Capítulo 3

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Capítulo 3

Acordo já bem tarde, não tem barulho algum dentro do quarto, as cortinas estão fechadas deixando o quarto totalmente escuro. Me levanto e olho no celular, são dez horas, balanço a cabeça quando começo a lembrar de ontem à noite empurrando todo e qualquer sentimento para um lugar profundo dentro de mim. Jogo tudo para longe e sigo para o banho. Saio do banheiro com uma toalha enrolada no cabelo, e outra secando o corpo, a Lolita entra no quarto.

— Oi dorminhoca, o café da manhã já foi servido, só falta você.

— Não estou com fome — digo sem olhar para ela.

— Olha Isa, acho que devemos ir embora, ficar aqui não está te fazendo bem.

— Eu vou ficar bem, prometo. Loli, não quero ir embora, quero mostrar para aquele idiota que sei viver sem ele. — Recebi seu abraço amigável. — Só não me peça para disfarçar quando estivermos só nós duas, eu não quero ter que fingir estar bem pra você quando no fundo não estou.

— Claro que não, mas qualquer hora se algo tiver te incomodando vamos embora, ok? — balanço a cabeça afirmando. — Promete?

— Eu prometo.

Coloquei um biquíni, um vestido leve por cima e desci para o café. Fiz um esforço imenso para comer tudo que costumava comer. Os olhos de Lolita estavam sobre mim, me analisando. Terminei de comer e fomos para a praia, deitei-me em uma cadeira olhando perdida para o mar. Lolita foi falar com umas pessoas que estavam ali por perto. Não a culpo por se enturmar com todo mundo, estou uma péssima companhia.

— Oi. — Não precisei olhar para saber que era o André, sua voz que antes causava borboletas dentro de mim, agora me causou náuseas. — Você está bem?

Suspirei profundamente com aquela pergunta, ele está com pena de mim, preocupado com meus sentimentos, é sério isso?

— Estou ótima, estava melhor antes de você sentar do meu lado e vir com essa voz de quem se importa com meu estado emocional. — Minha voz saiu assustadoramente calma, eu estava ficando boa nisso.

— É claro que eu me preocupo com você. Terminamos, mas não significa que eu não me importe. — Fica calado por um tempo. — Eu te amo, eu sinto a sua falta Bela... — Me levantei de uma vez ao ouvir o absurdo que ele disse.

— Já chega disso. Eu não preciso da sua falsa piedade e de suas declarações mais falsas ainda. — Olho bem dentro dos olhos dele e falo firme. — Sabe André eu cansei. Cansei de nadar contra a maré, de tentar fazer você enxergar que o melhor é estarmos juntos, te fazer entender que te amo mais que tudo. Como pode dizer que me ama? Amar não é isso. — Respirei fundo antes de continuar. — Amor não tem nada com o que você tem demonstrado.

— Bela, vamos conversar melhor, você tem razão...

— Eu desisto. Desisto de conversar com você. Eu desisto de você. — Levantei e fui correndo para o mar, ele me alcançou segurando o meu braço.

— Não diz isso, Bela. Vamos conversar e resolver isso, eu quero que me perdoe, eu pensei melhor. A gente pode voltar e esque...

— Não André, você não entendeu, para mim chega. Não quero mais saber dessa relação doentia, isso não é pra mim. — Puxo meu braço com força. — Você quis sua liberdade, agora a tem. — Sigo andando para o mar, mergulho deixando as águas levarem toda vontade de voltar atrás, me jogar em seus braços e beijar sua boca. Ele disse que quer meu perdão? Não seria assim tão fácil, não depois do que eu vi ontem. Na verdade, ele nunca o teria.

Fico um tempo na água até me sentir melhor depois de nadar um pouco.

— Vamos subir, estou morrendo de fome. — Lolita me chamou. Eu entrei na ducha para tirar o sal do corpo. — Eu vi você e o André conversando, confesso que achei que vocês fossem se beijar. O que ele queria?

Mais uma chance - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora