Mystical (l.s)

By larrylaw

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Considerações Iniciais (necessárias para a leitura da fic)
⊱ PRÓLOGO ⊰
⊱ CAPÍTULO I ⊰
⊱ CAPÍTULO II ⊰
⊱ CAPÍTULO III ⊰
⊱ CAPÍTULO IV ⊰
⊱ CAPÍTULO V ⊰
⊱ CAPÍTULO VI ⊰
⊱ CAPÍTULO VII ⊰
⊱ CAPÍTULO VIII ⊰
⊱ BOOK TRAILER ⊰
⊱ CAPÍTULO IX ⊰
⊱ CAPÍTULO X ⊰
⊱ CAPÍTULO XI ⊰
⊱ CAPÍTULO XII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIII ⊰
⊱ Q&A ⊰
⊱ CAPÍTULO XIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XV ⊰
⊱ CAPÍTULO XVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XX ⊰
⊱ EXPOSED ⊰
⊱ CAPÍTULO XXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXV ⊰

⊱ CAPÍTULO XXVII ⊰

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By larrylaw

N/A: Obrigada por lerem! Não se esqueçam dos votos e comentários ♡



♘♔♗

Episódio: Lawyer

Ao revelar a Harry com o que sonhava todas as noites, Louis o confundiu completamente. 

Para Styles, apenas algo cruel poderia levar a mente de um homem às crises que desencadeavam em Tomlinson a cada noite, então ele não compreendeu porque os pesadelos do homem recaiam justamente na data em que recebera o brasão dos Stuart, pois um brasão real gravado a ferro quente em pele alheia só tinha um significado naquele século: uma solenidade que declarava um homem como soldado da Coroa. O comandante então, na qualidade de estrangeiro, deveria se sentir deveras honrado com aquilo, já que nunca antes o cacheado soube de um homem que integrara as forças armadas que não fossem as de seu próprio reino.

Se Harry fizesse apenas um mínimo esforço mental naquele momento e relacionasse o motivo das crises do homem ao fato de ele nunca se referir a Charles Stuart como pai e à informação de que a família verdadeira de Louis se encontrava viva, ele conseguiria facilmente concluir que havia algo muito errado com a adoção do francês pelo outrora rei escocês; contudo, ele estava ocupado demais pintando Tomlinson mentalmente como seu vilão. 

Entenda, a referência que Styles possuía de mal se limitava a um aspecto bibliográfico, o qual determinava, inclusive, que o antagonista se limitava a uma figura cujaúnica história é a tentativa de atrapalhar a história do mocinho.

Bem, eventualmente, o cacheado dormiu e, eventualmente, o comandante cansou de despertá-lo com seu pézinho, mas o homem se recusou veementemente a dormir.

Ele tinha ciência de que seu subconsciente era uma bagunça permanente e que, sem seu caderno de capa de couro negro para relembrar quem ele era, simplesmente não era capaz de se reencontrar em meio ao que era passado e o que era presente – não há como retornar a alguém que você não reconhece como sendo você.

De toda sorte, com o avançar da madrugada, suas pálpebras pareceram pesar toneladas, então preocupou-se: o sono é algo psicológico, um aviso cerebral para que o corpo descanse e recupere as energias gastas – é tudo. Então, em teoria, existe a possibilidade de ignorar a própria mente, porque, tecnicamente, você a controla e não o inverso. Louis sabia disso, pois estudou arduamente sobre todas as áreas do conhecimento humano quando criança, em prol do sonho de adentrar a Academia Francesa como acadêmico de direito ainda que desprovido de patrimônio e título nobres; contudo, na prática, a mente dele já estava sob controle de alguém, alguém que não era ele próprio.

Por todo o exposto, sua melhor chance contra si mesmo era se manter consciente, o que só seria possível se encontrasse algo no qual focar sua atenção.

Assim, certificando-se de que o bruxo se encontrava verdadeiramente adormecido, seus pés se dirigiram até suas bugigangas pessoais quase que por vontade própria, tal qual suas mãos retiraram a liga de renda oculta pelo bolso de seu uniforme.

Ao retornar ao seu leito, não hesitou ao inspirar com vontade o cheiro de baunilha que o tecido emanava, sendo novamente conduzido a uma de suas diferentes lembranças boas, embora comuns:

O pequeno Louis havia fugido de Mark naquela tarde quando este se distraiu, escapando da tarefa de escovar as crinas dos cavalos do estábulo da Academia Francesa para observar a entrada da mesma, com seus olhos azuis brilhando na direção dos estudantes de Direito que por lá transitavam e se algum deles lhe desse um segundo de atenção além do necessário, ele se apresentaria e explicaria que em breve seria um deles também.

Naquele dia, porém, algo nas escadas da Academia chamou mais sua atenção que as grossas pilastras esculpidas em traços renascentistas: um serzinho de cabelos escuros e pele azeitonada se encontrava sentado nos primeiros degraus, seus cotovelos eram suportados pelos joelhos e suas mãozinhas apoiavam as próprias bochechas, as quais se encontravam completamente ensopadas por lágrimas espessas que jorravam de seus olhos amendoados. Entenda, o menino verdadeiramente parecia esculpido em traços renascentistas também (ao menos perante os olhos de Louis), porém, foi o biquinho formado pelos lábios levemente alaranjados do menino que atraíram sua atenção, pois lembrou a Tomlinson de seus irmãos mais novos fazendo birra.

Eis que se aproximou quase por instinto, fazendo uma prece silenciosa para que seus suspensórios de couro gastos permanecessem no lugar naquele momento, afinal o menino bonito poderia rir dele caso ele perdesse suas calças remendadas em público. Também aproveitou a oportunidade para pedir para Deus que suas roupas não estivessem cheirando baunilha tanto quanto de costume, afinal o menino bonito poderia também ser alérgico à flor que rodeava a residência Tomlinson.

Ao sentar-se no degrau ao seu lado, Louis o fez vagarosamente, de modo a permitir que o outro se afastasse caso desejasse; contudo, não foi o que aconteceu, muito pelo contrário – ao notar a aproximação alheia, o menino bonito começou a chorar ainda mais alto, de modo que seus soluços deram lugar a berros.

Oh, isso era exatamente o que os Tomlisons-caçulas fariam para chamar a atenção do Tomlinson-mais-velho.

– Por que chora tanto, bebê? – o tom de Louis era delicado e doce, tal qual quando falava com seus irmãozinhos. – Conte-me.

– Porque estou muito triste, oras! – foi a resposta seca do moreno, com um francês de sotaque engraçado em meio ao berreiro.

– E por qual razão se encontra tão triste assim? – Louis continuou tentando, pacientemente.

O menino bonito refletiu um pouco antes de responder.

– Porque tomaram meu livro de mim – seu tom de voz já era ligeiramente mais baixo agora.

O pequeno Louis sorriu minimamente para o menino bonito.

– E você ficou sem livro algum, bebê?

– Eles me deram o livro deles – seus olhos amendoados, embora úmidos, pararam repentinamente de se debulhar em lágrimas.

Louis estava atento à melhora dele, mas continuou incentivando-o a falar de forma imperceptível.

– E esse livro deles não te serve?

O moreno retirou um grosso livro da bolsa transversal de couro branco que levava consigo e expôs ao de olhos azuis, pousando o objeto nas mãos alheias.

– Ele está sujo, gasto e cheio de orelhas – esclareceu e já não havia mais soluços fazendo com que seu corpo pequenino tremelicasse.

Louis examinou com zelo o livro que agora se encontrava em sua posse.

– Por que tomaram o seu livro e te deixaram com este, bebê?

– Porque os garotos maus não gostam de mim! Não gostam! Eu não falo francês como vocês e eles zombam meu jeitinho e zombam meu nome também – seu tom de voz transmitia chateação, mas já não havia resquício algum de pranto em seu ser.

Louis, ao notar que o garotinho havia vencido completamente o choro, se aproximou dele com uma expressão orgulhosa e, com os próprios dedinhos gordinhos e diminutos, secou as duas bochechas alheias um tanto quanto cheinhas antes de plantar um beijinho ali – ele sempre agia assim com seus irmãos mais novos, incentivando-os explicarem o motivo de chorarem; isso porque, ao falarmos sobre os problemas, lidamos com eles e finalmente compreendemos que não são tão ruins quanto parecem em nossa mente.

Note que, apesar de sua pouca idade, Louis era uma criança deveras sábia, não só pela inteligência decorrente dos livros que lia avidamente, mas também por ter de lidar tão prematuramente com a responsabilidade de outras crianças dependendo de seus cuidados.

– Vê? É melhor quando expressamos a forma com que nos sentimos – ele sorriu abertamente. – Eu sou o Louis.

O moreno apenas piscou seus orbes amendoados e em seguida fungou antes de enxugar seu narizinho ranheto com a manga de seu próprio fraque – estava muito confuso agora, mas não havia como negar que se sentia melhor com a chegada do de olhos azuis.

– E você é o...? – Tomlinson instigou.

– E-eu sou o Z-zayn.

Entenda, Louis realmente achou aquele nome engraçado, tal qual o sotaque do menino, mas engoliu a gargalhada, pois não queria ver o moreno chorando de novo.

– Então, Zayn – proferiu e pigarreou, – quem são esses garotos maus?

O pequeno Zayn juntou suas sobrancelhas grossas em chateação ao ouvir Louis fazer menção aos garotos que tomaram seu livro, se limitando a erguer um de seus dedinhos na direção oposta da qual se encontravam, indicando o topo da escadaria da Academia. Os olhinhos azuis acompanharam o direcionamento e flagraram três garotos nitidamente mais velhos conversando entre si, sendo que um deles se encontrava com um exemplar do mesmo livro que ele tinha consigo, diferenciando-se apenas por se encontrar impecável até mesmo naquela distância.

Eis que aquele desejo de justiça que levava em seu pequeno ser fez as honras, fazendo as mãozinhas gordinhas de Louis tremerem pela intensidade com que o acometia – Tomlinson se pôs sobre suas perninhas curtas e imediatamente se dirigiu até o trio, com seus sapatos gastos produzindo um ruído abafado contra o mármore enquanto ele praticamente marchava.

– Ora se não é o garoto dos estábulos – proferiu o que levava o caderno consigo, dando ênfase no final e fazendo com que os dois outros notassem a presença do de olhos azuis.

Louis conhecia aquele tipo de garotos – eram os valentões. Todo mundo já conheceu valentões e, como é de conhecimento geral, eles não possuem nenhuma característica marcante entre si da qual você se lembrará no futuro, mas geralmente se resumem a um líder e duas ou mais sombras. Tomlinson, particularmente, já havia lidado com diversos outros garotos como aqueles diante de si, tanto para se defender quanto para defender seus irmãos mais novos.

– Veio sonhar mais um pouquinho sobre se tornar um de nós? – prosseguiu o garoto, que falava pelo resto do grupo, sendo obviamente o líder.

Louis não rebateu – ele não devia nada aos garotos, pelo contrário, eram estes que se encontravam em dívida naquele momento.

Entenda, na mente de Tomlinson, a ideia de justiça era muito simples: dar a cada um o que é seu por direito. Dessa forma, eis que colocou o livro desgastado contra o peito de uma das sombras, que o segurou e, ao se encontrar com suas mãozinhas vazias, se dirigiu até o líder e simplesmente agarrou o exemplar impecável com elas e o puxou das mãos alheias com toda a força que tinha em si, fazendo com que o valentão principal se desequilibrasse e quase tombasse para frente, por fim soltando o objeto.

– Ei! – o garoto recuperou o equilíbrio a tempo de gritar para Louis, que lhe dera as costas de pronto e já deixava o grupo com a posse do exemplar impecável. – Esse livro que nos deixou está em um estado deplorável! Não quero ficar com ele!

– Então por que pensou que Zayn iria querer? – rebateu sobre o ombro.

– E quem é você, afinal? O namoradinho dele?!

Louis sentiu seu rosto e pescoço corarem furiosamente no que todo o seu corpo queimou em vergonha.

– Eu sou o defensor dele – ele fitou o trio novamente, empinando seu narizinho já naturalmente arrebitado o tanto quanto podia. – Por isso, da próxima vez que pensarem em incomodar alguém, procurem alguém do tamanho de vocês!

– Não está se referindo a si mesmo, está? – o líder tornou a provocá-lo e suas sombras, como esperado, caíram na gargalhada.

O pequeno Louis fechou suas mãozinhas gordinhas em punho e caminhou até o trio novamente – seu pai sempre reiterava que ele não devia entrar em brigas, mas Tomlinson era um garoto um tanto quanto rebelde e tinha para si que Deus se agradava de sua essência desobediente, afinal o havia feito assim. Então, ao se encontrar diante do líder uma vez mais, não hesitou ao se colocar na ponta de seus pézinhos e o fitar com a careta mais feia que sabia fazer.

– Não te preocupes. Se assim desejar, posso quebrar suas pernas ao meio e então estaremos em mesma altura – deu um sorrisinho sem expor seus dentes relativamente tortinhos.

O garoto à frente empalideceu e engoliu em seco, com seu pomo de Adão exteriorizando o medo que sentia ao subir e descer visualmente.

– Agredir não é uma atitude nobre – o líder disse baixinho.

– Ocorre que, eu não sou um nobre, esqueceu? Você mesmo disse: eu sou o garoto dos estábulos.

Então Louis os deu as costas novamente e gargalhou baixinho pelo choque que sua partida deixara nas expressões dos valentões, correndo de volta para Zayn, o qual o fitava como se ele fosse o próprio Deus.

– Você recuperou meu Platão! – o garoto gritava de alegria, se levantando do mármore. – Ah, isso foi tão... Incrível! O jeito que enfrentou eles e, caramba, a cara que eles fizeram! Só... Incrível!

E o sorriso de Louis passou de divertido para completamente bobo porque, naquele dia, ele era simplesmente um garoto que fora elogiado por outro tão, mas tão bonito.

– É Sócrates – respondeu por fim, se referindo ao livro que agora devolvia para as mãos do legítimo possuidor. – Platão foi seu discípulo, e de fato possuem pensamentos muito semelhantes, mas são pessoas completamente diferentes.

Zayn se sentiu confuso novamente perante o menino de olhos azuis. Ele não era uma criança maldosa, mas ao fitar as roupas remendadas de Louis e o elegante livro nas próprias mãos, não acreditava ser possível que ambas as figuras integrassem uma mesma realidade.

– Como alguém como você poderia saber?

O sorriso bobo de Louis morreu no mesmo instante e ele recuou um passo como se Zayn tivesse batido nele, com seus orbes azuis umedecendo repentinamente.

– Como alguém como você poderia não saber? – rebateu, tentando disfarçar a chateação em seu tom de voz.

Zayn deu de ombros. Ele odiava a faculdade de Direito quase tanto quanto os franceses odiavam sua descendência inglesa – estava ali pois aquele era o sonho de seus pais, não porque era o seu.

– Justo – ele deu de ombros. – De toda sorte, obrigada por me defender.

Louis ainda se sentia magoado com o garoto, mas sentou-se ao lado dele novamente ainda assim – não podia evitar desejar sua atenção.

– É o que advogados fazem, não é? – respondeu, estufando o peito. – E é isso que serei um dia, afinal.

Não passou despercebido a Zayn o quanto os olhos do outro pareceram se iluminar como o próprio céu ensolarado daquela manhã no que proferiu a palavra "advogados", então o pequeno inglês olhou para o livro que tinha novamente em mãos e depois de volta para o pequeno francês, com uma ideia em sua mente.

– Toma, fique com esse exemplar.

Foi a vez de Louis se sentir confuso perante o outro – seria tão bom quanto um sonho ter um livro novinho como aquele para chamar de seu, já que os que ele possuía só eram dele por serem considerados velhos para todos os demais estudantes da Academia; ainda assim, ele não poderia tomar o exemplar para si sabendo o quanto Zayn se sentiu triste por perdê-lo outrora.

– Eu posso comprar outro – o moreno explicou, notando a hesitação alheia. – Eu não devia ter chorado tanto por terem tirado esse livro de mim, pois posso comprar quantos destes eu quiser. É que... – suspirou. – Era meu e eles o tomaram e isso soou tão –

Zayn não sabia como terminar sua explicação, mas Louis sabia exatamente o que o garoto queria lhe dizer.

Injusto.

Malik acenou com a cabeça e Tomlinson finalmente aceitou o livro ofertado por ele.

Quando ambos fitaram o horizonte ensolarado e um silêncio confortável recaiu sobre eles, o moreno tinha olhos irritados por derramarem tantas lágrimas, mas se sentia estranhamente tranquilo.

Em verdade, Zayn repentinamente entendeu a importância da justiça naquele dia – ela é a única coisa capaz de levar paz àqueles que foram injustiçados. Posteriormente, o garoto viria a dizer para Louis que antes da data que o conheceu, não possuía noção alguma do porquê defender o que é justo e que fora Tomlinson que lhe mostrou a razão – essa, inclusive, era uma das memórias mais importantes que o comandante possuía consigo.

– Eu gostei de você, Lewis – Zayn quebrou o silêncio, pronunciando o nome de forma incorreta, conforme acento inglês.

– É Loui – o garoto francês corrigiu.

Eles se encararam no mesmo instante.

– Loui – o garoto inglês tentou.

Naquele dia, Louis simplesmente decidiu que corrigiria Zayn todas as vezes que este errasse seu nome, apenas para que, ao ouvi-lo pronunciar corretamente, Tomlinson voltasse a ter a visão daquele biquinho adorável se formando nos lábios alheios.

Se faz necessário ressaltar que ele verdadeiramente voltou a ter essa visão, pois quando o de olhos amendoados descobriu o poder que aquele biquinho exercia sobre o de olhos azulados, o usou contra ele diversas vezes: para que Louis lesse as obras da faculdade em seu lugar e depois resumisse para ele, para que o defendesse nas brigas em que se metia, para fazer os seus trabalhos acadêmicos e etc.

Assim, quando a família Tomlinson foi compelida a deixar o vilarejo de Paris, no Reino da França, para buscar condições econômicas melhores para seus membros, o comandante verdadeiramente pensara que seu maior arrependimento seria nunca ter encostado seus lábios no biquinho adorável que os lábios de Zayn formavam para ele; contudo, seu maior arrependimento era, com toda certeza, não ter compreendido à época que, na realidade, Deus não se agradava nem mesmo minimamente de garotos desobedientes.

Harry soltou um muxoxo satisfeito durante o sono, o qual despertou Louis dos próprios devaneios. Eis que Tomlinson fitou ao cacheado, questionando-se sobre o que o jovem sonhava naquele instante e apostou consigo mesmo que era com aquele tal "velejar" que lhe explicara.

De toda sorte, não passou despercebido ao comandante que a tranquilidade vestia à Harry tão bem quanto a agonia: ele não soava mais como um anjo em sua queda, mas soava como um anjo em toda a sua glória e era igualmente bonito de se admirar.

Assim, sabendo que não fazia sentido focar no próprio passado na tentativa de fugir deste, Louis devolveu a liga de renda ao seu devido esconderijo e, quando voltou ao leito, ocupou-se traçando mentalmente todos os traços do rosto e corpo do bruxo diante de si, apenas exatamente como havia feito na noite anterior. Note que, não era como se não soubesse que se encontrava em pecando novamente, mas tudo que lhe importava naquela noite era ter algo suficientemente capaz de prender sua atenção para que se mantivesse desperto e, quando deu por si, Harry havia feito as honras de seu passatempo noturno favorito.

Válido ressaltar que, dessa vez, não houve castigo divino entre suas pernas quando ele acordou, afinal o comandante sequer dormiu.

-x-

Harry acordou na manhã seguinte se sentindo um tanto quanto estranho – era como se algo estivesse manifestamente errado.

A primeira coisa que sua mente registrou foi que seu sono não fora interrompido durante a madrugada pelos costumeiros surtos de seu indesejável colega de acampamento – infelizmente, restava manifesto que seu relógio biológico já havia se habituado com aqueles sinistros episódios, de modo que a ausência destes lhe soava errada. A segunda coisa que sua mente registrou foram ruídos altos e vozes exasperadas no exterior da tenda – infelizmente, seu relógio biológico já havia se habituado também ao horário exato que os homens costumavam erguer acampamento, de modo que sua antecipação soava igualmente errada.

Notando que estava sozinho no ambiente, o cacheado levantou-se com intuito de se dirigir ao rasgo que servia de entrada e saída da tenda e espiar o lado externo, mas logo retornou ao chão no que tropeçou nas correntes presas aos seus pés – infelizmente, aquele era um dos aspectos que Harry não havia se habituado ainda, talvez porque a liberdade fosse um aspecto indissociável da natureza de um Styles.

Suspirando ao constatar a limitação de seus braços e pernas, se pôs de quatro sobre o solo de Aberdeen e engatinhou lentamente até o referido rasgo.

As esmeraldas encontraram o titular das safiras em questão de segundos.

Louis estava devidamente vestido em seu uniforme de couro, incluindo a faixa negra que lhe cobria o nariz. O comandante se encontrava no centro do acampamento, debruçado sobre uma das barracas dos soldados, jogando todos os pertences de seu interior para o exterior, assim não foi difícil para Harry deduzir o que havia acontecido com as dez barracas anteriores que se encontravam igualmente reviradas e abarrotadas em meio a pertences aleatórios – Styles registrou roupas e garrafas de rum, muitas garrafas de rum, inclusive –, principalmente quando todos os dezessete escoceses fitavam o próprio líder com braços cruzados sobre seus peitoris e silencioso descontentamento sobre suas faces.

– Digam-me quem furtou meu caderno! – Louis gritou, mas seu tom não soava enraivecido, como de praxe, soava desesperado. – O vosso silêncio apenas me deixa menos suscetível de misericórdia para o momento em que eu descobrir o responsável!

Ninguém se pronunciou, por óbvio, ainda que diante da ameaça, afinal o objeto não estava sob a posse de nenhum deles. Repentinamente, Harry engoliu em seco.

Styles ouviu o que definiria como um ruído de extrema agonia deixando a garganta de Tomlinson no instante em que este passou para a próxima barraca, levando consigo a atenção de todos os homens – bem, de quase todos. Stanley Lucas, por sua vez, olhou diretamente para a tenda, encontrando a cabeça do cacheado para fora, os observando.

Ocorre que, Harry não gostava dele, motivo pelo qual se recusou a ser o primeiro a desviar o olhar e o soldado pareceu se recusar também, de modo que permaneceram se encarando durante um longo momento.

♘♔♗



N/A: Vocês gostam desses flashbacks do Lou, que mostram mais do passado dele?

Conhecendo meus leitores como eu conheço, sei que sentiram um pouquinho de saudades de interação larry nessa att, mas o próximo capítulo é um dos meus favs, então não percam hihi

ATENÇÃO MYSTICS MARVETES: comecei a postar uma fanfic stony (onde terá thorki também) e adoraria se pudessem dar uma chance a ela, assim como deram para Mystical. O nome dela é "Lilies" e ela se encontra em meu perfil.

Beijinhos no coração, 

Bê.

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