56. [Julie]

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— Chris eu juro que se você fizer isso mais uma vez eu desço a porrada em você! – Alyssa grita pela milésima vez em mais uma tentativa de fazer Chris parar de colocar o pé em sua frente a fazendo tropeçar.

Estamos indo no centro da cidade onde tem brechós, feirinhas e outras diversas lojas. Lydia disse que sente saudade de fazer compras com a gente então aqui estamos nós, mesmo que o "compras" dela signifique comer e comprar no máximo duas coisas.

— Será que a gente pode falar sobre o milagre que é a Julie estar aqui com a gente e não com o namorado? – Chris fala em um tom debochado. Ele é tão implicante.

— Ele tá em uma reunião e você sabe que essa semana eu to colada nele porque em alguns dias começa a turnê.

— Consequências de namorar um artista. – Alyssa da de ombros – Será que a gente poderia tomar um sorvete agora, a criança em mim tá gritando.

— Por Deus, eu vou enfiar sorvete na sua goela! Eu não aguento mais ouvir isso.

Lydia me encara segurando o riso e me puxando para o seu lado nos afastando dos dois.

— Ei! – Alyssa grita.

— Sem tempo pra implicância de vocês. – Lydia grita de volta e Aly emburra o rosto parando em uma barraquinha de sorvete com Chris.

Eles implicam tanto um com o outro mas são como irmãos, não se largam por nada e se amam mais que tudo.

Lydia para em uma barraquinha de batatas e pede duas porções.

— Eu senti falta de você... – ela diz enquanto brinca com seus dedos.

— Mas a gente se vê quase todos os dias.

— Quero dizer que senti falta disso. Eu e você, fazer compras juntas, só nós quatro... Eu gosto do Noah e amo quando ele sai com a gente mas é que sempre foi assim e, não sei, eu só tava sentindo falta.

— Me desculpa por ter acabado me afastando um pouco de vocês. – sorrio fraco.

— Mas você não se afastou Julie, você só precisa revezar entre a gente e seu namorado e eu entendo isso. Eu só senti saudade mesmo.

Lydia é provavelmente uma das pessoas mais compreensíveis que eu já conheci, ela sempre tenta se colocar no lugar dos outros e entender todo mundo. Talvez seja por isso que ela se dá bem com todos.

A mulher da batata nos entrega nossas porções e nós voltamos a caminhar depois de pagá-la.

Passamos por todas as barraquinhas que vendiam coisas complemente diferentes uma das outras: uma de pulseiras feitas à mão, outra de roupa de bebê de crochê, outra de plaquinhas para colocar na porta do quarto e por aí vai.

— O que você acha da gente fazer uma Noite de Cinema como antigamente? – a cacheada pergunta de repente e não consigo evitar de sorrir lembrando dessas noites.

Sempre que podíamos nós íamos para a minha casa ou para a casa de Alyssa assistir filmes durante a noite e titulamos essas noites como "Noite do Cinema". Normalmente a gente colocava colchões ou cobertores no chão, comprávamos tudo o que definitivamente não é saudável e nos jogávamos no meio dos lençóis enquanto comíamos e assistíamos o filme com direito a comentários sobre cada cena. Eram momentos que eu me sentia verdadeiramente feliz, na verdade, qualquer momento na presença de Alyssa e Lydia é um momento feliz.

— Eu acho perfeito.

— O que é perfeito?

Me assusto com a voz de Alyssa atrás de mim.

— Eu. – Chris diz convencido fazendo nós três revirarmos os olhos.

— Noite do Cinema. – respondo a pergunta de Alyssa.

— Hoje?

— Sim. – é a vez de Lydia respondê-la enquanto come suas fritas.

— E o que a gente tá esperando pra ir comprar as coisas? Já são sete e meia!

Sinto vontade de rir do tom de voz exagerado da loira mas me controlo pois sei que seria xingada se fizesse isso.

As oito e meia nós já tínhamos os filmes e a comida, só falta os colchões no chão — que Lydia e Chris estão cuidando disso agora mesmo.

— Chama o Noah. – Alyssa se joga ao meu lado na minha cama.

— Eu já fiz isso e ele já deve estar chegando. – Lydia diz entrando com um colchão e Chris com outro.

— Se ficarem de melação eu jogo os dois pela janela. – Chris ajeita o colchão no chão e abre o cobertor.

— Falou o que não aguenta ver um clichê que já fica todo carente. – Alyssa sai em minha defesa.

Percebo que eles vão começar uma discussão besta e agradeço aos céus pela campanhia ter tocado bem no momento que Chris começar a argumentar. Desço a escada sem pressa já sabendo quem está na porta e ouço a campanhia tocar mais uma vez.

— Impaciente você em. – é a primeira coisa que eu digo quando abro a porta.

— Lenta você em. – retruca.

Ele entra acenando para os meus pais que estão deitados no sofá assistindo um filme qualquer e sobe a escada.

— Nem um mísero beijinho de boa noite? – reclamo assim que chegamos no corredor dos quartos.

E então ele me da um selinho. O selinho mais rápido da minha vida. Não deu tempo nem de sentir seus lábios contra os meus. Arqueio as sobrancelhas.

— Impaciente, lembra? – oh, Deus...

— Eu namoro uma criança.

Noah ri antes de me beijar mas dessa vez pra valer e com direito a três selinhos no final e bocas avermelhadas.

— Será que o casal poderia parar de safadeza no meio do corredor e vir assistir o filme? – Lydia diz doce como sempre.

Quando entramos no quarto vejo que o filme escolhido é um de terror. A última vez que nós assistimos um terror na Noite do Cinema — há alguns anos atrás — Alyssa só conseguiu dormir as cinco da manhã porque o sono foi mais forte que seu medo e mesmo assim com a luz acesa. Levamos uma bronca de sua mãe e desde então nós não assistimos mais filmes de terror juntas.

Lydia e Chris estão jogados no colchão com um balde de pipoca, diversos biscoitos, refrigerante e um doce, Alyssa está deitada na beira da minha cama com um balde de pipoca, água, um biscoito e fini. Definitivamente sou Team Alyssa!

Me deito no meio da cama e Noah se deita na outra ponta, o filme começa e sinto o corpo do meu namorado mais próximo ao meu e quando começa a primeira cena já sinto o braço de Alyssa abraçando minha barriga e sua cabeça em meu ombro.

A sensação de estar rodeada de pessoas que você ama é tão boa, é como se o amor estivesse literalmente no ar fazendo meu coração se acalmar a cada respiração. Essa é sem dúvidas a melhor sensação do mundo.

Quando o filme já está quase no fim sinto meu olhos pesarem de sono, Noah dormiu há alguns minutos atrás e sua respiração está leve e calma contra meu pescoço, Lydia parou de xingar cada personagem que fazia algo estupido então acredito que já esteja dormindo, Alyssa está no mesmo estado que eu lutando contra seu sono mas sei que ela não vai aguentar por muito mais tempo. Me viro ficando de costas para o de olhos de verdes e abraçando a de olhos azuis, sinto ele se mexer atrás de mim e logo seu corpo estava colado ao meu e seu braço abraçando minha cintura.

E então meu sono me vence e eu caio no sono me lembrando apenas de uma voz grossa e rouca sussurrando "Eu te amo" no meu ouvido.

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me perdoem se tiver algum erro

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xoxo, Laís.

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