OS CONJURADORES - A MALDIÇÃO...

By LWMuller

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Gabriel é um garoto de apenas 16 anos, que teve que presenciar um abalo financeiro na família partida dela me... More

A Escuridão - Prólogo
O Estranho - Capitulo I
Amigo - Capitulo II
Entrando para o Time - Capitulo III
A Vontade - Capitulo IV
O Acampamento - Capitulo V
Mudanças - Capitulo VI
Errado - Capitulo VII
O Caminho para a Vitória - Capitulo VIII
Águas Sufocantes - Capitulo IX
Uma Verdade Confusa - Capitulo X
A Procura - Capitulo XI
Sem Sentido - Capitulo XII
A Resistência - Capitulo XIII
Dias Contados - Capitulo XIV
Tormenta - Capitulo XV
Somente Paixão - Capitulo XVI
Medo - Capitulo XVII
Um Ato Corajoso - Capitulo XIX
O Ultimo Adeus - Capitulo XX
A Esperança - Epílogo

Verdade Dolorosa - Capitulo XVIII

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By LWMuller

Estava ficando frio. A sensação de algo se balançar sem vento. Fenômeno sobrenatural sentida em sua própria pele. Isso só aumentou ainda mais o medo que se acumulava a cada minuto dentro de Gabriel. Ele chegou perto da floresta, ela parecia chamar por ele, tudo ali dentro era estranho para ele. Ele sentia medo de entrar acompanhado. Entrar sozinho serio o pivô para um surto e uma ação mau pensada. Sabia ele que todos estariam esperando por ele, que Small estava esperando a atitude heroica dele.

Ele entrou, pela mesma trilha estreita e pequena que ele e Henry entraram junto pela última vez. O lado branco e claro da floresta estava quieto e tenso. As arvores não demonstravam nenhum tipo de movimento, pareciam estar petrificada. Talvez elas tivessem vontade própria e sabiam que era loucura o que Gabriel queria fazer. Seguindo com as mãos nos bolsos e coração palpitante, Gabriel parou em frente a arvore que Henry tinha amarrado a tira da camisa para tira-los de dentro da dobra, e ela ainda estava ali, da mesma forma que Henry tinha amarrado. Gabriel suspirou fundo e foi até ela, desamarrou e a enrolou na mão.

Poucos minutos depois andando lentamente, Gabriel se viu próximo de onde deveria entrar para ir até a cabana. A entrada estava como eles tinham deixado da última vez. Um frio subiu pelas costas de Gabriel até a sua nuca. O vento soprou e as arvores do lado claro da floresta se sacudiram, dançando lentamente. Pareciam chorando de tristeza por saber que Gabriel estava indo em direção a morte, em direção a seu último suspiro. Seu último adeus ao mundo.

Tentou ser corajoso, pegou parte da arvore e puxou para o lado, abrindo caminho na entrada do lado escuro da floresta, colocou o pé direito primeiro. Quem sabe da sorte. Depois entrou por inteiro.

Não tinha levado nenhuma lanterna ou coisa semelhante. Tinha ido apenas com sua pouca coragem domada pelo medo. Ele entrou com a vontade de salvar logo seus amigos e verem todos são e salvos. Mas cada passo que Gabriel dava dentro daquela floresta o seu coração palpitava mais rápido e forte. As floresta desse lado escuro e negro estavam como sempre. Paradas e sem movimentos. A luz do luar conseguia penetrar entre as folhas das arvores iluminando o interior. Ouviu-se um pio de uma coruja. Gabriel caminhava e parou. Olhou para o canto superior esquerdo da floresta e percebeu que ele não estava sozinho. Existia umas criaturas estranhas dependuradas nos galhos de uma arvore. Criaturas com braços maiores que as pernas, tinha a textura de serem escamosos. Pareciam macacos, mas não eram. Olhos amarelos com ires vermelhas. Ao abrirem a boca exibiam dentes afiados e pontudos. Essas criaturas olhavam uma para as outras e emitiam sons estranhos. Porem nenhuma tentava atacar Gabriel, ficavam ali, esperando, olhando. Gabriel começou a andar, e eles também, iam passando de uma arvore para a outras, deslizavam como cobras entre os galhos.

Ele tremia. Bastava o perigoso Small, agora tinha que se cuidar para não ser atacado por essas criaturas estranhas e ridículas. O chão estava repleto de folhas e galhos secos que Gabriel pisava constantemente. Ele parou para respirar. Aquele tenso e denso lugar o estava sufocando. Estava deixando a mente dele perdida em pensamentos.

Não faltava muito e a cabana estava bem a frente dele. Iluminada como da última vez. Na verdade tudo estava como da última vez, exceto o fato de Gabriel se o único livre que não foi raptado.

Era a hora de resolver tudo. Gabriel começou a andar cada vez mais rápido se desviando dos ganhos para chegar logo na cabana. Não seria uma entrada agradável. Ele invadiria de uma vez sem pensar em mais nada.  Ele parou a pouco mais de 5 metros à frente da cabana, ela parecia vazia. Isso não era verdade. O feitiço ainda escondia a verdadeira cara da cabana. Tinha certeza que seus amigos estavam ali dentro envolto e preso em uma magia negra feita e guardada em um círculo. Ele andou subia na varanda da cabana e bateu com o pé na porta a fazendo abrir brutalmente.

Estava vazia, as velas acesas e pareciam não terem derretido nenhum milímetro. Tudo exatamente como a última vez. Gabriel entrou. Olhou nos dois cômodos laterais e ele estavam vazios. Começou a percorrer cada canto da cabana. Andando em círculo no círculo feito no chão. Ele viu dentro de um dos cômodos uma vassoura. Talvez varrendo a areia do círculo os seus amigos apareceriam ali. Na frente dele.

Foi isso então que Gabriel fez. Foi até o cômodo e pegou a vassoura, foi até o círculo e precisou apenas passar a vassoura uma vez, desfazendo um círculo perfeito. Ouve uma breve vibração nas chamas das velas e ele sentiu algo repousar. Um clima denso e passado fazendo a cabeça dele girar. Gabriel ficou zonzo e teve a certeza que ia cair. Ele correu até a porta de entrada e se segurou na quina da porta. Ele foi deslizando até se sentar e viu o inacreditável. A imagem do círculo desapareceu e a imagem em sua frente se tornou borrada, até voltar a tomar forma novamente.

Gabriel estava certo, o primeiro a aparecer foi Matheus, estava amarrado numa espécie de tronco. Desacordado e completamente sujo. O cabelo dele totalmente bagunçado. Tinha passado do tom preto para um tom cinzento e sujo. Usava a mesma roupa que no dia que tinha sido levado. Uma calça jeans e uma camisa vermelha.

Ao lado dele amarrado da mesma forma, com os braços para cima amarrado no tronco, Caique foi o segundo a aparecer. Ele estava acordado, com os olhos assustados que logo depois do feitiço ir se desfazendo olhou para Gabriel. A boca estava amordaçada. Gabriel não conseguia se mexer. Faltava saber se os outros garotos também estariam ali. Faltavam os outros três. E mais um começou a surgir.

Gabriel levou um susto ao ver. Era Lucas, porem estava completamente diferente, ele estava deitado no chão. A boca amordaçada, as mãos amarradas frente ao corpo dele. As pernas estavam amarradas também, por uma corda fina e resistente. Quem quer que amarrou ele, queria que ele ficasse totalmente mobilizado. Mas tinham razão.

Além do corpo amarrado, as asas brancas também estavam amarradas. Era esse o motivo do Lucas saber de toda a verdade, assim como Léo, ele também era um anjo. Esse era o motivo de Lucas saber tudo sobre Gabriel, tudo sobre a maldição. Se ele sabia de tudo então poderia saber como Henry poderia salvar Gabriel da maldição.

Ele girou o corpo para olhar em volta, não viu os outros garotos, nem Henry, nem Ryan estava ali dentro da cabana igual o outro garoto. Onde poderiam estar?

Gabriel lembrou-se da faca em seu calcanhar e a retirou. Levantou rápido e foi na direção de Matheus, cortou a corda que o segurava no tronco no meio da cabana. Mateus caiu no chão com as mãos e os joelhos no chão. Desamarrou a mordaça da boca.

— Por que você está aqui? – perguntou Matheus.

— Eu vim tirar vocês daqui.

Matheus riu, mas foi um riso irônico.

— Você é tão idiota que veio aqui para morrer.

Gabriel olhou para ele que se ajeitava e sentava no chão. Todos os outros dois garotos estavam conscientes já.

— Você não tem noção do perigo que está correndo aqui. – falou Matheus sacudindo a cabeça em sinal de negação – Vá embora enquanto ele não chega.

— Ele quem? – perguntou Gabriel.

— O responsável por isso tudo!

Gabriel foi até Caíque que se encontrava de cabeça baixa. Se ajoelhou na frente dele e cortou a corda que o amarrava, o deixando cair com as mãos no chão, assim como Matheus. O Lucas estava muito mais amarrado do que os outros. As asas deles estavam feridas, as cordas estavam as machucando cada vez mais que ele tentava se desamarrar, sem nenhum sucesso.

— Não se mexa.

Falou Gabriel seguindo até Lucas. Primeiro foi até a boca de Lucas e cortou o tecido grosso que prendia a boca dele. Lucas então começou a respirar livremente. Puxou todo oxigênio que pode, como se não respirasse a dias, Gabriel então desamarrou as pernas dele e as mãos. Depois fez com que Lucas deitasse de bruços e Gabriel começou a cortar a corda que prendia as asas dele. Era uma corda fina, porém mais resistente do que as outras. Foi preciso muita pressão e tempo para cortar. Ao se sentir livre Lucas sacudiu suas asas jogando gotas de sangue na parede e num ato pensado ele avançou sobre Gabriel, o pegou pelo pescoço e o levantou contra a parede.

— O que diabos você está fazendo aqui? – perguntou Lucas.

A força dele era sobrenatural, ele era menor que Gabriel, mas o levantou apenas com uma mão. Gabriel sentiu os dedos deles apertando o pescoço dele, era uma sensação horrível. Gabriel tentou se soltar, mas Lucas o estava prendendo com bastante força.

— Me solta!

Lucas obedeceu e o soltou no chão brutalmente. Gabriel bateu de costas na parede e caiu de joelhos, pois a mão na cabeça e outra no pescoço, a sensação quase estrangulamento era terrível. Lucas sentou-se no chão e num espetáculo tão lindo e quase extasiante, recolheu suas asas, e Gabriel viu elas serem escondidas rapidamente como se nunca tivessem existido.

— Você mentiu para mim – falou Gabriel olhando para ele.

— Isso era preciso. Mas vejo que não adiantou nada.

— Eu vim salvar vocês Lucas, ou seria Ezequiel?

— Qualquer um dos dois. – Lucas o olhou – E você não veio salvar a gente. Você veio apenas morrer.

— Ele tem razão Gabriel. – falou Caíque finalmente – Você não conseguira sair daqui com vida.

— Mas é tudo culpa minha, eu precisava sair, fazer algo, salvar vocês, nem que para isso eu precisasse morrer. E foi isso que eu fiz, vim salvar vocês.

— Mas não era pra você fazer isso. Eles estavam esperando isso. Conseguiram. Você veio para uma armadilha. – falou Caíque.

— Não importa. Pelo menos vocês estão livres é só irem embora.

Lucas o olhou. Caíque e Matheus fizeram o mesmo. Gabriel apenas continuou sentado e olhando para eles. Queria que eles fossem embora o mais rápido possível.

— Mas não iremos. – falou Caíque.

— A única pessoa que tem que ir embora daqui é você – falou Lucas – Eu Dei um duro danado para esta aqui te protegendo.

— Eu não pedir. Okay? – falou Gabriel irritando-se.

— Sei que você não pediu, mocinho. – Lucas foi até Gabriel e apontou um dedo para ele – Você acha que estou aqui atoa? Não, minha querida criança. Ao ganhar essas asas, com 13 anos, fui escolhido pelo Rafael para ser teu protetor. Todos nós sabíamos que você viria para essa cidade. Por isso que seu pai foi roubado pelo seu próprio irmão, pois o destino de vocês seria para essa cidade. Seria muito obvio se três famílias se mudassem para a sua cidade ao mesmo tempo. Então seria melhor forçá-los a virem para essa.

— Então foram vocês? – perguntou Gabriel.

— Depende do que você inclui nesse, "vocês"!

— Quem está evolvido nisso?

— Você logo descobrirá. E será uma verdade que você será incapaz de acreditar.

— Porque você ganhou asas e se escondeu esse tempo todo? – perguntou Gabriel.

— Eu simplesmente não ganhei essas asas. Nasci híbrido metade humano e metade anjo, porem minhas asas só poderiam ser me dadas aos 13 anos. Foi uma noite dolorosa, sentir essas estranhas coisas rasgando minhas costas e quebrando tudo dentro do meu quarto. Meus pais já sabiam do meu destino e por isso não entraram no quarto em momento algum até que a transformação fosse completa. Foi então que meu irmão apareceu, o Rafael, conhecido por você como Léo. Esse era o nome dele após a queda. E depois ele foi aceito novamente a sua origem.

— Então você é irmão do Léo? – perguntou Gabriel.

— Sim. Não irmão humano, mas irmão celestial. – Lucas sentou-se ao chão. – Mas o mais importante essa noite é que você saia daqui o mais rápido possível.

Gabriel continuou sentado ao chão, porem agora confuso. Ele não queria sair dali sozinho, sem eles, muito menos sem saber onde o Henry e o Ryan estavam. Era muito difícil para Gabriel entender essas coisas que estavam acontecendo ultimamente na vida dele. Ele queria salvar a todos e acabar de uma vez por todas com essa perseguição. Ele sabia se saísse dali sem os seus amigos e sem seu namorado, ele se culparia covarde pela vida inteira, além de se sentir culpado pela morte de todos. A seita não aceitaria essa atitude e matariam a todos. Todos ainda estavam a poder deles. Querendo ou não ele não poderia sair dali.

— Além do Lucas, vocês também são anjos?

Gabriel perguntou para Caíque e Matheus. Os dois fizeram que não com a cabeça. Gabriel não conseguia colocar mais nada na mente. Ele tinha ciência que sair dali sem seus amigos, não seria nada bom para ele. E o pior, sair sem Henry. Se ele saísse sem Henry, seria a mesma coisa que sair sem vida, para Gabriel, Henry estava sendo o seu mundo. Estava sendo o que o deixava com os pés no chão, era o que o animava nos momentos de culpa e o que cuidava dele com tanto carinho e amor. Jamais ele poderia sair dali sem ele.

— Quero que vocês coloquem uma coisa na cabeça de vocês. Hoje tiraram de mim uma das melhores coisas que aconteceu em minha vida. Vocês acham que vou sair daqui sem isso? Sem vocês? Sem eles? Não. Demorei muito tempo para vim fazer o que era certo. – Olhou para Matheus – Ah quantos dias você está aqui? Quantas semanas? Acha que eu estava feliz com isso? Meu coração se partia a cada momento em que pensava em você. – Olhou pra Caíque – E você? Sumiu de repente, sem mais nem menos. Eu estava cansado de me sentir culpado por isso tudo. – e finalmente para Lucas – E você sabia de tudo, sempre soube e nem me contou nada que estava acontecendo.

Gabriel fez uma pausa olhando para a floresta através da janela entreaberta. Trançando um dedo ao outro.

— Quando eles levaram o Ryan, eu simplesmente surtei na casa dele, mas lá estava Henry me acalmando e ficando sempre ao meu lado. E por fim, agora à noite, levaram uma das pessoas mais importante da minha vida, a pessoa que me mostrou que o amor não se escolhe e que devemos amar quem nosso coração escolhe, eu não vou sair daqui sem o meu Henry. Jamais.

Aquela frase "sem o meu Henry" teve mais impacto em Caíque e em Matheus, porém em Lucas não pareceu que aquilo fosse uma novidade, ele apenas se remexeu no chão e olhou para o teto. Matheus olhou para Gabriel, o fitando intensamente como se quisesse perguntar algo. Caíque recostou contra o tronco de madeira com expressão confusa.

— Como assim, "seu Henry"? – perguntou Matheus.

— Sim. Meu. Meu namorado.

— Não sabia disso do Henry. Isso muda tudo então. – falou Caíque.

— Tudo o que? – perguntou Gabriel. – Lucas?

— Agora tudo se encaixa. – sussurrou Lucas.

Lucas levantou e foi na direção de Gabriel.

— Você precisa sair daqui antes que eles voltem – falou Lucas – Rápido.

— Eles? – falou Gabriel – O Small vai ter o que ele tanto quis hoje.

— Small? – Lucas riu ironicamente – O Small é apenas um capacho de quem realmente está por trás disso.

Nessa altura já era tarde demais para Gabriel fugir. Isso se ele quisesse. Os garotos pararam de falar.

— Já é tarde demais – falou Matheus.

Eles ouviram galhos serem quebrados for da cabana, como se alguém estivesse pisando. Alguém não. Várias pessoas estivessem pisando. Em seguida a madeira da cabana antes de chegar na porta, rangeu. Seja quem for, já estava na porta. Gabriel viu a porta se abrindo e três pessoas entrando, na verdade, duas pessoas e um era o Small, que segurava alguém com uma espécie de saco preto escondendo o rosto. Ao perceber que Gabriel estava na cabana e o feitiço tinha sido desfeito Small grunhiu para Gabriel e avançaria contra ele, porém a outra pessoa, totalmente coberta de preto e com um capuz cobrindo todo o rosto, pôs a mão na frente impedindo qualquer tipo de ação da parte do Small.

Lucas estava certo. Small estava sendo apenas capacho de alguém. Alguém que parecia ser muito mais poderoso do que ele, mas poderoso do que qualquer um ali dentro, talvez mesmo daquela pessoa estranha coberta completamente por preto.

Num instante sublime e assustador, Gabriel viu sair de trás daquela pessoa asas, asas prateadas e com uma textura resistente. Asas da qual tinha saído a pena deixada no quarto de Ryan. A pena que Gabriel e Henry tinha achado logo cedo. Foi então aquela pessoa que tinha levado Ryan. As asas foram erguidas e arqueadas como se em postura de ataque. Foi então que ao ver aquilo, Lucas se ajoelhou no chão, pois um mão no chão e as liberou. Suas asas brancas e reluzentes, brilharam iluminando o local como uma lâmpada branca e potente. Diferente da outra pessoa Lucas, pois as asas arqueadas para baixo em sinal de defesa.

— Creio que você não queira isso, meu querido. – falou uma mulher entrando e olhando para Lucas e pondo a mão sobre a pessoa completamente coberta. – Meu filho é muito mais forte do que você.

A mulher era ruiva, cabelos completamente escorridos e amarrados num rabo de cavalo, ela estava usando o mesmo tipo de casaco que a outra pessoa, um casaco completamente preto que cobria até os pés. Porem ela estava com o capuz fora da cabeça, deixando seu rosto completamente a mostra. Os olhos delas eram claros, mas com um aspecto negro e completamente assustador. Ao olhar para ele Gabriel sentiu um arrepio seguir percorrendo seu corpo inteiro.

— Cadê o Henry e o Ryan. – perguntou Gabriel – Sei que foi esse daí que levou Ryan, achamos uma pena da asa dele.

A mulher analisou Gabriel por completo e sorriu. O sorriso foi tão alegre para ela que o sorriso foi enorme ao ponto de mostrar parte dos dentes dela.

— Olá, pra você também. – falou a mulher desviando o olhar de Gabriel e colocando eles sobre Lucas – Mas creio que você seja o tal Gabriel. – ela voltou ao olhar para Gabriel – Um garoto tão lindo.

— Responda a minha pergunta.

— Ai garoto, pena que uma beleza tão grande como a sua tenha que ser desfeita hoje mesmo. O escolhido. Finalmente o conheci. – soltou um riso irônico – Espero que esteja ansioso, seu sangue será muito precioso para nós.

Gabriel já estava começando a se irritar como blá, blá, blá daquela mulher. Ele só estava falando tudo que ele já sabia. Ele já sabia que eles queriam o sangue dele para o sacrifício. Não era necessário o lembrarem a todo momento sobre isso. Gabriel levantou-se e se encostou à parede com as duas mãos no bolso e com um sorriso irônico.

— Seria pedir muito que você parasse com esse blá, blá, blá idiota e respondesse de uma vez o que eu quero saber.

A mulher olhou para Gabriel, furiosa.

— Não admito que você fale com esse tom comigo. Respeite quem está acima de você. Para quem está prestes a morrer você parece bem corajoso, não acha?

Gabriel deu de ombros.

— Dane-se! – falou ele.

— Gabriel! – gritou Lucas. – Cale-se, por favor.

— Sua petulância me surpreende. – falou ela – Mas por sua coragem de bater de frente comigo eu irei te responder o que você tanto quer saber.

Ela andou até o Small e retirou da pose dele a pessoa que ele trazia com a cabeça coberta por um saco preto. Ela foi até as costas da pessoa, desamarrou as mãos e o empurrou, ainda com o rosto coberto, na direção de Gabriel. Caiu com as mãos no chão e engatilhou rapidamente um pouco mais para a frente até se chocar com as pernas de Gabriel e soltando um sussurro de dor. Aquele sussurro foi familiar para Gabriel. Ele se abaixou, sentou-se no chão e puxou a pessoa para perto de você, desatou um no que tinha no pescoço e puxou o saco.

Henry.

Ele o abraçou. O apertou, o protegeu contra o corpo dele. O beijou.

— Pensei que ia te perder – falou Gabriel.

— Eu também. – respondeu Henry – Amor, não era pra você está aqui.

— Eu não ia deixar você aqui.

— Ele nos enganou o tempo todo – choramingou Henry no colo de Gabriel. – Eu o perdoei, pensei que ele queria ser meu amigo, assim como eu pensava que fosse com você. Ele só queria me matar, o tempo todo e tirar a chance de te libertar. Não sei como estou vivo até agora.

Finalmente a pessoa misteriosa se revelou.

— Se eu pudesse escolher não teria feito nada disso.

Falou Ryan retirando o capuz da cabeça e tendo a mão de sua mãe sobre o seu ombro. Gabriel o olhou sem acreditar no que estava vendo. O tempo todo foi Ryan. Ele que estava por trás disso tudo. Agora as coisas estavam começando a se revelar, e a maioria das coisas que Henry suspeitou estavam certa. Ele deveria ter sido o primeiro dos amigos a ser levado. Mas não, como ele seria o primeiro se o culpado sempre foi ele? No primeiro dia que Gabriel dormiu na casa de Henry, Ryan tinha ficado com raiva de Gabriel. Agora Gabriel entendia o motivo, ele não queria que Gabriel se envolvesse com Henry por que se não a chance da maldição ser quebrada estava surgindo. Mas ele não conseguiu. Gabriel e Henry se envolveram.

— Você me enganou esse tempo todo. – falou Gabriel.

Ryan retirou todo o sobretudo que o cobria de cima até em baixo, jogou sobre o parapeito da janela. Gabriel olhou para ele. Os olhos de Ryan estavam diferentes. Estavam transmitindo uma sombra, algo maligno o rodeava, o cabelo dele tinha passado de um loiro acinzentado para um loiro prateado e brilhante. Suas asas refletiam, como espelhos, o brilho das chamas das velas. Mesmo sendo do lado obscuro, sendo um inimigo, Ryan estava terrivelmente lindo e elegante. As suas asas combinavam perfeitamente com seu estilo meigo de ser. Porem esse lado meigo era apenas um disfarce.

Ryan pareceu ser tão sincero com Gabriel desde o começo. Sempre sendo seu amigo. O ajudando em tudo desde que chegou na cidade. Isso estava sendo para Gabriel a pior das descobertas. Saber que seu melhor amigo faz parte da seita que quer o matar estava sendo bastante doloroso.

— Como eu falei, não tenho escolha. – falou Ryan pondo-se de joelhos no chão e olhando para as mãos. – Não tive a sorte do Lucas em nascer em uma família que fizesse parte do lado bonzinho da história. Nasci em uma família que o propósito é despertar esse anjo-demônio. Acha que tive escolha?

— Era só não fazer o que eles pediam.

— E morrer?

— Você acha certo então me enganar, se aproximar de mim como se fosse meu amigo e fazer tudo o que fez?

— O que foi feito não tem como desfazer. Não sou dono de mim, sou comandado por eles. Sou ordenado por minha mãe.

— E porque suas asas são assim?

— Porque sirvo a eles, não sirvo ao lado dos anjos para minhas asas serem brancas ou mistas iguais as do Léo.

Ryan seguiu para perto de Gabriel e sentou-se na frente dele. Gabriel tentou recuar, mas já se encontrava recostado na parede e não tinha para onde mais ir. Ele puxou Henry para mais perto ainda do corpo.  Por mais que o pescoço dele estivesse na corda, Gabriel só queria proteger Henry, por mais que ele morresse, Henry teria que ficar bem.

— Você não o machucará. – falou Gabriel.

— Não, não irei, nem quero. – respondeu Ryan.

Ryan levantou e ficou novamente do lado da sua mãe.

— Você fez um belo trabalho meu filho.

Gabriel colocou Henry atrás dele e ficou de pé. Olhou para Ryan e a mãe. Lucas continuava ainda na mesma posição. Asas arqueadas para baixo esperando algo acontecer. Caíque e Matheus tinham ido para trás dele, estavam certo. Caso algo acontecesse eles estariam protegidos por Lucas.

— Porque vocês pegaram meus amigos? – perguntou Gabriel.

— Na verdade a gente não queria pegar nenhum de seus amigos – falou a mãe de Ryan – Queríamos apenas saber e pegar quem era o anjo irmão do Rafael. E para isso precisamos pegar cada um de seus amigos até encontrar o Lucas o verdadeiro protetor que não conseguiu proteger você.

— Proteger ele até que tentou, mas estou aqui com as minhas próprias pernas, não precisei ser raptado para vocês pôr as mãos em mim, mas nem para isso vocês prestam.

— Como ousa falar assim comigo? Escutem bem garotinho...

— Escute bem você, sua piranha. – falou Gabriel.

Todos olharam para Gabriel com os olhos assustados com o que ele tinha falado ninguém em sã consciência bateria de frente com alguém que estava prestes a mata-lo. Gabriel estava saindo de si, estava tomando decisões impensadas e começando a falar coisas que não poderiam ser ditas a essas alturas. Henry, que estava sentado atrás dele o puxou pela camisa, Gabriel o olhou e ouviu-o sussurrar baixinho, "Fica calado, por favor". Ficar calado era o que Gabriel não queria.

— Pra mim já chega. Você vem querendo destruir minha vida, meus sonhos e quer ser respeitada? Quero que você se dane que vá para o quinto dos infernos, pois é lá o seu lugar. Tenho família e amigos que gostam de mim, posso ter me enganado com alguns deles, mas tenho certeza que outros gostam de mim de verdade. Meus pais me amam e terão que viver sem mim, meus amigos, minha irmã sem eu ter que ver mais ninguém, tudo por causa de uma seita que adoram um demônio idiota.

— Cale-se garoto. – falou Ryan. – Você só irá piorar a situação.

Gabriel avançou contra Ryan, mas a mãe dele apenas tomou a frente e com um sopro apenas ricocheteou contra a parede. Gabriel bateu na parede e caiu no chão ao lado de Henry.  Por algum motivo Ryan pareceu querer aproximar na intenção de saber se ele estava bem. Mas pensou duas vezes e se repôs no lugar. Gabriel levantou a cabeça e olhou para Ryan. O olhar retribuído foi um olhar de dor e desespero, os olhos de Ryan mostravam uma coisa que não se encaixava naquela história.

Como dizem que o olhos são o reflexo da alma, Gabriel estava vendo um Ryan que ele realmente tinha conhecido, um garoto tímido, sincero e por muitas vezes pareceu protetor. No fundo Gabriel sabia que Ryan poderia ter gostado dele em algum momento. Poderia realmente ter sido um amigo, não um amigo fiel e protetor, mas ele estava mostrando nos olhos algum tipo de sentimento por Gabriel, algo que ele nunca tinha mostrado antes.

Gabriel pensou por alguns instantes. Pensou em tudo que tinha passado junto com Ryan. Viveram algumas coisas que somente verdadeiros amigos poderiam ter vivido, então poderia ter uma chance de Ryan ter realmente gostado dele e poderia mudar, nem que já fosse tarde para isso, mas Gabriel iria querer fazer algo para recuperar o lado bom de Ryan.

— As penas! – sussurrou Henry no ouvido de Gabriel.

— O que tem as penas? – respondeu Gabriel baixinho.

— Elas são revestida com algo resistente e duro, talvez ele não nascesse nesse lado, talvez ele foi levado contra a vontade. Algum feitiço ou coisa do tipo.

— Você tem razão. São muito diferentes das do Lucas e do Léo.

Isso foi uma ótima observação da parte de Henry. As asas de Ryan eram revestidas com um material que brilhava intensamente sob as luzes das velas. E cada vez que Ryan olhava para Gabriel, o revestimento tremulava, parecia tomar vida e se mover entre as penas.

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