Me espreguiço na cama, Maria me acorda já abrindo as cortinas e depositando a bandeja com um café da manhã na mesinha que tem no meu quarto, avisando que minha mãe está louca ligando de meia em meia hora para saber se já estava acordada. Aposto que Maria contou que cheguei as 2 da madrugada, nem eu mesma acredito, saí tão insegura e voltei realizada, nem sei se tenho coragem de encontrá-lo, mas quero.
Pego meu celular com medo de olhar, meu temor é ver alguma mensagem de minha prima revelando que Diego ficou com outra, será que ele voltou para a festa? Nem acredito que me submeti a ficar com um homem que transa com várias ao mesmo tempo. Grito e me jogo para trás, caio em cima da cama entre travesseiros e cobertas, Maria toma um susto.
- Huuuum, pelo visto a noite de ontem foi boa hein! - Maria fala e puxa o travesseiro do meu rosto, exige que eu ligue para minha mãe, já que são uma da tarde, enquanto ligo para ela tomo meu café olhando em direção ao apartamento dele, será que já acordou?
Preciso parar de pensar nele, mas como? Ai, ele é um sonho real. Ligo para Lê que me enche de perguntas, respondo a todas e confirmo que fiquei com Diego, ela acaba confessando que sabia pois seu namorado havia lhe contado e pedido segredo, caímos na risada, ela não existe mesmo. Me questiona sobre meus sentimentos, sobre o Rafa e me alerta sobre o Diego não se apegar a ninguém, não neguei que ele faz jus ao nome, porque sabe deixar uma mulher caidinha, mas nunca fui de correr atrás de homem, quem vê pensa que tenho larga experiência na área, na verdade é que nunca senti o que ele me fez ou faz sentir, mesmo sabendo o quão bom é ficar com ele jamais seria inconveniente em ficar exigindo dele compromisso, eu sabia quem ele era e fiquei porque quis, mesmo se não quisesse não resistiria ao seu poder de sedução.
Passei o resto da tarde lendo, ao anoitecer Letícia me convida para ir na orla, a turma toda estava lá e a cidade continuava com um grande fluxo de pessoas devido a festa de ontem, neguei seu convite, preciso me manter distante, reorganizar minhas emoções, quero muito Diego, porém sei que ele estará lá, e a questão é, como me comportar querendo mais e sabendo que para ele foi apenas um ficar, não transamos e isso deve ter o aborrecido bastante, sem contar que devo aprender a agir natural ao vê-lo com outra, então o melhor a fazer é evitar pois tudo é muito recente, expliquei a ela.
- Larga de ser boba, você não se tocou que eu estou ligando justamente porque ele está aqui enchendo o meu saco perguntando por você?
- O QUE? Prima repeti por favor! Ele quer me ver de novo? Não está chateado?
- Isabela, para de paranoias se arruma que daqui a 10 minutinhos passaremos aí para te pegar.
- Ai meu deus..., não precisa vim me pegar prima eu vou andando é até bom que eu espaireço, sério, depois dessa, no estado em que estou uma caminhada só me fará bem.
- Então tá, mas não demora. Tchau beijos.
NÃO POSSO ACREDITAR! Ele me espera! Saio correndo em direção ao meu quarto, ao mesmo tempo grito, feliz da vida, avisando para Maria que vou sair, entro no meu closet e me desespero, preciso ficar liiinda para o meu amor! COMO? Foi só uma força de expressão. Opto por um conjunto de saia e cropped de renda na cor rosê, lindo e meigo, acentua minhas curvas, por falar em curvas preciso ver uma academia, aqui nesta cidade me sinto livre, disposta a sair, a frequentar lugares, lá em São Paulo malhava em casa, meu pai havia montado uma mini academia para mim, mas me sentia desestimulada, porém mesmo assim sempre fazia os exercícios.
Me olho mais uma vez no espelho e nem acredito que essa aí que vejo seja eu, tão radiante. Em pouco tempo já mudei tanto, continuo me olhando, nunca pensei que pudesse ficar tão animada em sair, ainda mais para um encontro, respiro fundo tentando acalmar meu coração que mesmo ansioso não mata essa empolgação que pulsa dentro de mim, estou com sede de viver e isso é bom demais.
Estou caminhando em direção a orla, aqui tudo é perto, a noite está tranquila, um carro se aproxima, desacelera, buzina, olho em sua direção, o vidro abaixa e dentro está o homem mais lindo do mundo ao qual estou me apaixonando, nós paramos, ele desce do carro e vem ao meu encontro, eu sou só sorrisos, me abraça suspendendo-me em seus braços, enlaço os meus em seu pescoço e o cheiro, grito para ele avisando que estou de saia e sua reação é só me elogiar me chamando de linda, ataca minha boca com vontade e arrisco a dizer saudades, não dá mais para negar, estou perdidamente apaixonada por Diego.
- Que história é essa que você tem que vim caminhando, que não precisa que vá te buscar, e outra eu exijo que você me dê seu número, sua prima é muito caxias, disse que se eu quiser que eu peça a você, só faltei matá-la, mas não quis arrumar confusões com meu amigo!
- Ela não me falou que era você quem viria me pegar, se eu soubesse não iria me opor, é que não gosto de dar trabalho a ninguém. - Ele toca na ponta do meu nariz com seu dedo e me puxa para dentro do seu carro.
- Eu sei disso SENHORITA NÃO QUERO DAR TRABALHO A NINGUÉM, agora vamos.
Quando chegamos, Diego desce e contorna o carro, mas abro a porta antes dele, não quero atrair olhares, odeio chamar atenção, a orla está lotada, a cidade é pequena, por isso a concentração de pessoas é maior em alguns lugares por ter pouco local de lazer, além de todos se conhecerem, entretanto minha alternativa é inútil, Diego agarra a minha mão e me leva até a mesa onde todos os seus amigos estão. Morro de vergonha.
- Você fica mais linda ainda, assim vermelhinha! - Seu elogio me faz flutuar, já não me importo que vejam, porém o que vejo acaba comigo, duas feras olhando para mim com olhares ameaçadores, que denunciam querer minha morte, Carol e Bruna, faz meu sangue gelar. Me sento ao lado de Lê e Diego, não me sinto à vontade, tento relaxar mas é impossível, Carol sempre nos olha de forma inquisidora, Diego põe a mão sobre a minha coxa, que piora mais ainda o meu estado.
Letícia tenta me confortar, me aconselha a aproveitar o melhor do momento. Ana e Felipe estão próximos também o que faz Breno fazer piadinhas com a formação de mais casais no grupo referindo-se a gente também e surpreendentemente Diego fica feliz se aproxima e me dá um beijo, levo minha mão ao seu rosto acaricio sua barba e aos poucos vou relaxando.
Depois de um tempo, todos estão conversando e quando menos se espera surge Diogo, sério e fatal, muito alterado, nos surpreendendo, menos a Diego que continua tão relaxado o encarando com desdem. Sinto por Diogo pois sei que tinha esperanças em me conquistar, a verdade é que sempre fui tão consequente em meus atos e em nenhum momento me passou pela cabeça esse encontro constrangedor, me apaixonar assim tem me libertado dessa consciência que por muitas vezes me tormenta de preocupações futuras me fazendo pensar duas vezes antes de agir ou até mesmo desistir em certas ocasiões.
- Você é rápido no gatilho, quando Carol me contou nem acreditei, tive que vim ver com meus próprios olhos. - Não acredito que ela fez isso, sua intenção era única e exclusiva, causar todo esse desconforto e constrangimento, olho para ela que está me encarando com ar vitorioso. - Quando você terminar de usar me avisa que eu vou querer também, serei o próximo da lista. - Conclui Diogo, fico sem acreditar no que ouço, me sinto imunda ao ser rotulada como um objeto vil, seguro meu choro, mas fico muito desapontada com ele. Diego se levanta e fala alto e em bom tom de voz.
- Só vou falar uma vez e que fique bem claro, Isabela é minha namorada e não ouse nunca mais se referir a ela desse jeito ou eu quebro essa sua cara de drogado aqui e agora. - Sou SUA NAMORADA? Diego me surpreende a cada dia, fico envaidecida com sua declaração, só temo que isso soe como provocação pois vejo ódio nos olhos de Diogo e me puno por estar feliz com a sua afirmação diante desta situação lastimável, nunca agir assim antes. Diego se vira e fala com Carol. - E para você é o segundo aviso, se intrometa novamente em minha vida e nem o fato de ser mulher irá te salvar da próxima vez, pense antes em seu pai! - O tom de sua voz é aterrorizante, ele voltou a se sentar, segura a minha mão, seu polegar alisa meus dedos em contornos circulares, me viro para ele e cochicho chamando-o para sair daquele lugar, me sinto péssima por trazer transtornos para ele e seus amigos.
- ISABELA VOCÊ É INGÊNUA, DÁ PARA VER NA SUA CARA, NÃO SEI COMO PÔDE CAIR NAS LÁBIAS DESSE HOMEM QUE NÃO RESPEITA O PRÓPRIO CORPO, QUE TODO FINAL DE SEMANA É UMA MULHER DIFERENTE EM SUA CAMA, ELE VAI TE USAR BELA, SERÁ QUE NÃO PERCEBE ISSO? TALVEZ VOCÊ NEM TENHA DADO PARA ELE AINDA POR ISSO ESTÁ AÍ TE EXIBINDO PRA CONSEGUIR TE COMER DEPOIS, CAIA FORA, AINDA ESTÁ EM TEMPO. - Diogo grita em desespero, havia copos, garrafas de long neck, petiscos sobre a mesa, assim que Diogo fechou a boca, vejo um Diego enfurecido ir para cima dele e projetar socos e mais socos em seu rosto, Rodrigo e Fernando tentam segurá-lo mas era impossível, um aglomerado de gente se forma a nossa volta, eu grito desesperada pedindo que pare mas Diego não me ouve, mais homens chegam e conseguem conter a fúria de Diego que só se acalmou ao olhar para mim, devo está horrível, olho para Diogo que está caído ao chão se contorcendo de dor aos gemidos, Diego me puxa pelo braço e saímos de carro em direção ao quiosque do parque que nos vimos pessoalmente pela primeira vez, acredito que ele queira conversar comigo e agradeço mentalmente por isso.