Quando Um Conde Se Apaixona

By amorpelaescrita7

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#1 em Ficção Histórica - 17/05/2018 A casa de York está a beira da falência. Com o passar do tempo se tornou... More

Prólogo
Epígrafe
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXIV
XXIX
XXX
XXXII
XXXIII
XXXIV
XXXV
XXXVI
XXXVII
Epílogo
Agradecimentos

XXXI

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By amorpelaescrita7

Toscana, Taverna Felicità nella bevanda

Bonito, bem vestido e cheiroso como ela se lembrava. Ele estava até mais charmoso do que ela poderia imaginar em seus sonhos que teve com ele depois de conhecê-lo.

- Eu ainda uso os sapatos que sua mãe sujou de café. - O marquês de Vicenza admitiu, encostando os braços sobre a bancada, se aproximando de Helena. - Aliás, eles precisavam mesmo de uma lavagem, e saiba que foi impossível de usá-los enquanto não estivessem devidamente limpos.

- Não entendo por que está me relatando tais murmurações, se é alguma forma de flerte ou uma repreensão por ter uma mãe desastrada. Mas, de todo modo, receba minhas sinceras desculpas. - Helena disse, olhando para baixo. Ela estava extremamente envergonhada. Lia tanto sobre homens sedutores e de atitude, que chegavam em um ambiente e o iluminavam com sua presença. Estar diante de um tipo desses era assustador.

- Você é sempre assim? - Matteo questionou, tentando abaixar a cabeça também para encontrar os olhos dela.

- Do que está falando? - Helena pergunta levantando seu olhar, e ao encontrar os olhos de Matteo ela perde a respiração por um momento, e sente um rubor subir as faces instantaneamente. Ele estava próximo o suficiente para que ela conseguisse sentir um hálito forte de limoncello, assim que voltou a respirar de maneira efetiva. 

- O meu jeito assertivo a incomoda? Eu odiaria ser um importuno para uma dama. - Matteo diz, sincero. Apesar de muito conquistador, ele sabia que certos limites deveriam ser respeitados na hora da conquista. Por um momento ele se afasta. 

- Você está fazendo perguntas demais, talvez fosse melhor somente me deixar aqui sozinha, observando o ambiente. Estou com minha irmã, e estou escondida de minha mãe. Quero provar a todos de minha intrepidez, e do que sou capaz quando desejo algo.

As palavras de Helena eram tão inocentes e ingenuas que Matteo pensou ser um loucura que uma garota tão pura como ela estivesse em um lugar tão controverso como uma taverna. 

Seu instinto  protetor o avisava que ele devia tirá-la de lá o mais rápido possível, antes que algum almofadinha tentasse se aproximar de maneira nada respeitosa. 

No entanto, ele mal a conhecia, por que sentimentos tão fortes o incomodavam para protege-la? O que os olhos dela diziam sobre sua atual situação na taverna?

Ainda sim, tirando-a de lá, se assemelharia com qualquer cavalheiro que retirasse uma dama da taverna por que ela não deveria estar lá. Seria grosseiro da parte dele impedi-la de se divertir só por que aquele lugar não era adequado, de acordo com os padrões da época.

Quem definiria o adequado, afinal? Por que, ao invés de dizer as mulheres: "seu lugar não é aqui, pode ser perigoso", os homens não são ensinados a respeitar as mulheres, sob qualquer circunstancia e em qualquer lugar? 

Matteo refletia, olhando para ela, enquanto Helena se afogava nos olhos azuis do marques, e admirava como seu cabelo escuro e sua franja caiam sob seu rosto de maneira incrivelmente atraente. 

Seu perfume, era semelhante a vinho ou algum tipo de bebida com álcool, mas era um cheiro forte e de presença, como se Matteo vivesse sempre em campos de produção de uvas e vinhedos. 

Helena estava curiosa para descobrir um pouco mais sobre o marques, mas jamais teria coragem de admitir. Sua coragem para aquela noite já tinha ultrapassado os limites. Na realidade, desde que chegou a Itália, ela mudou de atitude e passou a ser mais receptiva, simpática e arrojada, pensou comigo mesma. 

Na Inglaterra, ela jamais se imaginaria com tanta bravura e ousadia, na realidade, ela jamais se imaginaria em qualquer situação parecida com as quais vinha passando na Itália. Tudo o que sua família italiana vivia naquelas plantações, parecia como um sonho tranquilo. Helena não era uma moça propriamente da cidade. 

Não tinha a vivacidade de Tayla e Sienna, e por mais que tentasse se sentir a vontade em ambientes lotados e com diálogos por todos os lados, sentar no jardim de sua avó com um bom livro lhe parecia extremamente mais sedutor. 

- No que está pensando? - Matteo disparou, fitando os olhos arregalados de Helena enquanto observava sua testa se modificar em uma estrutura pensativa e reflexiva. 

- Você não tem reservas em dizer o que quer. Como um cavalheiro questiona os pensamentos de uma dama? Meus pensamentos são meus, de minha posse e meu conhecimento. - Helena retrucou, com um sorriso travesso nos lábios. 

Matteo se deixou observar Helena, fitando-a por completo. Ele não conseguia imaginar ela em vestidos suntuosos como a corte inglesa da Rainha Vitória gostava, ou vestidos polêmicos e extravagantes como a corte francesa aprovava. Helena parecia ideal, em seus vestidos de campo, com costura simples e poucos detalhes.  Ela ainda ficaria mais bonita como sua esposa, no banho ou de camisola, mas esse pensamento ele poderia guardar para si.

Mesmo que fossem uma família abastada no passado, os Yorks vinham sofrendo com a falta de dinheiro provenientes da má administração de seus patriarcas. Envolvimentos com jogos, cartas e muitas vezes dinheiro sujo, os problemas que envolviam a família refletia no dinheiro que Amélia conseguiu levar para a Itália afim de cuidar das filhas. 

Como sabia que não teria mais apoio de Arthur, ela precisava de algo para não chegar de mãos vazias na casa de sua mãe, que sobrevivia do dinheiro e dos vinhedos do pai de Amélia. 

- Eu sou um ser humano curioso. Por natureza, eu sou atraído por tudo aquilo que me desafia, me instiga e se esconde por alguma razão. Helena, você é uma criatura muito peculiar. Tenho um especial interesse em você, e não é de hoje. - Matteo se explicou, com sua voz suave a aveludada pela qual Helena se derreteu pela primeira vez. - Eu a vi fitar um ponto fixo enquanto flexionava sua testa em sinal de pensamento. Faria qualquer coisa, para ler seus pensamentos. - Ele se inclina para ela, e oferece a mão. - Por que não me acompanha pela taverna? Posso ser seu escudo protetor enquanto desvenda o lugar. Não precisa ter medo enquanto estiver comigo.

- Eu não estou com medo. - Helena disse firme, enquanto passava os olhos pelo salão procurando Sienna. Ela a encontra em uma bancada próxima. - E também não preciso da sua companhia. - a voz falhou. Ela queria convencer ele de que não precisava de sua ajuda, ou ela queria convencer a si mesma de que não queria a companhia dele? Que sentimentos eram aqueles que ela nutria por ele? O que ela estava começando a sentir? Ela jamais se permitira sentir nada igual. 

- Helena! - Sienna exclamou, em um tom de voz mais alto do era necessário. - Encontrei você...- Sienna observou que a irmã estava acompanhada, e muito bem acompanhada por sinal. - Vejo  que encontrou um rosto conhecido na multidão dessa taverna. Sabia que não perderia tempo. - Sienna disse e Helena sentiu um rubor subir as faces. Matteo a observou e ela estava extremamente atraente com aquela cor rosada nas faces. Ele estava praticando seu autocontrole para não pedir um beijo dela. 

- Minha querida Sienna, você se lembra de mim? - Matteo disse lisonjeado, mas sem tirar a atenção de Helena.

- Como poderia esquecer? - Sienna disse, bebericando seu uísque.

- Voce não deveria estar bebendo, Sienna! É tão imprudente. Você mal fez dezesseis anos! - Helena repreendeu sua irmã, tomando o copo de sua mão, e bebendo todo o seu conteúdo de uma só vez, deixando Matteo e Sienna demasiadamente surpresos.

- Sua irmã consegue me cativar cerca de cinco vezes a cada segundo, não é impressionante, Sienna? - Matteo diz, sincero. 

- Se ela queria uma dose de bebida, era só ter me falado, não precisava pegar o meu copo. - Sienna disse contrariada.

- Isso não pode ser considerado divertimento. Não é tão bom se tomado de uma vez. - Helena reclama enquanto tenta recuperar a garganta.

Matteo e Sienna caem na gargalhada, pois Helena parecia tão fora de sua zona de conforto, como se ela fosse um pombo em uma cova de leões. Helena pede uma taça de vinho e retira da curva dos seios a única moeda italiana que tinha para pagar seu vinho e a bebida que a irmã tinha requisitado.

- Nossa irmã, Tayla, é uma aventureira de primeira, senhor Matteo. - Helena diz, com a voz um pouco embargada, já estava sentindo os efeitos. - Ela colocou em Sienna essa ideia tola de que temos que conhecer as tavernas de uma cidade para saber se deveríamos morar nela. É uma loucura pensar em encontrar aconchego em livros? 

- Marques Matteo, você deveria conhece-la. - disse Sienna, de olho em um possível flerte na taverna. - Tayla me ensinou tudo o que sei sobre homens e casamento, mesmo nunca tendo beijado alguém sequer, até seu casamento, claro.

- Sua irmã Tayla, me parece ser uma ótima jovem, de bom animo e uma excepcional companhia, só pelo que falam dela. - Matteo diz, enquanto repara Helena ficar pálida.

- Irmã, não estou me sentindo bem. - Sienna diz para Helena, mas quando repara na palidez da irmã, esquece rapidamente da cólica que estava sofrendo.

- Também estou me sentindo muito mal, querida Sienna, devemos voltar para casa. Estou claramente alterada pela bebida. Minha cabeça dói e parece que vou cair a qualquer momento. 

- Não acredito que a última irmã que me restou é fraca para bebidas. Céus, como me divertirei a partir de agora? Você não podia ser mais pedante, Helena. Ai! - exclamou Sienna, sentindo dores de cólica.

- Acho que não seria nada cavalheiro deixar as senhoritas irem sozinhas, eu as acompanho até sua casa. - Matteo disse, resoluto. - Chamarei minha carruagem e voces podem me dar as instruções de como eu chego lá, direi ao cocheiro. 

- Ou poderíamos ir para sua casa. - Sienna disparou fazendo com que Helena e Matteo a olhassem de modo instantâneo.  Helena pisou no sapato da irmã e Sienna gritou de dor novamente.

- Achei que voce estivesse passando mal. - Sienna protestou.

- E eu achei que você não tinha perdido o juízo total. - Helena se aproximou de Sienna, enquanto Matteo foi buscar o cocheiro e a carruagem. Nós não conhecemos esse homem, nem mesmo Tayla seria capaz dessa idiotice. - Helena sentia a cabeça doer de maneira extremamente desagradável, e logo caiu, desmaiada, nos braços da irmã.

- Como eu vou chegar em casa com essa garotinha adormecida? Como abrirei as portas, subirei as escadas...? Não, nós iremos para a casa de Matteo. Veremos o que acontecerá. 

E assim que Matteo foi avisar as irmãs de que a carruagem estava pronta, encontrou Helena adormecida e carregou-a em seus braços em uma saída um tanto dramática da taverna. Os olhares o perseguiam como se ele fosse uma espécie de herói romano, resgatando a princesa indefesa. Sienna conteve o riso e sabia que se a irmã tomasse o conhecimento de como a noite terminou, certamente reclamaria até sua próxima geração. Como quem faz um favor para a irmã, assim que Sienna e Helena foram colocadas na carruagem - Helena deitada no colo de Matteo, espremendo seu corpo pequeno na cadeira do veículo e Sienna do outro lado - a caçula adormece , ou finge adormecer, e Matteo, muito contrariado, resolve levar as duas para casa, pois não sabia onde elas moravam. Ele não achava certo levar aquelas duas moças naquelas condições, sozinhas para a sua casa. Mas ele não tinha escolha. Certamente sua irmã e mãe entenderiam e ajudariam as pobres moças. 

Matteo tinha uma mãe afetuosa, sincera, amorosa, mas que era muito correta e convicta de caráter, e odiava quando o filho ia  taverna. Ele sempre voltava com uma conquista, fazendo a mãe se estressar a tal ponto de perder cabelos, e os que lhe restavam tinham ficado brancos. 

Ele era um rapaz excelente, mas era muito sedutor e atraente. Ele simplesmente não conseguia evitar. As mulheres italianas estavam sempre querendo estar com ele. Mas sempre saiam de coração partido, pois ele queria se casar com todas que levou para os pais, mas seu pai não aprovara nenhuma. 

Sua irmã, por outro lado, adorava receber as conquistas do irmão por que adorava fazer amizades, mas sempre terminava alimentando um certo desafeto pelas mulheres, que sempre se mostravam com outro caráter quando contrariadas sobre o casamento. 

Em suma, ela se decepcionava com o caráter de todas, a ponto de não conseguir se tornar amiga de nenhuma após o término do relacionamento das mulheres com seu irmão.

Ainda dentro da carruagem, Sienna abre os olhos levemente, evitando ser vista pelo marques. Ela então repara que o Matteo fita de maneira fixa o rosto de Helena, enquanto afasta os cabelos de seu rosto, para poder admirá-la um pouco mais. Estaria ele, depois de apenas dois encontros com sua irmã, apaixonado? Ela sabia das qualidades de Helena. Sempre admirou suas duas irmãs. Mas se questionava se ela própria seria digna dessa atenção, algum dia.

De qualquer forma, estava mais do que determinada a proporcionar momentos para que Helena e Matteo pudessem estar juntos.

A carruagem parou. Helena ainda um tanto adormecida, Sienna fingindo. Matteo tenta, com toda a delicadeza colocar Helena sentada no banco, para que ele pudesse sair da carruagem e chamar sua mãe, afim de que ela providencie um quarto para as duas irmãs. 

Assim que é chamada pela criada, a mãe de Matteo sai de seu quarto, deixando o marido a roncar alto como um touro, desce a escadaria com rapidez e encontra o filho parado na escada externa, perto da carruagem. A visão de sua mãe com sua camisola amassada e os grampos no cabelo lhe fizeram soltar uma gargalhada alta, que foi retribuída com um tapa na orelha. Com seu jeito espalhafatoso e sotaque italiano carregado, ela diz:

- Qualcosa di importante? Stavo dormendo. - Ela admite, retirando os grampos do cabelo.

- Ho portato due ragazze con me dalla taverna... - ele começou a se explicar enquanto a mãe observa por dentro da carruagem. Ela logo pensa que seriam duas novas conquistas, e não acreditando na falta de caráter do filho em trazer duas garotas adormecidas para sua casa, ela bate em suas orelhas novamente.

- Non portare mai ragazze incoscienti ovunque con te! - ela quase gritou, estava furiosa. 

- Non è quello che stai dicendo, mamma, per Dio. - Matteo disse para a mãe. Logo, ele lhe explicou que as moças eram inglesas, que havia conhecido previamente perto de um café e depois na taverna. Ambas passaram mal e ele não sabia onde moravam, por isso, havia levado-as para sua casa, onde esperara apoio da mãe para oferecer a elas um quarto para passar a noite. Quando recuperassem, voltariam para sua casa, em segurança.

A mãe aceitou, e agradeceu pela boa conduta do filho, e ainda salientou a ele que jamais defenderia-o de qualquer ato errado que ele fizesse, e que se ele tivesse outras intenções com aquelas moças ela mesma faria questão de entregá-lo a polícia. Ela, de todo modo, poderia ficar despreocupada. O filho jamais seria capaz de cometer qualquer ato de tamanha monstruosidade contra mulheres.

Matteo carregou Helena e sua mãe levou Sienna. Quando passaram perto das cortinas da sala de estar da família, indo para os quartos, Sienna, que estava acordada, sentiu cócegas e deixou escapar uma risada, que fez a mãe de Matteo pular de susto e questionar o filho se ambas as irmãs estavam mesmo adormecidas. Ficou desconfiada da menina até que chegaram no andar de cima da casa.

A mãe de Matteo encontrou um quarto para as duas irmãs. Separou roupas de sua filha para que quando as moças acordassem elas pudessem vestir peças limpas. Mãe e filho colocaram ambas na cama, Sienna e Helena, uma do lado da outra. Quando a mãe de Matteo observou o filho se demorar  ao passar os olhos pelo rosto de Helena, ela notou uma afeição que ela jamais havia notado entre o filho e qualquer uma de suas conquistas. 

Por fim, ambos deixaram as meninas descansarem e fecharam a porta. Sienna levantou-se, vestiu uma das roupas que haviam lhe deixado, e deixou Helena de camisola, visto que a irmã estava com muito calor. Um efeito da bebida, presumiu. Dessa forma, ambas adormeceram em sono profundo.

Watford - Inglaterra

A noite tinha chegado e com ela o impasse. Em duas casas distintas havia um grande problema. Isla tinha conseguido falsificar todos os documentos envolvendo a posse da propriedade, mas não estava certa de que sua história convenceria alguém. 

A verdade é que o pai de Edmond tinha morrido em um roubo, e como isso era muito doloroso e humilhante para Edmond aceitar contar para as pessoas, admitindo sua total falta de capacidade em proteger o pai, ele e Isla admitiram que contar que ele havia tido um mal súbito tomando chá em sua casa era melhor, para ambos. 

Contudo, ao longo do tempo, as pessoas pararam de acreditar na falsa história do chá, e alguns familiares até mesmo especularam sobre Isla ter envenenado o irmão. O que eles não imaginavam é que, ela foi quem contratou os ladrões, com quem Edmond tentou lutar para salvar o pai, mas em vão caiu e quando acordou foi alimentado pelo desejo de vingança, e com ela, entrar no box. 

Ele havia perdido o campeonato de campeões, pois só pensava em seu casamento e sua união com Tayla. Ela já ocupava sua mente sobre muito tempo. Ele aos poucos voltaria a treinar. E como agora estava consciente de que tinha perdido novamente a afeição de Tayla por algo que ele sequer lembrava que tinha cometido, ele passaria a maior parte do tempo treinando para voltar a ser o campeão destemido. 

Em sua ausência, foi mandando um vice campeão regional, que naturalmente perdeu a luta e não representou bem Watford.

Duas casas encontravam-se em problemas. Na mansão Hughes Edmond tentava lidar sobre os últimos acontecimentos. Com seu nome na manchete do jornal, acompanhado do nome de Tayla e Rose. Ele, a peça central do jogo. O traidor e garanhão. Ele odiava aquele papel. 

Já no pequeno comodo que Isla havia alugado para completar a falsificação dos documentos, ela se sentia pressionada. O pagamento que ela havia prometido aos bandidos que mataram seu irmão ainda não havia sido completado. Os mercenários que ela contratou eram alguns dos homens mais tenebrosos e sem escrúpulos da Inglaterra. E passaram-se anos desde a morte de seu irmão. Eles queriam respostas, queriam um posicionamento. 

Eles queriam o dinheiro que lhes foi prometido.  E Isla não tinha na época, como não tem agora.

No começo de toda a articulação de seu esquema, ela não tinha dinheiro para obter o maquinário necessário que falsificaria os documentos, por essa razão se apoiou ao pai de Tayla, jurando-lhe que se ele lhe desse os fundos da família York, ele receberia o dobro, pois ela daria o golpe no sobrinho, marido de sua filha, e pegaria o dinheiro. 

Por essa razão Arthur aceitou casar a filha com o conde. Pois esperava ganhar o dobro do dinheiro que emprestou para Isla. Ele nunca se importou com as filhas. Era um poço de ego inflado, que não pensava em ninguém além de si mesmo. 

Arthur estava sendo completamente enganado, pois Isla jamais tivera planos de incluir ele em seu esquema de dinheiro sujo. Ela conseguia dinheiro de todos os seus amantes em Londres, e seguia, estranhamente, com uma reputação impecável nos jornais de Watford, por um motivo: o irmão de Rose, Tony, redator no jornal, era apaixonado pela bela, madura e mais velha senhora Isla Hughes. 

Ele jamais deixaria que qualquer notícia ruim fosse publicada a seu respeito. Já sobre Edmond, Tony tinha carta branca de seu amor platônico para escrever tudo de ruim que soubesse. Mas, ás vezes, Tony mostrava possuir um coração batendo, e como no episódio em que viu Tayla com Oscar perto da fonte, ele se retratou  em uma matéria posterior, no dia seguinte, a pedido de Edmond.

Isla simplesmente não sabia como agir e o que pensar ou fazer. Ela precisava de mais dinheiro, e não fazia ideia de como consegui-lo. Ela teria que viver trancada, com medo dos mercenários que contratou para matar o irmão? Enquanto pondera, ela pensa em ligar para mais um amante, dessa vez um amante bem jovem...

Na mansão Hughes, Edmond está em sua sala, quieto e pensativo, enquanto William tenta falar com ele.

- Edmond, está me ouvindo? - William questiona. - Eu mandarei hoje mesmo ao tribunal os papéis que você e Oscar trocaram no que tange ao terreno no Brasil. Antes de você e Tayla viajarem, eu tomei a liberdade de assegurar que teria mais um papel na documentação das terras, e redigi um termo que assegurava que você não queria escravos. Depois você manifestou interesse em comprar a liberdade de todos os que encontrou lá, mas Oscar continuou descumprindo o que prometeu em papel. Levei o documento para autenticação, e a lei está a seu favor Se você levar isso adiante, provavelmente ganharemos, mas não posso garantir que o juiz prenderá Oscar. Ele é muito influente, talvez pague apenas uma multa.

- Eu não quero o dinheiro dele, quero apenas puni-lo por seus crimes. A câmara dos Lordes terá que ser extremamente sábia nesses aspecto. Sempre achei extremamente difícil julgar uma situação de injustiça e crime, realmente não sei o que o futuro guarda para esse caso.

- Como seu advogado particular, farei o possível para que ganhe a causa, mas tem outro fato que me incomoda. Eu vi sua tia, Isla, bisbilhotar se é que posso me referir a sua tia dessa maneira, os papéis e documentos de posse dessa casa. Você me afirma que quando o seu pai morreu, deixou nas mãos da irmã dele, não nas mãos do filho e da esposa. Você não acha isso estranho? Nunca parou para ler os documentos?

- Os documentos, assim que ele morreu, foram revisados por um advogado de confiança de Isla. Na época você ainda estava no final da formação de advogados, eu não podia pedir a voce. Estava tão abalado, que deixei ela resolver tudo. Quando recebi os documentos de volta e os guardei em minha sala, pareciam todos muito corretos. Muito concisos. 

- Mas é claro, ela pediu um profissional de confiança dela.

- O que está sugerindo, Will? 

- Algo que tenho pensado por um tempo, mas jamais acusaria alguém sob falsas testemunhas. Me diga apenas uma coisa, se é que você lembra. Oscar tentou entrar na formação de advogado antes de viajar como marques, correto?

- Correto, mas não entendo onde você quer chegar...

- Não se preocupe. Estarei ocupado nos próximos meses em uma espécie de quebra cabeça. Apenas gostaria que você fosse ligeiro o suficiente para desconfiar da situação como eu fiz, mas entendo que você não está acostumado com esse tipo de fraude.

- Não compreendi uma única palavra dita por você. Mas confio totalmente em seu discernimento. Como foi falado no chá, William, eu preciso que você prepare os documentos necessários quanto ao meu filho ou filha, que Rose carrega.

- Acha mesmo que aquela criança é sua? Talvez você esteja diante de mais fraudes do que imagina, Edmond. Onde está o homem perspicaz que entenderia a situação toda? Se eu investigar um pouco mais a fundo o que estou desconfiando, creio que vou achar uma teia de mentiras que envolve seu casamento com Tayla, não da parte de vocês, mas de pessoas ao seu redor. Tenho muitas desconfianças, e espero sanar todas as minhas dúvidas.

- O homem perspicaz que habita em mim, só consegue pensar em sua esposa.

- Espero não ficar abobalhado assim quando me apaixonar.

- Pensa que não vejo como você olha para Miss Daisy Landrow? Você não me engana, William.

- Eu não tenho tempo para me apaixonar por enquanto, Edmond, cuidar da sua vida pessoal e jurídica me deixa cheio de trabalho. - William comenta, aos risos.

- Agora a culpa é minha se você é um excelente advogado? - Edmond diz, rindo também. - Obrigada, meu amigo. Por toda a ajuda que tem me proporcionado. 

Após um abraço caloroso entre amigos, William se despede e pega sua carruagem, indo para casa.

O piquenique tinha acabado. Tayla ajudou os criados a guardarem tudo, enquanto seus convidados polêmicos voltavam para casa. Ela não quis sequer conversar com Daisy. Era muito doloroso pra ela conversar com qualquer pessoa. Ela não sabia o que tinha feito para receber tal humilhação. Ninguém merecia a dor da traição, e talvez agora ela sentisse um pouquinho de remorso por ter feito Edmond passar por aquele incidente do jornal, quando ela foi flagrada com Oscar.

Mais tarde, depois do acontecimento caótico, a mãe e a avó de Edmond chegaram na casa, e em poucas palavras, foram informadas por Tayla o que havia acontecido. Olívia desconfiou, pois nunca havia confiado em Rose, mas permaneceu quieta até conseguir averiguar a situação e saber mais a respeito. 

Era uma pena de fato, que ela estivesse envelhecendo e com ela sua memória falhando. Com alguma sorte, Olívia aos poucos lembraria que era ela que estava espiando pela porta quando viu Rose dar remédio para Edmond e faze-lo adormecer. 

Já a mãe de Edmond, ficou tremendamente assustada com a notícia e muito triste com o filho, ela pensou em tirar satisfações com ele, pois não aceitava que a criação que ela lhe dera fosse tão falha a ponto de trair alguém. Mesmo assim, ela sabia que qualquer criação que ela lhe desse seria em vão ao saber que o caráter do filho poderia ser ruim. 

De todo modo, Edmond não havia traído ninguém, mas se sentia extremamente mal e solitário pois Tayla requisitou um quarto só para ela, sua mãe e avó ignoravam, e até os criados olhavam para ele cabisbaixos. Depois que a matéria no jornal sobre ele ser pai do filho de Rose estava circulando, ele perdeu prestígio até mesmo na câmara dos lordes.

Quando os pais de Rose souberam, exigiram o papel de confirmação sobre as posses que Rose ganharia, e impediram que Edmond visse o filho regularmente. Queriam que Rose se casasse com algum homem que fosse solteiro e pudesse criar a criança.  

Finalmente a criança nasceu, dentro de alguns dias do piquenique. Edmond e Tayla fizeram visitas periódicas a criança na semana que se passou, mas o pai de Rose tentava cortar qualquer envolvimento deles com seu novo neto, e recusou veemente que Rose morasse perto da propriedade Hughes, mas aceitou a casa, prevista nos documentos.

Assim, duas semanas haviam se passado desde o nascimento da criança, e um mês do piquenique desastroso.

Tayla recebera uma carta de sua mãe vinda da Itália, requisitando sua presença. Talvez fosse a hora de visitá-la, e contar para a mãe as mágoas que estava vivendo em seu casamento, que era tão controverso: do amor a destruição em chamas, no mesmo segundo.

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