Mystical (l.s)

By larrylaw

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Considerações Iniciais (necessárias para a leitura da fic)
⊱ PRÓLOGO ⊰
⊱ CAPÍTULO I ⊰
⊱ CAPÍTULO II ⊰
⊱ CAPÍTULO III ⊰
⊱ CAPÍTULO IV ⊰
⊱ CAPÍTULO V ⊰
⊱ CAPÍTULO VI ⊰
⊱ CAPÍTULO VII ⊰
⊱ CAPÍTULO VIII ⊰
⊱ BOOK TRAILER ⊰
⊱ CAPÍTULO IX ⊰
⊱ CAPÍTULO XI ⊰
⊱ CAPÍTULO XII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIII ⊰
⊱ Q&A ⊰
⊱ CAPÍTULO XIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XV ⊰
⊱ CAPÍTULO XVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XX ⊰
⊱ EXPOSED ⊰
⊱ CAPÍTULO XXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXVIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXIX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXX ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXI ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIII ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXIV ⊰
⊱ CAPÍTULO XXXV ⊰

⊱ CAPÍTULO X ⊰

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By larrylaw

N/A: 2K DE TIROS COM MYSTICAL BEM NA MINHA TESTA! KKKKKKKKKKKLLAAAAAAAAAA 

VAI TER SURPRESINHA SIM, COMO DE COSTUME (leiam as notas finais).

Aos melhores leitores do mundo: muito obrigada por me darem o melhor presente de aniversário antecipado (completo 21 aninhos sábado que vem, YAY!). Não se esqueçam dos votos e comentários: algo que para vocês não leva mais que alguns segundos, faz com que um autor (não somente eu, mas qualquer um) pule de inspiração.

Boa leitura!



♘♔♗

Episódio: House Rules

– Você está bem mesmo, Harry? – perguntou Nick, pela terceira vez naquela manhã.

Os jovens haviam finalmente retornado para Fell's Church e o cocheiro ajudava o cacheado a carregar as muitas compras para a mansão.

– Acredito que vocês, nórdicos, sejam seres peculiares.

Embora não tenha entendido nada da resposta que Styles ofereceu-lhe, Nick sorriu e assentiu para a sua fala.

Em verdade, Harry não acreditava que lhe fora dada uma profecia, afinal ele não acreditava em destino, quem dirá em pessoas que, sem nenhuma razão aparente, fossem capazes de prevê-lo em detrimento de outros tantos seres humanos. No mais, ele identificou facilmente os sintomas da esquizofrenia em Davina, que devia ser avançada uma vez que eram notórios até para alguém como ele, com conhecimentos supérfluos sobre o assunto; contudo, a imagem de Davina segurando-lhe o pulso, tombando a cabeça agitada e confusa para trás e então recitando aquele verso sinistro de forma tranquila e sorridente, não era algo que se esquece facilmente.

Existe um toque de ironia no fato de as pessoas criarem superstições pelo medo de algo incontrolável e existente no mundo real, como por exemplo o futuro, mas o universo das crenças ser ainda mais sinistro que o mero ato de enfrentar a realidade.

Os jovens seguiram lado a lado pelo saguão da mansão em direção às escadas que os levariam até o quarto de Harry, onde ele se dedicaria a acomodar seus novos pertences. No entanto, o cacheado parou de abrupto por reflexo, pois viu Nick ficar estático ao seu lado quando adentraram a sala de estar de Fell's Church.

Dizem que quando o cérebro sente que algo de relevância está prestes a acontecer, a adrenalina nos bombardeia de diversas formas diferentes – suor frio, coração acelerado, formigamento na região do ventre e a sensação de o tempo estar se passando, de repente, de forma lenta. Todos esses exatos sintomas bombardearam seu físico conjuntamente ao notar a mudança nas expressões faciais de Nicholas: de sorridente e passional para rígida e profissional. O cocheiro engoliu em seco e endireitou a postura, então o cacheado seguiu seu olhar.

Sentado em uma das luxuosas poltronas de veludo vermelho ornamentada em detalhes dourados, encontrava-se um homem de meia idade. Os cabelos eram longos, uma mescla implacável de tons preto e grisalho que lhe emoldurava o rosto e embora os fios fossem lisos, estavam levemente desgrenhados. Seu perfil exibia um nariz rígido, mas não tanto quanto sua postura. Em verdade, Harry encontrava-se diante de uma beleza não convencional, quase renascentista, mesmo que estivesse contorcida em uma expressão amarga, vidrada nas compras que Harry carregava e que denunciavam o passeio do qual o jovem retornara.

– Olá, sobrinho – seu tom de voz era firme, do tipo que exala autoridade sem que o emissor esteja necessariamente pretendendo fazê-lo.

Harry estava paralisado no lugar. Não era como se ele precisasse de uma confirmação quanto à identidade daquele homem – embora não se parecesse fisicamente com Dan, ninguém com tanta elegância poderia ser outro que não o próprio dono daquelas terras. Seus trajes eram de tons escuros e, apesar do calor daquela manhã de verão, o fraque impecável lhe cobria até os pulsos e não apresentava sequer um amassado, como se o homem não houvesse se movido um centímetro desde que o vestiu. Claro que Harry notara a manta de tartã¹ pendurada por um broche nos ombros dele, que envolvia todo o seu tronco de forma transversal e fazia com que o jovem se perguntasse rapidamente até onde a influência escocesa acometera os ingleses nórdicos.

– Espero que tenha sido muito bem recebido em Fell's Church – as esferas negras finalmente deixaram as compras e fitaram Harry dos pés à cabeça em um lento trajeto, emanando um sentimento não identificável, talvez porque, em verdade, fosse um misto de diversos sentimentos.

A sua fala, no entanto, foi o suficiente para que Harry se despertasse do transe.

"Não por você", pensou e teria dito em voz alta caso Desmond não tivesse tornado a falar naquele exato instante – o tom autoritário desnorteava os sentidos de qualquer um.

– Contudo, aqui existem algumas regras imprescindíveis para a boa convivência. Primeiramente, como pôde notar, o desjejum é servido pontualmente às 7h da manhã, o almoço ao meio-dia e o jantar às 18h: atrasos não serão tolerados. A ala sul da casa está totalmente fora dos limites de visitação. Nunca deixe os limites da propriedade e, acima de tudo, não se aproxime de Aberdeen: é um ambiente traiçoeiro. Conseguiu memorizá-las? Faz-se necessária a repetição?

Harry balançou a cabeça em afirmativa primeiro e em seguida em negativa, ou ao menos esperou ter assim respondido. Ele não queria parecer desrespeitoso, afinal estava na casa do homem e deveria acatar todas as suas imposições sem questionamentos. No entanto, sua mente se dividia entre os pensamentos "sou um prisioneiro?" e "não era isso que eu esperava".

Quando o cacheado deu por si, o homem já subia o segundo lance de escadas de mármore sem dizer nada mais – nenhum pêsame pelas mortes de Anne e Dan, nenhum comentário a respeito de sua saúde ou resquício de boas-vindas.

– Acredito que precisemos conversar, tio – Harry tentou, mas a figura já havia sido engolida pelos lances de escadas infindáveis e se não tivesse notado o acelerar dos passos após sua fala, o jovem poderia ter acreditado que o tio realmente não tivesse o escutado.

Existem ocasiões em que ansiamos tanto por um determinado evento em nossas vidas e até ensaiamos mentalmente para tal, mas ele ocorre de repente, quando você cansou-se de esperar e de uma forma que nenhum de seus ensaios mentais previa, uma forma que soa errada. Bem, Harry ansiou muito por conhecer Desmond.

-x-

Bastou que a figura dominante do tio deixasse o ambiente para que Nicholas passasse do garoto silencioso para o ser irritantemente falante novamente. Harry era alguém muito paciente, mas naquele momento, após seu desastroso primeiro contato com o tio, a confusão estava o levando à beira de um ataque de nervos.

– Ele é sempre dessa forma?

– Quem? – o tom de Nick denunciava sua irritação por ser interrompido em meio às suas falácias. – O Sr. Desmond?

Harry evitou o revirar de olhos balançando afirmativamente a cabeça com mais força que o necessário para responder.

– Ah, creio não saber lhe informar. Apesar de trabalhar no casarão desde que, literalmente, eu nasci... – Blá blá blá, o cacheado deixou Nick no mudo mentalmente por alguns instantes, pois já havia escutado essa história ao menos cinco vezes. – O fato é que o senhorio não é alguém ruim, apenas demasiado reservado. Às vezes penso que ele precisa ter mais contato com seres humanos, aprender a interagir, quem sabe. Apenas... Siga religiosamente as regras da casa, elas são muito estimadas por ele; dessa forma, terão uma boa convivência, posso assegurar-lhe.

Ambos finalmente haviam chegado na portinha amarela ornamentada com enfeites florais de ouro. Nick estava habituado com aquelas escadas, já Harry achava que vomitaria os próprios pulmões por subir até lá carregando o peso das compras consigo.

– Então, essa é a hora que você finalmente me leva para conhecer seus aposentos – disse o cocheiro, lançando um olhar sugestivo.

Com isso, mais um flerte aleatório em um momento nada propício para tal podia ser inserido no histórico de Nicholas Grimshaw e essa era a deixa para Harry esclarecer aquela situação definitivamente.

– Creio que eu consiga levar tudo sozinho, Nick. Não há necessidade de te alugar por ainda mais tempo.

O cocheiro lhe fitou por alguns instantes, parecendo examinar sua expressão facial e decifrar o que exatamente aquela dispensa significava verdadeiramente. Foi por isso que Harry manteve seu rosto sério, tentando transmitir-lhe suas intenções – ou melhor, a falta delas. Contudo, o outro jovem simplesmente o tomou em seus braços de repente, na tentativa de roubar mais um beijo. Harry, por sua vez, já havia vivenciado aquela cena uma vez e não tinha intenção de que se repetisse, então por reflexo, ele rapidamente virou seu rosto para o lado e os lábios do outro tocaram sua bochecha.

Nick iniciou um caminho de beijos pelo maxilar de Harry na tentativa de chegar até seus lábios, mas Styles segurou-o delicadamente pelos ombros, fazendo com que cessasse o ato.

– Nick. Nick! Olha – ele fitou os olhos do cocheiro com a expressão mais suave que poderia, antes de continuar. – Me desculpe ter iniciado tudo isso, tenho o condão da impulsividade; mas, veja, melhor colocarmos tudo isso em pratos limpos antes que um de nós acabe constrangido: eu realmente não creio que resultaríamos em algo interessante para nenhuma das partes envolvidas.

Harry esperava uma ofensa, afinal ele já havia sido ofendido diversas vezes pelos seus muitos amantes quando chegava ao momento de seu famigerado discurso de dispensa – sinceramente, ao ouvir um "promíscuo" ou "libertino" avulsamente em determinado ambiente, o cacheado costumava responder ao chamado de pronto pela razoável probabilidade de que fosse ele mesmo o referido. 

No entanto, o jovem cocheiro o fitou nos olhos e surpreendentemente se aproximou com um sorriso brincando em seus lábios e Styles tornou virar seu rosto para o lado.

– Se você quer jogar, iremos jogar – seus lábios roçaram na orelha do outro ao sussurrar. – Dificultar as coisas muito me excita também.

Harry se afastou bruscamente dos braços de Nick, dessa vez sem conseguir reprimir a careta involuntária. Nunca alguém havia desrespeitado seu "já basta" antes e ele realmente poderia escolher muitas palavras para definir aquela situação, mas a principal era "desagradável" – sua mãe lhe ensinara muito bem, desde muito cedo, que uma negativa equivalia sempre a uma negativa, não a um convite.

-x-

Durante a madrugada, Harry despertou. Ele se espreguiçou em sua cama gigante sentindo a sensação macia e fresca do cetim que o cercava, isso tudo ainda de olhos fechados.

Em verdade, ele tivera uma noite boa de sono após organizar as coisas que comprou, pois agora havia um pouco de si naquele cômodo e finalmente o sentimento de pertencer àquele espaço.

E ele verdadeiramente sentia-se mais tranquilo naquela madrugada após muito refletir sobre seu tio antes de adormecer, pois concluiu que a situação também era nova para Desmond, assim como era para o próprio Harry.

Veja bem, o tio provavelmente se acostumara a viver em um local enorme que deveria parecer ainda maior quando se está sozinho e, habituado com a própria solidão, fez de seus próprios costumes, regras da casa. Já o jovem Styles, por sua vez, fora criado com plena liberdade, pois seus pais confiavam em todos os ensinamentos transmitidos a ele e que o filho faria bom uso deles ao traçar seu próprio caminho. Dessa forma, é claro que a união de ambos os universos resultaria em atrito iminente – todas as regras mencionadas pelo tio lhe pareciam patéticas e invasivas. No entanto, após refletir, claro que Harry não poderia zombar delas. O plano, na realidade, era destruir as barreiras construídas por aquele homem com muita gentileza e paciência; assim, o jovem conquistaria sua liberdade aos poucos e, com um pouco de sorte, ensinaria a Desmond como era viver ultrapassados os altos muros de Fell's Church. Harry, inclusive, já havia traçado um plano de aproximação do tio que pretendia colocar em prática o mais breve possível.

Coçou os olhos enquanto levantava seu tronco para sentar-se em sua cama – ele planejava buscar um copo de água na cozinha, faltava apenas reunir disposição para descer os muitos lances de escada até o térreo. Ele espantou a preguiça enquanto domava os cachos com os dedos, pois estes formavam uma cortina em seu rosto naquele momento. 

Quando finalmente conseguiu fitar seu quarto sem impedimentos, o sangue pareceu congelar em suas veias.

O ambiente estava iluminado apenas pela luz prateada das estrelas acima de si, mas isso não o impediu de identificar duas coisas que não estavam ali quando ele se deitou na noite anterior – o agora familiar prato com biscoitos e copo de leite sobre sua mesa de cabeceira e as bizarras letras trêmulas escritas no espelho da penteadeira formando uma única frase diante de si:

"EU ESTOU OBSERVANDO VOCÊ."

♘♔♗

¹Tartã: é um padrão quadriculado de estampa de tecidos composta de linhas diferentes e cores variadas. É um traço típico da cultura "high lander" dos escoceses e cada clã (família escocesa) costumava ter seu próprio padrão de tartã para que seus intergrantes adotassem em seus trajes. A cultura "high lander" foi quase totalmente perdida após a tomada da Escócia pela Inglaterra, que procurou impor ao máximo a sua própria cultura.



N/A: Sobre a surpresa: pensei em fazer um Q&A com os personagens de Mystical e a galera que me segue reagiu bem à proposta. Então a partir de hoje eu oficialmente recebo as perguntas que desejarem fazer. Há algumas regras (HOUSE RULES, ba dum tsss), apenas para que isso funcione bem.

1) São válidas as perguntas para qualquer personagem, inclusive para aqueles que morreram na fic.

2) São válidas as perguntas direcionadas para mim, como autora.

3) Me enviem as perguntas através de mensagem privada aqui no Wattpad e mencionem a que personagem a dúvida é direcionada.

4) Prazo para envio de perguntas: até dia 23/03.

Se der flop, vou fingir demência KSKSKSSK

Beijinhos no coração,

Bê.

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