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Thiago
Acordei cedo no domingo, estava ansioso e depois de conversar com meus pais o nosso dia foi todo planejado.
Espero que o pequeno JP goste de conhecer um Estádio.
Meu pai e eu saímos com meu carro, e minha mãe com o dela.
A seguimos até a casa de Eduarda.
Eduarda é linda, e conseguiu ficar mais linda ainda. Mas ela é fechada, não me dá chance para uma aproximação, parece estar sempre na defensiva.
Chamei meu primo Gustavo para assistir o jogo conosco, e depois nos encontraremos com as garotas no shopping, ele ficou encantado com a Socorro só de ver uma foto dela, acredito que se Socorro der uma chance a ele, ajudará Eduarda a confiar em mim.
Paulinho é uma figura, estava agitado e já foi entrando no carro, nos despedimos e fomos para o estádio.
Meu pai foi sentado atrás com ele, que estava feliz, agitado e ao mesmo tempo tímido, só conversava se puchassemos assunto, estava mais entretido em olhar pela janela e conversar sozinho.
- Ei pequeno o que você gosta de comer? Meu pai perguntou enquanto ele cantoralava alguma música bem baixinho.
- Eu não é pequeno, eu é o homem da casa, sou grandão e já tenho quase 6 anos.
Respondeu irritado, e fez um enorme bico.
Eu olhava pelo retrovisor para o banco de trás, comecei a rir.
- Oh.. me desculpe meu jovem. Então o que você gosta de comer jovem?
- Eu gosto de tudo, minha mamãe faz doce, salgado, carne só não gosto do bichinho que me deixa doente.
- Que bichinho? Perguntei interessado.
- Um camaleão do mar, mamãe disse que é barata do mar então por isto me fez mal.
Fiquei pensando, então entendi.
- Ahhh Camarão, é Isto?
- Sim, a vizinha Suzana fez e deu para almoço já que mamãe trabalhando no dia.
Mas eu fiquei doente, Clarinha e Lucinha também, foi difícil respirar mas andamos no carro do Bombeiro e foi legal. Mas mamãe ficou triste e preocupada chorou bastante, então não gosto do camaleão.
- Camarão, o corrigi. E amendoim também te deixa doente?
- Deixa, mas eu não lembro quando foi, mamãe disse que ninguém da família pode comer amendoim é ruim e faz morrer.
Isto é importante saber, geralmente quem não pode com amendoim não pode com nenhum tipo de castanhas também.
- Mas chocolate você pode comer?
- Posso, mas só os que a mamãe escolhe.
Estão estou certo, chocolates tem castanhas, avelã, e etc..
- Você não come Nutella? Meu pai perguntou.
- Tella? não mamãe faz em casa é mais bom.
- Não se diz mais bom, e sim.. É melhor.. meu pai o corrigi.
- Não é? É melhor mesmo, o senhor já comeu?
Ele olhou interessado para meu pai, comecei a rir. Criança é um barato.
- Tio coloca ESTANDE BI YOU no rádio?
- Colocar o que?
- Ah música da mamãe, ela canta bonito esta música, coloca tio.
Fiquei quebrando a cabeça que música é esta?
- Quem canta? Você sabe?
- Uma Raquel da Platéia ela é lora tio. Não conhece ela?
Parei no farol e peguei o celular, coloquei na busca do jeito que imagino o nome, acredito que ele tentou falar em inglês.
- Achei.. é Stand by you de Rachel platten?
- Isto tio Raquel platéia é a música da mamãe, ela disse que é da nossa família.
Impossível não rir da praticidade de uma criança. Coloquei para reproduzir no celular, enquanto ele tentava cantar junto.
Esta era a música que ele estava cantarolando.
Prestei atenção na letra dela, e entendo o porquê ela gosta tanto da música.
Chegamos ao Estádio e encontrei meu primo nos esperando próximo a catraca.
Estava bem cheio, peguei o Paulinho no colo, e me surpreendi com ele me abraçando forte, e colocando a cabeça no meu ombro.
- JP este é meu primo Gustavo.
- Oi Gustavo, seu nome é engraçado, é diferente mas igual o do meu amigo Augusto.
Começamos a rir, vai se entender a lógica de uma criança.
- Paulinho vamos ao banheiro antes do jogo tudo bem? Você também tá bom? Meu pai pergunta.
- Tudo, eu quero muito fazer o número 1.
Saí rápido com ele até o banheiro, provavelmente faria na roupa mas não contaria que estava apertado, ainda bem que meu pai se lembrou do banheiro.
E bom chegando lá, não era só o número 1 que ele queria fazer.
- Tio tampa o nariz, Lucinha diz que meu número 2 cheira igual difunto.
A risada foi coletiva, o banheiro estava cheio o que causou um coro de risadas.
Eduarda é precavida, tem papel higiênico na pequena mochila e até lenço umedecido.
A porta estava entreaberta porque o trinco é alto, ele não conseguiria fechar mesmo.
- E você já sabe se limpar sozinho? Perguntei já pronto para o ajudar.
- Sei sim, mamãe diz que já sou grande e é minha responsadade ficar bem limpinho, eu faço um bom trabalho tio, fico cheiroso.
Voltamos a rir, passei o pacotinho de lenço para ele se limpar.
- Pronto tio mas agora preciso do papel higiênico, não posso ficar com meu pôpô molado.
Peguei o pacote de lenço umedecido de volta e dei um bom pedaço de papel higiênico.
- Eita tio é muito papel, não pode desperdício, papel é caro e custa muito pras avores.
Saí falando da pequena cabine, e me devolve uma parte do papel.
- Guada este dá para usar depois, tá limpo não passei na minha bunda.
Ri tanto que minha barriga estava doendo.
Levamos as mãos e saímos do banheiro, com vários caras dando risada e dando tchau para ele.
- Vamos para nossos lugares, você quer algum lanche?
- Não, não tio, quero ver o jogo logo. Manda começar para eu voltar logo para mamãe?
- Já já começa pequeno, fica tranquilo. Gustavo fala tentando o acalmar.
- Eu não sou pequeno, sou João Paulo, mas mamãe chama JP ou Paulinho, minha outra mamãe só chamava de amorzinho, mas mamãe disse que ela está dormindo e não volta mais.
Ele ficou triste, Gustavo me olhava sem entender.
- Você gosta que te chame de amorzinho? Perguntei para mudar de assunto.
- Eu gosto mas mamãe disse que chamar assim só com carinho da família, então você não pode, ou pode Tio? Você também é da minha família?
- Ele quer ser tipo o seu papai legal, o que você acha? Meu pai responde já com uma pergunta, o olhando interessado.
- Um papai legal? Sem bater e puxar meu cabelo? Eu quero tio.
O abracei, como assim bater nele e puxar cabelo? Ele só tinha 4 anos quando Eduarda o trouxe, que absurdo. Agora entendo porque Eduarda chama o Pai de monstro.
Comprei duas camisetas do São Paulo do lado de fora próximo a fila para entrar, uma para ele outra para Lucinha e quando sentamos ele foi logo tirando a camiseta dele e esticando os braços para pôr a nova.
O jogo foi legal, no começo ele se assustava quando alguém gritava bravo com algum jogador, mas passado uns 30 minutos, ele passou a reproduzir o que ouvia.
Fiquei preocupado, nunca ouvi Eduarda xingando, e o pequeno já aprendeu um repertório enorme de ofensas.
- Tio acabou?
- Não, ainda tem o segundo tempo. Está com fome?
- Não, estou com sede.
Peguei a garrafinha com água e ele bebeu bastante, depois Gustavo saiu e voltou com cachorro quente e refrigerante.
- Tio isto vai me fazer ficar gordo? Ele pergunta para Gustavo.
- Não entendi, você não quer engordar? Ele pergunta confuso.
- Quero, o médico disse que tinha ter ter 114 de altura mas tenho 108 e pesar 21 mas peso 16 eu quero ficar gordo para o médico parar de dar bronca na Mamãe.
Bom eu pensei que ele é muito pequeno, mas achei que era normal para idade dele.
- Ótimo então vamos te engordar hoje.. Gustavo respondeu fazendo o garoto rir.
Começou o segundo tempo, e com ele o que o pequeno não aprendeu a xingar no primeiro tempo, aprendeu no segundo.
São Paulo ganhou, foi uma gritaria e depois começou a pancadaria padrão entre dois times em um clássico como Palmeiras X São Paulo.
Peguei o pequeno no colo e corremos para o carro, enquanto ele xingava os Palmerenses que via pelo caminho.
- Pronto, quer ir ao banheiro? Paramos em um shopping para você ir.
- Não tio, quero ver a mamãe.
- Tudo bem, já vamos.
Fui por no banco de trás mas ele não me soltava, acabei sentando com ele no colo atrás e meu pai dirigindo.
Gustavo foi com o carro dele, nos seguiria até o Shopping D.
- Você ficou quietinho, está tudo bem? Pergunto fazendo carinho nos cabelos dele.
- Eu quero você como Papai legal. Eu pode?
Ok, Eduarda vai me matar, peguei um anjinho e estou devolvendo um garotinho boca suja e que me quer como pai.
- Sim você pode, vou ser o que você quiser, tio, Papai legal, melhor amigo. Sou o que você quiser e precisar.
- Eu tenho um segredo.. ele diz baixinho.
- Ah é? E o que é? Você quer contar?
- Eu tenho duas namoradas, eu gosto da Larissa mas a Manu disse que sou dela também.
- Ahhhh.. mas vou te falar uma coisa séria, só bons homens sabem, você não pode namorar duas, vai deixar elas tristes e bons homens não machucam ou deixam uma garota triste certo? Por isto você tem de falar que só vai namorar uma e só quem você realmente gosta. Afinal você é um homem honrado. Certo?
Ele abriu bem os olhos, e fez um Oh sem som, como se levasse um susto e estivesse pensando.
- Certo eu sou um bom homem, não vou machucar meninas.
- Isto mesmo bom garoto. Fiz um cafuné nele.
- E sobre xingar, você não pode repetir nada dos xingos que ouviu no jogo ok? Bons homens só xingam lá dentro do estádio e nunca xinga em casa, principalmente a mamãe e as irmãs. Entendeu?
Meu pai fala com ele, que ouve tudo bem atento.
- Entendi.. eu sou o homem da casa e um bom homem.
O trânsito estava lento, e logo senti o pequeno mole no meu colo. Sorri com o que vi.
- Pai, o nosso pequeno homem está apagado e com o dedo na boca, ele é muito fofo.
Nós rimos, peguei meu celular e tirei várias fotos dele. Não fazia ideia de que ele chupava dedo.
Assim que estacionamos o carro e o tirei do carro, ele acordou.
Mas estava sonolento e cansado, ficou todo manhoso no colo, com o polegar na boca.
- Vamos no banheiro e depois achar a mamãe?
- VAMOS, VAMOSSS
Ok palavras mágicas, achar a mamãe.
Fomos ao banheiro.
- Eu preciso de lenço para me limpar.
-Passei por baixo da porta, com Gustavo falando para o irritar.
- Mas está fazendo o número 2 de novo?
- Tudo que entrou tem de sair tio Gustavo, mas Lucinha disse que entra bom e sai fedido.
Começamos a rir.
Encontramos às garotas na praça de alimentação, o pequeno correu para Eduarda e abraçou, ele realmente estava com saudades.
Apresentei meu primo que foi logo puxando conversa com a louca da Socorro, ela por outro lado estava diferente, parecia tímida até mesmo insegura, a todo momento olhando para Eduarda.
Paulinho também comeu um lanche junto com as irmãs, depois fomos andando devagar até o Térreo, estávamos levando as crianças para a parte do parque infantil, tinha piscina de bolinhas, as crianças enjoaram rápido então fomos para a parte de eletrônicos, tinha fliperamas entre outros jogos.
Eu queria comprar as fichas mas Eduarda e Socorro tomaram a frente, literalmente me inibindo de pagar, compraram as fichas e se dividiram para cuidar das crianças.
Meus pais se despediram e foram embora, Eduarda queria ir no mesmo horário, mas as crianças pediram para ficar mais um pouco, ela acabou concordando.
- Eduarda? É impressão minha ou você está fugindo de mim?
- Não, não estou fugindo só não quero que tenha a impressão errada sobre mim, ou que espere mais do que realmente está acontecendo.
- Hum.. e o você espera que aconteça entre nós?
- Eu não estou esperando nada Dr Thiago, esta é a questão. Eu não quero que pense que estou me aproveitando de vocês, principalmente de você.
- Eu acho que precisamos conversar com calma, você precisa baixar seu escudo, e me conhecer melhor, eu realmente quero cuidar de vocês.. eu..
- Desculpa Dr Thiago, mas cuidar da minha família é minha responsabilidade, eu vou conseguir, não precisa se preocupar, ou ter pena de nós, sou capaz de criar meus irmãos sozinha.
Não sei porque vocês homens esperam que no desespero, eu largue todos meus sonhos para ser a pseudo esposa feliz, cuidando da casa e das crianças. Eu tenho sonhos e mesmo que seja difícil eu vou conseguir conquistar.
Ela estava chorando, parece estar esgotada e assustada.
- Ei.. Duda não quero te privar de nada, principalmente dos seus sonhos, eu quero te ajudar a conquistá-los sou só mais um instrumento, uma mão ou o que você precisar, não vou te prender em casa ou a mim. Não me julgue como alguém ou algum lixo machista que você encontrou no passado. Eu te admiro, admiro sua dedicação, determinação e sua luta.
Jamais vou te diminuir ou julgar se precisar de apoio, mas eu quero muito te proteger, cuidar de você. É o que mais quero, te proteger, ser sua força também.
Não precisa começar a namorar comigo, só me dê uma chance para me aproximar.