50 Tons de Uma Cicatriz

By PudinzinhoAzul

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::: Descrição ::: Ana teve sua vida virada do avesso após a perda de seus pais. E agora tendo que morar com o... More

Sobre a História
: Prólogo :
::: Capítulo 1 :::
:::: Capítulo 2 :::
::: Capítulo 3 :::
::: Capítulo 4 :::
::: Capítulo 5 :::
::: Capítulo 6 :::
::: Capítulo 7 :::
::: Capítulo 8 :::
::: Capítulo 9 :::
::: Capítulo 10 :::
::: Capítulo 12 :::
::: Capítulo 13 :::
::: Capítulo 14 :::
::: Capítulo 15 :::
::: Capítulo 16 :::
::: Capítulo 17 :::
::: Capítulo 18 :::
::: Capítulo 19 :::
::: Capítulo 20 :::
::: Capítulo 21 :::
::: Epílogo :::
::: Extra :::

::: Capítulo 11 :::

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By PudinzinhoAzul

::: Capítulo 11 :::

"Pessoas incríveis são sufocadas pela hipocrisia da sociedade."

×××

: 13 de junho de 2020 :

O fim da noite correu e logo o sol amanheceu. Em algum momento Ana havia caído no sono, mas acordou em sua cama, Teddy ao seu lado, mirando-a como se a contemplasse.

A morena sorriu para o mesmo e o puxou para seus braços, tendo resmungos exigentes sobre "papa" e "zenho".

Pela primeira vez em muitos meses, Ana não acordou preocupada com o mundo que precisava segurar nos ombros.

Lá fora, mais uma vez o dia estava ensolarado, o sol dando beijos de luz pela rua, tornando o clima quente.

O dia estava feliz. E Ana podia dizer que refletia aquilo.

Ela mirou o chão ao lado da cama e se lembrou dos lábios de Christian sobre os seus, as mãos dele em seu corpo... Tocando suas cicatrizes sem qualquer problema, preocupado apenas.

Ana era nova demais, nao entendia se a vida era curta ou longa para nós, mas sabia que nada do que se vive tem sentido, se não tocar o coração das outras pessoas. E Christian havia tocado o coração de Ana, e nem mesmo encontrar Jack no balcão da cozinha quando desceu, fez com que a garota ficasse menos feliz.

E nem quando ele a encarou com os olhos raivosos provavelmente pelo café ainda não estar pronto ou por Teddy estar em seu colo, brincando com seu ursinho de pelúcia e balbuciando contente com a chupeta na boca.

_ Você só está perdendo pontos comigo, Anastasia - ele murmurou num tom grave, juntando as mãos no mármore.

Ana colocou Teddy na cadeirinha própria dele e se pôs a pegar os ingredientes para o café.

_ Me desculpe, senhor - ela respondeu.

_ Desculpas e mais desculpas - ele comentou. - Qualquer dia você não vai mais conseguir dizer essas palavras... Ou qualquer outra.

Ana engoliu em seco.

Fez o café o mais rápido que conseguiu, antes que Teddy perdesse o interesse em seu ursinho e pedisse colo. Jack odiava quando ela fazia qualquer coisa para ele tendo o bebê no colo. Em sua concepção hostil e egoísta, era injusto ela dividir a atenção com Teddy quando era ele quem ela tinha que servir.

Ana pôs a mesa e se preparou para Teddy assim que viu os olhos dele sobre si, o ursinho esquecido no balcão da cadeirinha.

_ Nem pensar, você vai comer agora. Como quer que eu aprecie o café da manhã sem você como companhia? - Jack falou e deu um gole em seu café preto matinal.

Ana mordeu o lábio inferior e deu seu próprio celular a Teddy, qual já estava estrategicamente mostrando um desenho qualquer no visor.

_ Vai estragar esse menino, ele não tem idade para celular, nem você tem - Hyde comentou.

Ana colocou seu prato e pôs suco no copo. Teddy já estava cheio de sua mamadeira das 6h, entao tudo o que ele tinha para ter agora era manha.

Ana engoliu a panqueca sem ao menos mastigar, tomou o suco praticamente num gole, e Jack ao menos deu uma garfada em seu ovos mexidos com bacon.

_ Você anda comendo demais ultimamente - ele falou, fazendo Ana parar o garfo no meio do caminho para a boca e encará-lo. - Não vai me inventar de ficar gorda agora, não é?

Aquilo não era verdade. Ela sabia. O problema de Ana era exatamente não comer.

Às vezes ela não tinha tempo para fazer uma refeição completa ou todas as do dia, ou entao ela estava tão cansada que não conseguia se encher o suficiente pois só queria dormir logo quando chegasse ao quarto. Havia perdido muitos quilos desde que seus pais morreram, desde tudo, e sabia que não estava gorda. Ana sabia, mas ela já estava danificada, então não foi aquilo que seu cérebro registrou no momento.

Ela baixou o garfo e terminou o suco no copo, o silêncio absoluto sendo interrompido apenas pelo som baixo do desenho no celular, a qual Teddy mirava concentrado, a chupeta na boca e uma das mãos agarrando seu ursinho.

Ela retirou seu prato e jogou tudo na pia, a raiva subindo por sua corrente sanguínea.

Como ele ousava dizer aquilo? Ela não estava acima do peso, não iria ficar também.

Mas e se ficasse? Qual era o problema?

Ele nunca gostou que ela fosse bonita.

Então era isso, ele não queria que ela fosse gorda para que não ficasse bonita.

Ana virou-se de volta e Jack estava concentrado em seu celular, digitando com uma mão apenas.

_ Eu ainda não terminei, não pense em sair - ele falou sem encará-la.

_ Eu tenho que ir para escola e levar Theodore para a creche - falou.

Hyde levantou os olhos até os dela e então levou o garfo com bacon a boca, mastigou mecanicamente e limpou a boca com um guardanapo.

_ Então parece que sua escola está atrapalhando minha vida, eu quero sua companhia durante o café e não posso ter, isso com certeza está errado - ele falou.

Ana sentiu o coração disparar.

_ Já não basta esse moleque atrapalhando, como sempre, agora é a escola também? Depois vai ser o que? Seus amiguinhos?

A morena balançou a cabeça e voltou a se sentar ereta de frente para o outro.

_ Me desculpe - sussurrou ela.

Jack afastou o prato e tocou o lábio inferior com o indicador, mirando Ana profundamente. Uma música chata e repetitiva tocava no celular e Teddy sorria, fazendo barulhinhos com a boca.

_ Tira a droga desse celular da frente de dele - mandou Hyde, revirando os olhos. - Essa música está me irritando.

Ana acariciou o cabelo do bebê, chamando sua atenção e pegou o aparelho. Antes que Teddy começasse a chorar, Jack se levantou, arrastando a cadeira de forma alta, apertando o próprio celular na mão e saindo da cozinha sem mais nenhuma palavra. Ana pegou o bebê nos braços e tirou a mesa, subiu para o quarto e ajeitou as coisas para sair.

Colocou Teddy na cadeirinha e seguiu para o lado do motorista, tendo o braço segurado firmemente por Jack antes de entrar no carro.

A garota se virou rapidamente e tentou soltar, mas Hyde apenas apertou mais, aproximando-se dela perigosamente.

_ Comporte-se. Não esqueça que você pode não me ver, mas eu estou te vendo - ele sussurrou contra seu ouvido, descendo as mãos e apertando forte demais seus punhos - Eu sempre saberei os seus passos, pequena Anastasia.

Com isso ele se dirigiu ao próprio carro, e Ana só voltou a respirar quando já estacionava enfrente a escola depois de deixar Teddy na creche, mais especificamente quando viu o Audi já conhecido estacionado mais a frente.

Ana sabia que era perigoso, que era errado na concepção de Jack. Mas ela apenas saiu do carro e seguiu em direção ao garoto que estava recostado no Audi enquanto mexia ao celular.

_ Bom dia, linda - ele a cumprimentou assim que ela estava perto o bastante para que ele pudesse passar um dos braços por seus ombros, a trazendo para si.

Ana inspirou o cheiro maravilhoso que Christian tinha ao abraça-lo de volta.

Quando foi que ela começou a precisar dele até para conseguir respirar?

Ela respirou contra a blusa dele e continuou o abraçando.

Ele apoiou o queixo em sua cabeça e eles ficaram ali... No tempo dela.

E então aquele se tornou um dia ruim. Daqueles que Ana nem ao menos quer continuar existindo, ela não quer ver Teddy e apenas voltar para sua cama. Era uma porra de um dia ruim. Era o que ela dizia a si mesma enquanto sentia a dor que parecia querer lacerar seus pulsos. Por que Jack sempre apertava os pulsos dela? Ele queria arrancar sua mão?

A noite passada havia sido horrivel, Jack havia bebido além da conta e o choro de Teddy pareceu tirar o pior dele quando Ana saiu da sala - onde ele estava contemplando-a fazer a lição de casa - para ver o menino.

Foram palavras cruéis e atitudes que fizeram Ana repensar suas escolhas.

Mas Teddy era tão pequeno e inocente, ele era o único que não tinha escolha de verdade... E ela também não tinha, no fim das contas. Ela nunca tinha nada.

E Christian entendia aquilo, ele sempre entendia. Por um momento ele fez Ana feliz, ele se tornou o mundo dela por algumas horas e até a fez acordar bem. Mas Jack havia estragado tudo e seu coração doía.

Christian tocou o queixo de Ana e a faz encará-lo, quando ele percebeu a expressão totalmente perdida da garota e os olhos vermelhos, apenas a guiou na direção contraria às salas que muitos alunos já seguiam com o sinal tocando.

Eles foram direto para as arquibancadas, Christian não se importou que iria faltar aos dois primeiros períodos de álgebra, Ana não parecia estar bem para estar numa sala com outras pessoas, entao ele a levou para o único lugar vazio naquele momento. Eles se sentaram no topo, longe de qualquer vestígio de alunos - ou do inspetor.

Ana - sem falar nada - pegou em sua mochila um livro de ciências que estava lendo e se recostou em Christian, deixando-o passar um dos braços por seus ombros enquanto com a outra mão segurava o próprio casaco que havia tirado.

Ana também estava com calor, era mais um - surpreendente - dia de sol em Seattle, mas ela não podia se dar ao privilégio, mesmo que Christian já houvesse visto as manchas, ela sabia que tinha novas agora e algo lhe dizia que aquilo não seria muito aceito por ele.

Eles ficaram longos minutos em silencio, Ana lendo palavra por palavra em seu livro que Christian consideraria muito chato enquanto ele quase dormia pelo fato de ter acordado muito cedo - e o cheiro de Ana ser praticamente um sonífero.

_ Você sabia que nós somos feitos do pó dos átomos das estrelas? - a garota falou de repente.

Era a primeira vez que ela falava com ele naquela manhã... E claro, agia como se fosse completamente normal não dizer ao menos "bom dia" a alguém que acabou de ver e está por quase uma hora sozinho.

Mas Christian já estava acostumado com Ana, aquele era seu jeito e ela tinha momentos ruins que a fazia ficar calada por horas, mas sem querer ficar sozinha.

Então ele apenas levantou as sobrancelhas e sorriu para a garota.

_ Isso é incrível - ela murmurou, sorrindo para o livro que lia.

Christian tocou os lábios em seu cabelo e desceu a mão para sua cintura.

_ As estrelas ficariam orgulhosas de saber que seus átomos criaram alguém como você - sussurrou no ouvido da menina.

Ana sentiu cada centímetro de seu corpo se arrepiar e seus olhos encontraram os dele enquanto mordia o próprio lábio.

_ Você fica me dizendo coisas bonitas o tempo todo, nem parece o cara popular da escola - ela brincou, mas o sorriso brincava em seus lábios, não conseguindo contê-lo.

Christian riu baixinho e voltou a beijar seu cabelo, perdendo a visão de seus olhos.

_ Não consigo me controlar quando estou perto de você - confessou ele.

Ana sorriu de lado e inclinou a cabeça para trás, num gesto de que queria olhar nos olhos dele, o que foi prontamente atendido. A garota suspirou e fechou o livro em seu colo, mirando o rosto do outro detalhe por detalhe por longos segundos.

_ Sabe... E-eu gosto de você - confessou ela, finalmente, logo depois tocando os próprios lábios nos dele num selo rápido. - Às vezes parece que te conheço há mais tempo do que realmente conheço.

_ Vidas passadas? - ele brincou, ainda acariciando seu cabelo, ganhando outro sorriso dela. - Bom, esse sorriso me ganha em todas as vidas, com certeza - falou, logo devolvendo o selo nos lábios dela gentilmente.

Ele havia aprendido nos últimos dias que Ana não se tinha em alta conta, mas toda vez que ele a elogiava era como se a garota brilhasse e um sorriso sempre aparecia, mesmo que mínimo. E ele a elogiaria pelo resto da vida se aquilo significava que ela iria acreditar, que ela iria sorrir.

×××

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