o resto dos Styles entram na cozinha todos com a mesma cara de choque trocando os olhares entre a lasanha torrada e Harry, que não movia um músculo com sua expressão decepcionada no rosto. O silêncio no ambiente chegava a ser agonizante, mas ele logo foi quebrado quando Louis e Gemma se entreolharam por um segundo antes de explodirem em risadas altas diante daquela cena deplorável, em seguida Des e Anne acabam se juntando a eles e rindo também e a única coisa que Harry conseguiu fazer foi rir fraco, mesmo que por dentro quisesse chorar.

– Um dia na cozinha e você quase queimou a casa, maninho, parabéns! – A garota disse sem fôlego segurando a barriga enquanto se recuperava das risadas.

– Gente, eu sinto muito. – Ele respondeu passando a mão pelo cabelo, olhando novamente para a lasanha quase preta na sua frente e se sentindo triste. – Não acredito que isso aconteceu.

– Tudo bem, Haz, o que vale é a intenção. – Louis ao seu lado disse ainda rindo um pouco enquanto enxugava as pequenas lágrimas que se formaram no canto dos olhos de tanto rir.

– Desculpa. – Harry falou mais uma vez, olhando para os seus pais que o encaravam de volta com um olhar divertido.

– Não tem problema, filho. – Anne respondeu abanando a mão no ar para fazer pouco caso. – Eu já queimei alguns almoços também, você vai superar.

– Des, está pensando a mesma coisa que eu? – Gemma encarou o pai arqueando apenas uma sobrancelha e ele pareceu entender na mesma hora.

– Pizza?

– Pizza!

– Oh, não... – Sra. Styles negou com a cabeça. – Tem ótimos restaurantes na cidade, nós podemos pedir um almoço decente e-

– Anne, vamos lá... – Des a interrompeu com a expressão leve. – Deixe as crianças se divertirem um pouco.

– Sei muito bem quem quer se divertir, homem. – Ela balançou a cabeça negativamente com os braços cruzados e Gemma deu um risinho. – Tudo bem, pizza então.

– Eu vou pedir. – O marido piscou para a mulher, tirando o telefone no bolso antes de se virar para a filha. – Gemma, você vem?

Ela assentiu na mesma hora, saindo com o pai para a sala e deixando Anne, Louis e Harry sozinhos na cozinha se encarando. Tomlinson tinha percebido que o namorado viu aquela cena entre a irmã e o pai com o cenho levemente franzido, realmente parecia que Gemma e Des tinham o mínimo de intimidade e tudo ali era novo demais pra todo mundo.

– Eles dois adoram pizza. – Anne disse com um sorriso tímido e discreto, se encostando na parede.

– Eu sei. – Foi tudo o que Harry respondeu, um pouco mais sério.

– Bom, como vocês estão? – Ela voltou a perguntar parecendo se esforçar para puxar assunto, como se realmente não soubesse ao certo o que falar. – Como foram as provas?

– Foram tranquilas, né, Haz? – Louis resolveu se pronunciar, olhando para o namorado com um sorriso tranquilo e o abraçando pelo ombro. – Bastante cansativas porque elas duram o dia todo, mas fizemos uma boa prova. Agora é só esperar o resultado.

– Yeah... – O jogador disse ao seu lado em um suspiro, encarando o chão.

– Que bom então. – Ela respondeu balançando a cabeça, observando o próprio filho com um olhar discreto que fez Tomlinson acreditar que ela queria falar mais do que apenas aquilo.

– Bom, eu vou ver se Des e Gemma estão precisando de ajuda. – O garoto falou depois de alguns segundos de silêncio desconfortável, dando um beijo na bochecha de Harry e se afastando enquanto falava para a sogra com um sorriso leve e simpático no rosto. – Com licença.

Saiu da cozinha em passos calmos quase se sentindo de fato um intruso ali, talvez aquele dia deveria ser apenas entre família, mas antes que pudesse voltar a pensar nisso, Gemma o chamou assim que o viu parado na sala.

– Lou, vem cá. – Ela bateu a mão no sofá ao seu lado onde o pai também estava sentado e o garoto sorriu sem graça, se juntando a eles. – Você gosta de pizza de margherita?

– Sim, qualquer sabor pra mim tá ótimo.

A garota assentiu, pegando o telefone e ligando para a pizzaria.

– Hm, oi, boa noite. Quer dizer- boa tarde. – Olhou no relógio dando uma risadinha desconcertada. – Já são 12:45... Er... Eu vou querer, hm... Eu... – Balançou a cabeça negativamente, tirando o celular do ouvido e virando para Des em seguida. – Pai, eu fico nervosa, fala você por favor?

O homem arqueou um pouco as sobrancelhas e gelou por um momento parecendo surpreso com algo, mas logo em seguida tentou se recompor com um sorriso bobo no rosto.

– S-sim, querida... – Ele disse ainda meio atordoado, pegando o telefone e colocando no ouvido, saindo da sala. – Olá, boa tarde...

E quando Louis e Gemma estavam finalmente sozinhos, a garota soltou um longo suspiro, passando a mão pelos cabelos loiros quase platinados.

– Viu essa coisa estranha que acabou de acontecer? – Ela perguntou encarando o cunhado com um sorriso triste no rosto. – Foi porque eu o chamei de pai sem querer.

– Eu percebi. – Tomlinson sorriu de volta, encarando-a e perguntando com carinho. – Como estão as coisas pra você, Gem?

– Tirando o fato de que eu tenho que ficar presa nessa cadeira de rodas por um mês? Está tudo bem. – Os dois riram juntos e ela continuou logo depois, um pouco mais séria. – Sabe, Lou, é difícil recomeçar. Eu saí de casa quando tinha apenas 18 anos e cortei relações com os meus pais, só mantive com o meu irmão porque ele é de fato o maior presente que eu já ganhei na vida. Não sou mais uma garotinha rebelde e frustrada, os anos se passaram e com eles veio a maturidade de entender que não é esse o papel que eu quero interpretar. Me tornei uma mulher forte, decidida e honesta comigo mesma. E ser honesta significa aceitar a verdade dessa história toda: eu fui embora, mas no fundo sempre quis que eles viessem atrás de mim em algum momento. Então as coisas pra mim estão indo bem. Bem melhor do que eu imaginava, inclusive. E um pouco estranhas também, tipo o fato de eu chamar o meu pai de "pai" e ficar um clima meio constrangedor, sabe?

– Se serve de consolo, Gem, eu acho que ele gostou de ouvir. – Louis segurou sua mão e ela entendeu porque Harry contava tanto com ele.

– Ah, ele amou. – Gemma concordou rindo. – Des é mais doce que a minha mãe, acredite se quiser. Ele é engraçado e se parece bastante comigo, o que é legal porque nós nos damos bem. Nessa semana no hospital por exemplo, todo dia ele levava donuts escondido pra mim e me dava quando Anne estava tomando banho, era divertido. Ela é mais séria, travada, as vezes parece estar pisando em ovos o tempo todo, mas da pra ver que está tentando.

– Dá sim. Espero que tudo se resolva e que vocês consigam fazer isso juntos, de verdade.

– Você vai estar conosco para ver isso acontecer, Lou. – Sua cunhada sorriu de volta e de repente eles criaram uma intimidade que antes não existia e aquilo era incrível. – Inclusive era justamente o que eu queria falar com você, queria te agradecer por tudo que fez e está fazendo por Harry agora. Se eu te contasse quantas vezes nós conversamos sobre você e ele falou "não sei o que seria de mim sem esse garoto, Gem"...

– Bom, eu também não sei o que seria de mim sem o seu irmão, então... – Disse e ela pareceu se lembrar de algo na mesma hora, se animando.

– Falando em irmão, eu mal posso esperar pra conhecer os 27 irmãos que você tem em casa!

– São apenas seis...

– Apenas, claro! – Riu sarcástica. – Haz me mostrou fotos e as garotas são extremamente lindas, todas bem diferentes, mas o mesmo tempo muito parecidas com a sua mãe. E o seu irmãozinho é a coisa mais linda do mundo, não vejo a hora de apertar aquelas bochechas gorduchas.

– Todos eles vão te amar, já adiantando. – Tomlinson disse já imaginando o quanto suas irmãs iam achar Gemma o máximo.

– Pronto, o pedido tá feito. – Des voltou para a sala com um sorriso de orelha a orelha. – Jaja chegam três pizzas grandes pra gente devorar!

Então ele e Gemma batem as mãos em um high five com sorrisos cúmplices e Louis assiste a cena surpreso e feliz pela intimidade que estavam criando, pensando o quanto a garota deveria estar se sentindo realizada com aquilo.

– Sobre o que estão conversando aí? – Harry chama sua atenção e o garoto de olhos azuis se vira para ver o namorado e sua mãe voltando juntos da cozinha.

Tomlinson era observador demais e conhecia o seu namorado demais, então quando o viu com os olhos levemente avermelhados assim como a pontinha do seu nariz, ele já sabia que Styles tinha chorado a pouco tempo. Encarou Anne discretamente e ela estava do mesmo jeito, com olhos um pouco marejados e Des também pareceu perceber porque Louis pode ver o jeito que ele e a esposa trocaram olhares quase como se o homem estivesse perguntando se ela estava bem e Sra. Styles apenas assente levemente com a cabeça para o marido. Tomlinson não conhecia tão bem seus sogros e a única coisa que tinha percebido da relação que tinham entre si era que Anne que mandava e desmandava naquela casa e Des apenas concordava com ela, então foi estranho ver nas entrelinhas que eles tinham uma certa cumplicidade quando se comunicavam através dos olhares assim como ele e Harry faziam.

– Sobre a lasanha que você teve a proeza de queimar. – Gemma respondeu, balançado a cabeça negativamente.

– Nem me fale, eu ainda estou arrasado com isso... – Ele disse se jogando no sofá ao lado de Louis.

– Pense pelo lado bom, se a lasanha tivesse ruim não tem como a gente saber já que não vamos comê-la. – Tomlinson sorriu forçado para o namorado e enquanto todos riram, Harry deu língua pra ele.

– É melhor uma lasanha ruim do que uma lasanha queimada. – Anne disse baixinho e... ela estava tentando ser engraçada? Louis resolveu rir, por via das dúvidas.

– Até você, mãe? – O jogador franziu o cenho para a mulher fingindo decepção.

Aparentemente a conversa que os dois tiveram na cozinha foi boa, o garoto de olhos azuis pensou, estavam até interagindo e brincando entre si.

– Desculpe, desculpe. – Ela disse levantando as mãos se rendendo enquanto sorria e Des observava aquilo com um pequeno sorriso discreto.

– Eu tenho que falar, acho que isso aconteceu de tão nervoso que ele estava, checando o jogo de mesa de cinco em cinco segundos pra que tudo estivesse perfeito. – Louis resolveu entregar Styles, que imediatamente o encarou com os olhos levemente arregalados e a boca aberta.

– Ah, então quer dizer que ele queria que estivesse tudo perfeito, Lou? – Gemma arqueou as sobrancelhas com um sorrisinho sarcástico.

– Não se junte a ela contra mim, gatinho. – Harry falou apoiando o braço no sofá e passando ele pelos ombros o garoto de olhos azuis do seu lado.

– Só estou falando a verdade. – Ele respondeu sorrindo e se sentindo confortável para se aproximar mais do jogador e encostar a cabeça em seu ombro.

Ninguém pareceu se incomodar com aquilo, pelo contrário, Gemma só ficou os encarando com um sorrisinho enquanto Anne não sorria, mas tinha seu olhar leve, sem julgamentos. Ficaram ali na sala conversando por alguns minutos, Gemma sempre falando e sendo o centro das atenções enquanto contava histórias engraçadas do hospital e ela e Harry sempre dando um jeito de colocar Tomlinson na conversa, que conseguia conquistar todos que estavam ali com seu jeito, causando risadas e interesse em suas falas.

Depois de algum tempo a pizza chegou e todos foram para a sala de jantar e se sentaram na mesa perfeitamente posta por Harry. Anne na ponta, Harry e Louis de um lado e Des e Gemma do outro, todos comendo e conversando enquanto tomavam um vinho (Tomlinson se perguntou quem tomava vinho no almoço de um sábado, mas fingiu que aquilo era normal para ele e bebeu sem questionar).

– Harry, como estão as coisas com o Tigers? – Sr. Styles perguntou durante o almoço, tomando um gole do seu vinho.

– Estão bem, o último jogo da temporada vai ser semana que vem.

– Então quer dizer que eu finalmente vou ver você jogar? – Gemma sorriu com os olhos iluminados e na mesma hora Anne a encarou com olhos atentos e cuidadosos.

– Oh, eu acho que não, querida. – A mulher disse com um sorriso sem graça e recebendo um olhar atravessado do marido, concertando logo em seguida. – Bom, podemos conversar com o médico primeiro, mas... honestamente, acho difícil ele aprovar.

– Ela tem razão, Gem, a cirurgia ainda é recente, talvez não seja muito seguro. – Harry concordou, assentindo com a cabeça. – E o ambiente não ajuda muito, além de ter um fluxo muito grande de pessoas, o acesso de pessoas com cadeira-de-rodas nas arquibancadas infelizmente ainda é perigoso.

– Ah, tudo bem. – Gemma tentou sorrir, mas estava claramente decepcionada quando voltou a falar com o irmão. – O Lou me liga por facetime e eu te assisto por lá, então.

O jogador assentiu e todos ficaram calados por alguns segundos quando a garota voltou a comer em silêncio.

– Bom, acho que podemos dar um jeito. – Des resolveu dizer, encarando a filha do seu lado. – Nem que o novo médico te acompanhe e que você assista o jogo no gramado nas coxias, o que acha?

– Des, é arriscado. – Sra. Styles disse na mesma hora com as sobrancelhas franzidas.

– Eu poderia fazer isso? – Ela olhou na direção do seu pai com os olhos quase brilhando em empolgação e expectativa.

– Precisamos ter certeza antes, mas acho que sim. – O homem respondeu sorrindo para a filha.

Estava claro ali que Des queria fazer os gostos de seus filhos, ainda mais com Gemma naquela situação mais vulnerável. Aparentemente ele era aquele que dava o braço a torcer e não sabia dizer não, principalmente agora que estavam no processo de ter seus filhos de volta e tentar recomeçar aquela família, enquanto Anne era mais racional e firme com sua aparência de durona, mas que por dentro sentia sim e até demais, só não demonstrava tanto por medo da reação dos seus filhos e por achar que estaria invadindo o espaço deles mais do que deveria. Algumas horas com aquela família e Louis já entendia a dinâmica entre eles e o papel que cada um assumia.

– Obrigada por tentar. – Gemma sorriu com todos os dentes, alternando o olhar entre sua mãe, seu pai e Louis. – Seria legal se fôssemos todos juntos, não é?

Alguns segundos de silêncio com Anne parecendo ser pega de surpresa até que Harry falou com a voz carinhosa enquanto explicava.

– Gem, papai e mamãe não gostam muito, é melhor não-

– Na verdade eu acho que nós gostaríamos de ir. – Sra. Styles interrompeu o filho escondendo um pequeno sorriso incerto nos lábios quando se direcionou ao marido. – Não é, Des?

– Sim, seria ótimo. – Ele assentiu na mesma hora, encarando Harry quase nervoso e com expectativa. – Se você aceitar nossa presença, é claro.

O garoto de olhos verdes arqueou as sobrancelhas, surpreso. Abriu a boca, mas não emitiu nenhum som, até que sentiu a mão de Louis do seu lado pousando discretamente sobre a sua que estava em cima da mesa, e quando virou a cabeça para encara-lo, ele o olhava de volta com uma expressão leve que o tranquilizava de todas as formas possíveis e imagináveis, um sorriso discreto no canto dos lábios e um olhar que, se pudesse falar, diria "Isso é uma coisa boa, não é, sun? Vá em frente."

– T-tudo bem, sem problemas. – Harry finalmente respondeu encarando seus pais e ficando feliz ao ver a expressão deles clarear com sua resposta, em sorrisos tímidos mas muito satisfeitos.

– Você assistiu o Super Bowl semana passada? – Seu pai voltou a puxar assunto enquanto almoçavam, fazendo seu melhor para não ficar um silêncio estranho na mesa.

– Sim, eu vi com o padrasto de Louis. – Ele assentiu com a cabeça.

– Legal. Seu padrasto gosta de futebol americano, Louis?

– Ele é um grande fã do Parkers. – Tomlinson sorriu fraco lembrando de sua infância quando Dan fazia de tudo para fazê-lo gostar de futebol mas ele simplesmente odiava.

– Ele tem um bom gosto então. – Seu sogro disse o surpreendendo ainda mais quando tentou inseri-lo na conversa. – Você também assistiu o jogo?

– O seu filho me obrigou a ver, mas eu confesso que só assisti pelo show do intervalo...

– Oh, aquele ano da Beyonce foi bem bacana. – Anne complementou, bebendo vinho e recebendo todos os olhares da mesa. – O que foi? Eu pronunciei o nome dela errado?

– Você gosta da Beyonce? – Harry perguntou surpreso com o cenho franzido, nem sabia que sua mãe sabia quem era a cantora.

– Eu era fã das Destiny Childs quando era mais nova.

– Oh meu Deus... – Gemma tampou a boca com as duas mãos achando graça e todos riram em seguida.

– Inclusive, Gem, amanhã nós vamos jantar na casa de Lou, o que acha de vir com a gente e conhecer as garotas? – O jogador perguntou a irmã.

– Mas amanhã é domingo... – Anne disse sem entender já que a tradição da família era os jantares dos domingos.

E mais uma vez Louis percebeu a troca de olhares entre ela e Des, os dois pareciam estar constantemente se comunicando através deles, quase como se tentassem alertar um ao outro quando algo parecia estar saindo do controle, ou até mesmo passar algum tipo de tranquilidade, como se estivessem dizendo que tudo bem, para irem com calma.

– Bom, eu... – Harry coçou a nuca, mas se manteve firme. – Passei a jantar lá nos domingos.

A mulher murmurou um "Ah" levemente decepcionado, assentindo com a cabeça e tentando soar o mais casual possível, mas seu olhar a entregava. E Louis não aguentava aquilo, por isso resolveu falar em seguida:

– Haz, talvez seja melhor você ficar pra-

– Não, imagina. – Ela o interrompeu, sorrindo leve e balançando a cabeça negativamente. – Está tudo bem... – Se virou para Harry, o olhando com cuidado. – A família de Louis te acolheu?

– Sim. – O jogador respondeu claramente afetado por sua reação, afinal esperava que ela fosse fazer um escândalo.

– Então isso que importa. – Sra. Styles concluiu e estava claro o quando estava se esforçando naquele momento, se virando para todos na mesa e encerrando o assunto. – Alguém quer mais vinho?

– Sim, por favor. – Gemma disse de um jeito engraçado, quebrando o clima estranho ao fazer todos rirem porque ela não podia ingerir bebida alcoólica por causa da cirurgia e era a única ali bebendo suco.

Continuaram comendo e conversando, Des explicou um pouco sobre os contratos que eles cancelaram em Nova York e a estratégia que Anne tinha criado para que isso não prejudicasse a empresa. Acabaram entrando no tópico de negócios e Louis realmente achou que seria um saco, mas na verdade era até interessante ver como era tudo por trás, e ficou realmente surpreso como os sogros eram bons naquilo, ainda mais como Anne sabia conduzir muito bem todos os contratos que tinham e como ela sempre estava a frente de tudo por saber negociar como ninguém. Quem falava tudo aquilo era Des – com brilho nos olhos –, que não parecia se importar nem um pouco com o forte matriarcado presente naquela família. Para Tomlinson chegava a ser engraçado o quanto as aparências realmente enganavam, quando viu os sogros pela primeira vez realmente não fazia ideia do quanto da cumplicidade que tinham entre si, apesar de todas as coisas ruins que tinham feito.

– O que tem hoje na cidade? – Gemma perguntou curiosa, iniciando outro tópico naquele almoço que estava realmenfe agradável.

– Aqui no South vai ter uma festa na casa de Liam pra comemorar o fim do vestibular. – Harry respondeu, bebericando o vinho e dando de ombros. – No East deve ter algum gala.

– Oh, como está Liam? – Anne questionou empolgada. – E Tyler?

– Liam está bem. Tyler eu não sei. – Respondeu um pouco mais sério.

– Vocês não se falam mais desde que brigaram daquela vez? – Sr. Styles franziu o cenho encarando o filho, que respondia seco.

– Não.

– Eu me sinto mal por ele. – A mulher balançou a cabeça negativamente, com uma expressão chateada.

Se Anne ao menos soubesse o que Jones tinha feito com seu filho...

– Ele não é um cara legal, mãe, acredite em mim. – Harry disse sério sem gostar de tocar naquele assunto.

– Me sinto mal por ele mesmo assim. – Ela continuou, olhando-o confusa em seguida. – Você não soube?

– Soube o quê?

– Estava conversando com uma amiga esses dias no telefone e ela me disse que o filho mais novo dos Jones está diagnosticado com leucemia. – Anne respirou fundo. – Parece que a situação é grave.

– O quê? – Louis perguntou na mesma hora, completamente desacreditado e abalado com aquela informação. – Mas Travis só tem quatro anos...

– Pois é, eles descobriram a doença mês passado e estão desesperados procurando os melhores médicos do país.

– Meu Deus, isso é muito triste. – Harry passou a mão pelo cabelo, parecendo realmente afetado.

Durante os oito meses que Louis e Tyler namoraram, ele não teve muito contato com o irmão mais novo de Jones porque os pais dele aparentemente eram extremamente rigorosos e tradicionais e o colocaram em um colégio interno onde ele só voltava para casa nos finais de semana. Pelo o que Louis lembrava, Travis era um ótimo garotinho, sempre foi gentil e doce nas poucas vezes que se viram e Tyler, apesar de todos os seus defeitos e erros, sempre foi um bom irmão para ele. Era triste e assustador pensar que Travis estava passando por aquilo, uma criança inocente de apenas quatro anos que nunca fez mal a ninguém. Ao ouvir aquela notícia, Tomlinson se sentiu enjoado na mesma hora, um aperto no peito e uma vontade de chorar só de pensar se fossem seus irmãos naquela situação. Nem conseguia imaginar como Tyler estava, poderia ser a pior pessoa do mundo, mas Louis, que era completamente apaixonado por todos os seus irmãos mais novos, nunca desejaria isso pra ninguém.

– Bom, eu acho que vocês deveriam ir hoje a noite pra festa. – Gemma resolveu mudar de assunto quando percebeu que o clima da mesa tinha pesado.

– Não, sis, vamos ficar com você. – O jogador negou na mesma hora, balançando a cabeça negativamente.

– Harry, nem começa, às 22hrs eu já vou estar indo dormir. Va aproveitar o fim do seu ensino médio com todos os dramas que tem nele, nós nos vemos amanhã.

– Carinhosa, não? – Arqueou o cenho e recebeu uma língua da sua irmã.

– Estou falando sério.

– O que você acha? – O garoto perguntou mais baixo, se virando para Louis que ainda estava perdido em seus próprios pensamentos.

– Por mim tanto faz... – Tomlinson respondeu saindo de transe e se sentindo triste, sem conseguir parar de pensar em Travis e Tyler. – O que você topar eu topo.

Então Styles ponderou, encarando a irmã e os pais por alguns segundos como se perguntasse se estava tudo bem eles saírem a noite, e Anne logo se pronunciou.

– Vão se divertir, meninos, nós ficaremos bem.

– Tudo bem, então.

– Você vai dirigir, Harry? – Des perguntou. – Porque se preferir eu peço pra Arthur levar e buscar vocês.

– Obrigado, pai, mas não precisa. Eu não vou beber hoje.

– Isso é um milagre. – Gemma cantarolou olhando suas próprias unhas.

– Ei! – O jogador a repreendeu, jogando o guardanapo de tecido na direção da irmã.

– Outch! – Ela gritou, jogando o seu de volta.

– Sem jogar guardanapos na mesa, por favor. – Anne os censurou na mesma hora com sua voz autoritária e eles pararam, segurando suas risadas. – Obrigada.

Harry piscou na direção da irmã e ela sorriu pra ele porque ambos sabiam que sua mãe não mudaria seu jeito tanto assim, afinal de contas. E estava tudo bem.

– Eu fico com a louça. – Louis disse assim que acabaram de almoçar, se levantando da mesa e pegando o seu prato vendo Harry ao seu lado já começar a retrucar.

– Não, amor, pode deixar que eu-

– Nada disso, fique ai aproveitando sua irmã que eu lavo em cinco minutinhos sem problemas. – Deixou um beijo carinhoso em sua bochecha antes de se afastar dali. – Com licença.

Assim que chegou na cozinha para começar a lavar os pratos, Anne chegou logo depois, colocando o resto da louça na pia.

– Eu ia buscar, mas obrigado. – Ele agradeceu com um sorrisinho, ligando a torneira e começando a lavar.

– Acho que vou te fazer companhia... – Sua sogra disse encostando na bancada, o observando. – Eles estão conversando sobre futebol americano e eu não entendo nada sobre isso.

– Fique a vontade. – Tomlinson assentiu, resolvendo conversar com ela. – Você sabe, eu sempre odiei futebol americano antes de conhecer Harry... Mas aí fomos nos aproximando e quando eu me dei conta, já estava assistindo todos os treinos dele, torcendo e comemorando quando ele fazia um touchdown.

– Eu não tenho idéia do que é um touchdown. – Respondeu e os dois riram juntos. – Vamos fazer o seguinte, eu lavo e você seca.

Então ele parou o que fazia, a encarando com o cenho levemente franzido.

– Desculpe perguntar, mas... A senhora sabe lavar louça?

Sra. Styles riu verdadeiramente, assentindo com a cabeça. Eles trocaram de lugar e ela passou a lavar a louça – colocando a luva antes, obviamente, afinal suas unhas vermelhas estavam em perfeito estado e provavelmente ela não gostaria de estraga-las – e Louis a secar, guardando em seguida.

– Bom, eu passei três anos da minha faculdade lavando louça em um restaurante pra ajudar a pagar a mensalidade, então posso dizer que sei fazer isso como ninguém. – Ela falou com um pequeno sorriso.

– Uau. – Tomlinson arqueou o cenho, surpreso. – Eu não fazia ideia.

– Meu marido nasceu em berço de ouro, mas eu vim de baixo então tive que me virar como pude. – Anne deu de ombros, respirando fundo. – Mas de qualquer forma, não é algo que eu saio falando por ai.

E Louis só assentiu com a cabeça, voltando a secar os pratos em silêncio. Quando os dois terminaram, Sra. Styles tirou a luvas, encarando o genro com expectativa.

– Então... ainda tenho jeito?

– Você foi bem!

– Posso te fazer uma pergunta? – E de repente ela ficou um pouco mais séria, sua expressão parecia nervosa e ligeiramente preocupada.

– Claro, Anne. – O garoto de olhos azuis assentiu simpático.

– Harry é feliz, não é?

E Louis não conseguiu esconder um sorriso.

– Ele é. – Respondeu sorrindo verdadeiramente porque falar de Harry era fácil e bom demais. – As vezes até demais. – Quando completou, a mulher em sua frente também sorriu fraco. – Ele é o tipo de pessoa que tem a pior semana de todas, e quando chega no domingo, onde ele supostamente deveria estar completamente esgotado, ele vai acordar sorrindo e com a brilhante ideia de dar uma volta na praia, e aí vai colocar Here Comes The Sun pra tocar e vai cantarolar ela do inicio ao fim, vai dizer os motivos que tem pra agradecer e não reclamar, vai dizer o quanto é privilegiado por ter pessoas tão especiais e que tudo bem acontecer algumas merdas porque, veja bem, ele pode aguenta-las. Harry dá um jeito de ser feliz independente de qualquer coisa e isso é o que eu mais amo nele.

A expressão de Anne suavizava a cada palavra que ela ouvia de Louis, e no final ela só respira fundo em alívio. Ela sabia que seu filho era um rapaz do bem, educado, gentil e bem humorado, mas ver alguém tão próximo dele assim falar daquele jeito com olhos brilhando deixava-o mais especial ainda.

– Dá pra ver o quanto vocês se gostam. – Disse baixo e com calma para tentar expressar tudo o que sentia. – Eu não fui uma boa mãe para o meu filho e agora não sei como agir direito perto dele, mas... Acho que toda mulher quando se torna mãe, mesmo a pior que seja, consegue ver e sentir quando o filho está bem. E eu consigo ver e sentir o quando você o faz bem.

E foi a vez de Louis respirar fundo incerto, resolvendo falar o que guardava tanto para si.

– Eu prometi a mim mesmo que eu não ia ter essa conversa com você porque realmente não é da minha conta e eu provavelmente vou ser um intrometido agora, mas é de Harry, meu namorado incrível, que estamos falando, então eu preciso dizer. – Ele disse antes de começar com cuidado. – Quando Harry decidiu perdoar você e Des ele estava muito inseguro e incerto de início e eu fui o primeiro a apoia-lo. Eu o apoiei porque não presenciei 1/3 do que vocês fizeram com ele. Mas deixe-me dizer, o pouco que eu presenciei, um único dia que eu vi... não foi legal. Pra falar a verdade foi uma das coisas mais horríveis que eu já vi. Eu amo o seu filho, Anne, e eu faço qualquer coisa para vê-lo feliz. Então eu escolhi esquecer o que aconteceu naquele dia do jantar, eu escolhi esquecer o jeito que ele chorou nos meus braços naquela noite como um bebê. Eu escolhi ser agradável, escolhi puxar assunto nas chamadas de vídeo, escolhi sorrir e tentar deixar o clima melhor sempre que puder porque não quero ver o meu namorado desconfortável. Assim como ele, eu escolhi seguir em frente. Eu quero fazer parte disso e eu quero que dê certo pra família de vocês. Mas não me leve a mal, se vocês o machucarem novamente, eu juro por Deus... Não façam isso. Não o machuquem de novo. Ele não aguentaria.

– Nós não vamos. – Anne respondeu na mesma hora e pareceu firme em suas palavras. – Eu prometo.

– Você não tem que me prometer nada. – Arqueou o canto dos lábios em um sorriso pequeno. – Só tente o seu melhor e orgulhe o seu filho assim como eu tenho certeza que ele orgulha você. De novo, eu sinto muito se fui muito invasivo, mas não consigo segurar a minha língua.

Sua sogra riu fraco, balançando a cabeça negativamente e aceitando aquele conselho melhor do que Tomlinson esperava.

– Não se desculpe, Louis, você não tem motivos pra isso. Tudo o que disse pra mim agora... Bom, só prova o quanto você se importa com ele.

– Eu me importo muito... Seu filho é especial, Anne.

Se encararam sorrindo e selando a paz, depois de dizer tudo o que queria, Louis finalmente se sentia aliviado e pronto para o que viesse.

– Lou, mãe, venham aqui! – Ouviram a voz de Harry os chamando e quando chegaram na sala ele estava com Gemma no colo. – Gemma quer fazer um tour pela casa.

– Vão na frente, eu vou guardar as malas nos quartos. – Des disse vendo sua mulher se juntar aos filhos.

– Eu te ajudo, Des. – Louis resolveu dizer, afinal ele achava que seria bom o namorado e sua irmã terem um momento a sós com a mãe.

Então enquanto ele e Des subiam as malas para o andar de cima, Anne, Harry e Gemma também subiram e foram em cada cômodo do primeiro andar mostrando para a garota como eles estavam depois de alguns anos e algumas reformas inclusas. Ela não podia ficar em pé por causa da cirurgia na coluna e Styles tinha força o suficiente para carrega-la por horas, então a cena era quase engraçada. Quando os três chegaram em frente a porta do seu quarto, Anne pareceu subitamente nervosa.

– Não preciso te apresentar seu próprio quarto, não é? – Ela disse tentando sorrir enquanto abria a porta e dava passagem para Harry entrar com a irmã no colo.

Gemma passou mais tempo que o esperado olhando ao redor, observando seu próprio quarto em silêncio antes de seus olhos encherem de lágrimas.

– Gem? – Styles perguntou baixo para a irmã quando viu uma única lágrima escorrer pela sua bochecha rosada, a colocando sentada em sua cama na mesma hora.

– Desculpa. – Ela murmurou enxugando a lágrima e balançando a cabeça.

– O que houve? – Sua mãe perguntou confusa, alternando o olhar entre ela e o garoto. – Aconteceu alguma coisa?

– Não, não. – Gemma negou com um pequeno sorriso triste, olhando ao seu redor mais uma vez. – É só que... Ele continua do mesmo jeito.

– Oh, você não gostou, não é? – A expressão da sua mãe caiu na mesma hora e logo em seguida ela começou a falar rapidamente com os olhos quase desesperados em frustração. – Eu sinto muito, eu não sabia o que fazer. Não mudei nada porque me lembrava você e... eu tive medo que se um dia você voltasse pra casa, se sentisse mal por achar que eu invadi sua privacidade ou algo do tipo, por isso deixei do mesmo jeito, filha. Mas se você quiser mudar tudo não tem problema, eu posso ligar agora pra o-

– Mãe. – Harry interrompeu Anne com um sorriso fraco no rosto enquanto acariciava os cabelos da irmã. – Gemma gostou do quarto.

– O quê? – A mulher o encarou sem entender nada, virando para a filha em seguida. – Gostou?

– Sim. – Ela respondeu, também sorrindo. – Eu amei, obrigada por não ter mudado.

– Tudo bem. – Assentiu meio perdida, suspirando fundo em seguida e também se sentando na beira da cama. – Me desculpem por... Isso é muito novo pra mim.

– Pra nós também. – O garoto de olhos verdes disse um pouco mais sério, resolvendo se abrir um pouco mais também. – Mas é tipo... bom estar tentando.

– Aqui estão as coisas de Gemma. – Des entrou no quatro junto com Louis, colocando as duas malas ali que restaram ali.

– Amor, você pegou a sacola? – Anne perguntou para o marido e ele assentiu, entregando uma sacola grande na mão dela. – Nós trouxemos algo pra vocês de NY.

– Vocês não precisam comprar presentes para nos agradar. – Harry balançou a cabeça em negação, mas sua mãe logo explicou.

– Não são presentes, não lembrancinhas. E nós queremos agradar sim, mas é com uma boa intenção.

– Eu não nego presente, acho uma desfeita. – Gemma deu um risinho convencido, dando uma leve cotovelada no braço do irmão ao seu lado.

– Então vamos começar com o seu. – Sra. Styles entregou a caixa um pouco grande para a filha, que abriu na mesma hora com curiosidade. – São produtos e tintas para o cabelo, eu e seu pai acompanhamos nos últimos anos pelo seu Instagram que gostava de descolorir.

– Vocês me stalkeavam no Instagram? – A garota abriu a boca surpresa, olhando os pais em sua frente.

– O que é isso? – Des perguntou confuso.

– Viam tudo o que postava? Mas como, se a minha conta é fechada?

– Nós somos sophiepearson05. – Anne disse com um sorriso amarelo e Harry não aguentou segurar a risada com Louis o acompanhando, obviamente.

Era realmente cômico o fato de Anne e Des terem criado uma conta falsa para verem o perfil de sua filha, só de imaginar isso acontecendo Harry tinha ainda mais vontade de rir. Até Gemma não conseguiu segurar o riso antes de bombardear os pais de perguntas, que obviamente não foram respondidas.

– Isso é um assunto pra mais tarde. – Sr. Styles tentou enrolar, mudando de assunto. – Gemma, eu gostei de quando pintou o cabelo de roxo, combinou com você.

– Obrigada. – A garota respirou fundo, vendo todas aquelas tintas e refletindo o quanto aquele pequeno gesto significava. – Eu amei.

Não era uma pulseira Cartier, ou um colar Tiffany ou qualquer outra coisa cara demais mas com nenhum significado. Aquele presente era simples e perfeito, mostrava que os seus pais se esforçaram para de fato agrada-la e vê-la feliz, e não apenas a conquistar com coisas caras.

– Não há de quê. Harry, aqui está o seu. – Sm seguida a mulher deu uma caixa menor para o filho, que a abriu calmamente. – Não sei se ainda tem esse hábito, mas quando você era mais novo, ler era a sua coisa favorita junto com o futebol.

E era um clássico de Murakami, Crônica do Pássaro de Corda, uma edição de 96 com capa dura e páginas amareladas. Harry era um amante de livros antigos, ainda mais de um escritor como aquele.

– Eu ainda amo ler. Murakami é o meu escritor preferido desde criança.

– É, nós ainda lembramos. – Ela respondeu com um sorriso leve.

– Então... Você gostou? – Seu pai perguntou em expectativa.

– Sim, é ótimo, eu... – Respirou fundo sorrindo para os dois por aquilo também significar algo pra ele. – Obrigado.

– Por nada. – Anne sorriu satisfeita ao perceber que ele realmente tinha gostado. – E Louis, nós trouxemos um pra você também...

– O quê? – Tomlinson que estava quietinho vendo aquela cena arregalou os olhos, completamente surpreso. – Pra mim?

– Sim. – A mulher então tirou da sacola uma bola toda embalada em um papel de presente, dando em seguida em suas mãos. – Harry uma vez comentou que você não gostava de futebol americano e sim do inglês, então...

– Oh meu Deus, eu... – O garoto de olhos azuis tentou dizer chocado, abrindo o presente e se certificando que realmente era uma bola de futebol profissional, encarando o namorado que não disse nada, apenas sorria. – Não precisava, de verdade. Muito obrigada pela lembrança, eu adorei.

– Podemos colocar vocês dois para jogarem o inglês hoje no jardim, o que acham? – Des sugeriu como se fosse uma ideia brilhante.

– Definitivamente não.

– Seria ótimo. – Louis respondeu na mesma hora que Harry, se virando para ele e só imaginando como seria o ver com uma bola nos pés. – Ah, isso com certeza vai acontecer.

E o resto da tarde passou voando com Anne, Gemma e Des sentados no terraço com cobertas vendo Harry e Louis no gramado do jardim jogando (ou tentando jogar) futebol inglês. O capitão Styles perdeu totalmente o seu posto porque o que tinha de força nos braços lhe faltava nos pés, e ele conseguia perder a bola para Louis em menos de cinco segundos, fazendo com que o pequeno público risse e fizesse piadinhas com sua cara. O garoto de olhos verdes se esforçou para honrar seu nome e sua fama de competitivo, mas realmente não teve jeito, naquele futebol Louis que era bom, e era bom até demais quando via o namorado frustrado por não conseguir ter o desempenho que queria e por isso deixava beijos leves e suaves na sua bochecha como um prêmio de consolação.

Quando já estava mais tarde e começou a escurecer e esfriar eles voltaram para dentro de casa e Harry e Louis subiram para se organizarem para a festa de Liam. No meio do banho que tomaram juntos eles fofocaram sobre aquele dia louco, improvável e surpreendente: comentaram sobre como Des e Gemma se davam bem, como Anne realmente estava mais leve e se esforçando para fazer aquilo funcionar, sobre os presentes que ganharam e mais várias outras coisas. Tomlinson não pode deixar de perceber que Styles sorria mais que o normal e parecia estar mesmo radiante e finalmente as coisas estavam começando a dar certo. Vestiram a roupa e colocaram jaquetas para não morrerem de frio naquele comecinho de inverno e ficaram alguns minutos deitados na cama apenas se beijando e aproveitando uma nova felicidade pós provas de final de ano e experiência com a família que estava se (re)formando. Logo depois se despediram dos três que já estavam jantando e seguiram para a casa de Liam.

– O meu casal favorito da cidade! – Niall abriu a porta da casa de Liam com um sorriso de orelha a orelha, braços abertos e uma garrafa de cerveja na mão.

– Não faz nem uma hora que a festa começou e já nos recebe bêbado? – Louis arqueou o cenho ao lado do namorado, balançando a cabeça negativamente. – Você é um merda, hein?

– Bem que eu gostaria, Lou, mas Olivia me mataria se eu tivesse. – Riu antes de puxa-los um por um para um abraço.

– E aí, Ni. – Harry o cumprimentou com seu sorriso largo. – Onde está todo mundo?

– Lá na varanda conversando. – Respondeu enquanto andavam no meio das pessoas e nem estava tão cheio assim como nas outras festas.

– Como está a festa? – Louis olhou ao redor, estranhando ao notar que as pessoas realmente pareciam mais calmas, a música não estava tão alta e todo mundo estava mais conversando e bebendo sem pressa do que de fato dançando e virando shots.

– Como as outras 57 antes dessa. – Foi o que o loiro respondeu, o fazendo rir.

– Está uma merda então.

– Poxa, amor... – Harry o encarou pego de surpresa porque ele que era o anfitrião de todas as festas e dizer que suas festas eram ruins era uma ofensa séria.

– Se serve de consolo, as minhas festas só são boas com você. – O garoto de olhos azuis se inclinou para deixar um selinho em seus lábios em forma de desculpas.

– Serviu sim, obrigado. – Sorriu, não resistindo e o puxando para mais um beijo rápido no meio da sala repleta de pessoas conversando e rindo entre si.

– Harry, Louis! – A voz de Brad Simpson interrompeu aquele pequeno momento e os dois se viraram para ver o garoto caminhar até eles com um garoto atrás dele e naquele ponto Niall nem estava mais ali.

– Bradley! – Styles sorriu, o cumprimentando assim como Louis do seu lado.

– Eu queria apresentar uma pessoa a vocês... Gente, esse é Tristan, meu namorado. – O moreno disse apontando para o garoto alto e loiro ao seu lado realmente bonito e Louis logo o identificou como o cara que estava com ele na festa de Halloween. – Tris, esses são Harry e Louis.

– É um prazer. – Styles estendeu a mão para o tal Tristan, que a apertou com um sorriso simpático no rosto.

– Prazer, caras. – Ele disse gentilmente, também falando com Louis antes de passar a mão pelos ombros de Simpson carinhosamente. – Brad sempre fala muito bem de vocês.

– Tenho certeza que ele está exagerando. – O jogador fez graça, puxando assunto com o loiro em seguida.

Louis e Brad se encaram por alguns segundos e Tomlinson sorriu verdadeiramente, sussurrando em sua direção:

– Então você achou o seu cara legal?

– Acho que sim, Lou. – Bradley respondeu sorrindo igualmente de orelha a orelha e ele nunca pareceu mais feliz.

– Harry que não me escute, mas ele é bem bonito. – Voltou a falar baixo para que apenas ele escutasse. – Eu não sabia que você curtia loiros.

– Nem eu. – Então os dois riram juntos.

– Bom, nossos amigos estão nos esperando lá fora. – Harry disse apontando para a varanda com o polegar, se despedindo do garoto que acabara de conhecer. – Legal te conhecer, Tristan, a gente se vê por aí.

Tomlinson também deu tchau se despedindo, mas antes que eles saíssem dali, Harry puxou Brad para um abraço apertado e carinhoso e Louis observava a cena com um sorriso discreto nos lábios.

– Estava me certificando de que ele iria cuidar bem de você e ele pareceu ser um bom garoto. – Styles falou baixo para o menor escutar no meio do abraço. – Você merece ser feliz, B.

– Valeu, Styles. – Simpson agradeceu com um sorriso verdadeiro, agora via Harry como um grande amigo e só o desejava coisas boas. – Por tudo. Mesmo.

– Se precisar de qualquer coisa, me ligue. – O garoto de olhos verdes piscou em sua direção, entrelaçando a mão com a do namorado ao seu lado. – Se eu não atender é porque estou com o meu garoto, aí você pode ligar pra ele que nós vamos correndo te salvar.

E aquela pequena conversa deixou Tomlinson um pouco mais feliz quando percebeu que ainda valia a pena acreditar nas pessoas e que Brad conseguiu de fato evoluir e se tornar uma pessoa melhor. Andou ao lado de Harry até a varanda, encontrando Liam sozinho em um sofá conversando com Niall e Olivia que estavam juntos no outro, o loiro com o braço ao redor dos ombros magros da garota mexendo em seus cabelos pretos e curtos enquanto a outra mão segurava, como sempre, a cerveja. O casal falou com Payne e Reed, se sentando no sofá juntos e olhando ao redor.

– Onde está Zayn? – Harry questionou com o cenho franzido, afinal era quase estranho ver Liam sem o moreno ou vice versa.

– Fazendo a oração dele lá em cima. – O garoto respondeu, olhando o relógio em seguida. – Ele já deve ter terminado.

– Como está o processo, Payno? – Foi a vez de Louis perguntar, afinal Zayn não costumava falar tanto sobre aquele assunto e o seu namorado era o seu verdadeiro confidente.

– É complicado, Lou. – Tentou explicar. – Ele tem uma relação meio conturbada com o Islamismo e sofre muito por não ser aceito na própria religião, mas está tentando voltar a praticar ela como antes porque querendo ou não, isso faz parte de quem ele é.

– Eu imagino. – O garoto de olhos azuis respirou fundo diante daquele tópico delicado, mas ele logo foi deixado de lado quando Malik finalmente apareceu com o seu sorriso no rosto de sempre.

– Olha só quem resolveu vir! – O moreno exclamou animado e surpreso com a presença do casal ali, cumprimentando os dois. – Harry, você está com uma aparência ótima, parece feliz. Já vi que foi tudo bem no almoço hoje?

– Melhor do que eu esperava, Z. – Styles arqueou as sobrancelhas, passando a mão pelo cabelo e recebendo um olhar carinhoso do namorado ao seu lado.

– Isso é ótimo, Haz. – Olivia sorriu para o amigo, feliz por vê-lo assim. – Não vejo a hora de conhecer sua irmã, inclusive. Duas garotas de NY, sinto que podemos ter boas conversas.

– Ela também tá louca pra encontrar com vocês logo, mas temos tempo pra isso...

– Pumpkin, seu remédio. – Zayn sentou ao lado de Liam, deixando o comprimido em sua mão e recebendo um beijo na bochecha em agradecimento.

– Obrigado, amor. – Payne disse antes de colocar o remédio na boca e beber um longo gole da garrafinha de água que estava consigo.

– Como estão as coisas, Li? – Tomlinson perguntou, sempre atencioso e cuidadoso com seus amigos.

– Tudo bem agora, foi só um susto. – O garoto disse com um sorriso fraco enquanto sentia o moreno fazendo um carinho em sua nuca. – Minha dose do remédio estava baixa e eu estava bebendo, por isso tive o ataque epilético, mas agora eu já aumentei a dose e parei de beber, então vai ficar tudo bem.

– Vai te fazer bem, cara. – Harry assentiu com a cabeça. – Eu ando pensando em diminuir a quantidade de álcool também, ser um pouco mais saudável, eu acho.

– Ta vendo? Eu falei pra ele. – Zayn falou, encarando o namorado. – Liam achou que se sentiria excluído por não estar mais bebendo, mas eu disse que isso é ótimo.

– Babe, não foi bem assim... – Ele riu, balançando a cabeça negativamente para os exageros de Malik. – Mas eu confesso que tudo o que queria era um copo de cerveja agora.

– Saúde! – Niall levantou a garrafinha nas suas mãos com um sorriso para provoca-lo.

– Garoto. – Olivia ao seu lado exclamou baixinho, beliscando seu braço e ele murmurou um "outch!", mas a verdade é que já estava acostumado com a namorada repreendendo suas brincadeiras.

– Tô brincando, Payno. – O loiro concertou, deixando a garrafinha de vidro no canto do chão. – Essa cerveja tá quente, de qualquer forma.

– Como você aguenta ele, Liv? – Liam perguntou para a garota e ela apenas deu uma risadinha, balançando a cabeça.

– Eu não sei, acredita que um dia desses ele derrubou vinho em mim de propósito só pra se vingar da primeira vez que a gente se conheceu?

– Ele não fez isso. – Louis disse desacreditado da capacidade de Niall de irritar sua própria namorada.

Realmente ninguém sabia de fato como eles dois continuavam juntos já que Reed era uma garota completamente a frente do seu tempo e Horan era apenas bobo demais. Pareciam dois opostos, mas de algum jeito davam certo como ninguém.

– Ele fez. – Ela disse rolando os olhos, virando o rosto para encarar Niall que já estava com aquele sorrisinho de lado charmoso e ao mesmo tempo extremamente irritante. – Eu odeio você, stalker.

– E eu você, Pulp Fiction. – O loiro não se intimidou, se aproximando ainda mais para morder levemente sua bochecha e beija-la em seguida, sussurrando contra sua pele. – Amor da minha vida.

E logo em seguida Zayn não pode se segurar, comentando o quanto Niall estava diferente e tinha crescido, fazendo com que os amigos começassem a rir e zombar da cara dele como sempre faziam juntos. Ficaram conversando sobre as provas e sobre o fato de que pela primeira vez em muito tempo o inverno estava realmente se fazendo presente, questionando juntos se naquele ano nevaria ou não e reclamando um pouco pois agora que finalmente estavam tecnicamente de férias, não fazia mais sentido viver na praia como estavam panejando.

Harry perguntou se Louis queria algo pra beber e ele apenas pediu uma água, então o jogador saiu dali para busca-la enquanto ele conversava animadamente com Olivia sobre a série que estavam assistindo. O garoto de olhos azuis estranhou a demora no namorado para voltar e o seu pequeno trauma de se separar de Harry em festas fez com que ele ficasse nervoso na mesma hora que se deu conta de que já fazia alguns minutos que Styles tinha saído dali, mas quando se levantou para ir atrás dele respirou aliviado quando viu o jogador voltando com uma latinha de Coca-Cola nas mãos, acenando para um grupo de pessoas que estava ali perto. Quando finalmente se juntou ao namorado Harry explicou que foi parado por algumas pessoas e por isso demorou, então estava tudo bem.

– Você não acha que já está na nossa hora? – Olivia perguntou baixo para Niall do seu lado. – Prometeu pra sua mãe que íamos assistir o SNL com ela hoje, lembra?

– Yeah, yeah. – Horan assentiu checando a hora em seu relógio. – É melhor irmos indo.

– Então quer dizer que você está se dando bem com a sogra, Liv? – Malik a encarou com um sorrisinho.

– Dando bem? – O loiro deu uma risada sarcástica e forçada. – Olivia é a única pessoa que faz Dona Maura rir, elas até se juntam pra falar mal de mim, acreditam?

– Não é tão difícil de acreditar. – Louis falou baixinho e Harry deu uma risada ao lado ao ver que Niall o respondeu com o dedo do meio.

– Está sendo legal. Quando conversamos ela é sempre tão carinhosa... – Olivia respirou fundo com um sorriso discreto e minimamente melancólico, ajeitando o cabelo atrás da orelha quando voltou a falar em seguida. – Ela preenche um pouco a falta que eu sinto da minha mãe.

Ninguém falou nada por um momento a encarando com olhares sentimentais e pequenos sorrisos de conforto. Então Niall ao seu lado a abraçou um pouco mais forte, se aproximando e falando perto do seu ouvido para que só ela pudesse ouvir:

– Sua mãe tá cuidado de você lá de cima junto com o seu pai, amor.

E Reed não disse nada, apenas fitou os olhos azuis do namorado por algum tempo com a expressão séria antes de sorrir e deixar um pequeno beijo em seus lábios. Não gostava de se abrir e falar sobre seus sentimentos com ninguém, mas Horan era o único que sabia absolutamente de tudo que se passava em sua cabeça.

– Mas está tudo bem com Maura, Horan? – Harry resolveu perguntar, um pouco preocupado pelo amigo.

– Ela melhorou um pouco, cara, está saindo mais do quarto o que é ótimo. Achamos que os antidepressivos finalmente estão fazendo efeito, mas é um processo longo. – Niall suspirou, levantando do sofá acompanhado de Olívia. – Bom, temos que ir agora, mas nos vemos qualquer dia desses. Liguem pra gente, ok?

Então o casal se despediu de um por um e foram embora, deixando Liam, Zayn, Harry e Louis engatarem em uma conversa sobre como estavam aprendendo a lidar melhor com todos os problemas e a importância da terapia em suas vidas. Em algum momento o tópico passou a ser o próximo jogo do Tigers e a estava conversa leve e divertida, mas quando Tomlinson parou por um breve instante para olhar ao seu redor e observar rapidamente a festa, algo chamou a sua atenção mais do que deveria. Afastada de todo mundo e sentada na grama lá no final do jardim, quase perto da areia da praia, a figura de Tyler Jones parecia triste, amarga e solitária. Louis não podia ver seu rosto pois ele estava de costas e com a cabeça baixa, mas cada detalhe sobre sua aparência, mesmo que de longe, já entregava que não estava nem um pouco bem, e o garoto de olhos azuis acabou entrando em transe, quase que uma guerra interna para decidir se deveria ou não ir até lá. Não sabia o que diria, mas diria qualquer coisa. Sentia essa necessidade dentro de si porque não conseguia nem imaginar a angústia que o ex namorado estava sentindo naquele momento.

– Se você me perguntasse o que eu acho, eu te diria pra você ir lá. – A voz suave de Harry ao seu lado chamou sua atenção, e ele se virou para encara-lo na mesma hora.

– O quê? – Perguntou perdido, saindo de seu transe.

– Eu sei que você quer falar com ele, Lou, e eu sei que desde que mamãe contou sobre Travis você não para de pensar nisso. – O jogador respirou fundo, levando a mão até seu rosto e ajeitando com cuidado a franja que quase cobria seus olhos. – Então o que está esperando?

– Você não se incomoda se eu for? – Louis franziu o cenho, em um misto de surpresa e confusão. – Depois de tudo que ele fez?

– Louis, eu nunca vou me incomodar de te ver seguindo o seu coração. – Seu namorado o respondeu, descendo a carícia para suas bochechas rosadas e falando enquanto olhava no fundo dos seus olhos. – Porque é exatamente isso que eu acho mais lindo em você, é exatamente isso que me faz te amar cada dia mais.

E Tomlinson apenas suspirou, sem sorrir. Harry era um homem bom e Harry o conhecia mais do que ninguém, sabia o que estava pensando antes mesmo dele falar e aquilo era raro.

– Eu amo você, Haz.

O maior apenas assentiu calmamente com a cabeça, se aproximando ainda mais para colar suas testas, sem parar de acariciar seu rosto com delicadeza antes de falar com a voz baixa em seguida:

– Faça o que você tiver que fazer, gatinho. Acho que Tyler está precisando de alguma ajuda nesse momento. – Depois de sussurrar, Styles colou seus lábios em um beijo suave e carinhoso. – Vá lá e seja uma boa pessoa pra ele... Você já é a melhor de todas pra mim.

Aquele foi o incentivo que Louis precisava porque logo depois ele pediu licença para Zayn e Liam (que agora estavam se beijando, pouco se importando com a sua presença) se levantando e dando um último selinho no namorado antes de começar a se afastar para sair dali.

– Ei. – A voz de Harry o chamou e ele parou de andar, virando em sua direção. – Vou estar olhando daqui, se eu perceber alguma coisa estranha eu te tiro de lá, ok? 

Então ele não disse nada, apenas fez que sim com a cabeça e voltou a andar. Conforme se aproximava de Tyler ficava mais nervoso porque não sabia com o que estava prestes a encontrar ali, mas se forçou a acreditar que conseguiria lidar com o que quer que fosse. Quando finalmente parou em pé do seu lado que pode ver o moreno sentado no chão segurando uma garrafa de cerveja e olhando ora baixo.

– Você está bem? – Louis perguntou com a voz baixa e calma para não assusta-lo, vendo o garoto levantar o olhar para encara-lo.

Tyler o observou em silêncio com olhos pesados e cabelos bagunçados, na verdade tudo sobre ele parecia uma bagunça: tinha olheiras profundas abaixo dos olhos, sua pele morena agora estava pálida e sua boca mais ressecada que o normal. A camisa que usava estava amarrotada e tinham os primeiros botões abertos e ele no geral apenas parecia em um de seus piores momentos. Depois de segurar o olhar de Tomlinson por alguns segundos ele apenas desistiu, fixando o olhar no mar a sua frente.

– Eu pareço bem? – Foi a única coisa que a sua voz grave disse, sem um pingo de emoção.

– Não, você parece uma merda.

Ao ouvir aquela resposta, Jones deu uma risada fraca e sem humor, balançando a cabeça enquanto murmurava um "certo" e observava atentamente Louis se sentar na grama ao seu lado, mas ainda assim um pouco afastado.

– Você está bêbado. – Tomlinson disse depois de um tempo calado ao sentir o cheiro forte de álcool vindo do ex.

– É a única coisa que eu tenho estado nos últimos dias. – Tyler respondeu sério, voltando a fixar os olhos o mar cheio naquela noite de sábado.

E ver Jones daquele jeito era estranho. Ele estava sempre com sorrisos maliciosos e olhares superiores, sempre conversando sobre futilidades e nunca, em hipótese alguma, demonstrando qualquer tipo do que considerava "fraqueza". Agora ele estava acabado, sem expressão nenhuma no rosto e com poucas palavras, completamente vulnerável e perdido.

– Eu soube de Travis. – O garoto de olhos azuis resolveu dizer com cautela, observando sua reação. – Eu sinto muito.

– É, tanto faz. – Deu de ombros, bebendo um longo gole de sua cerveja.

– Tyler.

– O quê?

Se encararam por algum tempo e Jones continuava firme em sua frieza e descaso, mas Louis não desistiria fácil, pois apesar de tudo, conhecia o garoto do seu lado e sabia que no fundo estava em pedaços.

– O que você está fazendo aqui? – O menor perguntou, finalmente ganhando uma reação sua.

– Qual é o seu problema, Louis? – Jones questionou com as sobrancelhas grossas franzidas e olhos raivosos, verdadeiramente irritado. – Me deixa em paz, porra.

– Você não deveria estar aqui, você não deveria estar assim... – Louis voltou a dizer baixo, balançando a cabeça negativamente enquanto o encarava com olhos feridos. – Vá pra casa, sua família precisa de você. Seu irmão precisa de vo-

– Eu não posso fazer isso! – O moreno o interrompeu alto com olhos marejados, ficando um tempo em silêncio antes de repetir mais baixo. – Ok? Eu não posso fazer isso.

– Por que não? – Ele perguntou sem entender, ouvindo a explicação logo em seguida.

– Travis me pediu... Eu estava me arrumando pra vir e ele entrou no meu quarto de pijama e me pediu pra ficar em casa essa noite, me pediu pra ficar e assistir desenho com ele e eu não fiquei. Eu fui embora, eu fugi como eu venho fazendo desde que soubemos do diagnóstico. – Balançou a cabeça em um riso sem emoção. –  Meus pais choram todo dia, todo santo dia, o tempo todo. Passam o dia com ele e fogem pro banheiro no mínimo trinta vezes pra chorar e eu apenas não consigo lidar com isso, não consigo lidar com ele... Não posso ver o meu irmãozinho morrendo, Lou. – Uma única lágrima escapou dos seus olhos, mas ele logo tratou de enxuga-la enquanto fungava. – Então é isso que faço, saio de casa e bebo até não conseguir sentir mais nada, até esquecer do que vou encontrar quando voltar. Eu sou um covarde de merda, é isso que eu sou.

– Olhe pra mim. – Louis pediu e ele o fez na mesma hora. – Você tem que parar com isso, tudo bem? Apenas pare. Você é cheio de defeitos, Jones, você fez coisas ruins e errou praticamente sua vida inteira mas agora, nesse momento, você não pode falhar. Ele é o seu irmão. É de Travis que estamos falando. Ele merece que você esteja lá, você deve isso a ele. Mesmo que tenha vontade de chorar o tempo todo assim como os seus pais, mesmo que tenha que abrir mão de várias outras coisas superficiais, mesmo que seja doloroso pra caralho, você deve isso a ele. – Ele dizia sentindo seus próprios olhos arderem, ignorando esse detalhe e tentando engolir o choro enquanto falava com firmeza. – Então seja um homem, fique sóbrio e não estrague tudo dessa vez. Vá cuidar do seu irmão e da sua família, Tyler, isso é o mínimo que você pode fazer.

Jones deixou mais algumas lágrimas escaparem eventualmente, mas não chorava. As enxugou fortemente com a palma da mão e desviou o olhar mais uma vez para a praia, um pouco envergonhado por alguém o ver naquele estado.

– Nós vamos embora dos Hamptons. Eu desisti da minha bolsa na NYU e não fiz as provas do SAT's, então não vou entrar em nenhuma faculdade ano que vem. – Ele disse calmamente, surpreendendo o ex namorado do seu lado. – Vamos nos mudar pra Suíça pra cuidar da saúde dele, parece que lá tem a melhor rede de oncologia infantil no mundo, então...

– Sim, ele é um garotinho incrível e forte, tenho certeza que vai lutar contra isso o máximo que puder e vai sair vitorioso. – Quando disse isso, Tyler o olhou por um tempo e curvou o canto dos lábios em um sorriso discreto, então Louis sorriu de volta sentindo que tinha feito tudo o que podia, se levantando do chão em seguida enquanto falava. – Eu tenho que ir agora, então... Boa sorte com tudo.

Ele tentou sair dali para se certificar que nada ficasse mais estranho do que já estava, mas Jones o interrompeu antes que pudesse ir embora.

– Lou, espera. – O moreno pediu também se levantando e Tomlinson parou, voltando a encara-lo com as mãos no bolso da jaqueta jeans. – Eu não sei como fazer essa merda, nunca soube, mas preciso tentar. Eu... eu acho que as vezes a gente aprende na dor, certo? Conversei com o Styles na cozinha no começo da festa, nos acertamos e... eu realmente gostaria de tipo, pedir o seu perdão e essas coisas. Por tudo de ruim que já te causei e por ter prejudicado você e seu namoro tantas vezes. Sei que nada do que eu disser agora vai mudar o que eu fiz, mas só queria que soubesse que tudo isso é algo que vem tirando meu sono nos últimos dias. De um tempo pra cá, eu ando deitando a cabeça no travesseiro e não consigo dormir. Arrependimento deve soar como algo assim, certo? Eu não sei. A única coisa que sei é que... Porra, eu tenho um garotinho de quatro anos em casa com leucemia, que daqui a alguns meses vai ter que raspar todo o cabelo e eu vou ter que inventar uma desculpa muito boa pra explica-lo o porquê, provavelmente relacionando a super-heróis ou algo do tipo. – Tyler respirou fundo, passando a mão pelo cabelo e parecendo realmente derrotado. – O que eu quero dizer é... preciso me livrar de todas as coisas ruins que fiz até hoje, preciso me livrar dessa angústia, dessa culpa... porque agora eu tenho um problema muito maior que tudo isso, e preciso me dedicar a ele.

Foi a vez de Louis respirar fundo. Então Tyler tinha conversado com Harry mais cedo?

– Quando você conversou com Harry, o que ele te disse? – Ele questionou a única dúvida que pairou em sua cabeça, já imaginando a resposta mas querendo ter certeza.

– Ele disse que já tinha seguido em frente, e desejava que eu fizesse o mesmo. – Jones respondeu exatamente o que Louis imaginava.

– Algumas cicatrizes do nosso relacionamento vão ficar comigo pro resto da vida, eu acho. – O garoto de olhos azuis sorriu triste. – Talvez eu passe anos imaginando como as coisas poderiam ter sido se você não tivesse drogado Harry naquele dia para ele perder a bolsa. Acho que ainda terei dificuldades de dialogar em todas as relações que eu tiver na minha vida porque quando estávamos juntos isso nunca fizemos isso. As vezes eu vou lembrar que você falou nossas intimidades na frente de todos os garotos do time com o único objetivo de me humilhar, e eu vou ficar triste. E envergonhado. E bravo. – Balançou a cabeça negativamente, continuando em seguida. – Você tem razão, Tyler, nada do que você disser agora vai mudar o que fez e como me fez sentir. Agradeço aos Céus por ter uma família incrível, amigos maravilhosos e um cara muito legal comigo pra me ajudar todos os dias a passar por cima disso. Dos resquícios que o nosso relacionamento deixou em mim, que foram muitos. Mas ainda assim, eu nunca desejaria mal a alguém, nem mesmo alguém que me fez tão mal. Então faço as palavras de Harry as minhas. Você realmente precisa seguir em frente, em todos os sentidos... porque eu me forço todos os dias a fazer o mesmo.

Ouvir aquelas palavras pareceu o afetar de alguma forma, pois seus olhos escuros se perderam por alguns segundos e ele encarou o chão por um tempo, voltando a falar logo depois.

– Você não entenderia se eu te contasse tudo e tentasse te explicar, as vezes nem eu entendo como isso aconteceu... – Disse em baixo em meio a um suspiro. – Mas foi por amor.

– Tyler-

– O amor é estranho. – O moreno logo tratou de continuar. – Ele não vem sempre do mesmo jeito pra todo mundo, não é uma receita de bolo ou uma conta de matemática, algo exato e extremamente preciso e gradual. O amor é completamente imprevisível e ele se manifesta de formas diferentes para cada pessoa que o prova.

– Se você realmente me amasse, não faria todas essas coisas. – Louis negou com a cabeça.

Então os dois sustentaram o olhar por algum tempo, até o jogador quebrar o silêncio mais uma vez.

– Não foi por você, Louis. – Jones disse simplesmente e a expressão em seu rosto era indecifrável. – Não foi por você que eu estive apaixonado esse tempo todo.

–Do que está falando? – Tomlinson não estava entendendo mais nada, encarando o maior com o cenho franzido em confusão. – Foi por quem então?

Tyler não disse nada, apenas desviou o olhar encarando um ponto fixo mais afastado dali. E quando Louis olhou na mesma direção, ele percebeu o jeito que Jones encarava Harry, o seu namorado.

– No começo eu achava que estava com inveja dele... Até perceber que na verdade eu estava com inveja de você. – O moreno voltou a dizer, chamando sua atenção e o olhando nos olhos. – Eu não queria você, Louis, eu queria ser você.

– O quê?! – O menor aumentou o tom de voz chocado, sem acreditar que aquilo era realmente o que ele estava pensando que era. – O que isso quer dizer?

– Lou, vamos? – Styles apareceu na mesma hora, se aproximando dos dois e impedindo Tyler de se explicar. – Já está ficando tarde.

– Bom, eu já vou indo. – Jones coçou a parte de trás da nuca sem jeito quando Harry parou ao lado do namorado, com o braço ao redor dos seus ombros. – Foi bom conversar com você, Louis. E com você também, Styles. Sejam felizes vocês dois.

E Louis apenas alternava o olhar entre eles dois extremamente confuso, mas Harry não parecia fazer ideia do que Tyler tinha acabado de falar antes dele chegar ali.

– Boa sorte pra você e sua família, cara. Estamos todos torcendo pra que dê tudo certo com o seu irmão. – O garoto de olhos verdes se aproximou dele e os dois apertaram as mãos, batendo os ombros um no outro em uma espécie de abraço antes de Harry sorrir pra ele e falar aquelas duas palavras que se tornaram o cumprimento de todos os jogadores do time durante os quatro anos do ensino médio. – Go tigers.

– Go tigers. – Jones retribuiu o sorriso, acenando pra Tomlinson antes de finalmente ir embora.

O casal ficou em silêncio por algum tempo apenas observando o moreno desaparecer entre as pessoas. Harry parecia bem enquanto Louis tinha a cabeça quase explodindo naquele momento.

– Você está bem? – O maior perguntou, ficando de frente pra ele e segurando sua nuca delicadamente.

– Sim... eu acho. – Ele respondeu respirando fundo. – Esse dia já foi louco demais pra mim.

– Pra mim também.

– O que você e Tyler conversaram hoje na cozinha? – Questionou na mesma hora. Será que Harry sabia dos sentimentos de Tyler por ele?

– Nada demais, ele só pediu desculpas e disse que ia sair dos Hamptons. – Seu namorado respondeu meio confuso sem entender e Louis já sabia que ele estava falando a verdade. – Por que?

– Só curiosidade.

– Como foi a conversa de vocês? – Styles acariciou seu pescoço, se inclinando para deixar um beijo carinhoso em sua mandíbula. – Quer falar sobre isso?

E Tomlinson apenas suspirou com aquele toque, resolvendo ignorar qualquer outra coisa que não fosse Harry naquele momento. Aquele tinha sido um dia bom, não ia deixar uma informação jogada e sem cabimento nenhum vinda de Tyler estragar completamente, afinal o que ele sentia ou deixasse de sentir por Styles agora já não importava mais.

– Quer saber? Não. – Ele disse dando um selinho em seus lábios, desejando mais daquilo. – Tem coisas que é melhor apenas deixar pra lá.

– Certo, então... Vamos dar o fora daqui?

– Por favor. – Então entrelaçaram suas mãos e se despediram de Zayn e Liam antes de irem embora.

Harry dirigiu com calma, sorrindo quando escutou os acordes de Walls do Kings of Leon que Louis escolheu e eles começaram a conversar sobre várias coisas como sempre faziam, o jogador as vezes virava o rosto para observar com olhos brilhantes Tomlinson falando e gesticulando porque na verdade gostaria que ele sempre estivesse ali, tagarelando em seu banco do passageiro. Styles riu nasalado sozinho em meio aos seus pensamentos quando lembrou como era no começo, ele sempre falando e puxando assuntos aleatórios enquanto Louis que o observava em silêncio. Agora estava tudo ao contrário e era lindo olhar pra trás e ver a evolução dos dois.

Não iriam dormir juntos naquela noite, então quando Harry finalmente estacionou o carro em frente a casa de Louis eles se encararam com sorrisos pequenos e carinhosos porque realmente amavam as conversas no carro e aquele tinha sido um dia bom, e as despedidas nos dias bons não eram tão dolorosas.

– Vem aqui? – O jogador pediu dando dois tapinhas no seu próprio colo, afastando um pouco o banco do motorista.

– Harry, estamos na frente da minha casa. – Tomlinson arregalou os olhos desacreditado com o seu pedido.

– Não vou tentar transar com você, só quero te beijar. – Styles sorriu de lado e aquele sorriso era o ponto fraco de Louis.

O garoto de olhos azuis riu rolando os olhos e indo até o namorado, sentando de frente pra ele sem dificuldade pelo espaço confortável que o carro tinha, colocando as mãos no peito do maior que tinha as suas pousadas sobre as coxas grossas de Louis, acariciando-as calmamente enquanto o olhava fixamente nos olhos agora com a expressão séria, mas de um jeito extremamente sensual.

– Você é ridículo. – Tomlinson disse baixo segurando um sorrisinho enquanto balançava a cabeça negativamente.

– Você gosta. – Foi tudo o que ele respondeu antes de se inclinar para frente e colar suas bocas rapidamente.

Harry e Louis adoravam se beijar. Tinham uma rotina sexual ativa e a transa era ótima, nunca gozavam tão forte e gostoso antes como gozavam quando estavam juntos e aquilo era incrível, mas uma coisa que perceberam juntos em uma de suas mil conversas sobre sexo, era que seus melhores orgasmos aconteciam quando estavam em posições em que pudessem se beijar, e não tinha nada tão bom nesse mundo do que gozar beijando a pessoa que você ama. Os beijos eram deliciosos. Eram quentes, e molhados na medida certa, as vezes suaves e apaixonantes, as vezes urgentes e que tiravam o fôlego. Os lábios grossos e bem desenhados de Harry pareciam ter sido feitos para os finos e avermelhados de Louis, eles se encaixavam perfeitamente em uma fricção que fazia os dois se arrepiarem dos pés a cabeça, as línguas eram macias e sempre estavam em um ritmo perfeito, amavam puxar levemente o lábio inferior um do outro com os dentes de forma sensual antes de suga-los e chupa-los enquanto suas mãos se aventuravam pelo corpo um do outro.

Aquele momento no carro era o tipo de momento preferido entre os dois, não precisavam estar de fato transando (se estivessem, só iria ficar ainda melhor), mas o jeito que o corpo de Louis encaixava no colo de Harry era digno de uma pintura renascentista enquanto se beijavam com força e o menor tinha as mãos entre os fios cacheados e bagunçados de Styles, puxando-os na medida em que o jogador apertava firmemente suas coxas antes de levar as mãos, que praticamente trabalhavam sozinhas, até a bunda de Tomlinson, apertando o local com vontade e recebendo uma rebolada leve e precisa contra o seu pau coberto pelas roupas que usavam, mas que já estava dando sinal de vida.

– Você está me deixando duro... – Harry alertou com a voz baixa e grave, descendo beijos pelas bochechas, mandíbula e nuca de Louis.

– Oops. – Ele respirou fundo tirando forças que nem sabia que tinha para se afastar do namorado, o encarando com a respiração ofegante. – É melhor parar por aqui ou você vai ter que resolver esse problema sozinho quando chegar em casa.

Styles riu fraco e até os seus olhos sorriram encarando o namorado com a expressão radiante porque lá estava ele ofegante com a boca inchada e mais rosada que o normal, bochechas coradas e a franja bagunçada caindo em seus olhos.

– Você é lindo, sabia? – O maior disse encantando com um sorriso bobo o observando e tirando a franja da frente do seu rosto com toda delicadeza do mundo.

– Yeah, você é bem repetitivo quanto a isso. – Louis rolou os olhos brincando e arrancado mais uma risadinha do namorado.

– Lou... – Ele respirou fundo, ficando um pouco mais sério. – De verdade, eu não sei como te agradecer por tudo que você anda fazendo por mim ultimamente.

– Bom, eu sei o que pode fazer...

– Ah é? – Harry sorriu malicioso, encarando os lábios dele e desejando toma-los com os seus – Então me diga.

– Me compre um Jaguar igual ao seu e não precisará me agradecer nunca mais. – Tomlinson respondeu em um sorriso forçado com todos os dentes vendo o namorado rolar os olhos.

– Eu jurei que você ia falar alguma coisa sexy e você falou do carro? – Balançou a cabeça negativamente. – Sério?

– O carro é sexy. – Ele mordeu o lábio inferior o provocando e brincando com as pontas dos dedos na nuca do maior. – Faz tempo que não transamos nele, né?

– Você sabe que eu posso resolver esse problema rapidinho. – O jogador sorriu se aproximando um pouco mais.

– Por mais que eu queira... – Louis se aproximou ainda mais apenas para deixar um selinho rápido em seus lábios. – Sem chances de fazer isso agora.

– Então amanhã você é todo meu? – Harry perguntou com um sorriso fofo enquanto segurava sua cintura fina e a acariciava com o polegar.

– Não, amanhã você vai passar tempo com a sua família.

– E com você.

– Hum-hum, só com eles. – O garoto de olhos azuis balançou a cabeça, brincando com os cabelos do maior. – Criar laços e tudo mais.

– Não consigo fazer isso sem você. – Styles insistiu, fazendo um biquinho.

– Não diga isso, você sabe fazer várias coisas sem mim. Tipo ser uma droga no fifa e no futebol inglês, queimar uma lasanha e entre outras coisas...

– Ha ha. – O jogador riu sem humor, rolando os olhos e voltando a ficar sério. – Sério, Lou, o que eu vou fazer sem você do meu lado me encorajando a falar com eles? Ou você puxando assuntos aleatórios e interessantes e indiscretamente perguntando a minha opinião sobre como se você já não soubesse?

O menor gargalhou se perguntando se estava tão na cara assim o jeito dele de introduzir Harry nas conversas ou se o namorado que o conhecia demais para perceber.

– Cara, eu sou bom nisso, não sou? – Disse ainda rindo e se sentindo orgulhoso de si mesmo, afinal todas as vezes que tinha feito, tinha dado certo.

– Você é bom em várias coisas, por isso eu te amo. – Styles piscou em sua direção, suspirando. – Mas tudo bem, vou passar o dia com os meus pais mas a noite eu venho com Gemma para o jantar, ok?

– Ok. – Assentiu com a cabeça antes de ficar um pouco calado pensando em algo e resolvendo externar em seguida. – O que acha de chamar Anne e Des também?

Eles ficaram se olhando sérios por alguns segundos em um silêncio meio estranho, como estivessem cogitando essa possibilidade juntos e pensando em como seria até que...

– Aí você já está forçando a barra. – Harry disse rapidamente.

– É verdade, melhor não. – Louis respondeu logo em seguida.

Riem juntos e em seguida Styles o puxa para mais um beijo, dessa vez era um daqueles leves e calmos, suave e extremamente lento.

– Posso te fazer uma pergunta? – Tomlinson questionou quando romperam o beijo, deitando a cabeça no ombro do jogador.

– Qualquer uma. – Respondeu fazendo cafuné em seus cabelos cheirosos.

– O que você e sua mãe conversaram quando ficaram sozinhos na cozinha? – Ele perguntou com cuidado, fazendo desenhos abstratos no peito de Harry por cima da camiseta que usava. – Eu percebi que vocês voltaram com uma carinha de choro.

– Você é bastante observador, hm? – O maior pontuou, olhando para baixo em sua direção.

– Eu estou sempre te olhando, capitão. – Tomlinson subiu o olhar para o encarar de volta, se inclinando minimamente para deixar um beijinho em seu queixo antes de voltar a deitar a cabeça em seu ombro largo.

– Bom, ela pediu desculpas de novo. – Harry disse calmamente. – Agradeceu por eu ter preparado tudo para a chegada deles e por me mostrar aberto para tentar de novo. E aí ela falou mais algumas coisas sobre quando eu era mais novo e nós lembramos de uma época em que éramos bem próximos, e ai ela começou a chorar e eu comecei a chorar e depois começamos a rir do nosso estado.

– Caramba, amor. – Louis deu uma risadinha baixa, voltando a ficar com a coluna reta para olha-los nos olhos. – Parece ter sido uma ótima conversa então.

– Estamos indo aos poucos. – Harry também sorriu fraco. – Devo dizer que eu acho a coisa mais linda você conversando com eles tão naturalmente e com tanta espontaneidade... Nunca pensei que fosse gostar tanto de te ver se dando bem com os meus pais.

– Eles não são tão ruins assim. – Fez graça, o fazendo rir.

– Agora é minha vez de fazer a pergunta...

– Fique a vontade.

– O que você conversou com mamãe quando ficaram lavando a louça juntos? – Styles perguntou cuidadosamente e atento ás reações do menor.

– Opa, deu a minha hora. – Louis sorriu forçado na mesma hora, saindo do colo de Harry rapidamente e indo para o banco do passageiro.

– Louis William Tomlinson. – O jogador o repreendeu, cerrando os olhos em desconfiança.

– É coisa é genro e sogra, não me faça falar. – Ele pediu com um biquinho que fazia de propósito para Harry ceder.

– Ok. – E Harry cedia fácil, suspirando mas ainda estava curioso. – Posso apenas saber se foi tudo bem?

– Foi tudo ótimo, eu juro de dedinho. – Louis estendeu o dedo mindinho para o maior que deu de ombros fazendo o pinky promisse vendo o garoto de olhos azuis sussurrar em seguida como se estivesse contando um segredo. – Ela até sorriu pra mim.

Harry sorriu verdadeiramente, coisa que ele fazia com costume quando estava ao lado de Louis.

– Eu te amo pra caralho, gatinho. – Styles segurou o rosto do menor com as duas mãos, fazendo questão de se aproximar o suficiente para seus olhos verdes se misturarem com os azuis dele. – Você não tem ideia do quanto sou louco por você.

– Eu também te amo. – Tomlinson abriu um sorriso lindo com aquela pequena declaração inesperada mas sempre bem-vinda. – A vida é boa, mas ela é melhor com você.

Então eles trocaram um último beijo rápido mas intenso e apaixonado o suficiente para deixar Louis com borboletas no estômago. Quando se afastaram, se olharam por mais alguns segundos como gostavam de fazer, sempre guardando a imagem um do outro na memória, e Harry murmurou um "te vejo amanhã" com um sorrisinho feliz antes de o dar mais um selinho.

– Sonhe comigo. – Louis piscou em sua direção, abrindo a porta do carro.

– Pode apostar que sim. – O jogador disse com um sorriso malicioso, o olhando dos pés a cabeça quando ele parou em pé fora do carro e apoiado na porta aberta.

– Não estava falando de um sonho erótico, hein...

– Com certeza não, sonhos eróticos são a sua especialidade, não a minha.

– Que babaca! – Então Tomlinson sorriu com a boca meio aberta em surpresa, lhe mostrando o dedo do meio e batendo a porta.

– Lindo! – Harry respondeu alto com o mesmo sorriso quando abaixou o vidro para vê-lo caminhando para dentro de casa. – Mande um beijo pra todo mundo por mim!

E Louis não respondeu, apenas sorriu uma última vez antes de entrar em casa, encontrando ela vazia e escura. Foi na cozinha e colocou cereais em uma tijela com um pouco de leite, comendo enquanto subia calmamente as escadas, ouvindo um barulho vindo do quarto das garotas e já imaginando do que se tratava, abrindo a porta logo em seguida.

– Noite das garotas? – Ele perguntou encontrando Lottie, Felicite e as gêmeas conversando com baldes de pipoca e chocolate ao redor delas, esmaltes e maquiagens espalhados pelo chão. – Posso me juntar?

– Ah, mas se não é o nômade da família! – Fizzy exclamou com um sorriso de orelha a orelha, ela sempre era a mais animada. – Entra aí, mané.

– Haha, engraçadinha. – O garoto rolou os olhos, se sentando no chão e apoiando as costas em uma das camas enquanto comia seu cereal. – Harry mandou beijo.

– Onde ele está? Não vai dormir aqui hoje? – Charlottie estranhou com o cenho franzido.

Nos últimos meses eles mal se desgrudavam e dormiam juntos absolutamente todos os finais de semana, ou na casa de um ou na casa do outro, mas até mesmo nos dias de semana eles sempre ficavam juntos estudando depois da escola ou fazendo qualquer outra coisa. Mas agora com os pais de Harry de volta a cidade, Louis sentia que deveriam dar um pequeno passo pra trás apenas para que o maior pudesse ter de fato mais momentos familiares que ele tanto precisava e sem ele no meio se sentindo um pouco intruso.

– Não, os pais e a irmã dele chegaram de Nova York hoje, aí ele vai passar um tempo com eles. – Explicou colocando uma colherada de cereal na boca em seguida.

– A irmã mais velha com cabelos coloridos? – Phoebe perguntou curiosa.

– Gemma, ela mesma. – Tomlinson assentiu com a cabeça. – Inclusive, amanhã ela e Harry vem jantar aqui em casa pra vocês a conhecerem, o que acham?

– Vai ser o máximo! – Fizzy disse animada. – Como ela é, Lou?

Então eles entraram em uma longa conversa sobre Gemma e seus cabelos coloridos e sobre o fato de morar em Nova York e as garotas já a viam como uma deusa, o que era engraçado. Ficaram ali juntos por mais uma hora batendo papo e Louis ouvindo elas desabafarem sobre suas vidas amorosas (descobrindo inclusive que Phoebe e Daisy já tinham paqueras na escola o que podia ser um pouco preocupante) e as aconselhando como podia, sendo um pouco rígido afinal de contas eram suas irmãzinhas e ele tinha o dever de cuidar delas e cuidava com o maior prazer do mundo. Todos seus irmãos significavam absolutamente tudo pra ele e não conseguia se imaginar sem nenhum deles.

Quando foi dormir já era uma e pouca da manhã estava exausto, apenas deitou e capotou na mesma hora, mas foi acordado pelo seu celular tocando no meio da noite e quando viu o relógio marcando três da manhã e o nome de Harry piscando na tela ele já imaginou qual podia ser o motivo daquela ligação.

– Oi, amor... – Styles disse baixo do outro lado da linha assim que o menor atendeu. – Desculpa ligar essa hora, você estava dormindo, não estava?

– Oi... Não, pode falar. – Sua voz soou rouca pelo sono e ele coçou os olhos se forçando a continuar acordado. – Tá tudo bem? Você está bem?

– Quer saber? Volte a dormir. – O jogador pareceu se arrepender de ter ligado assim que ouviu sua voz sonolenta. – Podemos conversar amanhã-

– Haz, eu já acordei, você pode falar. – Tomlinson insistiu com a voz carinhosa para o convencer daquilo. – Preciso colocar Vienna pra tocar?

– Não dessa vez, Lou. – E Harry parecia realmente aliviado ao falar aquilo. – Não é nada demais... Não é ansiedade nem nada do tipo. Não é um sentimento ruim ou um desabafo ou... é uma coisa boa, eu acho. Eu estava deitado sem conseguir dormir e pela primeira vez isso aconteceu porque eu estava feliz, e não porque estava triste.

– Me conte sobre isso. – Louis pediu baixinho, se surpreendendo com aquilo.

– Depois que eu te deixei, quando voltei pra casa eu encontrei minha irmã e meus pais assistindo As Branquelas na sala comendo pipoca e me juntei a eles. Estávamos afastados, eles estavam em um sofá e eu e Gem em outro, mas quando chegou naquela parte que o Terry Crews canta A Thousand Miles, Des e Anne riram e olharam pra mim porque quando era um garotinho eu amava essa música e costumava imitar essa cena o tempo todo. E isso me fez, tipo... feliz, eu acho? É, me fez feliz. Eu parei pra pensar sobre como as coisas estão de uns meses pra cá e sinto que a minha vida está se ajeitando aos poucos desde o dia que conversamos pela primeira vez na praia e eu fui dormir pensando em você. Acho que hoje eu finalmente gosto das coisas como elas estão, gosto dos pequenos gestos. – Ele respirou fundo e Louis tinha certeza que estava sorrindo naquele momento. – Foi aí que eu percebi... Não preciso de um grande milagre na minha vida, eu tenho o bastante. Eu tenho você.

– Harry... – O menor suspirou sendo pego de surpresa, sentindo mais uma vez um friozinho na barriga gostoso. – Eu quero estar aqui pra tantas coisas ainda... Nós vamos conquistar o mundo se estivermos juntos, eu tenho certeza disso.

– Você sabe que eu amo os seus olhos, não sabe, Louis? – Perguntou depois de alguns segundos em silêncio. – Que eles se parecem como o oceano pra mim?

– Sim, amor. – Tomlinson lembrava bem daquelas palavras. – Você disso isso na primeira vez que nos beijamos e eu nunca esqueci.

– Eu penso neles o tempo todo, sabia? Quando eu não consigo dormir, quando estou ansioso demais, quando algo está tirando a minha paz... Eu simplesmente fecho os meus olhos para pensar nos seus. E minha mente consegue ser boa demais comigo, porque ela consegue imaginar perfeitamente, Lou. Eu consigo te imaginar perfeitamente aqui na minha frente agora, seus olhos estariam brilhando e encarando os meus e você estaria fazendo aquela coisa quando aperta os lábios em um sorriso tímido, quase um biquinho. Eu amo esse sorriso seu.

– Você não precisa me imaginar, sun. – Sorriu fraco com a voz suave. – Eu estou bem aqui.

– Por enquanto. Uma hora eu vou precisar te imaginar e quando essa hora chegar eu... – Styles deixa a frase no ar, parecendo se arrepender de verbaliza-la quando respirou fundo, recomeçando. – Esquece isso, não sei mais o que eu estou falando. Só queria ligar pra dizer que você me faz feliz e agora a vida me faz feliz também. E isso é bom.

– Isso é ótimo. – Louis corrigiu, resolvendo ignorar a primeira parte e focando no resto que o namorado falara. – Se você está feliz então eu também estou.

Então eles ficaram alguns minutos em silêncio e agora Louis já não estava mais com sono, estava mais acordado do que nunca enquanto ouvia e apreciava o barulho da respiração leve e profunda de Harry do outro lado da linha que só fazia o seu coração aquecer e ter a certeza de que, independente de qualquer coisa, daria um jeito de ouvir aquela respiração do seu lado antes de dormir pro resto da vida.

– Gatinho...

– Sim?

– Eu quero me afogar pra sempre no oceano dos seus olhos.

...

Eu confesso que quando escrevi esse plot há dois anos atrás desde o prólogo até o epílogo, eu nunca imaginei que fosse realmente amarrar todos os nózinhos dele algum dia, e agora aqui estou eu! O próximo capítulo de The Hamptons é o último, gente🥺 obrigada pelo suporte de sempre, prometo que vou fazer o meu máximo pra não demorar tanto assim pra atualizar, ok? E enquanto estamos nesse gostinho de despedida, queria convidar vocês pra darem chance a uma nova história e se apaixonarem tanto quanto eu... Four Thousand Miles está no meu perfil e foi escrita com muito amor (e muitas horas de estudo sobre a Itália rs). Se cuidem e até o próximo :)

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