29. [Julie]

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Abro os olhos lentamente sendo atingida pelas lembranças da noite passada, sorrio involuntariamente quando a memória de Noah e eu no chuveiro passa por minha cabeça.

— Bom dia. – sinto seus braços rodearem meu corpo me apertando contra si – Bom humor, huh?

— É possível acordar de mau humor ao seu lado? – Noah solta um risada baixa.

Ele passa seus dedos entre meus fios de cabelo e faz carinho em meu couro cabeludo enquanto mantemos contato visual e eu posso jurar que vi seus olhos brilharem por uma fração de segundos.

— Acho que eu to apaixonada por você. – consigo juntar toda a coragem que eu venho tentando ter desde ontem e confesso em um sussurro rápido antes que eu pense demais e acabe desistindo. Percebo Noah prender o ar por um segundo, seria cômico se eu não estivesse tão nervosa.

Ele me encara por mais alguns segundos e a esse ponto meu coração já estava disparado por conta de seu silêncio. Noah abre um sorriso tão grande que eu poderia jurar que seu rosto ia rasgar.

— Eu. – ele segura meu rosto com as mãos e me dá um selinho – Tô. – outro selinho – Apaixonado. – outro – Por. – mais um – Você. – ele encerra com um selinho longo e estalado, fazendo eu soltar uma risada aliviada.

— Eu queria poder ficar pra sempre com você assim. – passo minha mão por seu peito nu.

Quando Noah ia falar alguma coisa escuto batidas ecoarem pelo meu quarto e a voz da minha mãe chamando meu nome.

— Se esconde, rápido. – levanto puxando Noah que olha pelo meu quarto procurando algum lugar pra se esconder.

Empurro ele até meu armário, ouço mais batidas e quando me certifico de que não dá pra ver o Noah, eu abro minha porta.

— Bom dia. – minha mãe sorri depositando um beijo em minha bochecha – Por que demorou a abrir a porta e por que trancou? Você nunca tranca a porta.

Ela pergunta em pura curiosidade, conheço o tom de voz da minha mãe quando ela ta desconfiada.

— É que eu acordei com você me chamando e eu tranquei porque você e meu pai saíram ontem, então achei melhor trancar. Vai que alguém entra aqui e me mata. – faço o famoso drama como de costume e a mais velha apenas ri negando com a cabeça.

— Só vim avisar que eu vou no mercado e seu pai teve que sair pra resolver assunto do trabalho. – assinto – O que aquele menino bonitinho queria ontem?

— Ahm... Nada. – o que eu falaria? "Ah mãe, o Chris falou pra ele vir aqui e a gente transou."? Não!

— Ele não veio aqui a noite na chuva pra nada. – dou de ombros – Ele gosta mesmo de você em, eu nunca sairia na chuva pra ver alguém.

— Somos amigos, mãe. – ela me olhou com sua melhor cara de tédio.

— Eu sei que não, ele te olha com um brilho diferente nos olhos. Vocês estão tendo o que?

— Mãe, depois a gente fala disso. – corto o assunto e ela apenas assente.

— Cortei as frutas pra você, tá dentro de um pote na geladeira. Tchau. – ela me dá mais um beijo na bochecha e sai.

Fecho a porta e Noah sai rindo.

— Frutas picadinhas, huh? – reviro os olhos me jogando na cama.

— Quer comer? – pergunto quando Noah se deita ao meu lado.

— Não, eu tenho que ir pra casa logo, meus pais não sabem que eu dormi fora.

— Que belo exemplo você é, Urrea.

— Quer que eu te lembre da noite que a gente se conheceu? – solto uma risada fraca – Tá tão na cara assim? – ele pergunta após dois segundos de silêncio.

— O que?

— Que eu to apaixonado. Sua mãe praticamente disse que tá na minha cara que eu sinto algo por você.

Apenas sorrio e abraço ele com todas as minhas forças. Talvez eu me acostume com o Noah apaixonado por mim em algum momento, mas esse momento claramente não é agora.

— Você vai me matar sufocado, meu bem. – solto ele – Puta merda, da onde você tirou toda essa força? – ele respira fundo e eu dou de ombros – Eu preciso ir.

Essas três palavras deveriam me deixar triste? Porque eu fiquei. Minha vontade é segurar ele e nunca mais largar. O que você fez comigo, Noah Urrea?

— Tudo bem. – me levanto estendendo a mão pra ele levantar também.

Ele pega sua camisa que está toda amarrotada por conta de: estava em cima da cama e a gente acabou dormindo em cima dela sem perceber.

Enquanto ele coloca a camisa, eu vou pro corredor conferir se ainda tem alguém em casa. Vou até a escada e olho pro andar de baixo, confirmando se a casa está mesmo vazia. Quando me viro pra voltar pro meu quarto e chamar o Noah, eu dou de cara com mesmo. Dou um pulinho de susto.

— Você precisa parar de me assustar assim. – me viro novamente mas dessa vez pra descer a escada.

— Você precisa parar de se assustar com o vento. – reviro os olhos mesmo sabendo que ele não está vendo.

Abro a porta da frente e Noah passa por ela, parando logo em seguida e se virando com os braços abertos. Abraço o garoto a minha frente e ele deixa um beijo na minha testa.

— Fica bem. – ele fala baixinho fazendo carinho nas minhas costas – Tchau.

— Tchau.

Quando ele começa a caminhar em direção a sua casa, eu fecho a porta e subo correndo pro meu quarto.

É normal eu sentir saudade de uma pessoa que eu vi há no máximo um minuto atrás? Ainda é muito cedo pra dizer que eu to totalmente entregue a ele?

Instagram 》Noah UrreaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora