Gabi on:
Gabi:Como quiser — fomos até o elevador e eu ajudo Felipe a se posicionar lá dentro.
Que meu plano se inicie.
[...]
Ao invés de pararmos na portaria, descemos direto para o estacionamento, já que iríamos sair com o meu carro.
Felipe:Porque viemos para o estacionamento?
Gabi:Porque nós vamos sair com o meu carro, é melhor do que ir a pé.
Felipe:Você dirigindo? — assinto e ele me encara assustado — socorro.
Gabi:Ei, eu sou uma boa motorista, ok? — ele ri de mim enquanto desligo o alarme e entro no carro, mas vejo Felipe com dificuldades para entrar — quer ajuda?
Felipe:Eu não preciso da sua ajuda — enquanto eu ligo meu carro, escuto Felipe murmurando e reclamando na entrada do carona — droga... Gabriela...
Gabi:Sim?
Felipe:Você... você... — ele parecia muito relutante em falar comigo.
Gabi:Eu o quê, Felipe?
Felipe:Você pode me ajudar? — ele disse relutante, mas finalmente aceitando que eu o ajudasse.
Gabi:Claro que posso — saio do carro e o ajudo a se sentar.
Assim que o ajudo a entrar no carro e colocar o cinto, dobro a sua cadeira e a coloco no meu porta-malas, voltando para o lado do motorista e entrando.
Gabi:Tenho certeza de que você já foi à praia várias vezes.
Felipe:Já, mas faz muito tempo desde a última vez que eu fui... — ele disse e desviou seu olhar para a janela, parecia perdido em suas próprias lembranças.
Gabi:Bom, é lá que nós vamos hoje — dei a partida no carro e segui para o nosso destino, a praia, torcendo para que meu plano desse certo e ele se animasse um pouco.
[...]
Depois de alguns minutos nós chegamos a minha parte favorita da Praia da Costa, bem no centro onde, na minha opinião, o mar é melhor. Estacionei o carro e fui pegar a cadeira de rodas do Felipe, depois o ajudei a sentar nela de novo.
Gabi:Tudo bem Felipe? — perguntei assim que liguei o alarme do carro de novo, mas ele não me respondeu, então toquei em seu ombro e ele piscou os olhos com força, em seguida encarou o mar e suspirou.
Felipe:Faz muito tempo mesmo que eu não venho a praia, eu até tinha me esquecido que era tão bom vir aqui — ele disse enquanto andava com a sua cadeira, me fazendo segui-lo na sua velocidade.
Gabi:Você não vem a praia desde o seu acidente? — pergunto e me arrependo na mesma hora de ter feito isso quando o vejo parar — me desculpa, eu não devia... — minha voz trava e eu solto um suspiro, me sentando em um banco que estava na sombra — eu não devia ter tocado no assunto — abaixo meu olhar e logo noto Felipe se aproximando de mim.
Felipe:Não precisa pedir desculpas — ele se aproximou e tocou meu ombro, me fazendo encará-lo — realmente não é fácil pra mim falar sobre esse acidente, mas... quem sabe um dia eu consiga... falar sobre isso com você — ele diz e... sorri pra mim, me deixando surpresa — sua insistência está surtindo efeito em mim. Parabéns.
Gabi:Obrigada, a teimosia é de família, então agradeça a minha mãe — nos dois nos encaramos e começamos a rir, e pela primeira vez eu conheci a risada do Felipe.
Nem parecia que ele era aquele cara sério que estava me tratando com grosseria no dia anterior, era como se eu visse duas versões de uma mesma pessoa.
— Boa tarde, meu jovens — uma senhora, que estava caminhando na praia, passa ao nosso lado e nos cumprimenta.
Gabi:Boa tarde senhora — respondo sorrindo.
Felipe:Boa tarde — Felipe faz o mesmo, que milagre ver ele sorrindo naturalmente.
— Me desculpem, mas eu não pude deixar de me encantar quando vi vocês dois juntos. Não é comum hoje em dia ver um casal onde o amor é tão nítido assim... vocês estão juntos a muito tempo? — a senhora disse com um sorriso simpático.
Gabi:Na verdade, nós... — paro de falar ao ser surpreendida com a mão de Felipe segurando a minha.
Felipe:Não precisa ficar com vergonha, meu amor — ele diz imitando um sorriso apaixonado e eu fiquei de queixo caído por ele ter sustentado essa mentira — nos conhecemos quando ela começou a estudar fisioterapia, hoje e ela quem cuida do meu tratamento — eu senti o meu rosto corar, se aquela senhora não estivesse nos encarando eu daria um intenso olhar mortal para o Felipe.
— Ótima escolha de carreira, e lindo gesto seu...
Gabi:Gabriela, e muito obrigada senhora.
— Lindo gesto Gabriela — ela elogia e eu sorrio sem jeito — bom, eu já vou indo, tenham uma boa tarde, queridos — ela sorri para nós e continua sua caminhada.
Quando ela estava mais longe, Felipe soltou a minha mão e começou a rir a ponto de se encurvar e segurar sua barriga.
Gabi:O que foi isso que acabou de acontecer, Felipe? — ele continua rindo de mim — que brincadeira mais idiota.
Felipe:Devia ter visto a sua cara, foi hilário! — ele riu a ponto de secar uma lágrima no canto do seu olho — você ficou tão vermelha — lhe dou um tapa em sua mão que ameaçava subir para tocar o meu rosto — foi só uma brincadeira por ter me tirado de dentro de casa.
Gabi:Você é mesmo uma criança, é muito infantil — passei a mão nas minhas bochechas, esperando que a cor delas voltasse ao normal logo.
Felipe:Olha quem fala, não aceita uma brincadeirinha — encaro Felipe seriamente e ele volta a rir de mim.
Gabi:Só por causa disso, eu vou dobrar os seus exercícios a partir de amanhã — ele para de rir e me encara assustado, agora quem sorria era eu.
Felipe:Gabriela, não, por favor! Tudo menos isso — ele segura minha mão enquanto implora — é muito cansativo.
Gabi:Você fica uma graça quando implora, mas era melhor ter pensado nisso antes de fazer hora com a minha cara — solto sua mão da minha e sorrio vitoriosa - agora vamos continuar o passeio, sim?
Andamos um pouco na orla e depois paramos para tomar um sorvete, o Felipe deu a ideia de competirmos para ver quem tomaria o sorvete mais rápido, e ele riu de mim pois eu perdi quando senti meu cérebro congelando.
Gabi:Acho melhor irmos embora, está ficando tarde — falo quando vejo que o sol estava começando a se pôr.
Felipe:Tadinha, ela não pode ficar ate mais tarde na rua — ele diz rindo e eu o encaro sério.
Gabi:Eu não sou tão nova quanto pensa.
Felipe:Mesmo? Porque pela sua cara eu poderia te dar uns 16 anos, mas você tem tem carteira de motorista e é universitária.
Gabi:Não que isso faça alguma diferença para você, mas eu tenho 19 anos.
Felipe:Nem parece, com essa cara de nova.
Gabi:Falou o idoso, como se você fosse muito mais velho do que eu.
Felipe:Um pouco, mas sou.
Gabi:Nem barba na cara você tem para parecer mais velho.
Felipe:Que idade você me daria, então? — cheguei mais perto dele e ele riu de mim — se queria olhar meu rostinho bonito mais de perto, era só me dizer.
Gabi:Convencido, eu estou só te analisando. E você parece ter a mesma idade que eu — digo e ele ri.
Felipe:Sinto em te desapontar, mas eu tenho 22 anos.
Gabi:Grande coisa, é só três anos mais velho do que eu.
Felipe:São quatro anos, mas eu ainda vou fazer aniversário — reviro os olhos e o mesmo ri novamente — aliás, você me deve respeito. Eu sou mais velho.
Gabi:Eu não te devo nada, e nós vamos voltar agora porque eu pretendo ir pra casa antes de escurecer pra não pegar trânsito.
Felipe:Ok, criança — fomos até meu carro e eu o ajudo entrar de novo, guardo a sua cadeira e logo voltamos ao apartamento dele.
Quando chegamos lá, conversamos mais um pouco sobre o nosso dia e os próximos exercícios, nos quais eu pegarei mais pesado com ele, e Marília chegou poucos minutos depois.
Marília:Olá, boa tarde.
Felipe:Tecnicamente já é boa noite mãe — Felipe fala rindo e Marília encara o próprio filho surpresa, pelo que ela me contou Felipe não tinha o costume de agir assim diariamente, com ânimo e sorrindo.
Marília:Meu filho, sorrindo? O que houve enquanto eu estive fora?
Felipe:Pergunte pra ela — ele apontou para mim e nós duas nos entreolhamos e sorrimos — vocês duas tinham planejado isso? Quando que eu ia ficar sabendo?
Gabi:Nunca, talvez, porque esse era o meu segredo com a sua mãe— me levanto para poder ir embora, mas me viro e encaro Marília — se o seu filho, a partir de amanhã, reclamar que eu estou pegando pesado, mande ele se lembrar do que fez comigo hoje — ele me lança um olhar mortal e eu sorrio antes de ir embora.
[...]
Quando eu cheguei em casa eu contei aos meus pais tudo o que aconteceu, menos a parte da vergonha que o Felipe me fez passar por mentir para aquela senhora que eu era a sua namorada. Mas depois, quando subi para o meu quarto, eu liguei para Júlia para lhe contar as novidades como eu prometi, incluindo esse detalhe que eu ocultei dos meus pais... me arrependi na mesma hora dessa decisão porque eu quase fiquei surda com os gritos da minha prima.
Juh:Ah mentira! Meu Deus... é sério que ele fez isso?! — eu tive de afastar o celular da orelha por conta do grito da Júlia.
Gabi:Sim, e fala mais baixo. Vai acabar acordando a minha tia desse jeito.
Juh:Essa daí dorme feito pedra, você sabe muito bem.
Gabi:Ela roubou o seu título?
Juh:Até parece que eu durmo tanto assim, Gabi.
Gabi:Então... eu tenho algumas provas contra esse seu argumento — falo rindo.
Juh:Ok, contra provas não há argumentos... — nós duas acabamos rindo.
Eu realmente tinha uma pasta em minha galeria com vídeos, fotos e prints de conversas que comprovam toda a preguiça da minha prima.
Gabi:Ainda bem que você sabe.
Juh:Sim. Enfim... acho que já vou dormir porque o dia foi cheio pra mim.
Gabi:Não foi só para você, EU te garanto.
Juh:Você foi a um encontro Gabi... - desligo a chamada antes de ouvir mais uma gracinha da Júlia.
Voltando meus pensamentos para hoje mais cedo, eu fiquei feliz por ter conseguido ajudar o Felipe, por fazer ele entender que a vida dele não acabou e nem se limita apenas a ficar dentro daquele apartamento o dia inteiro.
Oi gente, tudo bem? Eu estou aqui com mais um capítulo para vocês.
Felipe se sentiu bem, bem até mais (menininho complicado ele), mas os dois até puderam descontrair e se conheceram um pouco mais, em meio a farpas mais foi alguma coisa. E Júlia, como sempre, bancando a cupido para cima da sua prima. Gabi que aguente.
Espero que estejam gostando, que votem e me deem apoio para trazer mais capítulos de Vencendo Barreiras.
Beijos e até a próxima😘