Dias depois.
Violeta:
Tomei um gole do meu suco de laranja e coloquei o copo no chão ao lado da cadeira. Não voltei a ler nem uma frase completa do meu livro quando fui interrompida por Charles.
— Não escutei direito. Pode repetir de novo? — do vão da porta, ele revira os olhos.
— Perguntei se gostaria de ir tomar banho comigo.
— Eu e você? Tipo... nós dois juntos? É realmente o que estou pensando?
Ele dá uma risada, balançando a cabeça.
— Qual a graça, Charles? — pergunto irritada. — Você nunca quis ultrapassar os limites entre nós e agora me chama para ir tomar banho com você. Por que está fazendo isso agora?
— Tomar banho no lago.
Solto um "Ah" e sinto meu rosto corar. Seu sorriso sacana só aumenta com meu constrangimento.
— Não quero. — afirmo secamente e coloco o livro sobre o rosto, impedindo minha visão de ficar olhando para ele só de short e seus músculos definidos.
— Por que não quer?
— Estou querendo ler nesse momento. — faço uma pausa e falo bem devagar para entrar na sua cabeça: — Só ler.
Ele me observa por alguns segundos.
— Posso ver esse livro? — diz se aproximando.
— Claro.
Ele olha sua capa, o folheia e solta um "Hum".
— Que foi?
— Nada. É sobre o quê?
— Fantasia.
Ele me entrega de volta e se afasta. Decido não não fazer nenhuma pergunta e procuro a linha onde parei. Quando a encontro, Charles liga o seu aparelho de som, e após alguns segundos a música se torna agitada e muito mais alta por causa da voz do cantor.
Olho feio para ele, que vem saindo com uma garrafa de cerveja entre os lábios. Quando chega no que suponho ser o refrão, ele faz a garrafa de microfone e começa cantar. Não aguento e começo a rir. Largo o livro quando sua mão se estende diante de mim e me ponho de pé.
— Você me deixa entorpecido. — diz no meu ouvido e eu tiro a cerveja de sua mão e tomo um gole. Charles me olha boquiaberto, mas só ri como reposta, tirando-a de mim gentilmente e murmurando:
— Crianças não bebem.
— Não fode, meu anjo. — imito ele, que franze o cenho e depois faz uma careta.
— Essa frase é minha. Eu te proibo de usá-la contra mim.
— Foda-se. — começo a rir e tomo a cerveja dele de novo, bebendo mais alguns goles.
Ele inclina a cabeça para o lado e me observa sorrindo.
— Tá. — sacode os ombros. — Se você quer beber, beba. Tenha um primeiro porre, garota. Alguns dias depois de eu fugir do orfanato, tive o meu primeiro. A ressaca é péssima, já vou logo te avisando.
— Não quero beber até passar mal, Charles. Aqui. — devolvo. — Eu aceito.
— Aceita o quê?
— Vamos tomar banho no lago.
Quando chegamos, Charles tira seu celular do bolso, jogando-o num canto qualquer. Vai na frente e dá um salto mortal, caindo com tudo na água. Reviro os olhos e o observo boiar na água límpida banhada de azul.
— Não tem cobras aí?
— Uma já me picou. Acho que não era venenosa.
— Por que acha?
— Não morri. — Charles passa a mão nos cabelos e ri da minha reação apavorada. — Estou mentindo. Vem.
Cruzo os braços sobre o peito e rio com sarcasmo.
— Divirta-se sozinho agora.
Ele sai da água e usa seu tom tranquilizador e sexy:
— Estou falando sério. Deixa eu tirar isso... — me perco no seu olhar e, automaticamente, levanto os braços, fazendo-o rir. Ele me olha fascinado e seus dentes e sua língua roçam a pele sensível de meu pescoço, fazendo-me arrepiar inteira. — Agora o short. — fico literalmente sem ar quando ele se abaixa e o tira lentamente, sem desviar o olhar por um segundo.
Finalmente o que me cobre agora é apenas minha calcinha e meu sutiã. Ele se afasta e continua me admirando.
— Eu já disse hoje que você é linda e gostosa?
Sorrio.
— Só gostosa, linda, não.
— Pois você é linda.
Meu coração acelera de uma forma absurda. Vou até ele e espalmo minhas mãos sobre seu peitoral rijo.
— Sério?
Charles solta um grunhido nervoso.
— Você ainda duvida? Céus, não estou falando só do seu corpo. Você é linda por dentro e por fora.
Engulo em seco e expiro o ar. Seu olhar é tão penetrante que sinto minhas bochechas em chamas.
— Charles...
— Não precisa dizer nada. — balbucia. — Vem cá. — ele me tira do chão e faz minhas pernas enlaçarem sua cintura com tanta rapidez e familiaridade que dou um pequeno grito. Sua boca alcança a minha e, quando enfim paramos, Charles sussurra no meu queixo: — Você está tão quente. — tento trazer sua boca para a minha de novo, mas ele diz rapidamente: — Agora me deixa apagar isso.
Ele se joga de costas, e alguns segundos depois, estou boiando ofegante e xigando-o ao mesmo tempo.
Jogo água na sua cara. Ele não para de rir.
— Droga, Charles!
— Foi bem legal, não acha?
Foi, mas não vou lhe dá mais uma satisfação.
— Você não vai mais me pegar desprevenida. — aviso e ele levanta as sobrancelhas.
— E o que vai fazer? — questiona com tom incisivo. Faço uma expressão divertida e o olho.
— Não sou tão idiota a ponto de revelar minhas estratégias.
— Entendo perfeitamente, minha linda.
Nado para longe dele e mergulho. É relaxante, quase como uma terapia. Esqueço dos pesadelos, de imagens aleatórias que lembrei e que, até agora, não se encaixam e não fazem nenhum sentido para mim.
Me viro e observo Charles distante. Ele ri maliciosamente, piscando o olho e pronunciando "minha gostosa" sem emitir som algum. Faço o mesmo e ele solta uma risada cretina.
Saio da água só quando os nós dos meus dedos estão enrugados. Vejo Charles sentado e encostado numa árvore com a câmera do seu celular apontada na minha direção.
— Espero que não esteja tirando fotos.
— Isso. Faz cara de brava. Eu amo.
— Para! Eu não quero que tire! — fico de costas e não demora eu senti-lo por trás. Me viro imediatamente para encará-lo.
— Eu tirei da sua bunda.
— Seu... — começo dizendo, tentando evitar que uma risada escape. Ergo o queixo e faço uma expressão séria. — Canalha.
— Quer que eu apague?
— A da minha bunda?
Ele bufa.
— Tá brincando? As outras.
*
— Para quem não queria ir, você voltou bem animadinha. — realmente me fez bem. E estava nitidamente explícita a minha agitação. — Gosto de te ver assim.
Termino de preparar nosso jantar e vou até o sofá. Peço para Charles ir mais para o lado e me deito, posicionando minha cabeça no seu colo. Ele afunda suas mãos em meus cabelos e fica brincando com algumas mechas.
— Obrigada. Por tudo, Charles. — ele baixa o olhar e me fita com carinho.
— Você não me deve nada, nem um obrigado. — toco seu maxilar e o acaricio.
— Você é... maravilhoso. Em todos os sentidos. Me sinto a mulher mais sortuda do mundo ao seu lado.
— E você se tornou tão especial para mim... — sussurra. — Sem você eu não sou nada, meu anjo.
Somos interrompidos quando a campainha é tocada. Charles aparenta não estar esperando ninguém e se encaminha para atender quem quer que esteja do lado de fora.
Quando ele a abre, me surpreendo. Porém, após analisá-los, uma pergunta nada elegante e receptível escapa de seus lábios:
— Cacete. Posso saber o que isso significa?
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