Mystical (l.s)

By larrylaw

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Considerações Iniciais (necessárias para a leitura da fic)
⊱ PRÓLOGO ⊰
⊱ CAPÍTULO I ⊰
⊱ CAPÍTULO II ⊰
⊱ CAPÍTULO III ⊰
⊱ CAPÍTULO IV ⊰
⊱ CAPÍTULO V ⊰
⊱ CAPÍTULO VI ⊰
⊱ CAPÍTULO VII ⊰
⊱ CAPÍTULO VIII ⊰
⊱ BOOK TRAILER ⊰
⊱ CAPÍTULO IX ⊰
⊱ CAPÍTULO X ⊰
⊱ CAPÍTULO XI ⊰
⊱ CAPÍTULO XII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIII ⊰
⊱ Q&A ⊰
⊱ CAPÍTULO XIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XV ⊰
⊱ CAPÍTULO XVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XX ⊰
⊱ EXPOSED ⊰
⊱ CAPÍTULO XXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXV ⊰

⊱ CAPÍTULO XXIII ⊰

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By larrylaw

N/A: Obrigada por lerem! Não se esqueçam dos votos e comentários ♡



♘♔♗

Episódio: Sorcier

Harry era alguém um tanto quanto persistente.

Em toda a sua vida, sempre que ansiou por algo, conseguiu o que desejava, inclusive no exato momento em que queria.

Bem, naquela noite, estando vestido com roupas quase decentes e finalmente limpo, Styles se sentia como se fosse ele novamente e isso significava que necessariamente conseguiria o que desejava – dadas as circunstâncias seu maior desejo atual não poderia ser outro que não recuperar sua liberdade. Em verdade, quando se tratava de sua independência, a persistência nata do jovem de olhos verdes crescia até beirar a teimosia e, uma vez tendo colocado em mente a ideia de que fugiria, Louis descobriria, em breve, que mais fácil era arrancar a cabeça de Harry dele, do que aquela ideia.

De fato, sua tentativa inicial de conseguir respostas falhara, mas talvez ele não precisasse conhecer o inimigo para manipulá-lo. Isto porque sua arrogância já havia classificado o comandante como uma criatura previsível – talvez não tanto quanto imaginou, afinal o homem surpreendeu ao reconhecer uma obra da filosofia grega, bem como não havia se deixado manipular tão facilmente. Ainda assim, aos olhos verdes, Louis era um bárbaro, retrógrado, literalmente um grosseirão: Harry se considerava superior e, até presente momento, haviam inúmeras situações nas quais ele comprovara tal premissa.

Pois bem, enquanto o comandante escrevia em seu caderno de couro negro até que as vistas azuladas perdessem o foco em decorrência do sono, Styles planejou cada mínimo detalhe de sua nova tentativa de fuga – era, na realidade, um bom plano, então, se executado por ele com cautela, seria infalível.

Quando o comandante finalmente retirou a faixa negra que lhe cobria o rosto e deitou o corpo sob seu leito, sempre de costas para Harry, era o momento do espetáculo final e, felizmente, Styles estava com roupas melhores para tal.

– Não está se esquecendo de nada, comandante? – Harry proferiu casualmente, se referindo à segunda aposta que firmaram naquela manhã. – Eu escolho as correntes dos pés. Elas me incomodam mais, pois atormentam meu sono – ele balançou desajeitadamente os tornozelos enquanto falou, fazendo as correntes tilintarem uma única vez, mas o outro não lhe deu atenção. – Você me deu sua palavra de honra.

A última parte de sua fala fez com que o homem virasse o corpo em sua direção, de forma que pudesse analisá-lo silenciosamente por alguns instantes. Em seguida, o comandante levantou-se de seu leito e caminhou até ele com as safiras apertadas em desconfiança. Por fim, abaixou sobre os próprios tornozelos para que seu olhar ficasse na mesma altura que o de Harry, que, por sua vez, precisou de cada gotícula de controle emocional existente em seu ser para não recuar diante da proximidade indesejada – aquele homem certamente desconhecia o significado de espaço pessoal.

– Me dê, então, sua palavra de honra de que não irá fugir.

Harry internamente gargalhou de forma maldosa – é claro que ele fugiria. A escolha quanto à corrente dos pés era bem autoexplicativa, afinal; contudo, pensou consigo mesmo, "não era como se um ignorante pudesse perceber o óbvio"

– Tens minha palavra de honra, Luke – cruzou os dedos remeter à sua honra em vão e, por fim, fez sua jogada de mestre: se valer do nome do comandante, o qual ouvira Angus proferir na noite anterior, para transpassar confiança ao outro.

Louis, em nenhum momento, cessou a atividade de analisá-lo de forma silenciosa – Harry estava ciente disso, motivo pelo qual não permitiu que sua expressão casta vacilasse. De toda sorte, parecendo satisfatoriamente convencido, o comandante desacorrentou seus pés vagarosamente e o interior de Harry exultou em vitória: ele venceria essa noite e isso sequer exigiu dele muito esforço – o erro dos supersticiosos é que eles acreditam, ainda que tendo todas as razões para não fazê-lo.

E então foi apenas uma questão de instantes para que Louis retornasse ao seu leito. Harry, ao se acomodar no chão, foi cauteloso em manter uma proximidade razoável do homem, visando evitar desconfianças de que realizaria mais uma tentativa de fuga.

Por fim, fingiu adormecer rápida e profundamente com um único pensamento: o tal "Luke" era o ser mais imbecil que ele já teve a oportunidade de conhecer – e, note que, Harry estava habituado a ser o homem mais inteligente entre os de sua idade, então conhecerá muitos a quem considerava imbecis.

O ponto relevante é que, ou você opta por ser o vilão, ou você opta por ser o mais tolo do recinto: a combinação de ambas as opções te conduzem à derrota.

-x-

Em verdade, muitas coisas impediram Harry de ceder à exaustão do próprio físico nos últimos dias, mas, por óbvio, ter sido sequestrado era a principal, pois correspondia ao fato gerador de todos os outros infortúnios a qual foi submetido até presente momento – a fome, o frio, a sujeira e o medo.

No entanto, ao se encontrar finalmente alimentado, abrigado, limpo e com uma nova estratégia de fuga com grande probabilidade de êxito, seus músculos relaxaram satisfatoriamente, de modo que, enquanto fingia dormir à espera de que o comandante também o fizesse, ele realmente foi convencido pela sua própria encenação e sucumbiu ao cansaço acumulado – Styles viajava há três dias, não tendo dormido por duas noites subsequentes. De toda sorte, seu sono leve fez com que seu cérebro despertasse após meros instantes diante da ideia de que o sucesso de seu plano ainda dependia, por óbvio, de sua prática.

Harry olhou de soslaio para o corpo inerte do comandante – em sua paranoia, era como se qualquer movimento desnecessário de sua parte tivesse o condão de despertar o homem e colocar tudo a perder; contudo, ao constatar que este já ressonava de forma pesada e profunda, ele se pôs de pé em um ato e correu em direção à saída com tudo de si, cruzando rapidamente a distância que o separava da passagem para o lado externo.

Styles sentiu uma prévia do toque da brisa de Aberdeen como se esta abrisse um de seus braços maternalmente para acolhê-lo e estendesse o outro para defender-lhe daqueles que ameaçavam sua liberdade – esta já era tão real, tomando forma na noite e se fazendo quase palpável, então...

Algo repentinamente bloqueou o movimento de sua perna esquerda, fazendo com que seu corpo caísse de frente sobre o solo da floresta devido à velocidade em que corria. Ele levantou o tronco do chão e se virou para olhar o próprio pé.

– Mas que porr...?

Havia uma linha de pesca amarrada firmemente em seu tornozelo com um nó francês – o nome não foi dado avulsamente: assim como os boatos acerca da natureza francesa, seu emaranhar era delicado, porém firme.

Quando um outro par de pés parou à sua frente, Harry pôde constatar onde a outra ponta da linha encontrava-se firmada – ao tornozelo de Louis, que despertara com o repuxar dela. Por óbvio, ele havia feito o arranjo nos curtos instantes em que Styles adormecera – havia apenas um homem sorrateiro o suficiente para driblar o sono leve do cacheado até então: Desmond Styles. Então ao se deparar com o segundo homem dotado de tal prerrogativa, ele desejou que o primeiro estivesse vindo ao seu resgate.

– Você me deu sua palavra de honra de que soltaria meus pés – Harry proferiu, desnorteado com o ato, erguendo suas esmeraldas lentamente, as quais passearam pelo corpo alheio dos pés até as safiras que o encaravam.

– E você deu sua palavra de honra que não fugiria – ele cruzou os braços definidos sobre o próprio peitoril, sua expressão facial ilegível. – Bem vindo à dinâmica da guerra, Harry Styles.

Eis que ele agarrou o tornozelo de Harry e o arrastou pelo chão por uma curta distância até que ambos estivessem de volta ao lado esquerdo de seu leito. Por óbvio, Styles o chutou com o outro algumas vezes, mas foi como golpear uma rocha, causando-lhe mais dores a si próprio do que Louis aparentava sentir pelos golpes. Por fim, o comandante apanhou sua espada que repousava em sua cama como uma amante e ergueu-a no ar.

O cacheado recuou diante do que via, temendo ser ferido, mas o objetivo do outro foi meramente partir a linha de pesca que conectava ambos. Em seguida, arrastou a corrente que outrora prendera os pés do mais novo e abaixou-se para que ela retornasse à sua função.

– Mentes para ti mesmo quando crês que pode enganar um enganador – Harry o ouviu sussurrar, mas aparentemente era mais para si mesmo do que para ele.

Nesse contexto, quando ficaram na mesma altura uma segunda vez naquela noite – o cacheado sentado ao chão e o comandante sustentado sobre um de seus joelhos –, Styles agarrou os pulsos do comandante com toda a sua força e olhou em seus olhos vazios com desespero emanando dos próprios.

– Por que está fazendo isso? – tratava–se, na verdade, de uma súplica.

O homem limitou-se a ignorá-lo abertamente e soltou os próprios pulsos do aperto de Harry sem grandes esforços.

Quando, porém, o comandante ocupou ambas as mãos com a tarefa de acorrentá-lo, o cacheado sentiu-se quase obrigado a realizar uma nova tentativa de fuga ao ver a espada de Louis tão próxima de si e seu titular completamente alheio a tal proximidade.

Apanhou-a velozmente e colocou-se em pé no que Louis também o fez, apontando a arma diretamente para a garganta do comandante e constatando tardiamente que esta era mais pesada do que aparentava quando em mãos alheias: muito mais. Apoiou, então, todo o peso do objeto sobre as clavículas bem esculpidas de Louis, antes que seu braço eventualmente tremesse e denunciasse o esforço que fazia – verdadeiramente tentava não demonstrar sua dificuldade, ciente de que deveria transparecer ameaça.

Os orbes azuis fitaram atentamente o rosto de Harry por um instante e deslizaram lentamente para a lâmina apoiada em seu próprio torso. Em verdade, o cacheado esperava qualquer manifestação ali: de medo à tão conhecida fúria, ou até mesmo deboche; contudo, aqueles olhos permaneceram vazios, se assemelhando a uma superfície oceânica sem ondas.

– Mate-me – Harry leu os lábios alheios, mas a fala não foi audível.

Eles se encararam em silêncio durante um instante que não saberiam definir se foi longo ou demasiado curto. A espaçosa tenda tornou-se claustrofóbica para ambos, pois havia uma tensão pairando sobre os dois que parecia visar fazê-los se curvarem.

– Mate-me – repetiu e dessa vez sua voz ornamentada pelo sotaque arrastado e típica imponência não somente soou noite afora, como também trouxe consigo o usual tom raivoso. – Mate-me!

Certo, o homem pontuou sua exclamação com o que o outro poderia caracterizar como um rosnado.

Eis que suas fortes mãos agarraram os ombros magros de Harry e o puxaram para si, forçando a espada contra a própria traqueia. Foi nesse momento que o mais jovem soube que não seria capaz de prosseguir, pois jurar alguém de morte era quilometricamente distante de realmente cumprir o jurado, então ele vacilou, soltando a espada que, por sua vez, cortou o ar entre ambos até atingir o solo, como se os segregasse a mundos completamente diferentes.

Louis se encontrava estático, de modo que sequer era possível identificar se respirava. Harry, por sua vez, se encontrava trêmulo, de forma que sua respiração soava entrecortada, pois a mera ideia de tirar a vida de alguém – ainda que em se tratando daquele que tirou a de seus pais – lhe provocara ânsia de vômito.

O comandante foi o primeiro a se recuperar daquele momento, com os lábios finos se repuxando repentinamente em um sorriso que mais parecia um rosnar.

– Você se considera superior a nós, escoceses, mas é preciso muita bravura para tirar uma vida. Seu esforço para transparecer coragem é respeitável; contudo, ingleses são covardes por natureza – cuspiu aos pés de Harry de pronto, levando consigo sua espada no que deu meia-volta.

A frase proferida puxou Styles das garras da inércia e reacendeu seu interior no que ele crescia sobre o próprio ser, como um gigante.

– Acha que aquele pedaço de pano é capaz de te esconder? Eu vejo seu rosto quando você dorme, assassino: um rosto pouco escocês, eu diria – ele cuspiu as palavras.

De fato, a mente do cacheado não conseguiu processar como ocorreu, mas em um momento estava com a palavra e em pé e no outro encontrava-se deitado no chão com um peso acima de seu corpo, o imobilizando. Aquele rosto agora estava tão próximo que seria difícil entender onde as feições de um terminavam e as do outro começavam. Louis segurou-o pela gola da própria farda de gala e Harry apertou o maxilar em desafio. 

Note que, era quase como se o universo tivesse estabelecido que qualquer interação entre ambos terminaria assim, com um a milímetros de distância do outro.

Segundos depois, Styles ousou emitir uma risada infame, insano pela raiva que o dominava, porém esta não chegava sequer próxima da ira que emanava do outro; contudo, Louis estava sempre encolerizado, então não era como se deixasse de ser intimidante, era só... Esperado.

– Um homem com uma espada: isso é tudo o que você é. Sequer seus homens te respeitam, eles apenas o temem, estrangeiro.

Entenda, chamar alguém de "estrangeiro" era uma ofensa gravíssima naquele século e, claro, Harry tinha plena ciência disso e proferiu ainda assim. Portanto, se houvesse uma palavra para definir o olhar que recebeu, seria "mortal".

– Cuidado com o que fala – Louis ameaçou, entredentes.

– Ou...?

Nesse momento, a lâmina da espada foi pressionada contra o pescoço de Harry antes mesmo que Louis se apercebesse que seus pensamentos soavam mentalmente em francês, seu idioma nativo e há muito esquecido – isso significava, necessariamente, que ele havia perdido o controle.

– Você não pode me matar, estrangeiro – Styles arguiu, mas não sabia ao certo se sua fala era direcionada ao outro, a título de afronta, ou para si mesmo, para fins de convencimento.

As safiras estavam atentas aos lábios carmesins e acompanharam palavra por palavra. As esmeraldas, por sua vez, se voltaram igualmente para os lábios alheios no instante em que um sorriso animalesco ali surgiu.

– Preciso de você vivo, não falando. Seja obediente, senão, eu juro pelo Santo Deus que vou arrancar a sua língua, sorciér¹ – Louis cuspiu a última palavra.

Os olhos de Harry se arregalaram tanto que pôde sentir suas pálpebras protestarem pelo seu exagero. 

Ele realmente se calou – não por medo de perder sua língua, embora esse fosse um argumento deveras persuasivo, mas porque dois mistérios lhe foram revelados pela pronúncia de uma única palavra: sorcier

Entenda, Harry era fluente em muitos idiomas, pois teve uma educação impecável garantida através da fortuna e do poder político dos Styles. No mais, suas constantes viagens aos reinos mais notórios permitiram que ele praticasse toda a teoria estudada. Dessa forma, foi simples para ele concluir que: 1) Louis era, na realidade, francês. 2) Ele e provavelmente todos os demais escoceses acreditavam que Harry era um bruxo.

♘♔♗

¹Sorciér: "feiticeiro", em francês.



N/A: Eu, se fosse vocês, digitaria no Google Tradutor "sorciér", do francês para o português e clicaria para ouvir  boa sorte ao imaginarem esse sotaque na voz do anjo Louis Tomlinson hihi

Beijinhos no coração,

Bê.

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