Na Porta ao Lado [COMPLETO]

By autoranataliadonatto

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Ian Thompson está cansado de viver a vida que seus pais escolheram para ele e por isso decide voltar para sua... More

NA PORTA AO LADO
PLAYLIST
NOVIDADE
PERSONAGENS
UM
DOIS
TRÊS
QUATRO
CINCO
SEIS
SETE
OITO
NOVE
DEZ
ONZE
DOZE
TREZE
QUATORZE
QUINZE
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
Livro novo - Entrelaços do Destino
VINTE E UM
VINTE E DOIS
VINTE E QUATRO
VINTE E CINCO
VINTE E SEIS
VINTE E SETE
VINTE E OITO
AGRADECIMENTOS

VINTE E TRÊS

70 11 8
By autoranataliadonatto

Ian nunca ligou para coisas coloridas, ambientes decorados e nem nada do tipo. Quando morava com os pais, a casa era sempre com cores e móveis neutros. Os objetos decorativos também acompanhavam essa tendência. Os amigos dos seus pais achavam aquilo tudo chique. Para Ian, era indiferente.

Seu quarto nunca teve pôsteres nas paredes, pois a mãe dizia que poluíam o ambiente. Os móveis também eram escolhidos pelos pais — mais pela mãe na verdade, porque ela queria que tudo combinasse sempre.

Para não dizer que seu quarto não tinha nenhuma decoração, tinha uma prateleira com alguns carrinhos que ele gostava de colecionar, outra com algumas das suas histórias em quadrinhos e o violão que costumava ficar no suporte ali no canto do quarto.

Honestamente falando, ele não se lembrava se havia algo mais além disso.

Com o passar do tempo, os carrinhos sumiram e as histórias em quadrinhos foram colocadas em caixas. Até o violão passou a ficar guardado. Ele só teria tempo mesmo para estudar, e se caso tivesse alguma distração muito visível, ele com certeza não iria se concentrar tanto quanto deveria.

Então, por tudo isso, Ian nunca ligou para cores.

Era por isso que agora mal reconhecia o cômodo no qual se encontrava agora.

A semana tinha passado tão rápido, mas tinha sido cheia de momentos incríveis.

Na segunda feira a noite, Odette disse que o ensinaria a cozinhar, então, depois que voltou da drogaria, ele mandou uma mensagem a ela, que apareceu com os aventais de vaquinhas e ingredientes para que eles fizessem a mesma refeição que ela havia preparado no sábado.

Ela deixou que ele cozinhasse quase tudo, sob a supervisão dela, claro, e no fim das contas até que não tinha ficado tão ruim assim. Odette o elogiou e disse que ele levava jeito para a cozinha. Ele não soube se ela só tinha dito aquilo para incentivá-lo ou se realmente achava isso, mas ele agradeceu, e os dois acabaram em um beijo demorado.

Eles se encontraram todas as noite naquela semana. Ora cozinhavam alguma coisa, ora saiam para comer, e depois eles acabavam ou no sofá dele ou no dela, assistindo a algum filme que ela sugeria. Ian não podia negar que até que gostava dos filmes, mas sabia também que precisava fazê-la assistir a algum dos seus filmes favoritos. Não era justo somente ela indicar filmes.

Na sexta feira a noite eles pediram uma pizza no apartamento dele e após insistir um pouco, ela aceitou uma recomendação dele, o filme lançado no ano passado, RoboCop.

— Eu só quero ver se essa versão aí faz jus ao original — resmungou ela.

Ian riu pelo nariz.

— Vamos descobrir.

Apesar de não ter visto muitas críticas positivas ao filme, Ian queria ver para tirar as próprias conclusões. Ele só esperava não ser ruim.

Sentaram-se no sofá dele para assistir, e não demorou muito para que Ian se inclinasse no sofá, ficando meio sentado, meio deitado, e Odette colocasse a cabeça no peito dele, como eles fazia todas as noites. E como em todas as noites, ele passava o braço pela cintura dela, e eles assistiam enquanto comentavam sobre o filme.

E era por aquele momento que ele esperava todos os dias, pelo momentos em que poderiam estar juntos, comendo, conversando e assistindo, pelo momento em que ela estaria em seus braços, e ele sentiria sua pele macia e seu cheiro de morangos — e não de lavanda como em seu sonho.

Quando filme terminou — dois concordaram que o filme era razoável —, eles não saíram da posição em que estavam.

— Quer assistir outro filme? — Ian perguntou.

Não respondeu de imediato, e remexeu. Em seguida, endireitou a postura, saindo dos braços de Ian e se sentando no sofá.

— Sabe no que eu estava pensando?

Ian a olhou curioso.

— Que esse lugar aqui precisa de uma corzinha.

Ele não soube se foi o jeito como ela disse aquilo ou a empolgação dos minutos seguintes lhe dizendo como poderiam deixar o apartamento com uma cara mais alegre, mas ele ficou convencido, e no dia seguinte eles começaram com a transformação.

Ian foi trabalhar na parte da manhã — já que a drogaria ficava aberta até a uma da tarde — e em seguida combinou com Odette de irem até o centro para comprarem tudo o que iriam precisar.

Se fosse por Odette, eles teriam pintado o apartamento todo, mas ele achava que os quartos não precisavam de pintura, pois já tinham uma cor clara e ele gostava. A cozinha também era clara e ele preferia assim, e Odette concordou, sobrando assim, somente a sala para ser pintada.

Eles despejaram um pouco da tinta no recipiente, afastaram o sofá e tiraram a TV e o painel do cômodo. Ao som de uma playlist que ele tinha escolhido, eles forraram todos o chão com jornais e logo em seguida começaram a pintar.

Aos poucos as paredes brancas começaram a ficar da cor verde primavera, que os dois escolheram e acharam que cairia bem.

Entre uma demão de tinta e outra, eles paravam para conversar, para comer e claro, para trocarem alguns beijos. Se fosse por Ian, eles teria passado bem mais tempo se beijando, mas Odette estava decidida a deixar aquele cômodo com outra cara, e ele tinha aprendido que quando ela colocava uma coisa na cabeça, era difícil de tirar.

Duas demão de tinta em cada parede foi o suficiente para que o cômodo ficasse totalmente diferente.

Depois que terminaram de pintar, limparam e guardaram os itens utilizados e deixaram a sala secar. Como fazia muito calor, deixaram a varanda aberta e a convite de Ian, eles foram até o parque comer um Hot Dog, pois estavam famintos.

Ficaram por lá mais um tempo depois que acabaram de comer, sentados em um dos bancos, de mãos dadas.

O celular no bolso da bermuda vibrou com o recebimento de uma mensagem. Ian hesitou antes de pegar o aparelho e ver que havia uma mensagem de um número conhecido, mas que não estava salvo. Ian engoliu em seco e não abriu a mensagem. Não ia deixar que aquilo estragasse sua noite com Odette.

— Está tudo bem? — Odette olhava para ele com o cenho franzido.

Ele assentiu com a cabeça.

— Está tudo bem, sim.

— Não vai ver a mensagem? Pode ser importante. Eu fico de costas se quiser, para você ver a mensagem — ela disse já se virando de lado no banco.

Ian a pegou pela cintura e a puxou delicadamente para si. Odette se desequilibrou e meio que caiu em cima dele. Os dois riram, mas não se mexeram. Ian fitou o rosto dela por alguns segundos, depois para os lábios, e em seguida para os olhos dela.

— Não tem nada que possa ser mais importante do que estar com você neste momento.

Ela não teve nenhuma reação e Ian pensou se tinha exagerado no que disse. Esperava que não, mas não conseguiu não falar aquilo, enquanto ela estava ali, outra vez nos braços dele.

Odette então levantou um pouco a cabeça e fechou os olhos, e Ian entendeu que aquele era uma convite para um beijo. Ele encostou os lábios nos dela, abrindo passagem com a língua, e a beijou com intensidade.

Quando o beijo terminou, ela abriu os olhos lentamente e o encarou. Em seguida, tocou o rosto dele e Ian sentiu uma onda de calor o invadindo. O toque dela era suave e bem-vindo, e com a voz meio rouca ela disse:

— Estar com você também é uma das coisas mais importantes para mim neste momento.

Ian sentiu seu coração se aquecendo naquele momento e teve certeza de que nunca ninguém seria capaz de provocar nele tantos sentimentos assim como Odette provocava.

Eles ficaram ali por só mais alguns minutos e depois voltaram ao prédio, despediram-se em frente aos seus respectivos apartamentos, contra a vontade de Ian, claro. Por ele, ficaria mais e mais horas na companhia dela, mas não queria que ela achasse que ele era o tipo de cara grudento.

Na manhã de domingo, Odette o avisou que iria almoçar com a mãe, mas pediu que ele a esperasse para que terminassem de arrumar o apartamento.

Então, enquanto esperava por ela, limpou o apartamento, preparou o almoço, comeu, e lavou toda a louça que havia sujado. Depois, foi até a mercearia e comprou algumas coisas para a semana seguinte. Quando voltou, Odette ainda não tinha mandado nenhuma mensagem, mas aquela que ele havia recebido no dia anterior ainda estava lá. Ian resolveu olhá-la.

A mensagem era um pouco grande demais, e a pessoa que a tinha enviado dizia sentir muito sua falta. Dizia também respeitar esse tempo que ele tinha resolvido tirar para si, mas pedia que não a ignorasse. Ian suspirou, cansado. Não gostava de ignorar as pessoas, mas sabia que precisava. Tudo e todos que estavam em Nova Iorque o sufocavam, e o sufocaram por tempo demais. Ele só queria poder respirar outra vez e ele estava conseguindo aqui em Charleston. Responder àquela mensagem ou a qualquer outra, era como se estivesse a ponto de sufocar outra vez, e ele não queria isso.

Apagou a mensagem recebida e no segundo seguinte a campainha tocou. Ele colocou o celular no balcão e abriu a porta, cumprimentando a recém-chegada com um selinho.

Odette entrou no apartamento prendendo os cabelos em um rabo de cavalo e fechou a porta. Ela passou por ele, ficando no centro da sala, provavelmente pensando por onde começar. Ian sugeriu começar por colocar o painel de volta na parede e ela concordou.

E eles começaram.

Depois de colocar o painel e a TV, Odette posicionou os dois carrinhos que Ian tinha comprado como parte da decoração do lado esquerdo da prateleira que era fixada junto ao painel. Depois, com a ajuda dele, colocou na parede onde ficava o sofá, os três quadros com capas clássicas de histórias em quadrinhos. No canto, na mesma parede do painel da TV, colocaram o violão no suporte e acima dele, um quadro que Odette tinha encontrado na loja com o desenho deu uma clave de sol.

Do outro lada da prateleira do painel, Ian colocou alguns encadernados de quadrinhos que ele comprou, e para finalizar, um tapete escuro para combinar com o sofá e o painel. Ian ficou um pouco relutante quando ao painel, mas foi convencido por Odette que lhe disse que o item deixaria o local mais aconchegante.

E após tudo arrumado, ele chegou à conclusão de que ela tinha razão.

Agora, ele olhava o cômodo e não o reconhecia. Ele não estava abarrotado de coisas como inicialmente ele achou que Odette queria deixar tirando por sua empolgação, mas estava muito bonito e aconchegante. E foi assim que ele percebeu que gostava de cor, e de objetos decorativos.

E foi assim também que Odette não só trouxe cor para a sua sala, como também para sua vida.


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Só queria dizer que mais cinco capítulos apenas nos separam do final da história.

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