The Hamptons ✧ l.s.

By loverofmaria

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O lugar onde Louis Tomlinson acaba um namoro de oito meses e é surpreendido (constantemente) pelo quaterback... More

✧prologue
✧one
✧two
✧three
✧four
✧five
✧six
✧seven
✧eight
✧nine
✧ten
✧eleven
✧twelve
✧thirteen
✧fourteen
✧fifteen
✧sixteen
✧seventeen
✧eighteen
✧nineteen
✧twenty
✧twenty one
✧twenty two
✧twenty three
✧twenty four
✧twenty five
✧twenty six
✧twenty eight
✧twenty nine
✧thirty
✧thirty one
✧thirty two
✧thirty three
✧thirty four
✧thirty five
✧thirty six
✧thirty seven
✧thirty eight
☼thirty nine
✧forty
✧forty one
✧forty two
✧forty three
✧forty four
✧forty five
✧epilogue
✩thank you

✧twenty seven

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By loverofmaria

Harry e Louis deixaram as bicicletas na calçada e entraram de mãos dadas no Navy's, um restaurante e café que ficava em frente a praia do Cooper, recebendo os olhares curiosos de algumas pessoas que estavam ali.

Styles escolheu uma mesa perfeita ao ar livre naquela tarde de sábado e puxou a cadeira para Louis sentar, sentando-se em sua frente em seguida com um sorriso no rosto.

– É lindo aqui. – Tomlinson disse olhando ao redor, adorando o clima aconchegante das arvores e a vista pro mar logo a frente. – Você vem muito?

– Eu trabalho aqui nas férias de verão. – O maior responde com um sorrisinho no canto da boca.

– O quê? Você trabalha aqui? – Perguntou surpreso, com as sobrancelhas franzidas. – Mas você não precisa trabalhar.

– Todo mundo precisa trabalhar, Louis. É bom ganhar o próprio dinheiro. – Quando vê que Louis continuava sem entender nada, Harry continua. – Eu venho aqui desde muito pequeno com Celine e Gemma, então acabei fazendo amizade com os funcionários. Quando estava com 16 anos, vi que eles abriram uma vaga pra ajudar na cozinha. O dinheiro era pouco mas na época eu senti que precisava dessa experiência. Desde então, todo verão eu trabalho aqui pela manhã.

– Uau, isso é... surpreendente. – Tomlinson riu. – Então você atende todos os burguêses nova iorquinos que vêem passar as férias nos Hamptons?

– Basicamente. – Riu junto a ele, parecendo ver alguém atrás de Louis e abrindo um sorriso enorme. – Jules!

– Harold, quanto tempo! – Uma voz madura disse, e o garoto de olhos azuis apenas observou o homem de aparentemente 50 anos com um avental preto caminhar sorridente até o garoto que se levantou para abraça-lo com força. – Como você está, criança?

– Estou ótimo, e você parece bem também. – Ele respondeu ainda sorrindo, se virando para Louis. – Acredito que você ainda não conheçe o meu namorado, Louis Tomlinson.

– Olá, Sr. Tomlinson. É um prazer. – Jules diz simpático dando um aperto de mão caloroso.

– O prazer é meu. – Tomlinson responde sorrindo e tentando não fazer muito caso do que Harry tinha acabado de falar, vendo o garoto voltar a sentar na sua frente.

– Bom, eu não quero atrapalhar vocês. – O homem disse, dando o pequeno folheto na mão dos dois. – Aqui está o menu. Fiquem a vontade.

– Obrigado, Jules. – Harry agradeceu, vendo ele sair dali.

Tomlinson começou a folhear o papel em suas mãos tentando esconder o sorriso pelo "namorado" que tinha vindo de Styles quando o garoto voltou a falar, o encarando.

– Gostou de ser chamado de namorado, huh? Eu consigo ver esse sorrisinho aí que está escondendo. – Louis subiu o olhar até ele sem conseguir segurar e rindo verdadeiramente. – Não me faça ir aí te beijar...

– Bobo. – Sorri, balançando a cabeça negativamente. – Você e esse Jules parecem bem íntimos.

– Ele é garçom daqui a mais de 20 anos. – Styles explicou. – Foi ele que convenceu o gerente a me deixar trabalhar aqui.

– Oh, isso é legal. – Comentou, procurando algo interessante no menu, mas se perdendo com tantas possibilidades. – Eu não sei o que pedir.

– Podemos ir no menu degustação da casa, é sempre uma ótima opção. – O maior disse vendo Louis assentir com a cabeça. – Topa uma garrafa de rosé?

– As três da tarde?

– Tem hora pra beber vinho?

– Tudo bem, eu topo. – Riu, balançando a cabeça negativamente e dando uma última olhada no menu antes de perceber que Harry não tirara os olhos de si. – Está olhando o que, James Dean?

– Só você. – Ele responde sorrindo, segurando a mão do garoto que estava em cima da mesa. – Eu sou o Dean e você é a Audrey Hepburn? Breakfast at Navy's?

Louis ri pelo trocadilho bobo, sem cansar de encarar Styles com aquele sorriso de covinhas que só ele tinha.

– Eu não sou a Audrey, eu sou o Marlon Brando. – Arqueou uma sobrancelha.

– Prefere o Brando porque ele já teve um caso com o Dean ou simplesmente porque você não gosta da Hepburn?

– Eu amo a Audrey assim como amo Grace Kelly e Marilyn Monroe, mas confesso que eu não perderia a oportunidade de dar um beijos no Dean. – Da um risinho pela conversa de nerd que estavam tendo.

– Você quer dizer dar uns beijos em mim. – Harry deposita um beijo terno nas costas de sua mão, sem solta-la. – Não sabia que você conhecia a velha Hollywood.

– Claro que eu conheço, e na minha humilde opinião, é bem melhor que a atual.

– Eu concordo. – Suspira, dessa vez fazendo um carinho na mão do garoto enquanto não tira os olhos dos seus. – Bom, ainda tem muitas coisas que eu tenho que descobrir sobre você, Louis Tomlinson.

– Eu digo o mesmo sobre você, Sir Harry Styles.

Então o jogador sorri mais uma vez, quebrando o contato visual e dando uma olhada para trás, vendo Jules andar até eles dois novamente.

– Jules, eu e meu garotinho aqui vamos querer dois menus degustação da casa e uma garrafa de rosé, por favor. A melhor que você tiver.

– Anotado. – O homem disse, terminando de anotar as coisas em um bloco de notas na sua mão. – Mais alguma coisa, jovem?

– Não, amigo, obrigado. – Sorri, o encarando. – E a pequena Ruby, como está? Tudo certo na escola?

Louis franziu o cenho levemente confuso.

– Ela está bem, essa semana aprendeu a escrever o próprio nome. – Jules disse sorrindo orgulhoso, provavelmente falando da sua filha. – Nunca vou conseguir retribuir tudo que você faz por ela, Harry.

– Não precisa retribuir, faço porque a amo. Já faz algumas semanas que eu não a vejo por causa dos treinos, mas diga a ela que eu disse oi. Vou tentar busca-la no colégio essa semana pra passar o dia com ela, tudo bem pra você?

– Claro, Harry. Ruby ama você e você é o padrinho dela. – Jules sorri uma última vez depois de se afastar novamente.

Então Louis entendeu tudo.

– Você tem uma sobrinha? – Perguntou com os olhos arregalados, achando aquilo tudo o máximo.

– Yeah, eu nunca te falei dela, não é? Ela é uma garotinha adorável de apenas 4 anos. – Respondeu pegando o celular no bolso e mexendo rapidamente antes de dar o aparelho na mão de Louis, que viu a foto de Harry com um sorriso de orelha a orelha abraçando a pequena menina de cabelos ruivos que sorria na mesma intensidade com as mãozinhas nos cachos do garoto. – Ela não é a coisa mais linda?

– Ela é linda. – Tomlinson concordou com um sorriso, devolvendo o celular para o namorado.

– Jules foi abandonado pela mulher assim que Ruby nasceu, então ele teve que se virar para cria-la sozinha. Ele não tinha condições de pagar uma creche pra ela, então as vezes trazia ela pro trabalho e ela ficava com as cozinheiras. Foi assim que eu a conheci. – Harry sorri. – Sempre gostei de crianças e não tinha nenhuma na minha família então depois do trabalho eu brincava com ela na praia enquanto Jules ainda estava trabalhando. Acabamos criando um laço muito forte e Ruby chorava quando eu me despedia para ir embora. Depois de Jules eu era a pessoa que mais a amava, então ele me perguntou se eu queria ser padrinho dela e eu não podia negar, não queria negar.

– Você paga a escola dela? – Louis perguntou sem se importar em parecer intrometido demais.

– Sim. Ele não tem condições e eu tenho dinheiro sobrando. Ela é uma ótima garota, faz tranças no meu cabelo e me chama de tio Harry. – Disse todo orgulhoso, mostrando um anel com uma pedra vermelha que brilhava em seu dedo anelar. – É um rubi, em homenagem a ela.

– Tenho certeza que você é um padrinho incrível. – Ele disse sincero, suspirando. – Você está certo, ainda tem tantas coisas que não sabemos um sobre o outro...

– Nós sabemos o suficiente. O resto é com o tempo.

Então algo bobo surge na mente de Louis e ele sorri animado pra o garoto de olhos verdes.

– Fica aí, eu tive uma idéia.

E Louis se levanta, saindo dali sem dar tempo para Harry responder algo. Vai até o caixa e pede duas canetas emprestado, voltando para a mesa com um sorriso orgulhoso.

– Canetas? Essa é a sua grande ideia? – Styles pergunta quando vê ele se sentar na sua frente novamente.

– Tenha calma, gafanhoto. – Diz, pegando dois guardanapos em cima da mesa e escrevendo algo em ambos. – Pronto, aqui.

"Lista das coisas preferidas do Harry:" estava escrito em um dos guardanapos e no outro estava "Lista das coisas preferidas do Louis:".

– Nós vamos escrever nossas coisas preferidas, o que vier na cabeça. Pode ser música, filme, livro, cor, lugar... o que quiser. Então vamos trocar nossas listas, guardar em algum lugar, e depois, quando estivermos sozinhos, vamos ler. E ai, ao longo dos dias, vamos discutindo nossas preferências e o porquê delas serem especiais para nós.

– Eu amei. – O jogador diz e Louis suspira aliviado por ele entrar nas suas maluquices. – Isso parece um roteiro de um filme adolescente.

– Afinal não é em um desses que nós vivemos? – Pisca. – Vou começar.

– Ok.

Os dois demoram cerca de cinco minutos para escrever tudo e Tomlinson dá uma última olhada em sua lista pronta.

Lista das coisas preferidas do Louis:
Us and Then - Pink Floyd
The breakfast club
Verde
The Hamptons
Futebol (inglês, é claro)
O Retrato de Dorian Gray
Friends
Café expresso sem açúcar (hardcore)
Bowie
Por do sol
Cage the Elephant

– Pronto? – Harry pergunta e ele assente, trocando as listas e guardando-as em seus bolsos. – Tem coisas realmente pessoais aí dentro.

Louis ri enquanto vê Jules chegando com suas entradas e a garrafa de vinho rosé, servindo tudo com o sorriso no rosto antes de voltar para dentro do estabelecimento.

– A nós? – O maior pergunta, levantando a taça de vinho para um brinde e Louis sorri, brindando.

– A nós.

O resto do almoço se passa leve e agradável. Os dois comiam e conversavam sobre tudo, desde a estranha relação de Zayn e Liam até mesmo os conflitos no Oriente Médio, Harry sempre falando mais e gesticulando enquanto explicava seu ponto de vista, mas sempre ficando calado com os olhos brilhando enquanto ouvia o que Louis tinha pra falar.

Na hora da sobremesa, Harry puxou a cadeira para sentar ao seu lado enquanto eles dividiam o sorvete em meio a conversas bobas e beijos gelados. Novamente eles tiveram uma breve discussão pra ver quem ira pagar a conta mas Styles ganhou a briga alegando que ele que convidou o garoto.

Depois de se despedirem de Jules, eles saíram do restaurante com uma nova garrafa de rosé, dois copos de plástico e um pano para sentarem na areia da praia e assim fizeram. Bebendo vinho e ficando naturalmente mais alegres, conversando sobre coisas aleatórias.

– Você não vai ligar para Gemma? – Louis perguntou baixinho depois de um tempo em que permaneceram calados.

– Estou tomando coragem. – Styles confessou, parecendo abalado.

– Vai ser bom pra vocês, Haz. – O garoto de olhos azuis disse, fazendo um carinho em seus cachos. – Tenho certeza que tudo vai se resolver.

Então o jogador respirou fundo, pegando o celular no bolso e dando um último gole no vinho antes de ligar para a irmã.

– Gem? – Sua voz disse baixa, mostrando um lado vulnerável que Tomlinson ainda não conhecia muito bem. – Oi. Você está bem? – Fez uma pausa. – Tudo bem também. Então... eu queria falar com você. Fui um idiota quando falamos ontem e... me desculpa, Gem. Tem tanta coisa acontecendo que eu... sei lá, perdi o controle das coisas, eu acho. Acabei descontando em você e eu sinto muito.

Louis ficou com medo de estar sendo invasivo demais, então sussurrou um "já volto" para Styles, dando um beijo em sua bochecha e saindo dali.

Andou pela calçada, vendo a mágica acontecer ao seu redor. O sol estava quase se pondo, tinham algumas pessoas espalhadas pela praia conversando, lendo, ouvindo música. Alguns jogavam futvôlei e outros apenas andavam de bicicleta e skate na avenida. O céu tinha tons de laranja e Harry, de longe, com o celular no ouvido e as sobrancelhas franzidas, era tão lindo quanto de perto.

Acabou entrando em uma frutaria do outro lado da rua, resolvendo comprar morangos. Enquanto estava olhando em uma das prateleiras, ouviu uma voz atrás de si.

– Então vocês estão namorando?

Louis se vira para ver o dono da voz, encontrando com Bradley Simpson o encarando com uma sobrancelha arqueada. Então Tomlinson o lança apenas um pequeno sorriso forçado e volta seu olhar para os morangos.

– Escuta, Louis, eu queria te falar uma coisa. – A voz do garoto diz mais amigável dessa vez e Tomlinson respira fundo e se vira para ele novamente com um sorriso falso. – Eu sinto muito se eu causei algum tipo de problema entre você e Styles. Ele conversou comigo sobre a foto que eu postei naquele dia e tudo mais. Não imaginei que aquilo fosse abalar tanto você, era só uma brincadeira. Quer dizer, é claro que eu e ele tivemos um lance, mas já faz um tempo, então você não deve se preocupar. Você não precisa me ver como uma ameaça.

Então ele e Harry já tiveram um lance? Tomlinson se abalou um pouco com aquela informação. Sabia que eram muito amigos, mas não tinha imaginado que já foram mais que isso.

– Você tem quantos anos mesmo? – Ele resolveu perguntar, não deixando transparecer que aquilo o atingiu minimamente.

– Dezessete.

– Tudo bem. – Da um risinho, sorrindo tão falso quanto o garoto. – Enquanto a isso, você quem não deve se preocupar. Eu não te vejo como uma ameaça porque você não é uma. Mas de todo jeito, é muito gentil da sua parte vim falar isso pra mim. Obrigado pela intenção.

– Não há de quê. Você sabe como ele é, ele adora uma diversão. – Simpson dá de ombros. – Tenho certeza que você está o divertindo agora. Bom, pelo menos até ele se cansar de você, assim como ele fez comigo e com todos os garotos que vieram antes.

– Não sei que o que você está tentando insinuar, mas não vai funcionar. Na verdade é meio deprimente te ver tão frustrado ao ponto de querer fazer com que Harry saia da história como o babaca, quando na verdade o babaca aqui é você. Agora se me der licença, o meu namorado está me esperando.

E com o sangue correndo rápido entre as veias, Louis foi até o caixa, comprou a droga dos morangos e saiu dali o mais rápido que pode.

Do jeito que Bradley tinha falado, parecia que Harry era um cara superficial, que saia colecionando garotos para o entreter e o satisfazer e em seguida jogava-os fora como rosas murchas. Aqui estava errado, Harry não era assim.  

Com mil pensamentos rondando sua cabeça, ele se aproximou do namorado sentado na praia, de costas para ele enquanto ainda falava no telefone.

– É claro que eu sou apaixonado por ele, eu te disse isso quando estava aí em Nova York. Enfim, deixe-me contar... Ele é o meu namorado agora. Dá pra acreditar?! – Styles diz sussurrando/gritando no telefone sem perceber sua presença e Louis apenas parou, vendo o garoto calado por alguns segundos e depois dando uma gargalhada. – Eu sei, as vezes nem eu acredito. É louco. Mas obrigado, Gem. A última vez que eu lembro de me sentir tão feliz assim foi quando você ainda morava aqui com a gente.

– Oi... – Tomlinson disse baixinho com um sorriso no rosto, voltando a se sentar do seu lado e desistindo de continuar espiando.

– Ah, Gem, ele está aqui, você quer falar com ele? Tudo bem, espera. – Harry se vira para ele, estendendo o celular em sua direção. – Desculpa. Ela insistiu.

– Tudo bem. – Ele ri, dando os morangos para o jogador e pegando o celular. – Er... alô?

– Oi, Louis! Aqui é a Gemma, irmã do Harry. – A voz da garota disse animada. – Deus, finalmente eu estou falando com você! Escuto seu nome da boca do meu irmão faz um tempo...

– Oi, Gemma. Harry também fala muito de você. – Sorriu, vendo o maior comer um dos morangos com olhos curiosos cravados em si. – Eu estou bem, e você?

– Eu estou ótima, melhor agora ao saber das notícias. Quando Haz veio me visitar aqui em NY semana passada, ele só falou sobre você. Tipo, o tempo todo. Ele realmente gosta de você e é incrível ver meu irmãozinho finalmente apaixonado!

– Eu também sou apaixonado por ele. – Tomlinson disse aumentando o sorriso enquanto encarava Styles de volta.

– Isso é lindo. Estou louca pra te conhecer melhor, mas agora tenho que voltar ao trabalho, sinto muito. Diga a Harry que o amo, ok? Espero poder falar com você outras vezes.

– Pode deixar, eu digo sim. Até logo, Gemma, foi um prazer. – Disse, desligando o celular e entregando para Harry que o olhava com expectativa. – Ela disse que te amava.

– Você gostou dela? – Perguntou curioso, sorrindo.

– Claro que sim, ela é ótima. – Sorriu de volta, lembrando da conversa que teve com Bradley a alguns minutos e respirando fundo, ficando sério.

– Está tudo bem? – Styles perguntou com o cenho franzido, claramente percebendo algo de errado.

– Sim.

Louis não conseguia se segurar. Era difícil pra ela ter que falar abertamente sobre as coisas, ele nunca teve uma relação assim. Não queria criar problemas para Harry, não queria incomoda-lo com besteiras. Mas o garoto parecia o conhecer melhor do que imaginava.

– Gatinho... – O maior começou carinhoso, se aproximando um pouco mais para deixar um beijo no ombro de Tomlinson. – Lembra todo aquele nosso papo sobre diálogo e quão importante ele é? Lembra que você prometeu que confiava em mim? – Louis engoliu em seco, assentindo. – Acho que você sabe que eu te conheço muito bem e por isso sei quando tem algo de errado... você pode me falar, não pode?

– Desculpa. – Respirou fundo, sorrindo sem jeito. – É Bradley. Eu esbarrei nele quando fui comprar os morangos, e ele disse algumas coisas que me incomodaram, só isso.

– O que ele disse? – O corpo de Harry tensionou quase imperceptivelmente.

– Harry-

– Lou. – Enfatizou seu apelido daquele jeito que ele sempre fazia quando estava falando sério.

– Ele disse que vocês já tiveram um lance e que você está se divertindo comigo enquanto não... – Quando percebeu que estava falando besteira, balançou a cabeça negativamente. – Deixa pra lá, foi idiota.

Harry pareceu chateado, entendendo o que o garoto quis dizer. Voltou a se sentar pra frente do mar, encarando a paisagem por alguns segundos antes de suspirar com o cenho franzido.

– Eu e Brad somos amigos. Nós costumávamos ficar há uns meses atrás e já dormimos juntos algumas vezes mas era só diversão quando estávamos bêbados. Sempre deixamos claro um pra o outro que aquilo não significava nada mas ele pareceu se envolver mais do que devia. – Olha pra Louis, sendo sincero em suas palavras.

Aquilo o incomodou um pouco. A idéia de Harry ficando e transando com outras pessoas era estranha, mas ele não podia fazer nada sobre isso. Se pudesse apagar o passado de alguém, apagaria o seu com Tyler. Percebeu que não devia se incomodar com as experiências de Styles porque ele mesmo tinha vivido as suas e aquilo não o levaria a lugar algum. Ele estava com Harry agora e isso que importava.

– Você não precisa me dizer todas essas coisas. – Tomlinson respondeu baixinho.

– Eu sei, mas eu disse porque eu não quero e nem vou esconder nada de você. Não vou dizer que nunca aconteceu nada entre eu e Bradley porque já aconteceu, mas isso é passado. O que importa agora é você. – Ele disse parecendo ler seus pensamentos.

– Bom, eu não o culpo por ter caído nos seus charmes. – Dá de ombros brincando, tentando não pesar o clima entre eles. – Você pode conquistar qualquer homem dessa cidade com esses olhos e essas covinhas, Sr. Styles.

– É você quem faz os elogios agora? – Harry perguntou arqueando uma sobrancelha, se aproximando do garoto.

– Estou aprendendo com o melhor. – Louis sorriu, se aproximando um pouco mais.

– Meu garoto lindo. – O jogador diz, e finalmente o beija. – Tem certeza que está tudo bem? Quer que eu converse com Brad?

– Deixa isso pra lá, Harry. Eu estou bem, eu sei me defender.

– Sabe que isso não é uma diversão temporária, não sabe? – Perguntou carinhoso, acariciando a nuca do menor vendo ele assentir com a cabeça. – Sabe dos meus sentimentos por você?

– Sei, mas gosto de ouvir você falar. – Tomlinson respondeu sorrindo divertido.

– Gosta, é? – Styles sorriu de lado, extremamente charmoso enquanto plantava um beijo no canto de seus lábios, voltando a ficar sério. – Tudo bem, então. Eu sou apaixonado por você. Tudo sobre você.

– Isso me lembra uma música. – Louis sussurrou.

– Eu acho que sei exatamente de que música você está falando.

E mais uma vez, Harry pegou os airpods e os dois se deitaram no pano, um do lado do outro de mãos dadas encarando o sol se pôr na sua frente e ouvindo o som do piano dando início a All About You do McFly.

Mais uma vez, o mundo pareceu parar e só existiam eles dois, apaixonados sob o céu laranja fazendo carinho na mão um do outro, até Harry se virar para Louis e sussurrar em seu ouvido conforme a música:

And I would answer all your wishes if you asked me too, but if you deny me one of your kisses don't know what I'd do...

– Você sabe que dia é amanhã? – Louis perguntou do nada, e Harry franziu o cenho.

– 12... 13? – Fez uma careta. – Sempre estou perdido no calendário.

– Não, bobo. Amanhã é um domingo.

E pelo jeito que Louis o olhou, Harry já tinha entendido tudo.

– Louis...

– Essa pode ser sua nova tradição.

– Eu não preciso de uma nova tradição, eu só preciso de você.

E com um beijo, Tomlinson entendeu que aquele era o jeito de Harry de agradecer.

Eles continuaram assim, por mais alguns minutos até o sol se pôr e o céu começar a escurecer. Eventualmente, acabaram os morangos e a garrafa de rosé em meio as vezes conversando sobre coisas aleatórias e as vezes apenas calados observando o mar e apreciando a companhia um do outro.

Voltaram para casa pedalando as bicicletas e rindo enquanto McFly ainda tocava nos fones trazendo um sentimento nostálgico fazendo eles se lembrarem de quando eram mais jovens e escutavam aquelas músicas religiosamente.

– Aqui estamos nós. – Harry disse assim que chegaram na frente da casa do garoto.

É estranho que Louis já sentia falta dele?

– Tem certeza que não quer ficar? – Ele perguntou uma última vez, só pra ter certeza.

– Sim, eu prometi a Celine que iria jantar com ela hoje. Mas te vejo amanhã, certo?

– Certo. – Sorri, segurando a mão do jogador. – Minha família vai adorar te conhecer.

– Você acha? Eu já estou tão nervoso, Lou. – Styles sorri apreensivo, passando a mão pelo cabelo. – Eu nunca conheci a família de ninguém antes, eu não sei como agir. E se não gostarem de mim?

– Alguém algum dia não gostou de você? Você é o cara mais legal que eu conheço. Você parece o Mick Jagger jovem, tem uma personalidade impressionante, é educado como um príncipe e com o rosto tão bonito quanto o coração. Sabe o que é isso, Harry Styles? Isso é raro. Eles vão amar você, é inevitável não amar.

Aquilo foi o suficiente. Louis tinha dito, não tinha? Não com todas as palavras, mas ele tinha dito, certo? Harry travou na mesma hora, a expressão séria e os olhos brilhando em surpresa. Ficaram em silêncio por um tempo até que Styles suspirou, dando um beijo demorado nas costas da mão do garoto.

– Onde você estava esse tempo todo, Louis Tomlinson?

– Eu estava sendo um nerd, estudando pra passar de ano e fazendo testes do buzzfeed. – Sorri, sendo puxado cuidadosamente por Styles para se aproximar.

– Obrigado por hoje. – O jogador disse, deixando um beijo nos lábios dele. – Nunca tenho o suficiente de você, Lou. Nunca terei.

– Vejo você amanhã. – Dá um último selinho, antes de andar para a porta de casa com a bicicleta, apoiando-a na parede.

– Vejo você amanhã. – Harry sorri se despedindo e pedalando para longe dali.

O resto da noite pareceu se passar rápido demais. Louis jantou com a família e comunicou para todos que amanhã o seu namorado, Harry Styles estaria ali. Foi quase uma festa, Lottie e Felicite pediram por todos os detalhes e Jay sorriu de um jeito que só ela sabia fazer, como se estivesse orgulhosa dele.

Quando já estava deitado na cama para finalmente dormir, lembrou da listinha de Harry que estava no bolso de sua bermuda e ligou o abajur para pegar o guardanapo amassado e ler rapidamente:

Lista das coisas preferidas do Harry:
Vienna - Billy Joel
The notebook
Azul
The Hamptons
Futebol americano
Literatura valeriana
R&B
O Retrato de Dorian Gray
Banana
Chiclete
Louis Tomlinson

E com um sorriso no rosto, Louis guardou o guardanapo rabiscado na gaveta de seu criado mundo antes de desligar o abajur e fechar os olhos com um sentimento bom dentro dele enquanto só pensava em uma única coisa que tinha nome, sobrenome e olhos verdes brilhantes.

Adormeceu com facilidade e pareceram apenas minutos de sono quando ouviu o celular tocar, acordando confuso enquanto coçava os olhos e pegava o aparelho, vendo o nome de Harry piscando na tela e o relógio na verdade marcando 4:20 da manhã.

Atendeu a ligação na mesma hora, afinal Harry não ligaria no meio da madrugada se não fosse algo grave.

– Alô? – Disse ainda tentando acordar completamente.

– Louis? Está aí? – A voz dele soou um pouco preocupado.

– Sim, aconteceu alguma coisa?

Styles ficou em silêncio.

– Quer saber? Deixa pra lá. Eu não deveria ter ligado...

– Você não me ligou as 4 da manhã apenas para me acordar e não dizer nada, certo?

– É uma coisa estúpida, você não vai querer ouvir.

– Eu estou ouvindo.

– Hm, ok. É que tipo... E se... – Harry parecia nervoso, desconcertado. Tossiu levemente e continuou. – E se eu não alcançar nada na minha vida?

– Hãn... o que?

– Ta vendo? Eu disse que era estúpido.

– Continua, eu quero entender.

Aquilo pareceu estimula-lo, já que ele respirou fundo e tentou mais uma vez.

– E se eu não alcançar nada na minha vida? – Repetiu a pergunta. – E se eu apenas viver e não fizer nada de relevante? E se eu trabalhar na empresa dos meus pais e ser infeliz?

– Ok...

– Eu já tenho 18 anos e não fiz nada memorável. As vezes sinto que não tenho potencial o suficiente para ser lembrado. Eu não quero ser irrelevante, Louis.

"Eu vivi 18 anos sem amar ninguém e a idéia de não ter essa experiência me apavora." Foi o que Harry o disse na noite em que eles deram o primeiro beijo. E Louis percebeu que por trás de toda imagem forte e confiante que Harry passava, por dentro existia um cara vulnerável, ansioso, aflito e imediatista.

– Querido, você é padrinho de uma criança linda e saudável, você tem Gemma e Celine, tem a mim, é adorado por todos que te conhecem... – Disse com a maior calma e carinho do mundo. – Você nunca vai ser irrelevante, Harry.

– Você vê além de mim, Louis. Mas o resto... Eles não se importam comigo, eles só vêem a embalagem. Eles não ligam pra mim, eles não sentiriam a minha falta. – Ele parecia agoniado.

– Como assim sentir a sua falta? Não gosto quando você fala desse jeito, H.

– A única coisa que eu sei fazer bem é jogar futebol, isso não vai mudar em nada na vida de ninguém. Eu já tenho 18 anos, mas e quando eu tiver 28 ou 38? E se eu não conseguir chegar em lugar nenhum?

– Você não já tem 18 anos, Harry, você apenas tem 18 anos. Se tiver sorte e se der tudo certo, você vai viver 90. Pra quê a pressa?

– Malala tinha 16 anos quando ganhou seu Nobel da Paz.

– E Mandela tinha 75 quando ganhou o dele.

– Ok... – Respirou fundo. – Você provou um ponto.

– Entende o que eu quero dizer? Você ainda vai se formar na faculdade, arrumar um primeiro emprego, se casar, ter filhos, netos... Cada coisa no seu tempo. Você tem uma vida inteira, apenas aprecie onde está agora.

– Você está certo. É que... as vezes eu tenho insônia, fico pensando demais nas coisas e me desespero um pouco. – A voz de Styles disse baixinho. – Acho que sou um pouco ansioso.

Vá devagar, sua criança louca.

E no momento que Louis citou o primeiro verso de Vienna, a música que Harry tinha colocado na sua lista, o maior ficou calado por alguns segundos, entendendo tudo.

– Você leu minha lista, não leu, amor?

– Eu li. – Sorriu, desejando estar perto do garoto naquele momento. – É sua música preferida, então? Ela te ajuda com a ansiedade?

– Eu acho que sim...

– Coloque ela pra tocar enquanto conversa comigo.

Então demorou apenas alguns segundos e Louis finalmente ouviu o barulho do piano dando início aquela música de Billy Joel que falava tanto sobre ele, sobre Harry, sobre tudo.

– Sinto muito por essa bagunça. – O jogador confessa.

– Não se desculpe, eu estou aqui pra isso.

– Pra me atender quando eu te ligar no meio da madrugada soando como um louco?

– Pra isso, sim. E também pra te ajudar a tomar banho quando você estiver bêbado demais, pra gritar seu nome quando você estiver brilhando no campo e pra te acolher nos jantares do domingo. Estou aqui pra isso.

– Você cuida de mim e eu de você, não é, gatinho? – Sua voz fez Louis sorrir enquanto se arrepiava. – É o nosso combinado?

– É o nosso combinado. – Ainda com um sorriso sincero no rosto, mordeu o lábio inferior antes de perguntar. – Está sorrindo agora?

– Tanto que sinto minhas bochechas doerem.

Os dois gargalharam e Tomlinson ousou perguntar novamente.

– Já esteve tão feliz assim antes?

– Já estive feliz muitas vezes na minha vida, mas essa é uma felicidade diferente. Não sei se você sabe o que estou dizendo...

– Sei exatamente o que está dizendo. Queria estar aí com você.

– Você me beijaria?

– O que você acha? – Louis rolou os olhos, rindo.

– Essa é a parte que fazemos sexo por telefone?

E Tomlinson riu verdadeiramente, como sempre fazia quando estava com Harry.

– Amo o som da sua risada, Lou. Poderia passar horas falando besteira só pra te ouvir rir desse jeito. A propósito, eu sei que já agradeci pelo dia de hoje, mas só queria que você soubesse que eu acho incrível como consegue fazer um dia qualquer parecer o melhor de todos, só por estar presente. Estou tendo os melhores dias da minha existência com você, Louis Tomlinson.   Então obrigado por isso.

– Eu sempre soube que você era algo a mais, só nunca imaginei que seria tanto. – Disse em meio a um suspiro. – Boa noite, Harry.

– Dorme bem, gatinho. Estou pensando em você.

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Paola. Personalidade forte, instinto feroz e um olhar devastador. Dona de um belo sorriso e uma boa lábia. Forte, intocável e verdadeiramente sensata...