once upon a plug {l.s}

By infactIarry

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Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

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Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

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By infactIarry

LOUEH

cap ta...

(capítulo passado eu esqueci dessa parte e vocês gentilmente me lembraram então, pra não esquecer, ai está hihi)

GENTE, que capítulo, ele está gigante, e quando eu digo gigante quero dizer GI GAN TE, demorou quatro dias para ser escrito aaaa e ja quero mais

meu cap favorito até agora, cuidem bem dele

amo ocês e boa leitura

Louis concluiu que quase todas as universidades de Londres eram parecidas, mesmo só tendo estado em duas delas – a Universidade de Manchester era idêntica à Universidade das Artes de Londres com exceção de um detalhe; era três vezes maior. Foram conduzidos até o Salão Principal; que aparentemente era o auditório deles – mais parecia um estádio do que tudo (as arquibancadas do campo de futebol da UAL eram fichinha comparado à esse). E ficaram sentados lá por nada mais do que cinco minutos antes de alguém aparecer e pegar o microfone. Britânicos e sua pontualidade; seria perfeito se não tivessem chegado quarenta minutos atrasados.

Eh... culpa do McDonalds. Mas Louis ganhara um carinho e tanto então não podia realmente reclamar.

Hm... carinho. Sua bunda que o diga.

- Boa tarde! Imagino que estejam cansados da viagem até Manchester... uma pena nossas universidades serem tão distantes umas das outras. Temos ouvido maravilhas sobre os alunos da UAL no Conselho recentemente. – Harry encarou Louis com um sorriso malicioso de lado, a mão possessivamente em sua coxa indicando que ele também pensara nos momentos no ônibus que o reitor imaginou haver deixado-os cansados. Louis chacoalhou o corpo em uma risada contida. Cansados meu pau. – Sou o reitor Laurent e os dou as boas-vindas oficiais ao nosso campus. – após palmas ensaiadas, o reitor prosseguiu, a gravata meticulosamente ajustada no colarinho. Louis não gostava de pessoas que aparentavam ter a vida planejada, eram intimidadoras demais para seu gosto e sempre pareciam prestes a julgá-lo. – Conjuntamente com o reitor Albert, idealizamos esses dias de confraternização entre a UM e a UAL com o objetivo de fundir seus alunos em um só corpo estudantil. Estamos falando de atividades extracurriculares, eventos universitários, oportunidades acadêmicas, até mesmo replicar as festas beneficentes que estão circulando pelo campus da UAL, aqui. – Harry bateu palmas, especialmente fitando Louis e sentindo nada além de orgulho. Liam esticou a mão da fileira de trás e bagunçou seu cabelo em prestígio, também. E com a sensação de estar sendo observado por vários alunos, Louis corou, seus olhos jamais deixando os verdes, afinal, Harry era o real motivo das festas, e Louis não esqueceria disso por nada nesse mundo. Harry era sua motivação; e essas festas beneficiarão a ele somente. Além da comunidade local, claro. – São essas atitudes que buscamos valorizar, afinal, o que seríamos sem nossos alunos? E tenho certeza que, ao conhecerem mais de nosso corpo estudantil e nossas estruturas acadêmicas, encontrarão elementos válidos de proveito. Nos colocamos à disposição de qualquer dúvida, sugestão ou crítica durante sua estadia. Eu, pessoalmente, sempre estou em meu escritório, a porta jamais fechada. Sintam-se a vontade para entrar a qualquer momento. Agora, antes de darmos prosseguimento, o conselheiro Smith irá instruí-los.

Um rapaz de nada mais do que trinta anos subiu ao pódio, tomando o microfone do reitor Laurent, por sua vez, um homem de meia idade, e ignorou as conversas paralelas ao prosseguir com seu discurso.

- Boa tarde, alunos. Conforme fui apresentado pelo reitor, sou o conselheiro Smith, sua figura mais próxima da hierarquia para emergências. Não hesitem em me procurar em momentos de necessidade. – Louis ignorou Harry beliscando sua coxa provocativamente conforme fixava o olhar no homem de altura mediana iluminado por um holofote. Jesus, ele não se cansa?. – A Universidade de Manchester conta com uma ala específica para visitantes, por este motivo, serão designados a mesma após essa conferência. Ficarão alojados em dormitórios duplos até o final da viagem, e terão acessos à todas as facilidades da universidade, até mesmo as aulas, caso assim desejem. Vale ressaltar que esses dias em nosso campus contarão como horas complementares e desenvolverão um trabalho posterior a respeito, mas acredito que a vossa administração os informe quando retornarem à UAL. – Niall xingou não tão discretamente na fileira de trás, algo que não passou despercebido pelo conselheiro Smith. – Acredito que não terão controvérsias quanto a isso. No cronograma, temos visitas agendadas com alguns de nossos grupos estudantis e estará disponível nos dormitórios para conhecimento de todos. Favor planejarem a visita para que aproveitem o máximo possível de todos os diferenciais da Universidade de Manchester. Mesmo ciente da existência das mesmas regras na UAL, gostaria de reafirmar que, durante sua permanência aqui, não serão aceitos comportamento inadequado, postura irracional e, acima de tudo, confraternizações irregulares nos dormitórios e outras facilidades da universidade, contando que isso pode prejudicar nossos alunos interinos. Tendo estabelecido isso, vos convido a acompanhar-me até os dormitórios. Se instalem e nos encontrem na praça para um tour guiado em uma hora. Sejam pontuais desta vez.

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- Por que eles falam engraçado aqui? – Zayn disse no instante em que levantaram as bundas dos assentos do Salão. Havia uma fila para a porta de saída, onde o conselheiro Smith liderava, mas não estavam realmente correndo para voltar ao vento frio que soprava fora das portas duplas.

Conselheiro Smith soava bem mais velho do que aparentava. Ele lembrava Louis do candelabro da Bela e a Fera – a versão em desenho mesmo.

- Acho que se sentem superiores só porque estão em Manchester. – Liam disse, abraçando o namorado de lado. Niall franziu o nariz.

- Mas nós estamos, literalmente, na mesma distância do centro de Londres do que eles. Isso tem que significar alguma coisa.

- Significa que você jogou no GoogleMaps e não se deu ao trabalho de olhar direito. – Harry atacou, recebendo um dedo do meio como resposta. – Eles estão muito mais próximos do Reino Unido, estamos quase em Leeds aqui. E eles falam assim porque foram ensinados assim.

- Está dizendo que nos ensinaram a ser burros?

- Não, idiota. – Zayn fez um bico quando a voz de Harry ecoou de novo, as sobrancelhas levemente arqueadas. Ele estava perdendo a paciência. Estava normal há alguns instantes atrás, e Louis se perguntou o que causara tanta irritação em tão pouco tempo. – Estou dizendo que eles aprenderam a ser mais educados que a gente por tradição. É uma das universidades mais prestigiadas do mundo, e a melhor de Londres inteira. Eles têm seus parâmetros, que ocorrem por ser mais elevados que os da UAL. Não quer dizer que somos rudes ou burros, só que somos...

- Excluídos.

- Desprivilegiados.

- Insignificantes.

- Primitivos. – Liam concluiu a rodada de palpites que só contribuiu para que Harry ficasse ainda mais irritado. Louis sorriu ao beijar seus lábios contraídos pelo mal humor conforme alcançavam a saída do Salão, finalmente.

Londres estava fria. Encolhendo-se no moletom, Louis sentiu Harry entrelaçar seus dedos e o puxar para sua lateral; mais colados impossível. Um calafrio passou por seu corpo quando o anel dourado que estava em sua entrada há algum tempo atrás roçou em seu próprio dedo.

O passo do grupo estava lento, o que permitiu que observassem os arredores em uma primeira impressão. Louis amava julgar as pessoas antecipadamente.

- É... grande.

Louis ergueu as bochechas pelo tom de voz sonhador de Harry, já sorrindo sem irritação evidente; A UM realmente era enorme. Aí que está; você não valoriza uma universidade estritamente focada em artes até que adentra uma universidade acadêmica tradicional como a de Manchester. Não haviam grupos de alunos com violões, cantando e dançando para espantar o frio londrino; não haviam barracas de fast-food e comidas completamente gordurosas espalhadas pelos corredores principais; não haviam cartazes ou flyers de eventos culturais como leituras de poesias ou riff-offs; não havia nada que indicasse diversão criativa, nenhuma voz ecoando, nenhum flashmob em andamento ou sendo criado, nem mesmo câmeras clicando a paisagem. Apenas cinza, marrom e bege. Por todo lado.

Era estranhamente ensurdecedor.

Haviam alunos, contudo, sentados em bancos (não na grama fria, como haveria na UAL, enrolados em edredons e rodeados de harmonia), lendo livros, anotando em post-its e mal conversando entre si. Perdidos nos próprios caos de estudos, artigos e provas. Quer dizer, eles também estudavam muito na UAL, como em qualquer outra instituição de ensino, mas a UM aparentava ser apenas sobre isso.

Uma universidade não deveria ser só focada em estudos, certo? Isso seria como assumir que os alunos acordam para estudar e dormem logo após o horário de fim de aulas, criados apenas para isso e nada mais.

Não fazia sentido para Louis. Mas talvez pra universidade de maior prestígio do mundo – de acordo com a fonte Harold – fizesse.

- Deve ser puxado aqui. – concluindo, por fim, Louis atraiu a atenção de Harry, antes focada em um grupo de rapazes com jaquetas combinando e rindo alto. Seu olhar caiu sobre a cena, o de Harry permanecendo em sua expressão analítica, e demorou alguns segundos para assimilar as informações. – São os Wilders?

Harry assentiu, retornando o olhar para o grupo. Haviam ao menos sete rapazes, alguns bem altos e outros bem fortes, mas havia um que se destacava do restante. Como a ovelha negra no centro de um rebanho. Exibia braços enormes, ombros inchados e coxas sobressalentes nos jeans. Ele não usava a jersey da universidade, como se não sentisse frio apenas com a camiseta polo azul. Era careca – mas esse era o único detalhe que Louis conseguia identificar de seu rosto daquela distância.

Aquele era o quarterback – a postura não negava, o modo que ficava em pé e exalava poder e testosterona, liderança e egoísmo. Louis se perguntou, em um momento de devaneio, se Harry ficava daquele jeito.

Nah, Harry era humilde, passional e honesto, não precisava de um título ultrapassado para saber seu valor dentro de campo; algo que poucos jogadores compreendiam totalmente.

- Ele não parece tão ruim quanto diziam. – Louis disse e apertou seus dedos juntos, tentando amenizar a feição preocupada de Harry, embora ele ficasse delicioso com o maxilar travado daquele jeito. Até que se esticou na ponta dos pés para beijar a área. – Aposto que é falso. Apenas um jogador normal com a academia em dia e frango e batata na janta.

Harry o encarou agradecido, embora a tensão em suas sobrancelhas não tivesse afrouxado um centímetro sequer. Beijou seus lábios antes de continuarem a andar junto ao grupo, as risadas de Niall os guiando.

- Eu espero, Lou. Eu espero.

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Louis iria dividir o dormitório com Harry.

Só ele. E Harry. Juntos. Em um dormitório com duas camas de solteiro. Sozinhos. Apenas. Juntos. Por três noites. Sozinhos juntos. Ele e Harry.

O conselheiro Smith anunciou que dividiram o dormitório com quem desejassem – afinal, eram responsáveis e tinham idade suficiente para ser coerentes. Não era uma excursão para a Disneylândia, estavam ali para eventos acadêmicos. A única coisa que exigiu foi alas separadas para rapazes e garotas pois era a regra para todo o resto da universidade e não fazia sentido abrir exceções só para eles – Louis revirou os olhos para os parâmetros primitivos de organização escolar, como se alas diferentes fosse impedir algum universitário aflorado de fazer alguma coisa. Mas também agradeceu mentalmente por gostar do mesmo sexo – e teve certeza que Barbara fez o mesmo ao empurrar Eleanor para o outro lado do prédio.

E mesmo imaginando mil e uma possibilidades de sentar em Harry e comer ele ao mesmo tempo enquanto escolhiam uma porta e entravam no dormitório, preferiu deixar de lado suas reais intenções com aquilo. Harry pareceu tão desconcertado quanto ele, contudo. Se faziam aquele estrago em um banheiro de ônibus escolar rodeado de alunos, imagina o que fariam com camas e um quarto vazio.

Sua mente não conseguia ir tão longe assim mas adoraria tentar.

Niall dividiria o dormitório com Chad, e logo ao lado estavam Liam e Zayn, juntos, é claro. Algo no fundo do estômago de Louis se contorceu ao se lembrar dos velhos tempos; quando dividia dormitório com Niall e Liam e Harry ficavam juntos, Zayn quase nunca ficando com seu colega de quarto. Todos dos Wolves no mesmo corredor e Niall e Louis constantemente dormindo fora de seus próprios dormitórios – até que brigaram e Niall foi dormir com outro colega de quarto, deixando um Louis fissurado em Ryan sozinho no dormitório. Harry tirou seu foco desses pensamentos quando o empurrou para a uma das camas de solteiro, seu joelho entre suas pernas e seus peitorais colados. Pôde ouvir a porta batendo atrás de si.

Aliviado por ter sido livrado de devaneios do passado, Louis sorriu e esticou os dedos para conter os cachos de caírem em seus olhos, segurando-os atrás das orelhas, o verde brilhava como uma pedra preciosa, completamente focados em seu rosto. Juntaram seus lábios em um beijo lento, tão lento que Harry gemeu satisfeito contra sua língua. Seus narizes se roçavam; o lábio inferior de Louis entre os dentes de Harry, acariciados por sua língua e chupados logo em seguida. Sua nuca estava arrepiada quando desceu as mãos para a base da coluna de Harry, adentrando a jaqueta e o moletom para apertar sua pele quente. Tudo tão controlado e tão instintivo, ao mesmo tempo, que seus sentidos apagaram, a língua na sua sendo sua única percepção do mundo exterior.

Ainda tinham uma hora antes do tour... Por que desperdiçar?

Pressionando seu quadril para baixo e entrelaçando suas coxas, Harry juntou seus paus sobre os jeans, atiçando Louis gradualmente. Ele moveu as mãos de suas costas para seu abdômen, arranhando com as unhas curtas até o cós da calça, os dedos alcançando o botão...

- Então, perguntei pro Smith-Shmith e ele disse que nossas malas já estão a caminho. Temos que escolher um quarto pra instalar o Xbox. Eu voto no meu, o que vocês acham?

Harry enfiou a cabeça no pescoço de Louis para reprimir um palavrão bem feio, a pressão que seu quadril exercia cessando imediatamente, embora seus paus ainda estivessem colados. Erguendo o olhar para um Niall completamente emerso no celular, Louis sentiu vontade de afoga-lo na privada. Liam e Zayn entraram logo em seguida pela porta antes fechada.

- Er, Niall...

Niall encarou primeiro Zayn antes de voltar o olhar para a cama e erguer as sobrancelhas.

- Pedimos pra você bater antes de entrar. – Liam resmungou ao observar Harry erguendo o torso ao pressionar os pulsos cerrados contra o colchão e sentando na cama, a expressão levemente irritadiça. Louis manteve-se deitado, contudo, mas ergueu o braço para cobrir os olhos e xingar sonoramente.

A voz de Harry ecoou pelo quarto em um tom divertido mas raivoso.

- Não podia ter esperado estarmos de volta a UAL pra perdoar ele?

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Uma hora. Sessenta minutos inteiros que Louis poderia ter passado com a boca estourada pelo pau de Harry ou melhor ainda – na bunda dele, mas que foram preenchidos com Niall reclamando que não conseguia instalar o Xbox na televisão pequena de seu quarto, Chad perdendo a paciência com o recém-escolhido colega de quarto, Liam e Zayn discutindo sobre posições sexuais sobre todo o caos e Harry jogando o maldito jogo da Disney enquanto Louis tentava processar a situação descontrolada que tomava o corredor.

E tudo só piorou quando encontraram Eleanor e Barbara no corredor das garotas conforme iam em direção à praça, ambas esbanjando risadas e sorrisos e carícias, abertamente – a famosa felicidade pós-sexo. Louis fechou o rosto em um bico e marchou com a multidão de alunos da UAL até a fonte, claramente com inveja das duas.

- Será que toda universidade tem uma fonte na praça? Será que toda universidade sequer tem uma praça? – Harry indagou com uma expressão que indicava muito tempo mental dedicado àquelas questões e, quando realmente notou Louis e seu bico dramático, sorriu. – O que foi, Lou? – sem obter respostas, Harry observou fixamente a mandíbula de Louis se contrair em um breve momento de irritação. Sua língua coçou para ir de encontro à região. – Hm, o que foi, gatinho?

Sem respostas mais uma vez, Harry esticou as mãos para o quadril de Louis e o puxou contra seu peitoral, sem brechas para gritos surpresos ou manobras escapatórias, e mexeu os dedos causando cócegas até que ele sorrisse. Zayn os encarou sorrateiramente, admirando a capacidade que tinham de inflar em seu próprio mundo, mesmo rodeados de pessoas.

- Para... – lacrimejando de tanto rir, Louis tentou socar o peito forte de Harry, mal retumbando com as investidas. Ele carregava o garoto nos braços com tranquilidade, avançando com os alunos e ainda atiçando a pele sensível de seu quadril. Louis o odiava. – Te odeio.

- Não odeia, não. Só está irritadinho que a Els e a Bar transaram e Niall empatou nossa foda.

Louis parou com os movimentos evasivos e se deixou ser carregado por Harry, o bico ainda nos lábios e as bochechas coradas pelas risadas. Havia uma lágrima de risos ainda repousando em seus cílios inferiores, tardando a escorrer por sua bochecha suave. Harry quis beijar a região.

- Eu só... – suspirando exasperado, Louis estalou a língua no céu da boca, o barulho levando a imaginação de Harry às alturas. – Ser lésbica é muito mais fácil que ser gay, sabia? Elas transam o tempo todo e... e não é justo! Eleanor consegue enfiar três dedos na vagina da Barbara e ninguém percebe, agora, se eu coloco a mão na sua calça, todo mundo já começa a olhar e a comentar e apontar e—e—e...

Harry o calou juntando seus lábios, um sorriso sacana permeando o carinho.

- Lou, se quiser colocar três dedos da minha vagina eu não vou me importar.

Louis o encarou com grandes olhos azuis brilhantes, a mente borbulhando com comentários sarcásticos e/ou maliciosos para responder sua frase, tudo que conseguiu articular sendo:

- Mesmo se todos começarem a olhar e comentar e...

- E apontar. – Harry completou, harmonizando suas vozes. – Não me importo com eles. Ainda mais quando estou com você.

Louis só conseguia sussurrar, seus narizes tão próximos que não havia necessidade de aumentar o tom. A mente já desistira de funcionar.

- Comigo?

- Com você, Lou. – Harry sorriu, o sorriso tão brilhante que mesmo não olhando diretamente para ele, era possível enxerga-lo na visão periférica. Desviou o olhar para o caminho que faziam, ainda levando Louis consigo, e suspirou quando recebeu beijos no pescoço em resposta. – Principalmente quando me provoca desse jeito.

- Provocando? – assim que um barulho de ploc ecoou e a região do pescoço de Harry avermelhou em um chupão, Louis prosseguiu. – Quem está provocando? Não tem ninguém te provocando aqui, não.

Rindo descrente, Harry ajustou os pés de Louis sobre os seus para que pudessem andar mais rápido – a cena devia estar cômica. Louis com os braços ao redor de seu pescoço e os pés pisando nos seus enquanto andavam pelo campus. Os alunos da UM devem achar que são loucos.

- Estou começando a entender o que está tramando, Tomlinson. – Louis riu contra seu pescoço. – Acho bom dormir de olhos bem abertos.

Louis demorou um pouco pra responder, a mente divagando.

- Consegue acreditar que vamos dormir na mesma cama hoje? – Harry quase tropeçou com seus quatro pés. Respirando fundo, fitou os olhos azuis rapidamente antes de recompor a postura. – Quer dizer, sem a preocupação de Liam entrar no quarto, voltar mais cedo do encontro com Zayn ou do treino, sei lá. Qualquer coisa. Qualquer motivo que antes nos impedia de aproveitar uma noite inteira a sós e que agora, pelas próximas três noites, não vão nos impedir. Chega a ser...

- Assustador. – Louis observou o pomo de Adão de Harry subir e descer em um movimento nervoso. Seus olhos se encontraram de novo e ele sorriu. Ver a covinha tão de perto assim deixou Louis aéreo. – De um jeito bom. Excitante.

Excitante. Harry achava dormir com Louis a sós excitante.

Céus.

Não podiam simplesmente fechar o dia e esquecer do maldito tour pela universidade para que pudessem marchar de volta ao dormitório e transarem até o sono os forçar a parar?

Quando estava planejando a desculpa que usaria para livrá-los do tour, Louis sentiu Harry parar e o rodar pelo quadril, seu peitoral grudando em suas costas para que ambos possam observar o conselheiro Smith na fonte. Após um discurso ensaiado, ele os guiou pelos caminhos revestidos de concreto (Louis sentiu falta dos paralelepípedos da UAL, traziam-no conforto) até um prédio enorme, aparentemente maior que os demais.

Ele era o prédio principal. Repleto de setores administrativos da própria universidade. Além da estrutura barroca renovada ao longo das décadas, aquele prédio simbolizava muito da própria história de Londres, e Louis não pôde deixar de notar o tom de voz petulante do conselheiro. Niall estava certo. Eles se achavam superiores só porque estudavam em uma universidade prestigiada – sendo que todos ali atendiam à instituições londrinas. Era como competir natação com um golfinho, mesmo trabalho, capacidades diferentes.

Quanto mais andavam pelas facilidades, mais Louis sentia saudades da UAL. Sentia falta de James e do hot-dog – quando Harry o apresentou os filmes projetados todo domingo naquela área do campus, do edredom emprestado e das músicas irritantes. Minions. Do prédio de Artesanato e suas memórias – quando Harry o encontrou no andar superior cantando Greased Lightning e o fizera rir com fotos comprometedoras de Bebe mesmo quando nem mesmo recordava-se do som de sua própria risada; ou quando dançaram no terraço, entre as plantas e folhas sob a chuva gelada, permitindo-se mais um chance de amar e ser amado. Dos gramados que rodeavam a biblioteca, recheados de universitários clamando pela luz solar inútil mas significativa – não é o calor, Lou, é a ideia dele que conta, Harry dissera, defendendo o sol frio de Londres e suas consequências. O Balls&Blues, com sua televisão enorme que apresentava jogos esportivos e reality shows musicais nos horários não-convencionais, seus milk-shakes recheados de calda e a cobertura mais cremosa de todo o mundo, pelo menos pra eles – das noites de karaokê com os rapazes, antes de tudo cair em pedaços, e das terças de dominó quando Louis não estava lá, até mesmo a ceia de hamburgueres às sete da manhã, pré-aula e pós-festa.

Louis olhava para aqueles prédios simples da UM e não conseguia sentir nada além de saudade de casa – intuitivamente, apertou seus dedos nos de Harry. Os olhos verdes focaram em sua expressão e iluminaram-se em um sorriso. Quase denunciando que pensava o mesmo, afinal, todas as suas memórias da UAL, as mais marcantes, remetiam à Harry de alguma forma. Naquele momento, Louis soube que casa não é uma questão de onde, e sim de quem.

- Vocês também estão imaginando como seria transar naquele espaço ali?

Niall quebrou o clima romântico que era sustentado pelo olhar intenso, Harry revirando os olhos e sorrindo em seguida. Louis o ouviu dizer algo sobre balcões e lousas de giz mas estava focado demais em sua casa para compreender.

Conheceram os prédios acadêmicos, sutilmente notando que não havia nenhum estritamente voltado à arte; a catedral, a biblioteca, os laboratórios, a estufa, a cozinha e o refeitório – aparentemente coisas totalmente distintas no campus gigante, porque esquentar comida no micro-ondas e ter que andar dez minutos para encontrar uma mesa adequada faz sentido pro engenheiro responsável – o campo de treinamento e o campo de jogos oficiais. Harry ficou chocado – e levemente invejoso – quando o reitor anunciou os últimos locais.

Eram duas horas da tarde quando conseguiram encontrar algum lugar para almoçar – o tour não servindo de muito além de esfregar a UM e todo seu privilégio em suas caras. Estavam em um restaurante semelhante ao Balls&Blues – o preço, entretanto, duas vezes maior por uma porção significativamente menor.

Niall torceu o nariz para seu hambúrguer.

- Alguém achou o cheddar? Acho que no meu só tem um pouco—ah, esquece, era só mostarda.

- Algo me diz que esses dias vão ser longos. – Zayn resmungou, Liam com a mão em seu ombro afavelmente. – Não acham estranho termos andado pelo campus inteiro e não fomos apresentados a nenhum aluno? Quer dizer, ninguém veio cumprimentar a gente. É como se nem existíssemos aqui!

- Tenho certeza que estão todos ocupados. – Harry tentou amenizar a situação. Louis o encarou curioso. Não era a primeira vez que ele tentava defender a UM; e iria descobrir o motivo. – Sabe, com os trabalhos e provas e... tal.

Niall encarou Louis – ele também notara algo de estranho. E teriam comentado sobre se Eleanor não tivesse tomado um lugar na mesa, e vindo logo atrás, Barbara.

- Consegui uma festa pra gente. – Barbara anunciou, tão animada que Louis questionou mentalmente se haviam transado de novo. Ele não estava com inveja, mas esticou a mão para a coxa de Harry, automaticamente. Sem inveja.

- Como assim?

- Festa, Payne, sabe? Pessoas dançando, se drogando e se reproduzindo. Festa.

- Como conseguiu, Bar? – Zayn, entretanto, fitava Niall. Ele tinha um passado conturbado tanto com Eleanor quanto Barbara, e pela expressão desconcertada em seu rosto, ter as duas na mesma mesa, conversando casualmente, despertava coisas em si. Mas tentou disfarçar enfiando o copo gigante de refrigerante no rosto.

Barbara estava entretida demais no assunto para notar; mas Eleanor não.

- Conhecemos uma garota no banheiro feminino. Ela é de uma irmandade daqui, as...

- Gamma Phi. – Eleanor completou, ainda fitando Niall disfarçadamente.

- Isso. Elas vão ter uma festa essa noite e nos convidaram, como boas-vindas.

- Já era tempo. – Liam comemorou, o sorriso direcionado a Zayn indicando segundas intenções pra essa festa.

- Mas convidaram só vocês ou..? – Harry sempre tinha que ser o estraga prazeres, era o que a expressão de Bar indicava. Louis o encarou sorridente, os dedos firmes em sua coxa, próximo o bastante de sua virilha para causar suspiros. – Vai que convidaram só vocês duas e aparecemos em quinze lá. Até porque é uma fraternidade só de garotas, então faria sentido. E estavam no banheiro feminino, seja lá o que isso signifique.

O olho de Barbara tremia. Liam disfarçou uma risada com o guardanapo.

- Nem vem, Styles. Sei que só está arranjando motivos pra não ir e ficar no dormitório com o pigmeu ai – Louis abriu a boca em ofensa. – Mas saiba que pode comer ele na fraternidade também. Ou ele comer você, não sei como definiram isso.

Niall cuspiu o refrigerante a uma distância razoavelmente impressionante, molhando Barbara e Eleanor, na ponta da mesa. Estagnado e corando, Louis fechou os olhos com força, ciente que todos olhavam para si no momento. Sentiu a risada de Harry contra seu pescoço e assumiu que ele estava se escondendo dos curiosos, também.

Oh, Céus.

Ele odiava Barbara.

- Bom saber que conta nossas intimidades pros outros, Lou. – Harry sussurrou em seu ouvido, segundos antes de pressionar um chupão doloroso na pele inferior.

É, ele estava fudido.

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Wow.

- Wow. – Louis verbalizou seus pensamentos ao observar Harry da posição privilegiada que tinha em uma das camas de solteiro, a skinny jeans delineando tanto seus músculos das coxas que o dava vontade de arrancá-la com os dentes e depois lamber a região. – Essa calça me da vontade de enfiar a cabeça entre as suas coxas e ficar.

Harry desistiu de colocar a camiseta, caminhando até a beirada da cama e puxando Louis pelo pescoço, pressionou a região – claramente provocando-o – e simulando um enforcamento. Sabia que Louis amava brutalidade tanto quanto ele. E teve a certeza disso quando os olhos azuis ergueram até os seus e piscaram inocentes, o queixo tão próximo de seu pau que sentia fisgadas.

Ele suspirou. Louis era seu inferno e céu ao mesmo tempo.

- Que tal não irmos na festa e fazer a nossa própria aqui mesmo? Regra número um da festa do dormitório de Harry e Louis: roupas proibidas. Vamos, tire as calças.

A imagem das bochechas de Louis erguendo e os olhos diminuindo pelo sorriso brilhante rodeado por lábios inchados pelos beijos quentes que compartilharam quando saiu do banho fez o abdômen descoberto de Harry arrepiar. A língua de Louis logo percorreu a região mais inferior dele, recolhendo algumas gotículas de água remanescentes.

- Ou... – sussurrando contra a pele quente, Louis colou o nariz em um dos gominhos definidos, mordiscando em seguida. – Vamos à festa e tiramos as calças lá. – os dedos de Harry alcançaram seus fios lisos, na nuca, direcionando as carícias mais para cima, chegando em suas costelas. – Já que estamos aqui, seria bom socializar um pouco. Enchemos a cara, jogamos conversa fora, eu rebolo no seu pau discretamente na pista de dança, fumamos um pouco pra jogar a vergonha na cara no lixo e ai procuramos um banheiro ou quarto pra foder.

Os olhos de Harry fecharam quando Louis alcançou seu mamilo, a língua atiçando a ponta fervorosamente.

- Parece que tem tudo planejado, Tomlinson. – sorrindo contra seu mamilo, Louis mordiscou nada delicadamente a região, chupando a vermelhidão que se formou após Harry gemer. Se Harry conseguia falar, então conseguia aguentar mais, certo? – Porra, Lou.

O aperto em sua nuca foi acentuado quando Harry o empurrou para o outro mamilo, já clamando por atenção. Louis atendeu de prontidão, as mãos repousadas no colo subindo para seu quadril descoberto, arranhando a região distraidamente.

O corpo de Harry era seu passatempo favorito, poderia passar horas analisando-o, tocando-o e beijando-o.

- Acho melhor – engolindo em seco, Harry reprimiu um gemido, o que irritou Louis. Bastante. – Pararmos por aqui. Se realmente vamos àquela festa, precisamos nos arrumar. Niall daqui a pouco derruba a porta.

Irritado igual a uma criança que acabou de ouvir da mãe que o jantar está pronto e que tem que retornar pra dentro de casa, Louis cravou as unhas no quadril de Harry, obrigando-o a permanecer parado enquanto chupava seu abdômen até abrir caminho pro cós dos jeans. A protuberância saliente no tecido escuro fazia seu sorriso aumentar.

Ele ia fazer Harry se arrepender de ter reprimido um gemido.

- Louis—

- Sabe, Styles – a voz denunciando o quão puto estava, Louis mordiscou o cós, empurrando-o para baixo sinuosamente. Harry puxou uma grande lufada de ar pros pulmões. – Tem algumas coisas que, conforme o tempo, vai aprendendo sobre mim. Tipo—

- A sua teimosia. – cortando-o, Harry disse, as mãos agarrando os fios de Louis sem realmente impedi-lo de avançar a boca até seu pau, ainda sobre os jeans.

- Hm, o que mais?

Hipnotizado pela pressão que os lábios dele faziam em seu pau, consideravelmente rígido, Harry cambaleou para trás, a sensação de leveza do prazer enganando seus sentidos, e somente manteve-se firme nos pés pelo desejo significativo de foder a boca de Louis.

- Sua dedicação. Sua bondade. Sua bunda. – cortando as palavras por suspiros pesados, Harry pressionou os olhos, incapaz de observar e sentir Louis. Era demais. – Sua intensidade.

- Só isso? Me conhece há meses e só tem isso pra falar?

Travando a mandíbula, Harry tentou controlar seus instintos e harmonizar seus pensamentos – tarefa dificílima devido à humidade que já se concentrava no tecido de seus jeans, tanto pelo seu pau escorrendo quanto pela saliva de Louis.

- Você é capaz de fazer de tudo pelas pessoas que ama. – cuspindo palavras antes que sua mente as esqueça, Harry puxou os cabelos de Louis com força, satisfeito ao ouvir seu grunhido. – E é passional com sua arte. Dedicado a tudo que importa, independente do sacrifício e do esforço que vem junto com isso. Sucesso não é o seu objetivo, é uma consequência. Você quer felicidade, satisfação. E pessoal; aplausos não te deixam feliz, reconhecimento próprio deixa. Você ama cachorros e chora quando ouve Michael Jackson, mesmo Adele sendo seu ponto fraco. Flores te fascinam, e a chuva te inspira tanto quanto história. Você é a pessoa mais sensível do mundo, embora esconda isso sobre camadas e mais camadas de sarcasmo e provocações. É uma bola flamejante de estresse, igual a um copo de expresso, intenso e forte, mas nada que um pouco de açúcar não resolva. É observador e crítico, embora só manifeste comentários para si mesmo. É seu maior adversário; e mesmo assim escolhe acordar todos os dias com um sorriso no rosto e brilho nos olhos. Tem a força capaz de curar o mundo e molhar desertos, mas ainda não sabe usar o barbeador direito. O coração é tão puro que transborda ao redor, espalhando boas intenções e objetivos nobres. Mais fofo que um filhote de elefante e tão sutil quanto o beijo de um tigre. Poderia falar de você pra sempre mas creio que faltariam palavras para tal.

Houve-se um silêncio antes de Louis responder.

- Estamos aqui há menos de um dia e já está sendo contaminado pelo linguajar rebuscado de Manchester. – exibindo um sorriso malicioso, Louis fitou-o com olhos límpidos e cheios de luxúria. – Mas se esqueceu de mencionar uma coisa.

- O qu—

- Quando eu estou com você, beijando, chupando, mordendo – chupando sua ereção por cima dos jeans mais uma vez, Louis manteve seus olhares conectados. – eu espero que você responda à esses movimentos. – Harry abriu a boca para protestar e foi calado por uma mordida em seu pau, seus olhos reviraram. – Da próxima vez que reprimir um gemido quanto estiver comigo, acho bom estar preparado.

Louis ergueu-se da cama, desviando do corpo estático de Harry e agarrando a camisa que o mesmo derrubou. Jogou-a em seu peito, o reflexo de quarterback permitindo que a agarre antes que retorne ao chão. Sem dizer mais nada, caminhou até sua mala para escolher uma roupa.

Iriam para a festa.

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- Ahn, Bar, tem certeza que é aqui? – Liam resmungou.

Estavam na frente do prédio que deveria ser a irmandade das Gamma Phi, de acordo com as instruções que Barbara recebera da amiga do banheiro feminino – era a parte da universidade que o tour não cobria, afinal, não é muito... acadêmico. Pelo menos era o que pensaram. A irmandade parecia mais uma...

- Acho que viramos uma rua errada e viemos parar na biblioteca. – Niall disse, o corpo exalando ansiedade para a tal festa. Ele era o único desacompanhado nessa viagem e estava pronto para atacar. Ou ao menos era o que tagarelou por dez minutos no corredor. – Está muito silencioso pra ser uma festa.

Zayn avançou no grupo e subiu os primeiros degraus do prédio, de maneira alguma semelhante às fraternidades e irmandades da UAL. Tocou a campainha e aguardou. Niall estava certo, Louis conseguia ouvir os carros nas avenidas e o vento frio soando de tão silencioso que o prédio estava. Eram dez da noite – deveria ter alguém em casa, certo?

Respondendo à sua pergunta mental, uma garota negra com dreads abriu a porta, vestindo nada mais do que pijamas – calças folgadas, moletom e meias. Seu rosto estava coberto por máscara facial verde e segurava pepinos em uma das mãos. Ela analisou o grupo com os olhos antes de focar em Barbara e Eleanor.

- Meninas! Aí estão vocês. Estávamos pensando que não viriam mais. Já está tarde.

Louis franziu o cenho. Tarde? Que tipo de festa era aquela?

Indo em direção à garota, Eleanor a cumprimentou com um abraço. Zayn estava com a boca, literalmente, aberta.

- Nos enrolamos um pouco. – coçando a cabeça, Eleanor respondeu, as bochechas coradas. – Mas, hm, trouxemos alguns amigos. Espero não ter problema.

A garota observou o grupo mais uma vez. Além dos rapazes e alguns jogadores dos Wolves, só haviam mais alguns alunos que amigos dos amigos convidaram. No total, deveriam estar em vinte.

Dando de ombros, ela empurrou a porta aberta.

- Entrem. As garotas estão na sala.

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Louis não sabe ao certo o que imaginou com as garotas estão na sala, mas aquilo definitivamente não era.

A sala era um cômodo estupidamente enorme com o teto alto, delimitado por dois sofás de couro compridos, e no espaço entre eles, colchões, edredons e travesseiros forravam o tapete. As garotas estavam deitadas alí; várias delas tinham a mesma camada verde sobre o rosto, algumas até estavam deitadas com pepinos sobre os olhos – provavelmente a garota que os atendeu na porta estava fazendo o mesmo, a julgar pelas rodelas de pepino entre os dedos; algumas jogavam um tipo de jogo de tabuleiro que Louis nunca havia visto antes; outras assistiam televisão, Cinderela dos anos 70 em versão desenho passava, conforme comiam cookies caseiros (o que justificava o porquê o cômodo inteiro cheirava a massa assando); haviam algumas nos celulares, notebooks e até tablets; outras pintando as unhas e trançando cabelos. No canto do sofá, havia até uma dormindo.

Festa, hu?

- Hm, Els – Harry quem começou, os olhos presos na cena à sua frente. – Sua amiga não chegou a mencionar que, hm, era uma festa, er, do pijama, ou mencionou?

Pelo sorriso culpado no rosto de Eleanor, respostas foram desnecessárias. Pensando em dar meia volta e retornar ao dormitório, Harry foi interrompido por um Louis bem animado. Ao contrário da cena que fizera do dormitório – na qual Harry ainda estava repassando em sua mente repetidamente.

Quando eu estou com você, beijando, chupando, mordendo, eu espero que você responda à esses movimentos. Da próxima vez que reprimir um gemido quanto estiver comigo, acho bom estar preparado.

- É Cinderela? – em passos longos demais para pernas tão curtas, Louis chegou ao centro dos colchões. Algumas das garotas o encararam com sorrisos e rugas causadas pela máscara verde. – Posso assistir também?

Inacreditável.

Quando observou uma garota ruiva e baixinha espalhar o creme verde pelo rosto de Louis enquanto outra morena afastava seus cabelos com uma tiara da Minnie, Harry teve a certeza de que ficariam presos naquela irmandade por mais algum tempo – então melhor seria aproveitar.

- Hm, desculpe, qual seu nome? – a garota que os cumprimentou na porta o encarou sorridente.

- Tina. Desculpe a falta de educação, fomos pegas de surpresa, hm, com todos esses rapazes.

Pelo tom de voz de Tina, Harry imaginou não terem muito contato com o sexo oposto na UM – será que elas sabiam o que era sexo anal?

- Não tem problema. Admito que esse não era o tipo de festa que estávamos esperando. – ela pareceu confusa.

- Como assim?

Coçando a nuca, Harry observou de soslaio um Zayn bem tímido abrindo caminho pelas garotas até o jogo de tabuleiro. Sem sinal de Liam ou Niall, pelo menos em seu campo de visão limitado, voltou o foco à garota.

- Na UAL, nossas festas não eram exatamente iguais a essa. – rindo sem graça, Harry enfiou as mãos nos bolsos do jeans, realizando só agora que estavam fora do código de vestimenta da festa. Sua voz soava lenta e meticulosa. – Não temos festas do pijama lá, ou pelo menos nunca fomos convidados para uma.

Tina o encarou por um breve instante antes de analisar a sala de estar da irmandade, provavelmente procurado alguma indicação de festa além da do pijama, como se só conhecessem esse tipo.

- Como são as festas da UAL?

- Pensei que soubessem. – a testa franzida indicava que não, por isso, Harry prosseguiu. – O reitor disse que até pensavam em trazer nossas festas pra esse campus. Por isso viajamos até aqui.

- Pensei que fosse pelo campeonato.

- Também. – dando de ombros, Harry sorriu para a garota, tão confusa quanto ele. – Acho que o Lou comentou algo sobre uma reunião do comitê, então isso certamente vai ser resolvido. As festas vão acontecer, só temos que aguardar pra ver se vão ser estilo UAL ou estilo UM.

Chad interrompeu a conversa, tirando uma porção de baseados já bolados do bolso da jaqueta. Tina arregalou os olhos para o rapaz, a máscara facial a deixando no mínimo engraçada.

- Ei, onde posso colocar isso?

- Hm, Chad, essa é Tina. Tina esse é Chad. – Harry colocou a mão no ombro do amigo, indicando que deveria ser mais discreto. Guardando os baseados no bolso novamente, Chad sorriu simpático embora corado.

- Oi. – murmurando ainda surpresa, Tina olhou ao redor, os dreads balançando com o movimento. – Hm, pode deixar alí na mesa de centro. Eu acho. – quando Chad se foi, ela virou para Harry, um sorriso nos lábios. – Acho que eu gosto mais das suas festas. – abrindo covinhas, Harry voltou o olhar para o chão, desconfortável. – Mas, hm, quem é esse tal de Lou que disse? Ele deve ser importante...

- Ele é.

- ... Por ser do comitê e tudo mais.

- Ah, sim. – Harry sorriu corado. – Pensei que estivesse perguntando se ele é importante pra mim. Não, é, ele é do comitê. Ele é o responsável pelas festas beneficentes que fazemos na UAL, sabe?, pra arrecadar roupas e comida pra comunidade. Além de ganhar horas complementares, elas são divertidas. Bem divertidas.

Tina pressionou os olhos pra ele.

- Ele é o garoto Cinderela?

Automaticamente desviando o olhar para Louis, rodeado de garotas e sentado em frente e televisão, os olhos fixados no desenho e o rosto brilhando na cor verde, Harry sorriu largo.

- É a princesa favorita dele.

- E ele é a sua. – encarando surpreso, Harry a observou rir. Tina bateu em seu ombro, a máscara seca o bastante em seu rosto, quase esfarelando. – Vem. Vamos pra cozinha. Temos cookies para fazer.

Harry demorou alguns instantes para segui-la, os olhos ocupados demais na cena à sua frente. Zayn jogava no tabuleiro, claramente perdendo e sendo caçoado pelas garotas, jurou ter visto uma delas usar uma calculadora; Liam via algo no tablet de uma outra garota asiática, Harry sentiu inveja dos longos fios negros dela; Niall conversava com outras garotas próximo à mesa de jantar, tinha um caderno nas mãos e uma delas rabiscava algumas coisas na folha, causando-o risadas; Louis ainda estava fissurado no desenho e, constatando que só restara ele e mais alguns jogadores dos Wolves – exceto Chad e Patrick que estavam fumando junto com algumas garotas no sofá – se dirigiu à cozinha, perguntando-se onde estavam Barbara e Eleanor.

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- Cadê meu homem? – Louis indagou ao abrir as portas duplas da cozinha.

Meia dúzia de cabeças viraram para o observar mas somente uma delas interessava. Harry estava com um avental rosa-bebê amarrado em seu quadril, luvas de forno nas duas mãos e farinha nas bochechas. Abrindo caminho pela bagunça de ingredientes, Louis o alcançou em instantes, logo o pressionando na bancada suja.

- Acho que o filme acabou. – Harry murmurou, o sorriso nos lábios e os olhos brilhando. Louis focava em algo em seu rosto, distraído. – Pode me dar atenção agora?

- Ainda estou bravo com você.

- Qual é.

- É verdade. – dando de ombros, Louis cravou os dedos em seus braços fortes, a luva de forno iluminando ideias pervertidas em sua mente e aquecendo suas bochechas.

- Eu vou gemer pra sempre quando estiver com você. – erguendo uma sobrancelha, Louis afastou a imagem de Harry dando-lhe tapas com a luva para rir descrente. – Encoste em mim e eu vou gemer. Pra sempre.

- Ah, cala a boca, Styles. – Louis arregalou os olhos quando empurrou Harry pelos ombros e um gemido ecoou pela cozinha. Suas bochechas arderam quando Tina os fitou divertida. – Harry!

- Eu disse. – rindo, também corado, Harry o embalou em um abraço, farinha voando pelo ar. – Já não está na hora de tirar essa máscara aí?

Louis murmurou contra seu ombro.

- Gabe disse que, por causa da barba, posso deixar mais um pouquinho. Mas ei – Louis o fez encará-lo. – Sabe o que eu lembrei?

- Que me prometeu um strip-tease ao som de Buttons?

- O que—Não! – Louis pensou, contudo. – Talvez. Mas não. Lembrei que você tinha prometido pintar as minhas unhas.

Harry sorriu, denunciando que estava lembrando do encontro que tiveram, no dia em que tudo mudou, quando a bolha de Louis finalmente havia sido estourada e conseguira adentrar seu mundinho particular. Comeram uma salada de lentilhas ótima – e tomaram um suco de gengibre péssimo. Andaram de ônibus, pegaram chuva e chegaram atrasados na aula. Fora um dos melhores dias da vida de Louis, com certeza. Digno de piadas de toc-toc, conversas aleatórias que significavam mais do que deveriam e beijos na bochecha estrondosamente reconfortantes.

- Tina. – Harry chamou, os olhos ainda em Louis. A garota o encarou, parando de bater uma nova massa de cookies. – Fica de olho nesses que estão no forno, por favor. Tenho unhas para pintar.

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- Deixa eu ver se entendi – Kaila disse, os olhos fixos na camada de esmalte que passava nos dedos do pé de Umi. – Vocês se conhecem há anos mas só começaram a sair, o quê?, no começo do ano?

Louis encontrou o olhar de Harry e sorriu. Ele lixava suas unhas da mão com tanta cautela que causava cócegas em seus dedos, ora ou outra murmurando irritado com um bico para que Louis se contivesse. A cena seria interpretada totalmente diferente se não estivessem sentados entre os edredons e travesseiros, rodeados de, no mínimo, cinco garotas ansiosas para ouvirem sua história de amor conturbada.

- Mais ou menos isso, sim. – Louis disse, assumindo a posição de contador de histórias ao que Harry parecia concentrado demais em deixar suas unhas no tamanho correto para tal. – Sempre tivemos o mesmo círculo de amizade, então sempre estávamos juntos. Só não... juntos. Juntos juntos, sabe?

Talvez Harry devesse contar a história.

- E como começaram a ficar? Tipo, quando decidiram que era mais que amizade? – Umi disse.

Harry escondia um sorriso sob os cachos.

- Não foi uma decisão explícita. Meio que aconteceu. Hm, é complicado. Nós tínhamos... temos um passado em comum. – erguendo o olhar cauteloso para Louis, contudo, Harry o observou sofrer para explicar a situação Ryan sem mencionar seu nome ou a situação em si. Juntou seus dedos em um sinal de apoio. – Meu ex-namorado, hm, fez algumas coisas com Harry quando nós ainda estávamos juntos. Coisas bem ruins. E eu defendi ele por muito tempo, não sei, acho que tinha medo de acreditar em Harry e perder a parte de mim que foi criada com meu relacionamento. Eu era um bebê ingênuo quando estava com esse ex e fui ensinado a agir como eu, mesmo não me identificando com aquilo, durante muitos anos, e por períodos bem delicados também. Faz sentido? Bem, eu relutei com os sentimentos mas... Harry nunca duvidou. Nunca. Ele sempre soube que eu tinha algo que ele queria.

Um silêncio tomou o grupo, e incerto se Louis continuaria ou não, o olhar fixo em algo, Harry decidiu se pronunciar, a voz mais rouca do que pretendia.

- Nós nunca fomos muito próximos. Lou e eu. – ele dizia para as garotas mas seus olhos estavam no garoto, conectados por segredos que só eles compartilhavam. – Eu era uma babaca e ele era um idiota. Discutíamos mais do que respirávamos e sempre procurava um motivo pra deixar ele puto. Acho que foi o jeito que encontrei na época de demonstrar meus sentimentos. Como disse, babaca.

- Vocês não se gostavam antes? – uma das garotas murmurou, receosa de atrapalhar seu olhar intenso. Harry a encarou divertido.

- Nem um pouco. Quer dizer, gostávamos. Eu pelo menos sempre gostei desse idiota. Só não demonstrava da maneira correta.

- Começou muito errado. – Louis finalmente disse, a voz pesada mas os olhos brilhando em direção à Harry. – Tudo conspirou para não dar certo. Foi bem difícil saber o que estava acontecendo quando tudo estava acontecendo no momento errado.

- Mas superamos a fase difícil.

- É, superamos. – Louis suspirou para Harry, que já voltara a lixar suas unhas. – Eu, hm, eu me senti muito culpado. Por tudo. Principalmente pela coisa do ex, e por outras coisas que aconteceram em seguida, também.

- Mas não foi sua culpa. – Kaila disparou, o queixo nas mãos concentrada na história. Harry riu. – Você mesmo disse. Se são coisas do ex, por que você seria o responsável?

- Repita isso mais cinquenta vezes por dia e vai saber o que passamos. – Louis o encarou com os olhos pressionados, embora esboçasse um sorriso provocativo. – Lou passou por um relacionamento conturbado com o ex – a voz rouca tornara-se séria, repentinamente, embora as feições estivessem amenas. – Então, quando estávamos tentando construir o nosso, ele teve dificuldades em lidar com esses sentimentos.

- E você esperou. – Louis murmurou, tão baixo que quase que ninguém o ouviu. – Eu surtei, sumi e te afastei. Mas você esperou por mim. Por nós. Por momentos como esse. Esperou sem duvidar por um segundo sequer que eu voltaria.

Suspiros tomaram a sala, inclusive pela parte de Harry, que deixou a lixa de lado e beijou as costas das mãos de Louis, afavelmente.

- Esperei. Não porque eu sabia que você ia voltar, e sim porque sabia que ouviria seu coração. Só estava rezando para que ele te levasse a mim. E ele trouxe.

Louis fitou o rapaz à sua frente incapaz de acreditar no quão maravilhoso ele era. Sabia que Harry era algo especial, sempre soube, mas a cada dia juntos um novo motivo surgia em sua mente, confirmando sentimentos que seu coração vinha sentindo há muito tempo. Esticou-se no edredom e juntou seus lábios em um selinho breve, intenso e molhado, agradecendo mentalmente por já ter lavado a máscara facial de seu rosto. Quando se afastou, Harry ainda inclinava para frente, desejando mais contato por mais tempo, como se precisasse de mais um pouco – só mais um pouco para viver.

Louis o deu mais um selinho antes de retornar à posição inicial, as bochechas coradas e o fôlego curto. Umi o encarava com lágrimas nos olhos.

- Ah, meu deus. – ela suspirou. – São tão fofos. Estou apaixonada.

- Não acredito que passaram por tudo isso. – uma das garotas na qual Louis não sabia o nome, ou ao menos não lembrava, disse. – Vocês se olham tão tranquilamente que podia jurar que se conheceram no Tinder, tiveram o primeiro encontro no McDonald's e transaram no dormitório do amigo nas primeiras semanas.

Uma gargalhada ecoou pelo recinto e Louis olhou apaixonado para Harry.

- Na verdade, nosso primeiro encontro foi no James.

- James? – Kaila encarou Louis confuso.

- É um carrinho de hot-dog lá na UAL, James é o vendedor. E um amigo.

- Levei Lou lá na noite em que ele decidiu ir embora da uni. Eu o impedi cantando Minions. E não exatamente transamos até hoje.

Louis enrijeceu a postura quando Harry terminou a frase, as palavra exatamente e transamos ecoando como gritos em sua mente. Piscando rapidamente, Kaila digeriu as informações antes de prosseguir, a frase surpreendendo Harry – de todas as coisas que eles contaram, essa foi a que mais chamou sua atenção?

- Vocês podem ter carrinhos de comida na UAL?

Ele e Louis trocaram um olhar.

- Vocês não?

- Não. – o coro de alunas o assustaram.

- Aparentemente, muitas coisas são diferentes aqui e na UAL. – Louis tentou deixar a voz neutra conforme observava Harry escolher o esmalte na cor preta, pedindo aprovação com o olhar. Harry sempre tinha as unhas na cor preta, inclusive no dia de seu encontro, então Louis não hesitou em assentir. – As festas, as aulas, as facilidades. Até mesmo as pessoas.

Harry puxou seu pulso levemente, pedindo para ter cautela no que iria falar. Umi o fitou de forma enigmática, como se aquele assunto a tocasse em lugares profundos.

- Como assim? O que quer dizer com isso?

- Não sei, acho que, por ser uma uni focada estritamente em arte, a UAL é muito mais... – Louis digeriu a palavra. – libertadora. Não são tão ligados na parte acadêmica da uni em si, focam mais no desenvolvimento dos alunos quanto á criatividade, interpessoalidade e confiança, mesmo. Claro, fazemos provas pra caralho, artigos e trabalhos e seminários todos os dias, madrugadas estudando, assim como vocês, tenho certeza. Mas é diferente, de alguma forma. Sempre temos projetos interdisciplinares, atividades conjuntas e fóruns coletivos, além dos outros pré-requisitos. A arte é uma só, independente de ser música, cinematografia, pintura, dança, artesanato, ou fotografia. – Louis piscou para Harry, que sorria lisonjeado. – A UAL enxerga tudo isso como um todo, interligando os cursos e fundindo os alunos em um só corpo estudantil.

Foi Kaila quem se pronunciou, após alguns instantes de silêncio.

- Como assim projetos interdisciplinares?

Os olhos de Louis brilharam.

- Todo ano, por exemplo, o curso de Música faz uma releitura de um musical famoso—

- Lou faz Música. – Harry interrompeu, apontando algo que achou importantíssimo para deixar passar. Corando, Louis assentiu.

- E nesse musical, mesmo se for um aluno de música, tem que aprender a dançar, a atuar, a produzir e a decorar. Montamos cenário, figurino, cenas, coreografias e harmonias. E se precisamos de ajuda, quase sempre precisamos, pedimos pro curso de Artesanato, pro de Cinematografia, até mesmo pros jogadores dos Wolves. Harry, mesmo, fotografa os ensaios quase todos os dias pro curso dele. Somos um corpo dependente um do outro, entende?

Kaila quase transbordava em animação, cada vez maior conforme Louis falava.

- E quais musicais já fizeram? É tipo Broadway?

- Eu os chamava de Miss Broadway. – Harry comentou, mais uma vez achando pertinente no assunto conforme pincelava o esmalte na unha pequena de Louis.

- Fizemos Chicago, A Noviça Rebelde, Annie e, esse ano, estamos fazendo—bem, eles estão fazendo, Grease.

Harry o encarou seriamente antes de voltar o olhar para Kaila.

- Mentira dele. Lou está se dedicando mais ao musical do que qualquer um lá. E eu estou todos os dias nos ensaios então sei do que estou falando. Ele é o maior fã de Grease de todos os tempos.

- Você é o Danny Zuko? – uma das garotas exclamou animada. As bochechas de Louis assumiram uma coloração engraçada.

- Não. – controlando a amargura em sua voz, Louis fitou suas unhas. – Não passei na audição. Inclusive foi um dos motivos pelas quais eu saí da uni por alguns meses. Esse musical era—é tudo pra mim, então foi meio difícil aceitar a rejeição.

- Mas ele não foi rejeitado. – Harry disse, contudo. – A professora responsável pelo musical sabia que sem ele, não iria pra frente. Hoje, Lou é praticamente o diretor do musical todo. Ele quem ensina as coreografias, ajusta as harmonias e coordena os cenários. Praticamente escreveu a releitura inteira. Sabe todas as falas do filme de cor e salteado. Pode perguntar.

Corado, Louis negou com a cabeça. Harry sabia como ser insistente e ele o odiava por isso. Ou pelo menos tentava odiar. Foi Umi quem tirou sua atenção do movimento concentrado nas sobrancelhas de Harry conforme pintava seu mindinho ao prosseguir com o assunto.

- Queria que aqui fosse igual a UAL. Parece ser tão legal lá.

- Tipo High School Musical. – Kaila acrescentou, os olhos tristes.

Louis contou sobre o karaokê do Balls&Blues, satisfeito ao ouvir suas exclamações quando disse ser um restaurante onde jogadores dos Wolves e os alunos de Música, mais especificamente, se encontravam para conversar, beber milk-shakes e dançar; sobre o cinema projetado no prédio de Artesanato; sobre os treinos assistidos do time, das líderes de torcida e da banda trabalhando em equipe todos os dias da semana; das festas selvagens nas fraternidades, causando risadas quando comparadas àquela do pijama, Louis a defendendo, contudo. Das feiras de Crafts que faziam todo mês, prestigiando o curso de artesanato, das exposições dos projetos toda quinta-feira, majoritariamente do curso de fotografia mas contendo também projetos pessoas independentes, dos domingos de pizza grátis e das gincanas festivas todo feriado.

Ele passara o dia inteiro tendo a UM e toda sua magnificência sendo esfregada em sua cara – agora era a sua vez de mostrar o que a UAL tem de bom.

- O reitor até fez pintura facial nesse dia. Andou pelo campus com uma borboleta no rosto, foi incrível. – ele comentou sobre o festival de primavera, os olhos das garotas cintilando frente às histórias dignas de conto de fadas.

- Vocês parecem uma família gigante. Eu amei. – uma ruiva que Louis também não sabia o nome disse entre suspiros. – A UAL parece ser bem... receptiva.

Àquela altura, Harry já tinha terminado de pintar suas unhas e segurava suas mãos abertas para evitar de borrá-las. Por este motivo, prestando atenção na conversa, não pode deixar de notar o olhar compartilhado entre a ruiva e Umi. Afeto misturado com receio – ele conhecia bem a sensação.

- A UM também deveria ser uma família pra vocês. Estão aqui há anos e vão continuar por mais algum tempo. Isso deve significar alguma coisa.

- Deveria. Mas não é. – Umi disse, sua mão alcançando a da ruiva e entrelaçando seus dedos. – Os alunos, os professores daqui não são tão carismáticos igual os de vocês. É tudo menos família.

- Nós somos sua família. – Kaila disse firmemente, a mão no ombro de Umi indicando apoio.

Olhando a cena, Harry apertou seus dedos nos de Louis, subitamente sentindo-se culpado por não agradecer diariamente pelo ambiente em que vivia. As vezes, acostumados pela rotina, deixavam passar o fato de quase nunca encontrarem preconceituosos homofóbicos no campus, seja colegas ou corpo acadêmico. Todos os respeitavam – claro, haviam algumas exceções, mas eram casos isolados e nunca os impediram de nada, de se relacionarem, de andarem de mãos dadas nos corredores, de se beijarem no gramado, de torcerem um pelo outro nos jogos ou de acompanharem as festas. A UAL tinha seus defeitos como qualquer lugar, mas nunca, nunca, foi um empecilho em seu relacionamento. E outras pessoas – muitas delas – não compartilhavam da mesma sorte que eles.

Louis parecia pensar o mesmo e, apertando seus dedos juntos com cautela para preservar as unhas recém pintadas, mexeu os lábios para formar obrigado singelo. Harry sabia pelo que ele estava agradecendo e devolveu com o mesmo.

- Sabe – Louis disse, limpando a garganta e atraindo a atenção de Umi. – As vezes pode ser difícil expor nossos sentimentos ao mundo. Ainda mais o amor. Ele é tão difícil de cultivar, na maior parte do tempo, e tão fácil de estragar que parece mais um fardo do que um presente. Mas são esses pequenos momentos que acrescentam à experiência. Eu – puxando bastante ar pra dentro, Louis fechou os olhos, incapaz de encarar qualquer um conforme falava. – depois de muito tempo sofrendo, me escondendo, me machucando, percebi que o amor não sangra, não afasta e não retrai. O amor nos torna forte; é não depender do outro mas escolher o outro. É como sentir tudo por dois; dois corações, dois pares de pulmões, duas almas ligadas pra sempre. Ou pelo menos enquanto o pra sempre durar. E isso não o torna menos importante; coração não mede tempo, mede esforços. Você ter um filho é colocar um ser dependente de você no mundo sob sua responsabilidade; agora você ter um amante, é muito mais arriscado, é muito mais selvagem. Você escolhe alguém dentre tantos outros para caminhar ao seu lado, sem saber o caminho que ele escolherá no futuro ou os pesos que ele carrega desde o passado. Você apenas confia e espera que possam caminhar juntos e que esses pesos não empurrem-no contra o chão, para longe. É tudo baseado em uma simples pergunta de sim ou não, e por este motivo, é tão incerto, tão frágil e tão inconsistente. Eu, depois de tudo que passei, só tenho motivos para crer que são essas incertezas, fragilidades e inconsistências que fazem tudo valer a pena.

Louis não abriu os olhos; mas os pressionou ainda mais juntos quando sentiu lábios familiares contra sua bochecha, singelos e intensos. Harry pressionou sua testa na região, logo depois, puxando seus corpos para mais perto conforme sentava-o em seu colo. Louis sempre foi sentimental; sempre. E Harry o amava ainda mais por isso. Valer a pena era um assunto delicado pra eles – Louis sempre duvidou de seu valor e Harry sempre teve certeza dele. Valer a pena fora o mantra de Harry durante os meses sem Louis; e valer a pena fora o empecilho de Louis durante os meses sem Harry.

- Você realmente é algo especial, hu? – Harry sussurrou conforme Louis esfregava seu rosto no seu.

Quando ouviu um suspiro generalizado e abriu os olhos, Louis sentiu seu coração inflar ainda mais. Umi e a garota ruiva estavam compartilhando um beijo intenso, tão intenso que desviou o olhar, culpa o atingindo por interromper um momento tão íntimo e tão precioso como aquele. Ao invés disso, retornou o olhar para Harry, encontrando o mundo através de suas íris. Ele era tão sortudo.

- Hazz – ele disse, juntando seus narizes. – Obrigado por pintar minhas unhas.

- Obrigado por existir, Lou.

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Era tarde da madrugada, não sabia exatamente o horário, mas todos compartilhavam lugares na sala conforme Cinquenta Tons ecoava na televisão. Eleanor e Barbara retornaram do andar de cima da irmandade – claramente transando, o que deixou Louis emputecido e Harry risonho.

- Eu juro que sou capaz de qualquer coisa por esse homem. – Tina murmurou entre punhados de pipoca que enfiava na boca, os olhos fixos no sr. Grey sem camisa na tela.

- Barbara acha que ele deixaria a Anastasia enfiar coisas no cu dele. – Louis disparou, tão alto que causou risadas generalizadas e um ardor na sua bochecha.

- Você não sabe ser discreto, né? – Harry disse baixinho enquanto ria, sua mão deslizando pelo edredom até encontrar seu quadril e o puxar para perto.

Desviando do travesseiro arremessado por Barbara, Louis encarou Harry.

- Qual a graça em ser discreto?

Sem responder, Harry colocou sua perna sobre o corpo esguio de Louis, prendendo-o contra o colchão. Seus lábios se encontraram e brincaram por minutos, molhados e quentes conforme suas mãos exploravam o território.

- Por mais que tenha adorado nossa noite, acho que poderíamos ter aproveitado bem mais no dormitório. Sozinhos.

Harry sussurrou urgente entre os beijos, o quadril de Louis cessando os movimentos para concentrar-se nas palavras e não nas investidas. A pressão que seus paus compartilhavam estava deixando-o zonzo.

- Você iria gemer pra mim?

- Eu gozaria pra você, Lou. – Harry murmurou baixo, os lábios chupando a língua de Louis firmemente. – Gozaria dentro de você, na sua cara, na sua boca, na sua mão, onde você quisesse.

- Styles. – Louis disse em tom de aviso, os olhos bem fechados, incapazes de processar o que estava acontecendo.

- Mas acho que só o que nos resta agora é o sr. Grey. Preste bem atenção, Tomlinson, porque quando eu for te comer, vai ser desse jeito.

Louis ofegou quando Harry saiu de cima de seu corpo e rolou para o lado, os braços fortes indo para detrás do pescoço e apoiando a cabeça. Irritado, virou o olhar para a televisão, no exato momento em que Anastasia levava uma chicotada.

vish

aaaaaa

que cap meus queridos e queridas

o que acharam?

aaaai esse smut completo full total que não chega logo hein?

só isso por today, até o next

insta, as always no @ nathaliemach_

amo ocês

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