OS CONJURADORES - A MALDIÇÃO...

By LWMuller

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Gabriel é um garoto de apenas 16 anos, que teve que presenciar um abalo financeiro na família partida dela me... More

A Escuridão - Prólogo
O Estranho - Capitulo I
Amigo - Capitulo II
Entrando para o Time - Capitulo III
A Vontade - Capitulo IV
O Acampamento - Capitulo V
Mudanças - Capitulo VI
Errado - Capitulo VII
O Caminho para a Vitória - Capitulo VIII
Águas Sufocantes - Capitulo IX
Uma Verdade Confusa - Capitulo X
A Procura - Capitulo XI
Sem Sentido - Capitulo XII
A Resistência - Capitulo XIII
Dias Contados - Capitulo XIV
Tormenta - Capitulo XV
Somente Paixão - Capitulo XVI
Medo - Capitulo XVII
Verdade Dolorosa - Capitulo XVIII
Um Ato Corajoso - Capitulo XIX
A Esperança - Epílogo

O Ultimo Adeus - Capitulo XX

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By LWMuller

Eram criaturas ainda mais assustadoras do que o Small. Perto deles Small não passava de apenas uma criança do lado dos pais. Agora Gabriel tinha entendido que o fim tinha chegado, ele só não imaginava ter que ver as pessoas que ele amava morrendo. Ele não conseguia falar. Estava paralisado. Travado no chão agarrado a mão de Henry. Ele apenas conseguiu puxar Henry para perto dele, que caiu brutalmente ao seu lado e o abraçou.

— Desculpa por tudo. – falou Gabriel.

Henry encostou a testa na de Gabriel, olhou no fundo dos olhos dele. Gabriel pode ver os brilhos daqueles olhos escuros e penetrantes. Os mesmos olhos que no inicio de sua nova vida nesta cidade, o tinha enganado. Os olhos que Gabriel desejava esmagar por raiva, por medo e por rivalidade. Os mesmos olhos misteriosos que ao passar do tempo se transformou em olhos desejados, admirados e amados. Foram esses olhos que deram a Gabriel mais razão para continuar ali, mais razão para querer lutar por sua vida e mais razão por não querer fazer esse garoto sofrer mais uma perda.

Porem esses olhos negros e vibrantes estava prestes a se fecharem. Se fecharem por um destino cruel e injusto. Para eles a vida não importava mais? Porque eles queriam tanto os matar, já que Gabriel era o único que importava para eles? Porque não os deixarem irem embora?

Gabriel choramingou algumas palavras que Henry não conseguiu ouvir.

— Pode repetir? – perguntou Henry.

— Foge daqui...

— Não posso. – respondeu Henry.

— Porque não?

— Prefiro morrer ao seu lado a viver sem você.

Aquilo só piorou ainda mais a dor no peito de Gabriel. Já bastaria uma morte apenas, a dele. Ele não queria ver mais ninguém partindo sem ter culpa de nada que estava acontecendo ao seu redor. O único culpado se houvesse um culpado, seria ele. O único que deveria morrer seria ele. Ele queria mais do que tudo salvar todos, mas não sabia como.

 — Os deixem ir. – gritou Gabriel.

Ele conseguiu a atenção de todos.

— Porque eu faria isso? – perguntou ela.

Gabriel por um simples momento viu Lucas acenar com as asas e os olhos num movimento quase imperceptível, para algo fora da cabana.

— Eles não têm culpa de nada. Você quer a mim. Então por favor...

— Pare com esse seu falatório, isso não vai te levar a nada. Posso até deixar os seus dois amiguinhos saírem. Aqueles dois. – falou ela apontando para Matheus e Caíque – Já que os peguei por engano pensando que fosse o tal protetor. – apontou para Lucas.

— Mas e o Henry?

— Esse vai morrer – falou ela com os olhos flamejando – Cruzou o meu caminho porque quis, vai servir de lanche para os meus famintos Crover.

Henry apertou ainda mais a mão de Gabriel.

— Vão. – falou ele para Matheus e Caíque.

— Não. Não vamos sair sem vocês. – falou Matheus.

— É. – concordou Caíque.

— Vão logo – gritou Henry com lagrimas nos olhos – Vão Logo enquanto podem. – ele concluiu derramando as lagrimas.

Os dois garotos não tiveram escolha. Os Crover abriram caminho para eles passarem. Os dois seguiram cruzando a cabana olhando nos olhos de Gabriel. Como se quisessem dizer "Não morram, por favor,". Mas isso não estava mais nas mãos de Gabriel. Nem ele. Nem Henry. Nem Ryan. Nem Lucas. Nenhum deles poderia fazer algo para mudar o destino dos Quatro.

Gabriel estava predestinado a um sacrifício. Henry tinha cruzado o caminho da Vanessa, e agora tinha recebido sua sentença de morte. Ryan, bom, por ter desafiado sua mãe, talvez, não fosse ter um final feliz. E Lucas, esse não teria chances contra dois Crover. O final estava escrito.

Num simples movimento, Lucas voou em direção a um dos Crover, se chocando agarrado ao mostro contra uma parede. De fora da casa, asas negras e brancas adentraram se agarrando ao outro Crover, Léo. Ele não estava morto.

Gabriel pode perceber que ele estava não muito ileso, estava com alguns machucados pelo corpo e por alguns lugares em suas asas, Small tinha feito um pequeno estrago. Small? O que tinha acontecido com ele?

Seja lá o que tivesse acontecido com o Small, Gabriel não estava muito interessado em saber, não agora, pois sua atenção se voltou para outras pessoas, Vanessa e Ryan.

­— Agora só nós dois. Mamãe. – falou Ryan para ela.

— Como você pode ser tão burro a ponto de querer me enfrentar, Ryan. – falou ela com tom de deboche, que já tinha se tornado típico dela.

— Você realmente acha que vou ser bonzinho com você? Só porque vivi 16 anos de minha vida pensando que você era minha mãe.

Ela fraquejou mais uma vez, segunda vez naquela noite. Recostou contra a parede e olhou fundo nos olhos de Ryan. Pode ser visto os olhos dela lacrimejarem e se encherem de lagrimas.

— Do que você esta falando, meu filho?

— Não me chame de meu filho. – gritou Ryan – Você não passa de uma sequestradora, mentirosa e assassina.

Ryan girou suas asas sobre a cabeça e a pressionou contra o peitoral de Vanessa, a levantou do chão. O medo tomou conta dos olhos dela. Ela tentou recorrer aos seus servos, mas eles estavam muito ocupados com Léo e Lucas.

— Pare com isso Ryan. – a suplicou – Você não sabe o que fala.

— Querida, você acha que depois das trevas saírem de mim eu não se lembraria de toda a verdade? Acha que eu não lembraria que minha verdadeira mãe teve dois filhos e não um? Que nós somos Gêmeos Bivitelinos? Gêmeos mais conhecidos como Fraternais? Fez-me acreditar esse tempo todo que você era a minha mãe, sendo que esse tempo todo eu tinha um irmão. – ele olhou para Henry – E que tenho uma irmã.

Henry não estava mais entendendo nada do que estava acontecendo, nem muito menos o motivo de Ryan ter olhado para ele quando pronunciou a palavra irmão.

— Do que você está falando, Ryan. – perguntou Henry – Sei que é uma questão familiar pelo que me parece, mas acho que isso me envolveu com o seu olhar.

— Se for uma questão familiar, assim como você disse, então você está envolvido também. – respondeu Ryan.

— Para com isso Ryan, me solte.

Ryan soltou a mulher e virou-se para Henry, abaixou-se na frente dele e colocou suas asas arqueadas para trás, caso algum ataque inesperado, ele teria tempo de revidar. Ryan olhou nos olhos assustados de Gabriel e Henry. Os de Ryan estavam assustados, porem ao olhar para Henry, um brilho de felicidade surgiu entre uma lagrima e outra.

— Você é meu irmão. – falou ele.

— Como assim irmão? – falou Henry — Isso é impossível. Não temos as mesmas idades, somos diferentes.

— Me diz uma coisa, Henry – Quando você nasceu?

— 12 de Setembro de 1996. Por quê?

— Só pra você entender a história. Acho meio estranho eu ter nascido exatamente dia 12 de Setembro de 1997. Isso foi o que esse monstro... – apontou para Vanessa – Me fez acreditar, depois que colocou as trevas em mim. Não sei se ela não sabe, ou esqueceu que anjos, assim como eu, mesmo sendo uma parte humana, tem a capacidade de lembrar tudo desde o primeiro segundos de vida. Você sabia disso. Mamãe?

Ele falou isso e virou-se para encara-la, a mulher estava sentada no chão, ainda com o punhal em suas mãos. Os olhos dela agora demostravam serem apenas das trevas. As lagrimas que minutos atrás rolaram pela face, pareciam nunca terem existido. Ela não passava de apenas um demônio.

— Sabia sim. Acontece que eu não sabia que você passaria novamente para o lado da sua pobre mãe. Que descanse em paz. Aquela traidora.

— Ela não traiu ninguém. A Christina apenas escolheu o lado certo. Ele simplesmente escolheu ser uma Nípta porque esse era o destino que ela tinha escolhido. Mas você com inveja fez o que fez.

— Nós três eram as feiticeiras mais poderosas da nossa tribo, poderíamos ter feito esse sacrifício se as duas não tivessem traído a própria espécie, Líclica. Pobre Paula pensou que pudesse salvar esse garoto.

— O que minha mãe tem haver com isso? – perguntou Gabriel.

— Muita coisa. Porem esta passando da hora de tudo ter o destino que deveria ter. Criei você como filho. Não tive culpa do acidente de carro, pelo menos salvei a garota, e a tentei criar como filha se ela não tivesse fugido.

— A Vitória está viva? – perguntou Henry.

— Está sim e eu vou encontrar nossa irmã.

— Você não vai encontrar nada, pois ele morrerá agora mesmo. – falou Vanessa.

Ela avançou com todo poder em direção a Henry. Gabriel o puxou colocando entre as pernas dele e o abraçou, protegendo-o como podia. Fecharam os olhos. O barulho da lamina entrando na pele e penetrando a carne foi mais sobrenatural do que qualquer outra coisa que eles viram nesta noite. Gabriel começou a soltar suas pequenas lagrimas.

— Desculpa Henry. – falou Gabriel sussurrando.

Dentre as pernas de Gabriel, Henry choramingou.

— Eu estou bem.

Os dois abriram os olhos rapidamente e puderam ver a tristeza tomando conta dos olhos de Vanessa, a dor tornando-se visível na face dela e o sangue pingando no chão da cabana. O punhal caiu entre os pés dela. Calmamente ela cambaleou para trás até recostar novamente na parede. Deslizou até o chão. Sentou-se.

As asas de Ryan estavam protegendo Gabriel e Henry. Não tinha como saber o que estava acontecendo, até que enfim, Ryan caiu de joelhos no chão. Os Crover, Lucas e Léo pararam. Olharam para a cena. Ryan tinha sido apunhalado no peito. Estava a sangrar.

Ele levou a mão esquerda até o peito. Sentiu o sangue pulsar para fora lentamente. Pressionou o ferimento. Gabriel viu Ryan fraquejar e se levantou antes que Ryan caísse. Gabriel o colocou lentamente ao chão. Os olhos deles estavam azuis claros como a o céu em um dia ensolarado. Os cabelos de Ryan tinham tomado um loiro mais vivo e mais claro. O corpo dele estava se acalmando.

— Não. Você não pode morrer. Fala pra mim que anjos não morrem, por favor. – choramingou Henry.

— Difícil matar um anjo, mas um híbrido é muito fácil. E você nunca gostou de mim. Para com isso. Só me promete que ficará vivo e que vai encontrar nossa irmã. Fuja agora mesmo, você e o Gabriel. Por favor. Façam meu sacrifício valer a pena. Ela vai ficar abalada por alguns minutos, mas as trevas a tomarem novamente.

— Não podemos deixar você – falou Gabriel.

— Eu ficarei bem. Por favor, me obedeçam.

Contra sua própria vontade, Gabriel puxou o braço de Henry.

— Não. – gritou Henry – Ele é meu irmão.

— Vamos.

Gabriel saiu correndo com Henry. Passaram pela porta e olharam para Léo, que assentiu e com um soco violento fez o Crover explodir em poeira, e em seguida foi ajudar Lucas a derrotar o outro Crover. Antes de partirem, Gabriel olhou para Ryan, que apenas deu um sorriso e acenou com a mão para que fossem logo.

Do lado de fora, jogado como um trapo no chão estava Small. Ele parecia ser diferente dos outros Crover que estavam dentro da cabana. Ele sangrava. Já o único Crover que Gabriel viu sendo derrotado, virará pó. Sem uma gota sequer de sangue. Porque somente Small estava sangrando?

A cabana já estava longe bastante deles. Gabriel e Henry corriam desesperadamente na escuridão. Desviando de todas as arvores que estavam em seus caminhos. Não sabiam para qual direção estava indo. Sabiam somente que tinha que sair dali o mais rápido que pudessem.

Eles sabiam que o perigo não tinha acabado. Não deveriam deixar o sacrifício de Ryan ser em vão.

— Estou cansado. – falou Gabriel — Estamos correndo há minutos e não aparece nenhuma luz. Nada.

Ele falou e puxou Henry, os dois sentaram no chão e encostaram as costas em uma arvore.

— O que faremos? – perguntou Henry.

— Não sei.

— Difícil de acreditar, sabia? – confessou Henry.

— O que?

— Que eu tinha um irmão esse tempo todo e que ele morreu para me salvar.

— Pena que vocês não se davam bem.

— Talvez pelo fato das trevas estiver nele que ele agia daquela forma no começo da adolescência.

Falou Henry e em seguida baixou a cabeça. Gabriel sentou-se na frente dele. Pegou o queixo dele com uma das mãos e ergueu a cabeça dele.

— Não fica assim. Tudo vai dar certo.

Maldição.

— Onde vocês estão? Apareçam porquinhos medrosos.

Uma voz gritou no meio da escuridão. Henry estremeceu e Gabriel choramingou ao lado dele.

Small.

O Crover estava atrás deles e Gabriel não sabia o que fazer para sobreviver. Léo estava ocupado na cabana ajudando o irmão a derrotar o outro Crover. Ryan provavelmente já estaria morto e não teria como o socorrer neste momento. Era a hora dos dois agirem por conta própria e tentarem escaparem dessa ameaça.

No três corremos naquela direção. Sussurrou Gabriel no ouvido de Henry, apontando para os primeiros raios de sol que surgiam naquela escuridão.

O sol estava a raiar, poderia ser mais fácil para eles irem em direção à luz, chegariam a algum lugar e poderiam seguir em direção à cidade. Agora mais do que nunca Gabriel queria poder ver os olhos da sua mãe, os olhos do seu pau, os olhos do pai de Henry. Gabriel queria poder perguntar a mãe dele toda a história que ela estava a esconder, pois só agora Gabriel conseguia compreender por qual motivo podia manipular a luz e a agua. Talvez a sua mãe não fosse uma humana qualquer e ele queria saber a sua origem.

Um...

­— Apareçam e acabaremos logo com isso.

Dois...

— Não façam ficar irritado com vocês.

— Três. – Gritou Gabriel.

Os dois partiram em direção a luz. A voz de Gabriel e o som de galhos se quebrando, foram suficientes para chamarem a atenção de Small. Ele seguiu os garotos pelas copas das arvores. Era possível ouvir o som dos galhos e ramos se quebrando. Small chegava cada vez mais perto dos dois. E a luz demorava mais para chegar. Small os alcançaria, e os mataria. Talvez ele não matasse Gabriel. Mais o destino de Henry já estava escrito se ele fosse capturado.

Na noite do acampamento da praia, Henry foi salvo pela manipulação da agua que Gabriel conseguiu produzir e também por causa de Léo que interveio a eles no momento certo. Talvez, se isso não tivesse acontecido, Henry não estaria mais ao lado de Gabriel, naquele momento, correndo, ao lado dele.

Um galho atingiu o rosto de Gabriel, cortando uma parte da bochecha e o sangue escorreu imediatamente. Ele não sentiu dor, apenas sentiu o sangue correr por sua bochecha e chegar até o queixo. Na medida em que ia correndo o sangue respingava em sua camisa. Quando os dois estavam chegando próximo ao fim das arvores, para uma área mais aberta de onde vinham os primeiros raios de sol, algo inesperado aconteceu. Ou melhor. Alguém que não deveria esta ali gritou.

Gabriel

Era a mãe dele, Paula. Estava vindo em sua direção, com seu marido ao lado e com o pai de Henry também. Gabriel se sentiu salvo, pois agora estava com sua mãe e seu pai vindo em sua direção. Um grande alívio tomou conta dele. Mas algo que Henry sussurrou o fez despertar.

— Será que realmente são eles, ou um truque barato do Small?

Gabriel parou para pensar. Small não esta mais os perseguindo. E ele não sabia identificar se aquilo era uma visão ou não. Mas foi o que veio em seguida que fez Gabriel ter certeza do que via. Henry foi lançado a cinco metros de distancia dele, e uma fumaça negra começou a aparecer como redemoinho em seus pés. Começou a envolvê-lo e levanta-lo do chão, o levando para fora da floresta, até chegarem numa área próxima a um precipício. Small estava fraco e sem seus poderes quase sem nada. Logo ele parou agarrado com Gabriel, bem no limite do precipício.

A mãe de Gabriel, e o pai dele saíram de dentro da floresta, correndo e desesperados, logo atrás vieram Henry e Felipe. E como num passe de magica, Lucas apareceu voando entre uma arvore e outra pousando ao lado de Henry. O pai de Henry arregalou os olhos e puxou Henry mais pra perto, como se quisesse proteger o filho daquele ser que acabara de pousar ao seu lado. Mas Henry simplesmente se soltou do pai. Em seguida Léo apareceu atrás de Lucas, carregando Vanessa por um braço, desarmada e sem perspectiva de mais nada.

— Ora, Ora. Todos aqui para ver o fim épico desse garoto. – falou Small com uma voz de cortar a alma de qualquer humano.

— Vai em frente. – falou Gabriel em resposta a frase de Small.

— Pra quem está prestes a morrer você até que tem coragem.

Gabriel olhou para sua mãe. Ela estava acabada, os olhos mergulhados em um imenso desespero e em uma imensa tristeza. Ela e o pai de Gabriel tentaram dá um passo para frente na direção do filho.

— Se eu fosse vocês não fariam isso. – falou Vanessa.

— O que você quer com meu filho. – falou Paula.

— Querida irmã. – falou Vanessa. – Você mais do que ninguém sabe do que estou falando. Você mais do que ninguém conhece a história das Líclicas e das Níptas.

— Você é um mostro. Como pude um dia confiar em você? – gritou Paula avançando contra a mulher, porém foi impedida pelo marido.

— Temos coisas mais importantes para resolver do que resolvermos problemas do passado. – falou ele.

Ela apenas concordou e voltou os olhos para Gabriel.

— Small, deixe meu filho em paz. Sei que você entende minha dor. – falou Paula.

— Como você sabe o nome dele? – perguntou Henry.

— As coisas são mais complicadas do que você pode pensar meu amor. – respondeu ela.

Gabriel começava a derramar suas primeiras lagrimas e começou a se debater nos braços de Small tentando se livrar. Tentativas sem sucessos, Small não se movia e não se abalava.

— Poupe sua força inútil. – falou ele.

— Porque comigo? Porque eu? – perguntou Gabriel para ele.

— Porque a maldição é sua. E está na hora dele ser despertado para refazer a humanidade.

— Refazer? Vocês querem destruir... – falou Gabriel.

— Não meu jovem. – respondeu ele – Eu não quero destruir.

Gabriel viu pequenas sombras escorrerem pelos estranhos olhos pretos de Small. Seriam lágrimas? Eram assim as lágrimas de um Crover? E porque ele estaria chorando? Gabriel então desistiu de se debater.

­— Você tem um proposito para está fazendo isso... Irão te dar algo em troca, não é? – perguntou Gabriel.

— Sim. Minha vida de volta. Meu filho de volta. – respondeu Small.

— Você sabe que eles não te darão isso. – falou Paula – Você conhece está historia muito bem. Eles roubaram sua vida, você era feliz. Não é culpa do Gabriel tudo que aconteceu com você. Você pode ficar do nosso lado e poder refazer sua vida. Ajudaremos a se libertar das trevas.

— Assim como o Ryan conseguiu você também pode. – falou Henry – Pena que meu irmão não esteja mais entre nós.

— Irmão? – perguntou Felipe assustado.

— Sim. – respondeu Henry.

— Não. Isso é...

— Verdade. – concluiu Paula.

— Esse monstro o matou – falou Gabriel apontando para Vanessa.

— Eu o amava como filho, eu não queria que aquilo tivesse acontecido. Ele foi burro e idiota em ter ficado na frente dele quando eu realmente queria...

— Me matar. – completou Henry.

— Como você pode ter matado ele? Vanessa, você se superou na obsessão.

— Parem. – gritou Gabriel.

Ele estava se desfazendo em lagrimas, em pânico, em tristeza. Todos olharam para ele. Henry tentou avançar na direção dele, mas foi impedido por Lucas que sacudiu a cabeça num movimento negativo.

— Não. Henry. – falou Gabriel – Fica ai.

Gabriel olhou para a mãe.

— Mãe. Perdão.

— Pelo o que meu amor?

— Por mentir. Por me esconder. Escondi de você. Na verdade, de vocês. – ele olhou para o pai também – Acontece que eu tinha medo – e olhou para Henry – Mas o que posso fazer? Aconteceu.

— Meu filho. É a sua felicidade. Não poderíamos fazer nada a respeito disso. – falou Paula e depois olhou para Henry – Não é uma coisa de outro mundo o que vocês sentem um pelo outro. – olhou de volta para Gabriel – Amo você do jeito que for. É meu filho seja como for.

— Nós simplesmente te amamos. – falou o pai dele.

­— Eu te amo. – disse Henry.

Até aquele momento, Lucas e Léo não tinham pronunciado nenhuma palavra. Só às vezes um olhava para o outro impaciente, lançando olhares e sinal incompreendidos por Gabriel.

— Você fez um ótimo trabalho – Gabriel falou olhando para Lucas e Léo.

— Ainda faremos. – falou Léo – Essa é minha missão.

— Sinto muito desapontar vocês. – Gabriel falou – Mas a missão de vocês acabou.

Gabriel olhou para seu tênis. Ela ainda estava lá. Assim como ele a colocou na cabana.

— Sinto muito quebrar a promessa que te fiz. – falou ele olhando para Henry.

— Como assim?

— Prometi ficar ao seu lado. Prometi te proteger. Prometi fazer você feliz. Mas isso não será possível. Só apenas uma parte dessa promessa eu serei capaz de cumprir. Somente irei te proteger.

— Do que você está falando? – perguntou Henry.

— Você me disse, depois daquela pesquisa sobre a seita, que a maldição só acabaria em duas hipóteses, não foi? – perguntou Gabriel.

— Sim, foi. – respondeu Henry.

— E todas levam a um único final.

— Sim. A morte. – disse Henry – Mas isso não vai acontecer.

— Vai, amor. O único jeito de proteger você, minha mãe, meu pai e meus amigos, é com a maldição acabando aqui, hoje. – falou Gabriel.

Vanessa se sacudiu tentando se soltar das mãos de Léo.

— Então irá se entregar? – falou Small – Sábia escolha.

— Não. Não irei me entregar. Jamais deixarei vocês despertarem um ser das trevas. Quero mais que ele continue no inferno. Ou seja, lá onde ele esteja.

— Não, por favor. Não faça isso. – gritou Henry.

— Sinto muito. – falou Gabriel tentando olhar ao mesmo tempo para as três pessoas que ele mais amava. – Mãe, saiba que eu te amo, e farei isso para protegê-la. Pai desculpa se não sou o homem que você imaginava, mas obrigado por me amar mesmo assim. Henry. Nunca falei isso para você, não diretamente, mas, eu te amo.

Nesse momento Gabriel levantou um dos pés e puxou de lá a faca que tinha usado pra desamarrar seus amigos na cabana. Henry o olhou com os olhos de medo. Gabriel segurou a faca com a mão esquerda. A única que ele tinha um grande espaço para movimentá-la. Até o momento Small não percebera o que Gabriel manuseava. Apenas os que estavam olhando para Gabriel. Léo balançou a cabeça para os lados, parecia implorar um não. Ele sabia o que Gabriel estava prestes a fazer.

Não faça isso.

Eu preciso salvá-los.

Foi apenas um golpe fatal. E tudo agora estava acabado. Gabriel tinha apunhalado o próprio peito. Só depois de um grande grito de Henry, Não, que Small percebeu o que tinha acabado de acontecer. Com cuidado e rápido, Small puxou o punhal do peito de Gabriel. Esse foi o maior erro. O sangue começou a pulsar pelo ferimento.

— Você perdeu.

Foram essas as palavras que Gabriel falou para Small antes de fechar os olhos.

Acabou.

Henry se debatia nos braços do pai, queria por que queria se soltar e ir pegar Gabriel nos braços e ter certeza que ele não se foi. Paula se jogou no chão de joelho com as mãos nos olhos. O pai de Gabriel a abraçou desolado. Léo levou a mão ao peito e caiu no chão, se contorcendo de algum tipo de dor. Vanessa aproveitou que estava solta e virou-se na direção da floresta, quando ela começou a correr, seu corpo paralisou. Os pés não se moviam. Involuntariamente seu corpo começou a virar-se na direção de todos. Ela pode ver Paula. Os cabelos dela ondulando. Os olhos passaram de claros, para um vermelho escuro. A Nípta acordou. Rapidamente Vanessa começou a tremer. O medo estava subindo para domar o corpo dela totalmente.

— Você matou meu filho.

— Não. Ele mesmo se matou.

Paula se soltou dos braços do marido e começou a andar para mais próximo de Vanessa. A cada passo que Paula dava, Vanessa era elevada cerca de 10 centímetros. Até que Paula parou. Levantou a mão. Vanessa começou a se debater constantemente. Parecia que estava sendo possuída. Sendo metralhada por diversos tiros de metralhadora. Então quando Paula fechou a mão, o corpo de Vanessa parou de se contorcer, ela olhou para Paula e "Bum". Ela virou fumaça diante todos.

Small tinha percebido o que tinha acontecido, soltou Gabriel. Segundo erro dele. Por estar no limite do precipício o corpo de Gabriel deslizou e despencou. Small tentou segura-lo sem sucesso. Vendo que tudo tinha acabado, que o sonho de ter sua vida de volta tinha caído despenhadeiro abaixo, Small simplesmente se desmaterializou ali, na frente de todos. Henry correu para a beira do grande abismo. Olhou para baixo e não viu nada. Tinha perdido a pessoa que ele amava.

— Acabou. Eu também morrerei. – falou Léo para Lucas.

Porem Lucas estava com os olhos em outro local. Olhava para as montanhas ao longe. Parecia está surpreso com algo.

— Se deus estiver ao nosso lado, você não vai morrer. – respondeu ele.

— Ele se matou.

— Aqui tem algum pássaro dourado? – perguntou Lucas ainda vidrado nas montanhas.

— Que eu saiba não. – falou Léo se contorcendo.

— Vou te tirar daqui.

Lucas pegou Léo, o envolveu e bateu as asas, depois de alguns segundos conseguiu se elevar do chão e pegar voo na direção contraria das montanhas, por entres as arvores da floresta.

— Não. Isso não pode estar acontecendo. – Falou Henry.

Nesse exato momento, a areai do chão próximo a Henry, começou a flutuar. Uma pulsação invisível começou a sair do corpo dele, para todos os lados. Atingia as pessoas e começava a move-las lentamente. Isso estava vindo do Henry. A dor que ele estava sentindo estava mudando ele.

— Henry, se controla, você não pode deixar isso ser maior que você – falou a Paula.

— Ele despertou? – Perguntou o Felipe.

— Sim, ele despertou. – Respondeu Paula sem conseguir chegar perto do Henry que estava de joelhos no chão, olhando para o horizonte.

As arvores próximas se sacudiam para a mesma direção. A direção oposta do Henry. Um dos conjuradores mais poderoso da geração tinha acabado de despertar todo o seu poder de uma só vez.

— Henry, vem até mim, por favor. – Falou Paula – Você é como um filho para mim agora, só tenho você, então escuta a minha voz e volta.

Aos poucos as pulsações foram parando graduadamente. Henry levantou-se do chão e se atirou nos braços de Paula. Chorava como uma criança. Não sabia como se acalmar. Ele não queria se acalmar. Paula tentava ser forte, mas as lágrimas escorriam pelos seus olhos. O pai de Gabriel tinha caminhado até uma árvore e se apoiou nela, bem ao longe. Talvez não quisesse ser visto chorando. Mas o pai de Henry foi até ele. Talvez der o apoio que ele necessitava. Ele mais do que ninguém sabia o que era perder um filho. Tinha perdido uma filha em um acidente.

Paula tentou acalmar Henry.

— Meu bem. Tenta se controlar.

— Eu o amava. Porque ele fez isso?

Paula estava sentindo coisa pior do que Henry, não podia simplesmente esconder o que esta sentindo. Tinha acabado de perder um filho. O filho que ela tanto amava.

— Fez isso porque nos ama.

Ela falou isso abraçou Henry o mais forte que podia. Estava com o garoto que seu filho amava em seus braços. Não podia simplesmente esquecer a dor de Henry e pensar apenas na sua própria dor. Poderiam ser dores diferentes. Dores de uma mãe, dores de um namorado. Mas eles tinham algo em comum. Os dois amavam Gabriel.

O pai de Gabriel e Felipe estava já ao lado deles. Henry foi para o encontro de um abraço do pai, e Paula se agarrou ao marido.

— Temos que chamar a policia, ou corpo de bombeiros para procurar o...

— O corpo dele? – perguntou Paula.

— Sim querida.

Tinha se passado uma semana. O corpo de Gabriel não tinha sido encontrado. Gabriel tinha sido dado como morto pelas autoridades local, depois de vários dias de buscas sem sucesso. O que acarretou em um sofrimento maior para mãe dele, pois não teria o direito de dar um velório digno ao filho. Ele morreu como um herói. Salvou não apenas seus familiares e seu, namorado, mas também toda a humanidade de uma escravidão eterna que estava por vim. Paula já tinha se conformado com o acontecido, mas Henry ainda não tinha superado. Todos os dias ele ia até o local onde Gabriel tinha morrido, onde Gabriel o tinha deixado. Ele tentava superar sua dor dessa forma, por mais difícil que fosse.

Ele tinha perdido mais uma pessoa que amava. Na verdade duas, por mais precoce que fosse ele tinha ganhado mais um irmão, Ryan. E agora ele sabia que sua irmã Vitória poderia estar viva, ele daria seu sangue para encontra-la. Jamais se esqueceria do sacrifício que Ryan fez. Ele perdeu mais duas pessoas queridas. Um seu irmão, o outro, namorado. Durante esse semana que se passou Henry tinha pensado diversas vezes em se jogar do alto do precipício e se juntar a Gabriel e ao Ryan, mas algo o impedia, o corpo dele travava e ele voltava em si. Sabia que não era a coisa certa. Por mais que Gabriel cometerá um suicídio e Ryan, de certa forma, também, ele sabia que foi por motivos heroicos. Mas talvez eles tivessem uma chance de perdão e não foram mandados para o inferno, pois dizem que o lugar de suicidas é lá. Mas eles tinham morrido como heróis, poderiam ter tido alguma chance de se redimir. Mas se Henry fizesse isso, não teria, talvez a mesma sorte que os dois podem ter tido.

Gabriel tinha sido a melhor pessoa que apareceu em sua vida, ele não podia o desapontar. Onde quer que o Gabriel esteja. Queria que ele tentasse superar a dor e ser feliz. Por mais doloroso que fosse Henry sabia que não seria fácil ser feliz sem Gabriel. Seria terrivelmente diferente do futuro que ele pensou em ter. Mas tudo tinha sido por ele. Gabriel pensou nele até no momento em que tirou a própria vida. Acabou com a maldição e o demônio jamais despertaria.

Ele tinha o pai que sempre estivera ao seu lado o apoiando em tudo. Ele não estava acreditando muito na história de que Ryan fosse seu filho e que Vitória poderia estar viva, mas o apoio do pai era tudo que Henry precisava no momento. Felipe também gostava de Gabriel, ele fazia Henry feliz. Estava sofrendo pela morte de Gabriel, mas estava sofrendo mais ainda pelo sofrimento do seu filho amado. Porem por mais doloroso que fosse essa era a verdade e todos tinham que entender o que Gabriel fez.

"Eu sempre irei te amar, Gabriel".

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