ALONE

By brunasunshine

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o que você faria se acordasse no mar? sem nome e sem lembranças, Sol tenta se adaptar à nova vida depois de a... More

❋ prologue ❋
❋ 001
❋ 002
❋ 003
❋ 004
❋ 005
❋ 006
❋ 007
❋ 008
❋ 009
❋ 010
❋ 012

❋ 011

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By brunasunshine

– O que acha dessa? – observo enquanto Juniper tira do seu armário um vestido vermelho com brilhantes.

– Acho que não.

Depois de alguns dias que pareceram anos finalmente havia chegado o dia da festa da tal amiga da Juniper. Confesso que me arrependi de ter aceito o pedido mas sabia que era tarde demais pra mudar de ideia. Além disso eu também sabia, lá no fundo, que seria bom pra mim.

– Como você pode saber se nem experimentou? Toma, anda! – ela disse, me entregando o vestido. Pra falar a verdade, ela tinha razão. Mas na minha cabeça a festa provavelmente seria um pouquinho melhor se eu pudesse ir com meu confortável e fiel pijama de gatinhos.

Mesmo não querendo, acabei experimentando o vestido e realmente ficou bom em mim. Não o suficiente pra me ver usando em uma festa, claro, porque me deixava um tantinho desconfortável. Era curto e tão apertado que parecia que iria rasgar se eu respirasse fundo.

– Não. Totalmente não. – digo, abrindo o zíper lateral e entregando o vestido pra ela.

– Ok, eu entendo. Mas ficou lindo em você. Vou tentar achar alguma coisa menos chamativa, pera. – ela voltou a atenção pro armário e tirou um vestido de brilhantes com uma combinação de tons entre azul e verde. De certa forma me lembrava o oceano.

– Esse é bonito. – pego o vestido e visto.

Olhei pro espelho e de primeira percebi que era o vestido certo. Se encaixou tão perfeitamente no meu corpo que parecia ter sido feito pra mim. Não era muito curto nem muito apertado, o suficiente pra me deixar bem confortável e segura pra sair.

– Finalmente! Ficou maravilho em você. – Juniper sorriu e caminhou até a penteadeira, pegando alguns pincéis e maquiagens. – Mas ainda falta o toque final e tenho certeza que você vai gostar. Fica tranquila, não vou exagerar.

Eu sequer tentei recusar porque sabia que não iria adiantar nada. Nunca na minha curta nova vida eu usei maquiagem, não porque eu não gostava da ideia de maquiagem e sim porque eu estava tão acostumada com meu rosto exatamente do jeito que ele era que não pensava em mudá-lo, mesmo que um pouquinho. Mas aceitei essa pequena exceção, nesse único dia, porque sabia que iria alegrar Juniper.

Sentei na cadeira e fechei os olhos enquanto ela passava o pincel com maquiagem nas minhas bochechas e olhos. De certa forma chegou até a ser um pouco calmante.

– Prontinho, pode abrir os olhos. – Juniper disse, dando um tapinha no meu ombro. Abri os olhos e fiquei um pouquinho surpresa com a minha imagem refletida no espelho.

Aquele era meu rosto, sem dúvida. Mas meu olhar cansado e minhas olheiras foram substituídas por uma energia revitalizada, arrisco dizer que até mais viva. Minhas bochechas ficaram um tantinho mais coradas, como se eu tivesse me queimado no sol, e até que gostei do resultado.

– Ficou incrível, de verdade. – disse, sem tirar meus olhos do espelho. – Muito obrigada mesmo mesmo.

– Agradece aproveitando a festa, tá bom? – ela disse, pegando uma bolsa tira colo. – Agora coloca seu sapato e vamos.

Juniper estava de salto, daqueles que são tão finos que parecem que vão quebrar. Eu fiquei com vontade de experimentar, só por curiosidade, mas imaginei de primeira o desastre que seria. Eu cairia no chão, sem dúvida. Por isso coloquei minhas sapatilhas que com certeza seriam mais seguras. Descemos as escadas, encontrando Charles e um garoto que eu não reconhecia na sala.

– Ela demorou um tempão pra escolher uma roupa mas já estamos prontas. – Juniper disse, rindo. – Sol, esse é Jason. Jason, essa é a Sol.

– Vestido bonito. – ele disse enquanto me cumprimentava. Sorri como forma de agradecimento e me uni a Juniper e Charles.

     •••

– Nervosa? – Charlie perguntou.

Estávamos quase chegando na casa, segundo Juniper, e meu nervosismo só crescia.

– Nem um pouco. – uma pequena mentira não faz mal, né?

Eu não queria que eles ficassem preocupados comigo. Se eu ficasse no meu canto tenho certeza que essa festa passaria rapidinho e voltaríamos pra casa todos bem.

– Sério? – ele disse, claramente desacreditado. – Sabe que se precisar de qualquer coisa eu e Juniper estamos aqui, tá?

Não respondi. A música alta e as luzes piscando me chamaram totalmente a atenção. Aquele era o local da festa e eu não poderia estar mais desesperada pra voltar pra casa.

Mas não voltei. Entramos lá e a primeira coisa que percebo é a quantidade de pessoas, uma esbarrando na outra enquanto dançavam. Ninguém parecia se incomodar, na verdade. Pareciam todos felizes.

Eu só não sabia exatamente o que deveria fazer.

– Sol! Fica aí um instante, a gente vai lá falar com uns amigos mas já volta. – ela disse, quase gritando por causa do volume alto da música. – Fica aí tá?

Eu só balancei a cabeça em afirmativo e tentei não me desesperar tanto. Sozinha, em um lugar desconhecido, com várias pessoas desconhecidas e uma música tão alta que quase me dava dor de cabeça.

– Sol, né? – alguém fala ao meu lado e me lembro que, todo esse tempo, Jason estava com a gente. Me aliviou um pouquinho saber que não estava completamente sozinha. – Quer beber alguma coisa? Fica tranquila, mando uma mensagem pra Juniper avisando que você tá comigo.

O que eu tinha a perder?

– Tá bem, vamos.

Andamos até o bar e pegamos dois copos cheios de uma bebida gasosa.

– Não sei se vai gostar. Mas não é tão forte, tenta tomar provar um pouco. – ele disse.

Tomo um gole e sinto um gosto bom, de refrigerante.  Mas rapidamente o gosto é substituído por uma leve queimação na garganta, acompanhada de um gosto forte que nada lembrava o primeiro que senti. Por algum motivo, senti vontade de beber mais.

– Horrível. – digo, virando o copo.

– Assim são todas as bebidas. – ele disse, rindo. – Você até que é bem legal. Por isso Charles vive falando de você.

– Ah é? O que é que ele vive falando de mim? – rio, pegando o copo de sua mão e dando um gole.

Apesar de ter acabado de conhecê-lo, literalmente, Jason parecia muito legal. Talvez seja pelo som alto, pela quantidade de gente ou até pelos goles de bebida que bebi mas eu me sentia bem. Um pouco estranhamente bem, como se eu tivesse esquecido de todas as preocupações e medos da minha cabeça.

Livre.

– Ele disse que seus olhos são lindos, o que concordo. – ele disse, se aproximando.

– Que mais? – digo, sorrindo.

Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo. Mas sentia... Como se diz? Como se eu estivesse sendo levada pelo momento.

– Que seu sorriso é incrível, o que também concordo. E que seu jeito é...

O interrompo, colocando minhas mãos em seu rosto e o puxando para um beijo. É estranho explicar como eu me senti nesse momento, mas era como se eu fosse uma pessoa completamente diferente do que eu era normalmente. Me senti decidida, independente e pronta pra qualquer experiência. Eu adoraria me sentir assim em todos os momentos, de verdade. E adoraria poder aproveitar aquele momento, aquele beijo, por mais tempo. Mas eu ainda era um passarinho que tinha acabado de sair do ninho, com medo do escuro. E esse lado indefeso voltou a tomar conta de mim rapidamente e percebi o que eu estava fazendo.

Afastei Jason de perto de mim, impulsivamente.

– Eu... Eu não... Droga, tenho que ir. – digo, sem olhar para o seu rosto.

– Sol, calma! Tá tudo bem?

– Tá, tá sim. – respondo, nervosa. – Só manda mensagem pra Juniper, tá bom? Fala pra me esperarem em casa. – digo, sem esperar uma resposta, e vou embora.

Naquele momento eu só conseguia pensar em sair daquela festa e procurar um lugar calmo pra poder ficar tranquila.

Tento achar a porta de saída mas a casa parece um labirinto seu fim. As luzes, os sons, as pessoas que esbarravam em mim quase me jogando no chão. Comecei a me sentir uma completa estranha. Como eu fui concordar com isso? Eu deveria ter imaginado que não daria certo. O que eu tenho na cabeça pra beijar alguém que sequer conheço? Que sequer gosto?

Consigo achar a porta e corro até estar em uma distância considerável da casa. Me sento em um gramado e olho para as estrelas em um tentativa falha de me distrair. Minha mente estava uma confusão e não conseguia imaginar nada que pudesse me fazer esquecer de tudo por um instante.

Até que vi. Lá, onde a trilha para o bosque se iniciava, eu vi uma luz que me era muito familiar. Não sei como ela conseguia, mas sabia que aquela era Lorelei me chamando. Eu não conhecia a trilha mas sabia que se seguisse seu brilho eu chegaria na cachoeira e, assim que me aproximava, o barulho da grande queda d'água se tornava mais e mais alto.

Finalmente, por trás das árvores no céu quase totalmente escuro, eu pude ver aquele brilho cada vez mais forte se movendo dentro do grande lago. Desço as pedras o mais rápido que pude, tomando ao máximo cuidado pra não escorregar ou tropeçar.

Assim que me aproximo da água Lorelei aparece, acenando pra mim e nadando até a margem.

– Eu sabia que você viria. – ela disse, tirando de dentro da água uma espécie de coroa de ossos– Fiz isso pra você.

Peguei de sua mão e tentei observar os detalhes. Realmente era uma coroa, com alguns ossinhos e pedras amarrados com alga seca e cipó.

– É lindo! Obrigada, mesmo mesmo. – digo, encaixando na minha cabeça e me sentando nas pedras da margem.

– Ficou mais lindo ainda em você. Combina com seu vestido... E seu rosto. Parece uma princesa! Uma princesa sereia... – ela disse, rindo.– Mas o que houve hein?

– Hum? Como assim?

– Sua cabeça não tá aqui, Sol. Me conta o que houve pra você estar assim.

– Nada importante. Eu fui numa festa, sabe? Achei que ia me dar bem, que ia me divertir. E eu me diverti, na verdade. Até que beijei um garoto.

Ela tentou mas não conseguiu segurar o riso.

– Mas Sol, o que tem de errado?

– Não foi o beijo em si! Ou talvez tenha sido... É só que... Não sei o que deu em mim. Eu sequer consigo falar uma palavra pra um estranho na rua.... Calma. Você acha que isso foi uma boa coisa?

– Não sei, isso é você que sabe! Mas é importante que você comece a se descobrir como uma pessoa. – ela diz e logo boceja.

– Esse é o problema. Como eu posso me descobrir se ainda tenho medo de quem posso ser? – digo e percebo que ela não responde. – Lorelei, pode ir dormir tá?

– Não, não. To acordada. – ela disse, fechando os olhos.

– Acordada, sei. Eu vou voltar, juro tá? – digo, me ajoelhando e beijando sua testa.– Agora vai lá descansar.

Ela sequer se dá ao trabalho de me responder e dou uma leve risadinha por isso. O dia deve ter sido bem cansativo pra ela e eu não a culpo porque também foi pra mim.

Antes de ir embora tiro a coroa da minha cabeça e deixo ao seu lado. Eu não poderia levar pra casa porque sei que fariam várias perguntas e eu não conseguiria elaborar uma mentira boa o suficiente pra acreditarem.

Retomo a caminhada de volta para o ponto onde eu estava inicialmente e caminho de volta para a casa, que não era tão longe de onde havia acontecido a festa. Não sabia que horas eram e estava torcendo pra não estar tão tarde.

Caminho um pouco pela praia até chegar na casa, tentando me acalmar, e me direciono à porta de vidro que dá na sala. Entrando, me deparo com Juniper, Perol e Charles sentados no sofá. Eles rapidamente se levantam.

– Sol! Onde você estava? – Perol disse, colocando as mãos em meu rosto.

– Eu estava com...– eu não posso falar a verdade e sei disso mas, mesmo assim, não gosto de mentir. – Com uma amiga. Que horas são? Perdi a noção do tempo, desculpa.

– São meia noite e pouca. Mas tá tudo bem, ok? – Juniper disse, me abraçando. – Chegamos faz meia hora e mamãe ficou meio nervosa, preocupada com você. Mas eu disse que você tava bem, eu sabia.

Sorri e olhei pra Perol, que me acolheu em um abraço.

– Me preocupei mesmo. – ela disse, soltando uma risada abafada pra disfarçar o nervosismo. – Guardei sua janta na geladeira, vou esquentar pra você, tá?

– Obrigada Perol. – sorri e ela retribuiu, se dirigindo à cozinha.

– Mas cê gostou da festa? Aproveitou? Jason me disse que você e ele se...

– Não vamos falar sobre isso, pode ser? Tipo... Podemos fingir que nada aconteceu? – pergunto e escuto Juniper rindo. – Eu só fiquei nervosa.

– Tudo bem. Todo mundo fica nervoso as vezes. Eu sempre fico, acredita? Mas eu prometo que na próxima festa, se você for, não me desgrudo de você. Foi mal ter saído não rápido, eu tava tão animada.

– E Sol, você não precisa sair com a gente se você não quiser. Se você não quiser nunca mais ir em festas, tá tudo bem. – Charlie disse, se aproximando de Juniper.

– Eu sei... E obrigada, gente, de verdade. – digo, puxando os dois pra um abraço. – Vou comer e depois dormir um pouco, tá? To morta de cansaço.

Peguei minha janta com Perol e comi rapidamente em silêncio, depois lavando a louça e indo pro quarto pra, finalmente, dormir e relaxar.

Tentei me distrair ao máximo e não pensar nos acontecimentos daquela noite mas era praticamente impossível. A voz de Lorelei ficava passeando na minha mente e eu não podia deixar de me perguntar... E se ela estivesse certa? E se essa pessoa, que aparecia em raros momentos de independência, fosse a verdadeira Sol? Talvez... Talvez eu também tenha mudado. Era difícil saber já que não conhecia quem era antes.

Talvez eu realmente precisasse me conhecer mais.

******* nota da autora???
gente to postando sem revisar nem nada pq se não perco a coragem pfvr COMENTEM preciso saber q vcs gostam pra continuar essa história aaaaa foi mal pela demora de verdade bjs

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