Mais uma chance - Degustação

By adrianaramosbrasil

28.8K 1.6K 263

Isabela e André se amam desde a infância, mas uma decisão muda o rumo de suas vidas, afastando-os. "Precisam... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 30
Esclarecimentos

Capítulo 6

1.2K 183 15
By adrianaramosbrasil

Capítulo antecipado, presentinho de final de domingo.

Isabela

Abro a porta do quarto que sai direto para o jardim. É impressionante como é lindo e bem cuidado. Sempre gostei de jardins, acho que isso se dava por ter um lado completamente romântico. O sol brilhava deixando as cores mais vibrantes e refletindo na piscina que seguia pela lateral do quarto. Lolita não dormiu no quarto apesar da cama um pouco amassada. Desde que acordei muito cedo e tomei café não a vejo. Ela passou uma mensagem perguntando se eu estava bem e queria que ela viesse embora, mas eu disse que estava tudo bem. Ela também precisa se divertir, e não ficar de babá. Não percebi que não estava sozinha até que o André se aproxima de mim.

— Precisamos conversar — sua voz sai baixa sem me olhar direto no rosto.

— André, não precisamos mais fazer isso, eu já entendi, o que tínhamos ficou no passado. Não vou mais ficar no seu caminho e não estou fazendo isso para te pressionar, vamos ser amigos... — ele não me deixa concluir.

— O quê? Amigos? Você acha que isso daria certo? Não gostei nada de te ver com aquele garoto capa de revista, você não tem noção de como doeu, do quanto tive que me controlar para não quebrar a cara dele — ele passava as mãos no cabelo visivelmente nervoso.

— Talvez eu saiba muito mais do que você imagina. Eu tenho vivido isso desde que você terminou comigo, mas vou respeitar a sua decisão e ficar longe de você. Agora me dê licença que preciso me arrumar, tenho um encontro — falo já saindo sem deixar que ele termine seu discurso idiota de que eu tenho que esperar por ele. Tenho certeza de que faria ele se arrepender por toda a humilhação e desprezo que por sua causa eu passei.

— Encontro? Vai sair com ele? Bela, não vai, por favor... — ele se aproxima e segura o meu rosto entre as mãos olhando dentro dos meus olhos, o que vejo quase me faz fraquejar — eu sei que fui um idiota e agora vejo isso, eu...

— Tarde demais, Dedé. Agora quem não quer isso... — falei apontando o dedo de mim para ele — sou eu.

Espero que ele não perceba o quanto estou tremendo e sigo para dentro do quarto fechando a porta de vidro e puxando a cortina com força. É uma merda que eu esteja tão mexida.

— Isabela, abre essa porta — ele força a maçaneta enquanto bate no vidro. — Meu amor, não faz isso, vamos conversar... Isso não é verdade. Você quer a nós dois. Eu sei que quer.

Do nada ele está parado diante de mim. Me recuso a olhar para ele, não sei como conseguiu abrir a porta. André segura o meu queixo, forçando-me a encará-lo.

— Por que você continua lutando contra isso? Lutando contra nós dois? — tento me afastar, mas ele passou os braços em volta do meu corpo. Ele só pode ter enlouquecido agindo como se fosse eu a culpada por estarmos nessa situação.

— Eu não estou lutando contra nós dois. Realmente não há mais nós dois, há? Você deixou isso bem claro quando terminou comigo! — Ele aperta os olhos enquanto eles mudam de cor. — Não existe mais pelo que lutar André.

— Para com isso Bela, tem sim, existe o nosso amor! Havia antes e ainda há.

Balanço a cabeça quando lágrimas queimam meus olhos.

— Não André. Você me magoou! Você me quebrou em pedaços e não tenho certeza se um dia posso voltar a ser inteira com você ou com qualquer outro homem.

O rosto dele se fecha em agonia.

— Eu disse que sentia muito. Que estou arrependido. — Seus olhos vidram nos meus e posso ver um vislumbre de arrependimento e dor — Eu imploro Bela, suplico para você me perdoar. Eu posso mostrar para você de todas as formas o quanto eu estou arrependido. Posso ver que você está com medo de eu voltar atrás e fazer besteira outra vez, mas eu prometo que não vou...

Sinto minhas bochechas esquentarem com a raiva que crescia dentro de mim.

— E como eu sei que não vai fazer? Como eu sei que quando voltarmos para São Paulo você não vai se arrepender e querer sua vida de solteiro de volta? — pergunto. — Eu juro por Deus e por tudo o que é mais sagrado André, que eu não vou nunca mais ser a mesma!

— Tudo bem, eu sei que mereço, eu prometo que...

— Você não pode prometer isso. Você não pode ter certeza do que vai fazer amanhã ou até a sua vontade de liberdade te mostrar que não é estar preso a um relacionamento com uma garota sem graça que conhece a vida toda que você quer, você vai querer mais André, eu sei que quer...

— Eu tenho certeza! Eu sei do fundo do meu coração que eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você. Tudo o que eu quero é você.

Mas que droga, por que eu tenho que sentir como se a errada fosse eu? Sacudo a cabeça e me afasto dele entrando no banheiro e me trancando ouvindo-o bater na porta.

— Me deixa em paz! — grito com as mãos tapando meus ouvidos.

Em seguida abro o chuveiro para não ouvir sua voz. Ele desistiu e o som de sua voz cessou. Entretanto minhas lágrimas não desistem de cair descontroladas.

Saio do banheiro e constato que André não está mais no quarto. Começo a me arrumar decidida que mesmo se eu não conseguisse, eu pelo menos tentaria buscar outro caminho que não me levasse direto para ele.

Coloco um biquíni branco e um vestido floral, arrumo uma bolsa com roupas e toalhas, produtos que poderia precisar para higiene e fico esperando o Matheus na sacada do quarto que dava uma boa visão de quando ele chegasse.

Não demora muito e vejo a lancha se aproximando, pego minha bolsa e saio rapidamente para receber o Matheus. Eu estava ansiosa por um dia longe de todo mundo, principalmente do André que me tirava o juízo. Antes que o Matheus saísse do barco eu já estava entrando nele, joguei a bolsa no sofá e dei um abraço e um beijo em seu rosto.

— Gostei da recepção — seus olhos claros emoldurados por cílios escuros, sua boca perfeita exibia um sorriso que deixaria qualquer garota de quatro, eu estava encantada com seu sorriso.

— Vamos logo sair daqui antes que apareça alguém para atrapalhar o nosso dia — falo olhando nos seus olhos.

— Você quem manda.

Matheus manobra a lancha e saímos para o mar, eu estava disposta a fazer o dia ser perfeito, iria afastar os pensamentos deprimentes que me seguiam por esses dias. O Matheus é uma ótima companhia e eu faria valer a pena estar ao seu lado. Já estávamos bem distantes da casa, de longe víamos várias ilhas, a beleza daquele lugar era impressionante, o azul da água se misturava com o azul do céu deixando o lugar mais lindo ainda.

— Lindo!

— Obrigado, você também é linda — fala com tom de brincadeira. Eu rolo os olhos e balanço a cabeça de um lado para o outro.

— Nossa, que convencido! Estou falando da paisagem, do lugar, da cor do mar, e não de você.

— E eu fiquei triste por não ter se rendido ao meu encanto e nem aos meus lindos olhos azuis. — Seu tom é de falsa tristeza me deixando perceber que ele não falava sério.

— Então, você me chamou para almoçar, o que vai fazer a respeito senhor encantador? — Ele aponta para a entrada da lancha.

— Por favor, senhorita — vou na direção indicada. Quando passo por ele, faz uma reverência engraçada. Dentro do barco tem uma pequena cozinha, uma sala e um corredor que deveria ser os quartos, sigo para a cozinha estilo americana. Na mesa tem alguns petiscos, salada, um vinho no gelo e no centro da mesa um réchaud, o cheiro estava ótimo.

— Você cozinhou? O cheiro está ótimo! — falo me sentando na cadeira que ele acabara de puxar para mim, Matheus senta-se na cadeira de frente já pegando o prato para servir um pouco de salada.

— Sinto decepcionar, mas não, passei em um restaurante mais cedo, espero que esteja do seu agrado. Risoto de frutos do mar, gosta? — Ele destampa a panela indicando com as mãos — posso servir a salada?

— Obrigada.

Nossa conversa de início se deu sobre culinária, contei o quanto gosto de cozinhar, e prometi que da próxima vez eu faria o jantar deixando claro que desejava um próximo encontro. Matheus é uma companhia agradável, muito agradável na verdade. Acabamos o almoço, arrumamos a cozinha, colocamos a louça na máquina e voltamos para a parte superior do barco que pertence a um amigo dele, não seria de bom tom deixar bagunça.

As horas já haviam se passado e o sol já estava quase se pondo no horizonte quando voltamos para a casa, coisa que eu quase falei para não fazermos, entretanto com certeza a Lolita deveria estar preocupada apesar do bilhete que deixei para ela avisando com quem estaria. A verdade é que eu não queria encontrar o André.

Chegamos em casa e tem um luau acontecendo ao redor de uma fogueira. Muita gente que não conheço. Um rapaz toca violão, deveria ter umas quinze pessoas sentadas em volta do fogo enquanto outras conversam em pequenos grupos por perto.

— Luau ao redor da fogueira, gosto disso — Matheus diz animado.

— Pois é, só não fui convidada para a festa.

Nos aproximamos da turma enquanto todo mundo canta uma música conhecida do Cidade Negra. A Lolita veio em nossa direção.

— Você está se divertindo mesmo, não é? — Matheus pergunta para ela.

— Oi, você sumiu o dia todo, agora vejo que está em boa companhia. Vem, o pessoal estava te esperando para tocar uma música pra gente – Lolita já está meio bêbada, sua voz denuncia seu estado. — Eu sempre me divirto Mat.

— Eu sei que sim — ele diz enigmático.

— Já para o violão.

— Não, de jeito nenhum! — Ela me empurra para frente em direção à fogueira.

Meus olhos encontram e se prenderam ao André. Ele está lindo como sempre, precisava um homem ser tão irresistível? Os olhos dele saíram dos meus e foram lentamente para minha mão entrelaçada com a do Matheus, e os meus olhos foram para o seu lado onde uma garota está grudada nele, acho que agora seria assim, isso era sem dúvida o fim. Eu sou mesmo uma burra. Com um deus grego segurando minha mão e eu admirando a beleza de um simples mortal. Um dos mais idiotas por sinal.

— Lolita, eu não vou cantar — eu tentava segurar a louca.

— Claro que vai, e vai cantar minha música primeiro.

— Você toca? Eu adoraria te ouvir tocar — Matheus diz com um sorriso sedutor.

— Viu? Ele adoraria te ouvir, agora vai, o violão agora é todo seu — ela vai até o rapaz que esta no comando da música e toma o violão sem nenhuma delicadeza interrompendo-o e me entregando em seguida. Peço desculpas para ele, enquanto a louca da minha amiga bate palmas e grita animada.

— Agora o show vai começar. Com vocês, a garota mais gostosa, mais linda, mais legal e sortuda por estar ao lado de um deus grego — ela pisca para mim — desculpa amiga, mas é a verdade, ô mulher de sorte!!! Estou com inveja sabia? — todo mundo ri da gracinha dela menos o Matheus que parece ter ficado sem graça.

Começo a tocar sua canção favorita do Maroon 5, She will be loved. Nunca pensei que essa canção cairia tão bem para mim um dia. Esse foi só o primeiro passo para pedidos de músicas favoritas, depois que finalizei todo mundo queria a sua, bom que conheciam as letras e eu tinha ajuda na canção. Estava tudo muito divertido até que alguém pediu a música que eu não gostaria de cantar tão cedo. Ou nunca mais.

— Bem, agora é minha vez, Toca pra mim: De janeiro a janeiro.

Não conheço a pessoa enviada do capeta que fez o pedido, mas essa era uma canção que eu não gostaria de tocar neste momento.

O motivo? Tinha dedicado para o André há um tempo, cantei essa música com todo meu coração. Como um magnetismo meus olhos encontraram os dele e eu paralisei. Ele me olha intensamente. Sempre dizia que era a que ele mais gostava de me ouvir cantar porque seria assim, de janeiro a janeiro até o mundo acabar ele ainda estaria me amando, mas nesse momento, onde todo mundo estava olhando para mim esperando os primeiros acordes começarem, alguém iniciou a música. Isso me fez sair do estado de letargia que eu estava, olhei para quem estava tocando, eu não havia percebido que o Matheus pegou um outro violão, era ele quem tocava.

Eu passei a acompanhar e cantamos juntos, foi bem mais fácil do que eu imaginei, talvez o meu mundo realmente havia acabado, talvez eu devesse guardar esse amor dentro do meu peito, sufocar toda dor, colocar um sorriso que seria para uns o fim e para outros apenas o começo. Terminamos de tocar e eu coloquei o violão no canto e fui buscar alguma coisa para beber, Matheus continuou tocando, e ele é muito bom.

André se aproxima, inclina a cabeça até bem próximo ao meu ouvido com voz macia cantando:

— Te amarei de janeiro a janeiro até o mundo acabar — como posso me esquecer? Me afastei um pouco e disse firme:

— A música acabou e que pena que o nosso amor também.

— Você e eu sabemos que nunca...

— Eu não entendo como é que uma pessoa que ontem nem queria que eu estivesse aqui, agora está se lembrando de coisas que ele mesmo fez questão de tornar insignificantes, pode pensar que vai me tocar de alguma forma.

Saí o deixando sozinho e voltei a sentar ao lado do Matheus.

— Isa, toca aquela. — Lolita era mesmo uma figura, comecei a tocar Decode da "Saga Crepúsculo" sabendo já qual era aquela à qual ela se referia.

— Você toca bem — elogiei.

— Digo o mesmo de você, mas acrescentando o fato de que tem uma voz linda.

Passamos o violão para outras pessoas. Os olhos do André estavam presos oscilando entre Matheus e eu, enquanto uma garota que saiu sabe se lá de onde, falava alguma coisa que ela própria achou engraçado porque ele não a acompanhava na coisa engraçada que dizia, as mãos dela passaram por seu tórax. Ele olhou de mim para ela, com um sorriso cínico nos lábios que eu tanto adorava, segurou a mão da garota levando até seu pescoço, ele estava me provocando e esse era um jogo que eu queria jogar. E como queria.

— Não sabemos muita coisa um do outro, mas... — Matheus diz e fez uma pausa enquanto me abraça, olhando nos meus olhos, sua voz que já tinha um timbre um pouco grave perfeita, ficou ainda mais rouca — podemos resolver isso — me puxa para mais perto — eu quero muito saber tudo de você.

— Podemos resolver isso — beijo suavemente seus lábios macios.

— Por enquanto me diz uma coisa — giro meu corpo ficando de frente para ele, suas mãos em minha cintura —, o que há entre você e o André?



Continue Reading

You'll Also Like

367K 32.4K 147
Complexo Do Alemão, Rio De Janeiro 📍
34.6K 4.8K 28
Sinopse A vida nunca foi generosa comigo, minha mãe morreu no parto levando meu irmão com ela e me deixando aqui para ser castigada por meu pai e sub...
46.2K 2.8K 41
Ele decide ajudar ela a investigar a morte de seu pai, porém ele quer algo em troca. -Nada é de graça meu bem. -O que quer?-Pergunto -Você. Ela só nã...
22.8K 946 22
𝐔𝐦 𝐫𝐨𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐥𝐞𝐬𝐛𝐢𝐜𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐭𝐞𝐦 𝐝𝐫𝐨𝐠𝐚𝐬 , 𝐩𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫õ𝐞𝐬 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬 𝐄𝐬𝐩𝐞𝐫𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜ê𝐬...