O Que o Espelho Diz - A Rainh...

By MeewyWu

79K 8.7K 3.1K

Capa Atual: Foto de Alice Alinari, instagram: alice_alinari A Rainha da Beleza: O que o Espelho Diz. Bethany... More

Epígrafe
Prólogo
I - Alianças Diferentes
II - Um fantasma no Palácio
III - O Conselho Real
IV - Informação Vazada
V - Palácio de Verão e Vidro
VI - Chuva de Cristais
VII - Vidro Embaçado
VIII - Protetora de Paris
IX - Cavaleiro de Prata
X - Teia de Veludo Vermelho
XI - Carvão e Metal
XII - Ilusões Refletidas
XIII - Prismas
XV - Sonhos de Marfim
XVI - Espadas de Madeira
XVII - Floresta de Esmeraldas
XVIII - Penas Prateadas
XIX - Corpos e Fantasmas
XX - Rios de Sangue
XXI - Palácio de Ferro
XXII - Cartas à Morte
XXIII - A espada vermelha
XXIV - Claro como Cristal
XXV - Coroa de Ossos
XXVI - Sapatos Brilhantes
XXVII - Segredo Americano
XXVIII - Posição Política
XXIX - Arte da Guerra
XXX - O Que o Espelho Diz
Epílogo
O Que o Espelho Diz - Por Meewy Wu
AESTHETICS

XIV - Retinta

2.1K 238 21
By MeewyWu

Era a primeira vez que eu saia da tenda onde Cléo me mantinha sobre vigia. A primeira vez que eu podia realmente ver o lugar onde eu estava. A tenda parecia menor do lado de fora, do que todos aqueles dias que passei em seu interior. Era marrom, com plantas e ramos crescendo em alguns pontos aleatórios ao longo da superfície. Haviam outras tendas, a maioria ainda menor, e feitas de matérias que lembravam palha ou bambu, restos de tijolos e até mesmo pedaços de metal.

-Vocês moram aqui? – perguntei para Kambami, em quem eu me segurava com uma mão enquanto tentava encontrar o equilíbrio da nova bengala com a outra.

Ele balançou a cabeça, negando. Não disse mais nada, enquanto o labirinto de pequenas cabanas seguia até um amontoado de arvores. Ele fez sinal com a cabeça, me soltando devagar e puxando alguns galhos para que eu pudesse passar. Os galhos se fecharam logo atrás de mim, como um portão.

Eu não tinha como voltar, então me restava seguir em frente, com as sandálias deslizando na terra, empoeirando meu pés, e a falta de habilidades com a bengala, segui o caminho que as arvores guiavam até uma clareira pequena. Um rio corria ali. Não, algo ainda menos do que um rio, pequeno como um tecido estendido ao longo do chão. Haviam flores e plantas em suas margens. Pedras grandes e planas estavam organizadas em meia lua, em direção a água, e no centro entre os dois, nos indícios de uma velha fogueira apagada e repleta de cinzas descansava um pássaro cinza. Ou talvez, ele já tivesse sido branco, antes de se aventurar pela fuligem.

Abba estava de costas para mim, observando o rio, a floresta atrás dele, ou apenas pensando. Minha chegada barulhenta foi o bastante para que ela se virasse, e naquele instante eu me senti diante a uma rainha. Não que ela lembrasse alguma rainha que eu tivesse conhecido – a única rainha que eu lembrava de conhecer, era a Rainha Lenna, e ela não podia ser mais diferente do que Abba no momento em que nos conhecemos.

A mulher em minha frente não estava em um trono em uma sala luxuosa, não usava uma coroa, ou tinha dezenas de pessoas requisitando a atenção dela todo momento. Mas ela tinha seu próprio cetro – uma lança, apoiada no chão muito mais graciosamente do que minha bengala. Ela tinha os olhos de uma rainha, olhos que perdoam e que condenam. Os cabelos eram brilhantes, cachos volumosos em torno do rosto caindo até a altura do quadril. O vestido, amarrado atrás do pescoço, não parecia nobre ou especial – tecido verde desbotado, com estampas desbotadas que haviam perdido sua forma a muito tempo. Partes costuradas uma as outras que terminavam em seus tornozelos. Os pés tinham sandálias iguais as minhas, com uma tira para prender logo acima dos dedos, e outra em volta do tornozelo.

Sem joias, sem maquiagens, sem saltos.

Mas ainda sim, uma espécie nova de rainha.

-Sinto muito não poder oferecer um lugar para se sentar – ela falou, apertando muito de leve os lábios. Imaginei que estivesse percebendo que deveria ter pensado naquilo, mas não falei nada – Ainda sim, este é o melhor lugar para conversarmos sem sermos incomodados.

-E o que é este lugar? – perguntei me apoiando mais cuidadosamente na bengala – Quem são vocês?

-Meu nome é Abba – ela falou, soltando a lança entre nós – Mas imagino que á saiba disso. O restante das pessoas que você conheceu é uma pequena parte da família de construí.

-Pequena? – ergui uma sobrancelha – Há outros de vocês?

-Somos um grupo grande, a maioria já está a caminho do destino que seguíamos antes de ouvir dos planos do dragão – ela falou muito cautelosa – Planos que nos levaram até você.

Balancei a cabeça. Aquilo tudo era vago demais, mas Abba não parecia estar tentando esconder algo. Talvez eu apenas estivesse fazendo as perguntas erradas – O Dragão, de quem vocês falam. Quem é ele?

Ela suspirou – Eu gostaria de saber, Bethany. Até você chegar aqui, não esperava que o dragão fosse uma pessoa especifica. Achei que fosse como um grupo com quem cruzamos na Rússia anos atrás, A Karakurt, apenas um nome para esconder diversas pessoas. – o nome a fez estremecer, mas ela apenas seguiu falando sem alterar o tom de voz – Mas isto é diferente, o Dragão é uma pessoa. Um homem, provavelmente, com uma filha e o desejo de casar-se com alguém que não é você. Um homem capaz de inspirar medo, lealdade ou qualquer outra coisa que faça negros se aliarem a ele de boa vontade.

-Então, não fazem a menor ideia de quem seja? – insisti quase desesperada. Percebi, que se eu voltasse sem saber, eu estaria propensa a ser atacada a qualquer momento. Por qualquer um. Ela negou com a cabeça.

-Não, apenas que este casamento seria o bastante para derrubar o príncipe – ela falou, distante – Já vi o tipo de destruição que foi feita em nome do Dragão. A quantidade de mortos, seja quem for é impiedoso e cruel o bastante para não se importar com a morte dos seus para matar os meus. Ele abandona os soldados mortos para trás. Abandona famílias inocentes em meio a batalhas sangrentas.

-Disse que os outros de vocês já se foram... – recomecei.

-Sim, mães, velhos, crianças. Os melhores em plantar, em colher e em construir. – ela contabilizou – Ficamos apenas com quem poderia ser útil.

-Mas por que ficaram? – perguntei, franzindo a testa – Kambami estava no meio deles. Dos homens que me sequestraram. Ele estava sofrendo perigo. Vocês estão todos em perigo comigo aqui. Eles devem estar atrás de mim. Os guardas do palácio devem estar atrás de mim e eles culpariam vocês por tudo isto... – parei, puxando o ar três vezes antes de ter fôlego para perguntar em um tom mais calmo – Por que?

-Você pode ser a futura rainha – ela falou, andando pela clareira – ou, pode ser apenas uma criada bem arrumada em mais uma extravagante noite de festas em um dos palácios. Mas com aquela menina negra no palácio, resgatada pelo príncipe... Talvez, em três ou quatro séculos, isso seja visto como um início da paz.

Pisquei. Sim, Fox salvará Nisha. E a fizera uma musa. Sempre pensamos nisso como algo que para os negros, soava como uma afronta – como se estivéssemos tomando alguém deles. Mas ali estava aquela mulher, aquela líder guerreira, que a própria Cléo dissera não acreditar em paz, falando sobre esperança.

-Quando ouvimos sobre este casamento, um plano tão próximo a nós, precisamos interferir – ela apertou as mãos – Vamos partir da Eurásia em breve. Para mais longe do que eles se arriscariam por nós. Mas milhares de negros ainda vivem nessas terras, em lugares escondidos como estes. Muitos escolheram o ódio e a destruição, mas outros ainda procuram como fugir, se escondem, se disfarçam, e vivem da melhor forma que podem aqui. Eu não posso salvar a todos, mas você viu a casa de Roxanna. Eles são escravos, venderam a si mesmos pelo mínimo de comida e algo que mal se pode chamar de teto. Se este dragão reinar...

-Será assim para todos – falei, olhando para baixo.

-Foi assim no passado. – ela deu os ombros – Nada impede de ser outra vez. Mas prefiro acreditar, que Fox Paris é o rosto da esperança ou o mensageiro da morte, a esperar que um novo rei tire o pouco que temos. A morte rápida é melhor do que uma escravidão longa.

Ficamos ali em silêncio por algum tempo. As nuvens taparam o sol, e o rio correu, e os pássaros cantaram nas árvores em nossa volta.

-Meu nome é Bethany – falei, depois de alguns momentos – Eu sou noiva do príncipe Fox.

-É um prazer conhecê-la Bethany – ela sorriu, intrigada – Você será uma boa rainha para minha gente? Para aqueles que eu deixar para trás?

-Na maior parte do tempo, não sinto que serei uma boa rainha para ninguém – confessei, sentindo meus ombros cair – Tem tanto a ser feito, e tanto emplasto sobre tudo que está errado em Paris. Em toda Eurásia. Em todo o... mundo.

Ela concordou. Respirei fundo, tentando não chorar.

-Preciso ir para casa – falei, olhando para minhas mãos – Pra descobrir se vou ser uma boa rainha.

-Tentaremos enviar uma carta ao palácio, marcar um ponto de encontro – ela falou, calmamente – Para que busquem você, sem nos colocar em perigo.

-Obrigada – estremeci, quando a brisa bateu no meu pescoço. Não percebi o quanto o esforço de ficar em pé tinha me feito suar.

-Provavelmente teremos que esperar mais alguns dias – ela não parecia gostar daquela ideia, esfregando o polegar dentro do pulso – Não seria bom viajar antes que você estivesse recuperada. Depois, podemos ir para um local mais próximo a Versalhes. Temos um local não muitas horas de lá. Vamos, eu vou leva-la de volta. Preciso falar com Cleópatra, há muito o que ser feito.

Assenti a seguindo. Em uma tenda, as vozes das gêmeas e de Gelo dando gargalhavas ressoava por quase todo o lugar, mas Abba nem prestará atenção ao barulho. Ainda estava esfregando a tinta nos pulsos.

-São nomes? – perguntei.

Ela ergueu os dois pulsos – Meus filhos. Eu os perdi para a Karakurt quando ainda nem sabiam falar.

-Abba! – um dos homens se aproximou rapidamente dela – Nós temos um problema.

Cléo não estava na cabana quando entrei. Em vez disto, Uzuri estava mexendo uma das misturas com uma cara bastante desanimada. Ela ergueu os olhos para mim. Estava atenta, rápida em notar a minha chegada – Ah, você.

Respirei fundo – Sim, eu.

Ela deu uma risadinha debochada, voltando à mistura. Sentei-me na maca improvisada, percebendo que não havia nada para eu fazer. Parecia errado simplesmente mexer nos livros de Cléo, por outro lado, eu duvidava que Uzuri tivesse algo a falar comigo. Então apenas segui em silêncio, olhando as sombras que os pássaros faziam do outro lado da porta.

Pela primeira vez, a curiosidade me atingiu como um muro de tijolos – me perguntei se o mundo de meu pai e minha avó seriam como Paris, cheio de luzes e cores, com curvas e arte, ou como este lugar, cercado por natureza. Um palácio de barro. A ideia me fazia sentir vontade de gargalhar.

Talvez fosse um meio termo – algo como Corippo. Com casas rústicas de tijolos, prédios antigos e alguns vislumbres da cidade grande aqui e ali.

Eu não era capaz de lembrar. Lembrava-me da música, dos gritos e do fogo, mas uma criança é incapaz de criar lembranças de algo tão corriqueiro como prédios, eu imaginei. Algo que se estende acima do mundo de fantasia que eu deveria ter nascido – a filha do imperador. O que esperariam de mim se eu nunca tivesse deixado àquela vida?

Que eu reinasse, casasse ou que abdicasse do meu lugar em nome do meu irmão? Eu era incapaz mesmo de lembrar o nome dele agora, pensando em todas as vezes que impedi a mim mesma de voltar para aqueles papeis procurando pequenas pistas daquele mundo. Não quando alguém podia a qualquer segundo cruzar a porta e descobrir os segredos que nem eu conseguia reconhecer.

O que esperariam que eu fizesse se voltasse? A princesa vitoriosa que após anos voltou para casa, cheia de segredos da coroa Euro-asiática. A herdeira do trono que vinha clamar seu lugar e entrar em guerra com o próprio irmão. Uma mentirosa, mandada pela eurásia para enganar a todos e destruir o que restava daquele mundo.

Tantas coisas que eles poderiam ver. Tantas que eu poderia ser.

Como Tina, teriam pessoas que se levantariam abertamente a meu favor, mesmo se essa não fosse minha vontade? Eu esperava que não. Esperava que meu irmão fosse um príncipe bom e amado. Esperava que este pai que eu nunca conheci, fosse mais do que um imperador – fosse um líder, conselheiro e irmão para aqueles que dependiam dele. E minha avó... Imaginava que ela fosse uma mulher forte e sábia, que perdeu a filha e nunca deixou de acreditar que eu pudesse ter sobrevivido. Imaginei se não a olhavam como uma louca, uma sonhadora, por não perder as esperanças.

Imaginei uma senhora idosa, com braços e pernas gordos, usando óculos e cabelos brancos fofos em volta da cabeça, sentada sozinha em um palácio esperando a resposta de Napho. Agarrada a esperança. Agarrada aquele discurso que ele me garantiu que ela estava assistindo.

-Você está bem? – me virei, vendo que Uzuri se aproximara e me olhava com uma expressão interrogativa. Quase desconfiada.

Eu estava lacrimejando. Havia algumas lágrimas no meu rosto, e me apressei em seca-las, assentindo – Só pensando.

-Na sua casa? - ela perguntou por fim, se encostando à parede. – Seu palácio?

Aquilo me fez rir. Sim, de certa forma era verdade. Confirmei outra vez. Ela duplicou o gesto.

-Deve ser bom – ela refletiu, andando pelo lugar e mexendo nos livros de Cléo – Morar em um palácio. Saber que sempre vai haver comida, e que as pessoas que você ama estão seguras.

Levantei o rosto – O que faz você pensar que estamos seguros?

-Não estão? – ela riu – Com aquele monte de guardas?

-Entre aquele monte de guardas também estão pessoas que amamos, e eles nunca estão seguros – contra ataquei, me irritando – O palácio é atacado muitas vezes, pessoas morrem nesse ataque.

-Criados morrem nesse ataque – ela grunhiu.

-Musas morrem nesse ataque – joguei todo o peso contra minhas pernas, ignorando a bengala, me forçando a ficar em pé – Meninas apaixonadas são estupradas e mortas nesses ataques! Futuros duques desaparecem nesses ataques! Eu fui sequestrada em um desses ataques! E se você...

E então, minhas pernas cederam e eu cai sentada de volta na maca, sem equilíbrio, rolando para trás com a coluna atravessada.

-Vem – ela murmurou, me ajudando a sentar. – Eu vou deixar você sozinha.

-Não sei por que não gosta de mim – falei, antes que ela pudesse sair – Talvez apenas por eu for branca. Eu não culpo você por isso, nós demos todos os motivos que podíamos para que vocês nos odiassem. Não, não nos odiassem... Ódio é bom demais para o que foi feito com você. Para que nos repudiassem. Mas todos nós perdemos mais do que ganhamos com essa guerra, todos perdemos pessoas.

Ela ficou parada na porta sem se virar para mim por um longo tempo, até admitir – Eu não odeio você. Nem odeio todas as pessoas brancas, até consigo conversar com Gelo dois ou três dias no mês – ela brincou, e nós duas rimos – Só estou irritada, por que essa parada para salvar você colocou todos em risco, certo?

-Abba disse que os homens do Dragão estão atrás de mim – falei – e provavelmente guardas do palácio também.

Ela balançou a cabeça – Não, não é isso que eu quis dizer. O resto do grupo já partiu, mas não vão embora sem nós. Quanto mais tempo eles ficam parados no mesmo lugar, mais arriscado. Abba queria que eu fosse com eles, que eu levasse todos e depois eles no seguiam. Mas se Kambami ficasse, eu ficaria. E se eu fosse ele iria. E eles precisam dele aqui.

-Gosta dele? – perguntei, me surpreendendo comigo mesma. Era tão natural, se envolver nos romances umas das outras quando estava com as musas, que eu não perceberá quão interessada eu me tornará.

Ela arregalou os olhos – Não! Quer dizer, eu já gostei, mas faz muitos anos. Depois do meu primeiro ciclo, o grupo em que eu vivia queria me sacrificar para os Deuses, para pedir que a guerra acabasse – ela deu os ombros – Abba ficou sabendo, e assim como foi com você, ela correu para me resgatar. Foi Kam que me encontrou. Ele havia acabado de perder o pai e se juntar a Abba, eu acabará de descobrir que toda minha aldeia me preparou para o dia que eu iria morrer. Nós ficamos próximos, como irmãos.

Assenti. Irmãos. Irmãos capazes de ficar e partir, um pelo outro. Irmãos como eu e o meu poderíamos ter sido. Um grito percorreu a cabana. Ela revirou os olhos – Melhor se acostumar, é o dia inteiro isto. Para a sua sorte, Cléo vai colocar você na minha cabana, não com as gêmeas. Do contrário, você teria que assistir ou participar.

Correi, percebendo o que ela queria dizer. Ela riu, saindo da tenda e me deixando ali sozinha outra vez com os pensamentos que eu tentava afastar.

Continue Reading

You'll Also Like

283K 21.9K 45
"𝖠𝗆𝗈𝗋, 𝗏𝗈𝖼ê 𝗇ã𝗈 é 𝖻𝗈𝗆 𝗉𝗋𝖺 𝗆𝗂𝗆, 𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗎 𝗊𝗎𝖾𝗋𝗈 𝗏𝗈𝖼ê." Stella Asthen sente uma raiva inexplicável por Heydan Williams, o m...
633 56 11
Eleanor, após descobrir a traição de seu ex-namorado, reúne um grupo inseparável de amigas para uma vingança épica. Juntas, elas mergulham em uma tra...
118K 13.5K 26
Camila é uma jovem que depois de terminar seu relacionamento, resolve curtir a vida sem se importar com nada e após uma louca noite de curtição, sua...
2.4K 696 38
O amor e a raiva se entrelaçam em uma história de dois jovens, Gabriel e Ayla, como uma cadeia que os leva a viver momentos intensos de paixão e dor...