— O que você faz ai sozinho todos os dias? – falou Lucas pousando ao lado de Henry.
Henry como todos os dias ia para aquele local, lembrar-se de Gabriel e querendo seguir sua vida. Sabia ele que seria difícil, queria por toda sua vontade se juntar a Gabriel.
— Por que vocês não contaram antes?
— Contaram o que? – Perguntou Lucas recolhendo suas asas para dentro do corpo.
— Que ele faria isso.
Lucas sentou-se ao lado de Henry e abaixou a cabeça.
— Nos não temos um sexto sentido, Henry. Se soubéssemos que ele faria isso, nós teríamos o impedido.
— O que eu farei agora sem ele?
— Acho que é muito cedo para pensar nisso.
— Cedo? Você já amou alguém?
— Pra falar a verdade, sim. O amor entre anjos é quase proibido. Não podemos.
— Por quê?
— Regras.
— Que tipo de regras? – perguntou Henry franzindo a testa.
— Não podemos amar enquanto não completarmos nossa missão e perdermos nossas asas, nossos poderes sobrenaturais.
— Mas vocês já terminaram a missão. Não como queriam, mas concluíram.
Lucas pegou uma pedra do cascalho e atirou mar adentro. Depois de alguns segundos ela atingiu a agua.
— Sabe Henry, a verdade é que, quando um anjo e designado a proteger alguém, assim como o Léo foi designado ao Gabriel, se o protegido morrer dentro da missão, o seu protetor também morre, primeiro perdera as asas e em seguida vira pó. Do mesmo jeito que a Vanessa virou.
— O Léo, ele...
— É ai que está à questão Henry.
Lucas estava sentado ao lado esquerdo de Henry, e alguém coloca a mão sobre o ombro direito dele.
— Eu não morri.
Era Léo, com suas asas reluzentes e mistas, mais claras e escuras do que nunca. Seus cabelos estavam um loiro irradiante e brilhoso. Ele recolheu suas asas numa elegância angelical. Sentou-se ao lado de Henry. Milhares de pensamentos surgiram na mente de Henry, o que Lucas acabou de contar fugia completamente da noção. Léo estava vivo, era o protetor de Gabriel, Gabriel está morto, era o protegido de Léo. Se Gabriel morreu, porque Léo continuava a viver? Porque não morreu também já que fracassará na missão?
No horizonte o sol estava se pondo, as aguas do mar tomando para si o vermelho alaranjado do crepúsculo. Henry olhou para o pôr-do-sol que se dava inicio. Era fantástico e magnifico. Ficou imaginando da noite na praia, que era não muito longe dali. Lembrando-se do primeiro dia em que Gabriel mostrou para ele que podia manipular a agua e a luz. As duas coisas que Gabriel era fascinado. Aquela noite foi a melhor da vida dele, tirando o fato da tentativa de ser levado por Small. Porem, foi magnifica, assim como o pôr-do-sol estava sendo para ele.
— Se você esta vivo, segundo o que Lucas acabou de me contar, significa então que o Gabriel pode estar...
— Eu e o Lucas discutimos bastante sobre isso, se iriamos te contar ou não. – falou Léo com uma voz tremula – Acontece, Henry, que eu não sei o que aconteceu. Gabriel morreu, eu deveria ter se desintegrado no mesmo momento em que ele morreu.
— Então ele não morreu?
— Não quero que você crie falsas esperanças – falou Lucas – Antes que nós descobrimos a verdade. Se os deuses não tiverem outros planos para Léo, e como ele não estar morto assim como Gabriel está isso significa então que na verdade o Gabriel não esta morto.
— Eu não sei o que dizer... Se ele estiver vivo... Bem... Não vou criar esperanças... Não agora... Mas eu quero encontra-lo se isso for verdade.
— É como eu disse. Não crie esperanças falsas. Como o Lucas disse talvez os deuses tenha alguma outra missa para mim, por isso que não morri.
— Porque Deuses? – perguntou Henry.
— Porque na verdade... – ia falando Lucas quando parou.
— Ainda não é o momento Lu. – falou Léo.
— Ainda não é o momento de que? – perguntou Henry.
— Muitas coisas você vai descobrir, mas não é o momento de falarmos para você. Precisamos ter certeza de tudo.
— Não vou insistir, sei que não contarão.
— Sabemos o quanto você está sofrendo. Por mais incrível que pareça eu sinto uma dor enorme no peito cada vez que tento lembrar-se de Gabriel ou sentir os pensamentos dele, mas na verdade não vem nada, apenas uma dor enorme no peito e uma sensação entorpecente. – falou Léo.
— Tentamos entrar em contato com todos os seres sobrenaturais da região, até mesmo com a nossa civilização em um determinado ponto do Atlântico, para que pudessem nos dar respostas, mas não obtemos. – falou Lucas.
— Como assim civilização no Atlântico? – perguntou Henry assustado – Vocês estão querendo dizer que a Atlântida existe?
— Não. Não é a Atlântida, mas sabemos a localização onde um dia ela existiu. – falou Léo.
— Espera ai... Ela realmente existiu?
— Histórias não surgem sem ter no fundo uma verdade. Existiu sim, mas isso deve ser deixado coberto como sempre esteve. – falou Lucas.
— E de qual civilização você esta falando?- perguntou Henry.
— A nossa. Onde mistérios acontecem a ninguém nunca conseguiu explicar. Talvez um dia possa lhe contar tudo. Mas agora temos que ir, está ficando tarde pra você. – concluiu Lucas.
— Eu te dou uma carona até em casa se quiser. – falou Léo – Está ficando tarde e pela floresta é perigoso.
— Como assim carona?
— Assim...
Léo levantou-se e fez suas asas brotarem de trás deles como uma bomba que acabava de ser explodida. Léo estendeu a mão para Henry que e pegou. Léo o envolveu pelos braços e bateu asas, começando a voar, com Lucas logo atrás dele.
— Todos vão ver.
— Não se preocupem ninguém pode nos ver.
Começaram a sobrevoar pela cidade. Era uma sensação ótima para Henry. Por um momento ele esqueceu todos os problemas e apenas sentiu a brisa do começo da noite tocando sua pele.
Estava feliz.