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– O que acha dessa? – observo enquanto Juniper tira do seu armário um vestido vermelho com brilhantes.

– Acho que não.

Depois de alguns dias que pareceram anos finalmente havia chegado o dia da festa da tal amiga da Juniper. Confesso que me arrependi de ter aceito o pedido mas sabia que era tarde demais pra mudar de ideia. Além disso eu também sabia, lá no fundo, que seria bom pra mim.

– Como você pode saber se nem experimentou? Toma, anda! – ela disse, me entregando o vestido. Pra falar a verdade, ela tinha razão. Mas na minha cabeça a festa provavelmente seria um pouquinho melhor se eu pudesse ir com meu confortável e fiel pijama de gatinhos.

Mesmo não querendo, acabei experimentando o vestido e realmente ficou bom em mim. Não o suficiente pra me ver usando em uma festa, claro, porque me deixava um tantinho desconfortável. Era curto e tão apertado que parecia que iria rasgar se eu respirasse fundo.

– Não. Totalmente não. – digo, abrindo o zíper lateral e entregando o vestido pra ela.

– Ok, eu entendo. Mas ficou lindo em você. Vou tentar achar alguma coisa menos chamativa, pera. – ela voltou a atenção pro armário e tirou um vestido de brilhantes com uma combinação de tons entre azul e verde. De certa forma me lembrava o oceano.

– Esse é bonito. – pego o vestido e visto.

Olhei pro espelho e de primeira percebi que era o vestido certo. Se encaixou tão perfeitamente no meu corpo que parecia ter sido feito pra mim. Não era muito curto nem muito apertado, o suficiente pra me deixar bem confortável e segura pra sair.

– Finalmente! Ficou maravilho em você. – Juniper sorriu e caminhou até a penteadeira, pegando alguns pincéis e maquiagens. – Mas ainda falta o toque final e tenho certeza que você vai gostar. Fica tranquila, não vou exagerar.

Eu sequer tentei recusar porque sabia que não iria adiantar nada. Nunca na minha curta nova vida eu usei maquiagem, não porque eu não gostava da ideia de maquiagem e sim porque eu estava tão acostumada com meu rosto exatamente do jeito que ele era que não pensava em mudá-lo, mesmo que um pouquinho. Mas aceitei essa pequena exceção, nesse único dia, porque sabia que iria alegrar Juniper.

Sentei na cadeira e fechei os olhos enquanto ela passava o pincel com maquiagem nas minhas bochechas e olhos. De certa forma chegou até a ser um pouco calmante.

– Prontinho, pode abrir os olhos. – Juniper disse, dando um tapinha no meu ombro. Abri os olhos e fiquei um pouquinho surpresa com a minha imagem refletida no espelho.

Aquele era meu rosto, sem dúvida. Mas meu olhar cansado e minhas olheiras foram substituídas por uma energia revitalizada, arrisco dizer que até mais viva. Minhas bochechas ficaram um tantinho mais coradas, como se eu tivesse me queimado no sol, e até que gostei do resultado.

– Ficou incrível, de verdade. – disse, sem tirar meus olhos do espelho. – Muito obrigada mesmo mesmo.

– Agradece aproveitando a festa, tá bom? – ela disse, pegando uma bolsa tira colo. – Agora coloca seu sapato e vamos.

Juniper estava de salto, daqueles que são tão finos que parecem que vão quebrar. Eu fiquei com vontade de experimentar, só por curiosidade, mas imaginei de primeira o desastre que seria. Eu cairia no chão, sem dúvida. Por isso coloquei minhas sapatilhas que com certeza seriam mais seguras. Descemos as escadas, encontrando Charles e um garoto que eu não reconhecia na sala.

– Ela demorou um tempão pra escolher uma roupa mas já estamos prontas. – Juniper disse, rindo. – Sol, esse é Jason. Jason, essa é a Sol.

ALONEWhere stories live. Discover now