Mystical (l.s)

De larrylaw

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Considerações Iniciais (necessárias para a leitura da fic)
⊱ PRÓLOGO ⊰
⊱ CAPÍTULO I ⊰
⊱ CAPÍTULO II ⊰
⊱ CAPÍTULO III ⊰
⊱ CAPÍTULO IV ⊰
⊱ CAPÍTULO V ⊰
⊱ CAPÍTULO VI ⊰
⊱ CAPÍTULO VII ⊰
⊱ CAPÍTULO VIII ⊰
⊱ BOOK TRAILER ⊰
⊱ CAPÍTULO IX ⊰
⊱ CAPÍTULO X ⊰
⊱ CAPÍTULO XI ⊰
⊱ CAPÍTULO XII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIII ⊰
⊱ Q&A ⊰
⊱ CAPÍTULO XIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XV ⊰
⊱ CAPÍTULO XVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XX ⊰
⊱ EXPOSED ⊰
⊱ CAPÍTULO XXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXV ⊰

⊱ CAPÍTULO XVIII ⊰

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De larrylaw

N/A: CHAMA A LUDMILA PORQUE É HOJE!

Por favor não ignorem as notas finais, é importante. 

Obrigada por lerem! Não se esqueçam dos votos e comentários ♡



♘♔♗

Episódio: Butterfly in Amber

O animal estava a poucos metros de Harry, quase na entrada da floresta, as narinas se dilatando e comprimindo enquanto ele farejava algo no ar diurno.

O coelho era branco como a neve, mas o tom imaculado ia harmonicamente sombreando-se até alcançar um tom de vermelho vivo na região da pata dianteira direita – faltava-lhe uma das patinhas e Harry conseguiu identificar um pedaço de osso exposto: era uma fratura grave e provavelmente feita por supersticiosos regionais, os quais Styles amaldiçoou mentalmente.

O cacheado não pensou duas vezes antes de começar a se aproximar da bolinha de pelos branca que, por sua vez, não pareceu assustar-se com sua presença, mantendo-se concentrada em farejar.

– Ei garoto, vamos dar um jeito nessa sua pata, huh?

Harry sabia que aquela não seria uma viagem fácil para se realizar com animais de estimação e foi por esse motivo que deixou Kiwi para trás provisoriamente, então ele poderia imaginar a expressão de inconformismo que o bichano lhe lançaria caso soubesse que seu dono levaria o coelho consigo; contudo, Styles nunca se perdoaria caso deixasse um animalzinho ferido à própria sorte.

Eis que, repentinamente, o animal partiu em disparada, seu pequeno corpo sendo abraçado pela densa vegetação de Aberdeen e o cacheado não raciocinou direito quando começou a segui-lo, não até que o clima gelado que emanava da floresta tocou sua pele de forma lasciva uma segunda vez em sua vida – um dejàvu atingiu Harry com a força de um soco e ele diminuiu consideravelmente a velocidade. Da primeira vez que adentrou aquele ambiente, também objetivava salvar um animal e seu ato ensejou uma experiência sombria para si.

De fato, cada partícula de seu corpo gritava para que ele desse meia volta e a própria Aberdeen pareceu querer expulsá-lo, pois o vento gélido aumentou consideravelmente e soprou na direção contrária, chicoteando seu ser.

Em verdade, Harry não estava à procura de encrenca, não queria ver fantasmas dançando em círculos ao redor de pedras ou sofrer perseguição por uma figura misteriosa nas sombras. Ele queria sua casa e sua antiga monotonia da qual tanto se queixara no passado; ele queria paz.

Foi esse último pensamento, no entanto, que o motivou a continuar correndo no encalço do coelho após respirar fundo uma única vez, porque sua consciência jamais o deixaria atingir a paz novamente caso não salvasse aquela bola de pelos branca – tal pelagem permitia que o cacheado não perdesse o animal de vista, ainda que ambos estivessem envoltos no breu que reinava em Aberdeen mesmo que ainda houvesse luz solar disposta, pois os galhos retorcidos das árvores de grande porte eram impenetráveis de forma a banir permanentemente o dia do lado de fora.

Styles correu por cerca de dez minutos e a cada passada de suas longas pernas ele mergulhava ainda mais no interior da floresta. De fato, era estranho que o animal estivesse fugindo dele naquela velocidade, pois não passara despercebido que o coelho não transparecia medo.

Assim, o cacheado parou de abrupto no que o animal também o fez.

– Você é muito rápido para alguém aleijado, pequenino – Harry disse de forma entrecortada e, ao se aproximar do animal, finalmente descobriu o motivo de sua corrida desenfreada. – Cenouras?!

Havia um bocado delas no chão da floresta.

Alguém obviamente as havia disposto ali e claro que o animal as farejaria ainda que a metros de distância, sendo inevitavelmente atraído até aquele ponto de Aberdeen. Harry olhou mais de perto e constatou que não se tratava de uma armadilha, ao menos não uma para o coelho.

Em verdade, até parecia que a isca era o próprio coelho e o alvo era... Ele.

Infelizmente, o raciocínio de Styles foi demasiado lento, ao contrário do ruído que emergiu entre as árvores a alguns metros de distância dele – parecia que um animal selvagem estava a se aproximar vagarosamente dele, exatamente como da primeira vez que visitara a floresta.

O cacheado então pegou o coelho ferido nos braços e, após recuar alguns passos para trás, virou o corpo já se preparando para partir em disparada na direção contrária; contudo, diversos outros ruídos semelhantes chegaram aos seus ouvidos provindos de diferentes direções – de todas elas, para ser mais exata. Vários animais selvagens pareciam sorrateiramente cercá-lo nas sombras. Harry rodou em seus calcanhares para que pudesse ter uma vista completa de seu arredor e constatou galhos e vultos movendo-se por onde quer que ele olhasse – verdadeiramente estava encurralado, mas não por animais selvagens, por algo pior: seres humanos.

Quanto mais se aproximavam, mais nítidas as sombras humanas sobre cavalos se tornavam perante as vistas verdes e logo Styles identificou cavaleiros avançando para ele em círculo: um deles vinha um pouco a frente, aparentemente no comando do grupo e o próprio cacheado encontrava-se no centro de tudo. Eram ao menos vinte homens, não que Harry estivesse em condições de contar – pela segunda vez naquela noite, sentiu um dèjavu lhe acometer: não era como se pudesse ter se esquecido daquelas silhuetas, afinal, quando as fitou pela primeira vez, o céu acima de si chorara quase tanto quanto o próprio cacheado.

O ar pareceu pesar e se contorcer em escuridão a cada galopada do grupo e um arrepio estremeceu suas entranhas ao visualizar as flechas que todos os vinte homens levavam às costas – novamente ali estavam eles, com a vantagem e ali estava Styles, paralisado pelo sentimento que ele mais desprezava na natureza humana: o medo. Então aquela era a jogada final e os cavaleiros diante dele haviam o encontrado objetivando terminar o que haviam começado com seus pais.

Tudo estava acontecendo rápido demais, mas ironicamente Harry tinha centenas de pensamentos a cada segundo.

Ele repassou várias vezes em sua mente o primeiro contato que tivera com aqueles homens, na tentativa de identificar qual ato praticado por ele foi capaz de assustá-los, mas era inútil, pois seria ilógico que fosse capaz de reproduzir algo que sequer sabia o que era.

Então o galope finalmente cessou.

Atrás de si, o cavalo do líder do grupo relinchou e ele soube que o homem se aproximava a passos ágeis dele em decorrência do ruído de folhas secas sendo esmagadas no solo, mas Styles permaneceu de costas, pois era covarde demais para se virar – da lista de coisas que o jovem tinha medo, morrer estava no topo: parecia-lhe genuinamente apavorante a ideia de sentir uma dor que, de tão intensa, é capaz de te arrancar da superfície da própria existência. Então o cacheado pensou que talvez morrer fosse mais fácil se ele não estivesse olhando, se não visse o rosto de seu assassino ou a forma como aquilo seria feito.

Harry sentiu um movimento alheio ágil invadir seu espaço pessoal e algo gelado tocou seu peito, adicionando peso extra ao seu pescoço – não era a ponta de uma flecha, a lâmina de uma espada ou sequer o cano de um rifle, como ele imaginara. Styles juntou as sobrancelhas ao encarar o colar colocado em si, pendendo uma pedra qualquer em seu dorso.

Dominado pela confusão, ele finalmente se virou para encarar o líder dos cavaleiros e ficou ainda mais confuso ao vê-lo sobre as próprias pernas, pois isso lhe permitiu ter real percepção de seu físico: o homem era surpreendentemente uns três dedos mais baixo que Harry, embora seu porte físico fosse mais robusto e Styles arriscaria dizer que tinham quase a mesma idade, mas havia uma faixa negra bloqueando boa parte de sua visão daquele rosto e impedindo que tivesse absoluta certeza – apenas os lábios do rapaz eram visíveis, conjuntamente com um par de olhos azuis assustadores: fitá-los era como fitar a superfície de um vitral, pois não havia nada ali.

Eis que a imagem do homem desfocou quando um soco vindo de trás atingiu a têmpora do cacheado, fazendo com que suas pernas cedessem em seguida.

– Acorrentem-no – ordenou o homem da faixa negra, seu tom era levemente agudo e o inglês era carregado de um sotaque arrastado.

Três dos brutamontes o obedeceram de pronto, unindo-se àquele que derrubara Harry por trás com as correntes em mãos. Entenda, Styles era, de fato, um homem alto, mas não obteve êxito em se defender daqueles homens cujo porte físico em nada lembravam o de seu líder – eram mais altos, mais fortes e mais velhos, ou seja, armários ambulantes. Dois o imobilizaram e os outros dois acorrentaram seus braços, pernas e pescoço e então o cacheado foi jogado ao chão novamente, como um animal capturado seria.

– Você me decepciona, Harry Styles – sua visão ainda estava desfocada pelo soco recebido, mas através do tom de voz mais agudo, soube de pronto que o vulto agachado sobre os próprios joelhos à sua frente pertencia ao homem da faixa negra. – Pensei que você fosse encrenca.

– Eu ainda posso gritar por ajuda – pronunciou com seu melhor tom de ameaça, mas a própria frase em si já era uma piada.

Ele ouviu uma risada melodiosa em resposta, mas que estranhamente soava desprovida de qualquer sentimento.

– Grite. Grite até se cansar! Nessa terra sem dono, só Deus poderá lhe ouvir. Infelizmente, Ele está do nosso lado.

Nesse momento, ao constatar o quão em desvantagem se encontrava, seus olhos lacrimejaram, o que fez com que suas vistas fossem limpadas e tornassem a focar e, movido pelo medo, recorreu ao único recurso que nunca falhara com ele até presente momento: o dinheiro.

– Diga-me quanto estão pagando para fazerem isso e eu pagarei o dobro.

A raiva consumiu as írises azuis do homem, finalmente as preenchendo com algo – era como observar fogo consumindo vidro de dentro para fora e, por fim, estilhançando. Em verdade, Harry sentiu seu rosto virando bruscamente antes mesmo da dor do murro depositado na maçã esquerda de seu rosto revelar-se, fazendo com que pontos coloridos pulsassem dentro de suas pálpebras.

– Cale-se, filho do demônio. Nenhuma de suas propostas profanas nos fará desviar do propósito divino. Nós conhecemos ao Senhor e te renegamos três vezes!

Harry não teve certeza se entendeu corretamente o que lhe foi dito, pois sua consciência encontrava-se instável. Quando, porém, o jovem mascarado levantou-se limpando nas vestes a mão que tocou a face de Styles, este prendeu sua respiração, aguardando pelo golpe que acabaria com aquilo definitivamente. Nesse sentido, o medo da morte o fez vender seu último resquício de dignidade: ele imploraria.

– P-por favor, n-não me machuque! Me deixem em paz, eu nunca lhes fiz mal algum, sequer os conheço.

Uma risada coletiva chegou aos ouvidos de Harry e, apesar de não entender a piada, sabia que a diversão era ele.

– Joguem-no na carroça.

O rosto de Harry se contorceu em pânico.

Ele não acreditava que implorar pela sua vida faria com que aqueles homens realmente mudassem de ideia quanto à pretensão de assassiná-lo, então concluiu que o fato de estarem o raptando significava apenas que pretendiam prolongar seu sofrimento antes de matá-lo de fato. Styles se debateu em resistência, mas foi vencido pelos brutamontes que o imobilizaram sem grandes dificuldades, fitando-o com desprezo durante todo o processo, mas hesitando ao cumprimento da ordem ao final.

– Senhor, já está quase anoitecendo – pronunciou um deles, com seu inglês igualmente arrastado – Quem viaja à noite por Aberdeen, nunca sairá de Aberdeen: estará fadado a vagar sem descanso pelo eterno.

Se a situação de Styles não fosse tão ruim, decerto que ele debocharia da superstição boba recitada por um homem velho, forte e barbado, completamente formado. Talvez também acharia graça na forma como este se direcionara a um jovem como "senhor".

No entanto, eis que diante das vistas verdes, Louis agarrou o brutamontes supersticioso pela gola do traje e o fez abaixar até que os olhos de ambos estivessem em mesma altura.

– Eu não tolero questionamentos. Aqui sou eu quem dou a última palavra! – o mais velho foi empurrado pelo peito e cambaleou alguns passos para trás. – Ouçam todos! Estamos próximos demais à entrada e alguém provavelmente virá procurá-lo em breve, então minha ordem é de que prosseguiremos viagem.

Harry quase não acreditava no que via diante de si: dezenove homens se encolheram perante a sonoridade da voz levemente aguda de um único homem, mais fraco e mais baixo que os primeiros.

– Não sejam tolos de julgarem que a vida de vocês vale mais do que a causa: se eu tiver que sacrificar todos nós para cumprir a vontade de Deus, eu o farei, mas se formos rápidos, chegaremos a um local seguro para acampamento antes do anoitecer e nenhuma alma será tomada das mãos do Senhor por Aberdeen – ele prosseguiu. – Sugiro que se apressem.

– Sim, comandante – foi a resposta em uníssono.

Então um lampejo de entendimento norteou Harry: ele estava sob custódia de um exército. Não o da Grã-Bretanha, afinal não vestiam as típicas fardas vermelhas e ainda se valiam de espadas e flechas enquanto os soldados de seu Reino já haviam adotado a tecnologia dos rifles.

Repentinamente sentiu seu corpo ser arrastado e então jogado sobre as madeiras podres de uma carroça miserável a qual estava ligada a um dos cavalos.

De lá de cima, observou os homens formarem uma fila em frente ao seu comandante – o homem tinha algo em mãos e cada um dos soldados espalmou o objeto antes de se direcionarem rapidamente ao seu respectivo cavalo e montá-lo.

Harry estava a se questionar o que aquilo significava quando Louis parou diante dele, estendendo-lhe o objeto espalmado anteriormente por todos: era um pedaço de âmbar que preservava o fóssil de uma borboleta em seu interior.

– Ande, toque – ordenou, entediado. – Todos devem fazê-lo antes do início de uma viagem, para afastar o azar.

Styles lhe lançou um olhar que berrava silenciosamente o quanto ele era maluco, sem mover sequer um músculo de seus braços acorrentados. O outro suspirou impaciente e forçadamente colocou o âmbar entre os dedos da mão de Harry por alguns segundos, antes de tirá-lo e guardá-lo no bolso de seus trajes negros.

Uma vez que todos os vinte homens já se encontravam devidamente em suas montarias, o exército partiu – por óbvio, o comandante era quem guiava a carroça que levava o cacheado, a qual era escoltada pelos demais soldados.

-x-

Nenhuma palavra ou olhar foi trocado entre os homens durante o trajeto traçado – não pareciam humanos, eram como flechas lançadas no ar em direção a um alvo: via de regra, não haviam desvios do objetivo.

Nos primeiros 50 metros percorridos, é claro que Harry se jogou da carroça em movimento e só não foi pisoteado pelos demais cavalos por pouco. Contudo, não tardou a descobrir que correr por si só não era um bom plano de fuga: graças às correntes em seus pés, ele tropeçou antes mesmo do quinto passo e foi apanhado pelos soldados. Isso lhe rendeu incontáveis socos e chutes.

Nos próximos 50 metros percorridos, Harry usou as correntes em seus pulsos para enforcar o homem da faixa negra por trás – este perdeu as rédeas do cavalo momentaneamente, fazendo com que a carroça se instabilizasse e por fim lançasse o corpo de Harry para fora, então ele rolou por uma pequena ladeira caindo estrategicamente em uma região da floresta tomada por pequenos e robustos arbustos. Foi o local escolhido para colocar seu segundo plano em ação: se não podia correr, iria se esconder.

Oculto entre as folhas, observou todo o exército parar o galope em uma perfeita e estranha sincronia.

Os soldados se colocaram à disposição, mas Louis fez um sinal com a mão para que permanecessem em seus lugares, porque após ser enforcado na frente de seu próprio exército, aquilo adquiriu certos ares pessoais a ele.

– Ele é meu.

Sozinho, o homem caminhou até os arbustos com as pupilas vazias varrendo todo o perímetro atentamente. Harry fechou seus olhos com força quando o comandante olhou diretamente para o arbusto onde ele se escondia e começou a caminhar em sua direção.

O barulho dos passos, porém, ficou distante em dado momento, então Styles ousou abrir os olhos novamente. Quando não localizou ninguém à frente por entre as folhas, respirou fundo em alívio.

No entanto, aquela risada irritantemente melodiosa e sem emoção soou novamente e parecia próxima, cada vez mais próxima, então a respiração do cacheado se tornou rápida e entrecortada.

– Eu posso ouvir sua respiração, Harry Styles.

Eis que uma mão gelada e frígida puxou o cacheado de seu esconderijo pelo braço e então ali estavam ambos: raptor e raptado, frente a frente. Ainda assim, Styles não estava pronto para desistir. Não ainda.

Entenda, o cacheado só conhecia a gentileza, a cordialidade e a sutileza, mas o instinto de sobrevivência é inerente a todo e qualquer ser humano e, naquele momento, o seu havia sido ativado.

Com a mão livre, ele agarrou o comandante pelo colarinho de seu traje como o próprio havia feito com seu soldado anteriormente, mas ao invés de puxá-lo para si e intimidá-lo como já esperado por Louis, Harry surpreendeu quando empurrou-o para trás com todo o peso de seu corpo – Styles era um homem de porte alto e teve como vantagem o elemento surpresa, então o outro caiu de costas entre os arbustos com seu corpo por cima.

Harry sentou sobre o ventre do homem, imobilizando-o no chão e, com ambos os joelhos, impediu que este alcançasse a espada em sua bainha, pressionando-as dolorosamente contra o chão.

– Surpreso? Eu também – disse, ao contemplar sua pequena vitória.

No entanto, o outro ainda era mais forte e rapidamente se valeu disso para inverter as posições, ficando por cima.

– É inútil que lute – expôs, entediado. – Eu sou mais forte.

Styles alcançou às cegas uma pedra um pouco maior que sua própria mão pelo solo rochoso de Aberdeen e utilizou-a para bater na lateral da cabeça de Tomlinson de forma certeira, o que o desnorteou apenas por alguns instantes, mas estes foram suficientes para que Harry recuperasse sua posição inicial.

– Mas eu sou mais esperto – rebateu.

Logo ambos estavam rolando pelo mato, em uma confusão de braços e pernas, socos e pontapés.

– Renda-se! – ofegou Louis, agora por cima.

Quando Harry tentou acertá-lo com a pedra novamente, ele segurou o braço do cacheado no ar bem a tempo.

– Não. de. novo – repreendeu, entredentes.

No entanto, com a mão livre, Harry havia apreendido outra pedra instantes antes e a utilizou para acertá-lo novamente, dessa vez na outra lateral de seu crânio, invertendo as posições uma vez mais.

– Desculpe – deu de ombros. – É o único golpe que eu conheço.

– Eu não quero machucar você – não era um aviso, era uma ameaça, mas as vistas azuis ainda estavam zonzas pela segunda pedrada recebida.

– Lamento, pois eu quero muito machucar você.

De toda sorte, a batalha teve fim no exato instante em que Louis obteve êxito em alcançar a espada em seu cinto e a posicionou no pescoço de Harry com a agilidade de quem faz isso a todo tempo. O cacheado soltou as pedras que segurava em ambas as mãos indicando sua rendição e o comandante sorriu vitorioso, conduzindo-o de volta à carroça sob ameaça.

Lá, Louis prendeu a corrente das mãos de Harry junto às alças de madeira do transporte, visando inibir nova tentativa de fuga.

– Prenda-me mil vezes e eu escaparei mil e uma – jurou.

– Aonde quer que você vá, Harry Styles, eu o seguirei. Esse é o meu juramento.

O comandante ainda o fitava enraivecido, mas aquela expressão facial tediosa fora arrancada de seu rosto durante a luta – aparentemente, algumas pedradas na cabeça são o suficiente para abalar o complexo de superioridade de alguém.

Quando a carroça voltou a deslizar pelo solo de Aberdeen, todos os demais soldados montaram novamente seus cavalos de forma simultânea e a seguiram. Harry tentou, mas não conseguiu evitar que uma lágrima solitária escapasse de uma de suas esmeraldas ao ver a paisagem que gradualmente ficava para trás, pois ele não fazia ideia do que o esperava adiante.

Lembrou-se do fóssil da borboleta preservado naquele pedaço de resina utilizado para confecção de joias e sentiu simpatia pelo inseto: ambos haviam conhecido a liberdade outrora, mas agora encontravam-se igualmente imobilizados.

♘♔♗



N/A: ESSE MOMENTO É MEU, DIACHO!!! Acredito que não haja maneira melhor de comemorar 6K de visualizações e 1K de votos em Mystical do que com o primeiro encontro Larry, huh? 

Precisamos falar sobre relacionamentos abusivos: agressão e privação de liberdade são traços manifestos de uma relação tóxica, mas lembrem-se que A PRINCÍPIO os larry NÃO ESTÃO EM UM RELACIONAMENTO, ELES NÃO POSSUEM SENTIMENTO ALGUM PELO OUTRO ALÉM DOS NEGATIVOS. Mantenham em mente que trata-se da construção de um romance entre dois homens do SÉCULO XVIII, no contexto de uma GUERRA histórica e entendam que tal cenário é cruel por si só.

Capítulo dedicado para a tiahumilde, porque ela me ameaçou com um gif da Peppa Pig todos os dias até que eu libertasse larry stylinson nessa fic. Você é divertida e incrível, um pouco doidinha, mas, acredite, as melhores pessoas são assim, chapeleiro.

Beijinhos no coração,

Bê.

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