Eu não aguento mais o Chris tagarelando no meu ouvido dizendo o quanto tá sendo ruim morar sozinho. Eu e as meninas estamos no quarto dele esperando ele acabar de se lamentar porque agora precisa fazer sua própria comida e arrumar a casa inteira e não só o seu quarto.
— Chris, a gente já entendeu que você não sabe fazer nada e não consegue cuidar de si mesmo. Agora você pode calar a boca, por favor? – Alyssa pede em um tom extremamente calmo, o que eu acho estranho.
— Deixa de ser insensível.
— Você cansa minha beleza. – Chris revira os olhos – Julie, o Noah vai vir que horas?
Confiro a hora no meu celular antes de responder Alyssa.
— Provavelmente já tá vindo.
— Já sabe pra onde a gente vai? – Chris pergunta pra Alyssa e ela abre um sorriso. Sinceramente, eu tenho até medo desse sorriso.
— Sim. Mas não vou falar e não vai ser só um lugar.
— Meu Deus por que eu não recusei enquanto podia? – Alyssa revira os olhos com o comentário de Lydia.
Escuto a campanhia tocar mas continuo deitada no colo de Lydia esperando alguém levantar pra abrir a porta.
— Anda minha filha, tá achando que a porta vai abrir sozinha? – Chris me puxa pelo braço fazendo-me levantar.
— A casa é sua, abre você.
— Exatamente. Minha casa, minhas regras, fora que só pode ser seu namorado. Vai logo. – bufo saindo quarto.
Escuto a campainha tocar novamente e grito dizendo que já estou indo, desço a escada rapidamente e abro a porta.
— Você tá lindo. – olho meu namorado dos pés à cabeça e ele sorri satisfeito.
— Você tá você.
Rio me lembrando de quando Noah disse que eu sou tão linda que deveria ser considerado um elogio, desde então algumas vezes quando ele quer me elogiar ele diz que "eu to eu".
— Vou chamar eles pra gente ir, espera aí. – ele assente.
[...]
Eu não sei muito bem aonde eu to, eu só sei que isso é uma festa e aqui tá muito cheio. Já fomos no shopping pra comer, depois fomos pra uma festa mas deu briga e então nós viemos pra essa. Eu realmente não sei de onde eu tirei energia pra isso mas quando se tá com as pessoas que você mais ama no mundo, isso não parece tão exaustivo assim.
— Meu bem, vamos lá pra fora um pouco? To ficando agoniado com tanta gente. – Noah fala alto em meu ouvido por conta do som alto e eu seguro em sua mão indo em direção a porta.
Quando chegamos na parte de fora, ainda podíamos ouvir o som em um volume consideravelmente alto porém abafado, perfect do Ed Sheeran começa a tocar e eu fecho os olhos sentindo a chuva cair sobre meu corpo. Quando abro meus olhos vejo Noah recuar um pouco.
— Quer voltar lá pra dentro?
— Você se importa com a chuva? – pergunto apertando sua mão quando ele faz menção de entrar.
— Não, mas é que você pode ficar...
— Ótimo, porque eu não me importo nem um pouquinho.
Ele abre o sorriso no qual eu sou completamente rendida e eu puxo ele pra perto de mim.
— Quer dançar? – ele estende sua mão e eu a agarro sem pensar duas vezes.
Coloco minha mão em seu ombro e logo sua mão vai pra minha cintura, nossas mãos livres se encontram e nosso dedos se entrelaçam enquanto eu encosto minha cabeça em seu peito. Começamos a nos mover com movimentos lentos, o clássico dois passos pra direita e dois pra esquerda.
— A gente é tão clichê. – comento e solto uma risada nasal.
— Eu não me importo de ser clichê com você.
Desencosto a cabeça de seu peito e inclino levemente a cabeça pra cima pra poder olhar em seu rosto, nossos olhares se encontram e eu me vejo perdida em seus olhos verdes. Noah sorri e me dá um selinho antes de me girar.
— Sério? Vocês são tão fofos que me enjoa. – ouço a voz de Chris atrás de mim e me viro.
— Deixa de ser implicante, esse é o meu papel! – Alyssa responde – Vocês são tão fofos que me enjoa.
Noah gargalha e eu o acompanho balançando a cabeça negativamente.
— Você ainda tem dez anos e eu posso provar. – Lydia diz e Alyssa ri.
— Tá, agora foquem aqui. – Chris estala os dedos várias vezes seguidas – Vamos pra onde agora?
— Mercado e casa. – Lydia responde rápido.
— São duas da manhã. Onde tem mercado aberto essa hora? – Noah pergunta.
— Tem um vinte quatro horas aqui perto.
— E existe isso? – Aly pergunta.
— Existe. Vamos. – Lydia responde e puxa Chris e Alyssa pelas mãos.
Noah entrelaça sua mão na minha e nós caminhamos ao lado de nossos amigos enquanto Alyssa e Chris implicam um com o outro – como sempre.
— É muito longe? – pergunto com preguiça de precisar andar.
— Já é na próxima rua. – Lydia reponde.
— Deixa de ser preguiçosa. – Noah solta minha mão e me dá um empurrãozinho leve.
— Duvida eu subir nas suas costas e fazer você me carregar até lá?
— Duvido.
Noah tenta correr mas eu já estava com as mãos em seus ombros dando impulso pra subir em suas costas.
Quando finalmente consigo ficar firme ali, Noah segura minhas pernas e começa a correr comigo em suas costas.
— NOAH PARA! EU DESÇO MAS POR FAVOR PARA! – grito firmando ainda mais minhas mãos ao redor de seu pescoço quando ele começa a girar.
— Quem manda ser otária? – Lydia fala rindo.
— CARALHO NOAH PARA, EU VOU VOMITAR EM CIMA DE VOCÊ. – grito mais uma vez e dessa vez consigo convencê-lo já que o mesmo para e solta minhas pernas deixando eu descer.
— E aí, gostou? – meu namorado pergunta rindo.
— Amei. – falo irônica e ele me abraça de lado.
Depois de poucos minutos nós chegamos no mercado e estava vazio, obviamente. Pegamos tudo aquilo que é gostoso e nem um pouquinho saudável. Teve um momento que nós apostamos corrida nos carrinhos, eu entrei em um e Lydia em outro, Noah e Chris tinham que empurrar os carrinhos correndo até chegar do outro lado do corredor, onde Alyssa estava como a juíza. Levamos esporro de um segurança mas pelo menos foi divertido.
Quando chegamos na casa do Chris, me jogo no enorme sofá de sua sala pra garantir meu lugar mas logo Noah deita em cima de mim.
— Sai daqui, você é pesado! – empurro-o mas ele apenas muda sua posição colocando suas pernas uma de cada lado do meu corpo e deixando seu rosto extremamente perto do meu.
— Mas aqui é tão confortável, poxa.
— Claro, não é você que tem alguém sentado em você agora. – tento empurrar ele de novo mas é em vão – Noah, sai de cima de mim, eu imploro.
— Não é isso que você pede quando nós estamos sozinhos, sem roupas e nessa mesma posição. – ele fala baixo e eu o empurro com força.
Noah ri e volta àquela posição mas sem jogar seu peso em mim dessa vez.
— Você é tão idiota as vezes.
— Você gosta. – ele sorri fazendo-me sorrir também.
— Não posso negar.
Ele se aproxima pra me beijar mas o grito de Chris nos interrompe.
— Ei, pensa bem o que vocês querem fazer no meu sofá.
— Que isso, a gente só tava conversando, sabe. – Noah sai de cima de mim e se deita na minha frente.
— Sei bem o tipo de conversa. – ele ri.
[...]
Já está amanhecendo, só eu e Noah estamos acordados por motivos de: insônia. O quarto que tá sendo nosso por uma noite tem uma janela enorme com uma vista linda, nos permitindo assistir o nascer do sol.
Estou deitada com a cabeça no peito de Noah, consigo sentir seu cheiro e ouvir seu coração. Minha perna está sobre suas pernas e nossas respirações são calmas, novamente sinto a sensação de paz interior. Na verdade, isso é bem frequente quando estou com ele.
— Sunrise with you on my chest. – Noah canta e eu sorrio automaticamente.
— Não brinca assim comigo não.
— As vezes esqueço que você é uma Sina na vida. – nós rimos – Agora falando sério, quero te contar uma coisa.
— Boa ou ruim? – ele abre a boca pra responder mas eu o interrompo – Não importa, fala!
— Vou comprar uma casa.
— Sério?
— Sim. – meu namorado responde animado – Vou visitar a casa hoje, pra ver melhor. Se quiser ir comigo...
— Claro que eu quero! – me sento – Noah isso é incrível.
— Eu esperei e juntei tanto pra isso, nem parece ser real.
Me inclino pra beijá-lo mas suas mãos passam por minha cintura e me puxam pro seu colo.
— Eu to tão orgulhosa de você.
Meu namorado sorri e me puxa pra outro beijo.
— Lá pode ser o nosso cantinho, se você quiser...
— No-nosso?
— Lembra quando eu te disse que em todos os meus planos tem você?
Meu sorriso se abre involuntariamente e minha única reação é abraçar ele com toda minha força.
Eu nunca vou parar de me perguntar o que eu fiz pra merecer ele na minha vida. Nunca.