DEZOITO

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Ian não contou para Odette qual música ele tocou na noite passada. Ela bem que tentou saber qual era, mas ele não disse em momento algum que os acordes eram de One, de Ed Sheeran.

Quando ela pediu que ele tocasse uma música, Ian imediatamente pensou nessa e começou a tocar. Ela ouviu atentamente sem nada perguntar, porém, ao final da música ela quis saber e ele disse simplesmente que tocou os acordes que lhe vieram à mente, e ela não perguntou mais nada, mas elogiou a canção.

Depois, ele colocou o violão novamente em pé ao seu lado e os dois voltaram a conversar. Ele não se lembrava muito bem como chegaram no assunto, mas ele acabou comentando que estava trabalhando com o avô. Odette disse que conhecia o Sr. Benjamin, e o achava adorável. Ian riu, mas acabou concordando. Também achava o avô adorável a sua própria maneira.

Quando o silêncio começou a se fazer presente, Odette perguntou se ele gostou quando se mudou para no Nova Iorque. Ian respondeu categoricamente:

— No começo, não. Foi difícil me acostumar, sabe? Minha vida toda estava aqui, meus amigos, meu colégio... Antes de nos mudarmos, eu cogitei a ideia de ficar morando com o meu avô, mas meus pais não deixaram. Meu irmão já havia saído de casa e eles não queriam ficar sem os dois filhos.

''Foram precisos vários meses para que eu começasse a me sentir em casa lá em Nova Iorque. Fiz algumas amizades, comecei a gostar do colégio, mas aí chegou a Universidade e eu passei a não gostar mais. Só que como não queria decepcionar os meus pais nunca disse que não gostava, até que vários dias atrás eu resolvi que precisava de um tempo e voltei para cá.''

— E aconteceu alguma coisa para te fazer voltar?

Aconteceu, ele pensou, mas não queria falar sobre aquilo naquele momento, não queria estragar as coisas.

— Digamos que eu quis um pouco de sossego.

E ela não perguntou mais nada.

Então, Ian resolveu perguntar como ela havia lidado com o divórcio dos pais.

— Não foi fácil. Quando eles me contaram eu chorei muito, mesmo meu pai dizendo que estaria comigo sempre, mesmo não morando mais juntos. Eu sabia que ele tinha razão em partes, por que não, as coisas não seriam como antes. Quem iria me consolar quando minha mãe começasse a pegar no meu pé em relação ao meu peso?

''Sofri bastante, chorei várias vezes, mas depois resolvi lidar com a situação como adulta, mesmo ainda sendo uma criança. Passava todos os finais de semana na casa do meu pai e falava com ele quase todos os dias ao telefone. Aceitei os relacionamentos que ambos começaram mesmo sentindo muito ciúmes do meu pai, e o tempo foi passando. Os dois se casaram novamente, o Jesse nasceu... Acho que, respondendo finalmente a sua pergunta, eu só aceitei as coisas.''

E eles continuaram falando. Odette disse novamente que só havia cursado a Universidade para dizer que tinha alguma formação, e Ian ressaltou como também só fazia o que fazia para agradar aos pais. Sentiu-se incomodado por falar naquilo novamente, mas não conseguia não se queixar sobre aquilo. Era mais forte do que ele.

Não soube que horas eram quando se despediram, com a promessa de repetir aquilo mais vezes. Ian desejava, mais do que tudo, que aquilo não demorasse a acontecer.

— Terra chamando Ian — disse Benjamin, fazendo-o piscar.

Não tinha se dado conta que estava o dia todo revivendo os acontecimentos da noite passada com Odette.

— Pensando na menina Odette? — O senhor questionou, com a testa franzida.

Ian empertigou-se.

Na Porta ao Lado [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora