Amar Você (Camila/You G!p)

By jauregay23

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S/n Evans é uma jovem brasileira que acaba de se mudar para Miami devido ao trabalho de seu pai. Em um colégi... More

Capitulo 1
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
One-Shot
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capitilo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43

Capítulo 23

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By jauregay23

Dinah Jane Point of view

Uma coisa que eu faço e faço com magnitude é abusar e ostentar. Ostentar com as coisas dos outros porque eu não tenho nada mesmo.

Estava na casa da minha prima me aproveitando de sua piscina para poder me refrescar nesse calor. Estava tudo uma maravilha.

Lá em casa ultimamente vem sido barra conviver com as pessoas. Sempre fomos uma grande quantidade. Tenho muitos irmãos e alguns parentes moram conosco na mesma casa. Tivemos momentos difíceis. Mas hoje, temos uma vida melhor mesmo com essa pequena multidão.

Como eu dizia, as coisas estavam pesadas por lá. O que me fazia evitar ao máximo parar em casa. Minha mãe passou a me cobrar demais. Como arrumar um emprego para ajudar dentro de casa.

Todos os dias ela joga na minha cara que dou trabalho e que tenho que trabalhar para pagar o que como. Meu pai está desempregado e sinceramente, ele nunca ligou para nós.

Me sinto pressionada a crescer e me tornar alguém. Me sinto obrigada a trabalhar e me tornar uma adulta com responsabilidades de gente grande e deveres também. Isso vem me deixado triste.

Já procurei serviço pela região mas fui negada em todos. Não tenho experiência com nada e me sinto frustada e incapaz de conseguir algo. Mamãe tem pegado bastante no meu pé. Suas palavras machucam. Machucam demais...

Minha única salvação são as meninas e quando estou na escola. É a minha distração.

Faço tudo dentro de casa. Lavo, passo, cuido dos meus irmãos... E sempre saio como a preguiçosa que não faz nada. A inútil, imprestável e vagabunda.

Eu realmente estou cansada de ser oprimida.

Eu quero me sentir grande.

O que mais quero no momento é minha independência.

Poder chegar na minha casa e jogar a mochila no chão sem ouvir reclamações que está atrapalhando o caminho. Ver TV até altas horas porque sou eu que pago a luz. Ter a liberdade e a sensação de ter seu próprio espaço. Um lugar pra chamar de seu.

É tudo que eu quero.

Passo bastante tempo na casa de Camila também. Simplesmente amo seus pais e Sofi. Nos damos super bem. Sempre deixaram claro que sou bem vinda e me sinto amada estando com eles.

Camila e S/n estão extremamente próximas. A cada dia elas criam e aumentam o laço de afeto o tornando forte. Por isso, sempre estamos juntas. Eu e Mila costumamos ir muito na casa de S/n. Já conhecemos sua família e eles são muito legais.

Eu e Normani temos uma amizade bacana. Nos demos bem rápido, então a visita a casa dos Evans é sempre agradável. Mas como sempre, tudo o que é bom, dura pouco.

Tinha acabado de chegar da casa de S/n. Ela e Camila havia me acompanhado até a minha residência. Já era noite e eu estava receosa de entrar.

Elas sabiam sobre o que eu estava passando e me davam total apoio assim como Lauren e Ally.

— Relaxa DJ, está tudo bem. Olha, nem está tão tarde. - S/n diz mostrando o visor do seu celular que pontuava as horas.

— É... tem razão. - Digo um pouco incerta.

— Se algo acontecer, caso ela brigue e te chateie novamente, você me liga que eu peço para papa vir te buscar junto a mim. - Camila diz preocupada.

— Minha mãe não deixaria... - Murmuro olhando para janela que vem a única luz acessa dentro da casa.

— Você precisa conversar com ela Dinah. Expôr para ela o que está sentindo e o quanto ela está te deixando mal. Até quando isso ficará assim? - S/n pergunta injuriada.

— Eu não sei ok? Eu não sei. Tenho medo. Mas tudo vai dar certo. Nem está tarde, eu que devo estar paranóica. - Respondo por fim, suspirando. — Podem ir, se não ficará tarde para vocês voltarem sozinhas e é perigoso.

— Meu bem, perigosa sou eu. Se alguém tentar algo, eu lanço o meu karaté misturado com jiu-jitsu do samurai e parto o desgraçado no meio. - S/n diz imitando o carinha do karaté kids. — Tira casaco, bota casaco. - Imita os movimentos. Eu e Mila morremos de rir. — Babe, eu irei proteger você. - Se vira para Camila com um semblante convencido.

— Ah é mesmo, super heroína? - Fala debochada porém em divertimento.

— Uhum, e ainda quero receber um beijo como recompensa por ter te levado sã e salva para casa. - Camila arquea as sobrancelhas. — Se bem que você poderia me dar agora... Pagamento adiantado se é que me entende. - Assim que termina, rouba um selinho de Camila que se assusta me fazendo rir.

Ela bate em S/n que zomba da mesma.

— Ok ok casal, minha diabetes vai piorar ao ter que suporta tanto doce assim. - Reclamo e elas riem. S/n abraça a mesma pela cintura e Camila entrelaça seus dedos.

Elas são fofas juntas. Confesso

— Boa noite Chee, te amo muito. - China caminha para perto e me dá um abraço apertado. — Qualquer coisa me liga ok? Por favor.

— Tá bom. Pode deixar. - Me solta e logo S/a me envolve com seus braços em um abraço quentinho.

— Fique bem. Estamos aqui caso precise. - Diz se afastando.

Lanço um sorriso agradecido para elas e me despeço.

Caminho para a porta e abro cautelosamente. Está tudo bem escuro, resolveram dormir cedo hoje. Com certeza alguma treta rolou.

Ando lentamente para o meu quarto, que divido com meus dois irmãos mais novos, na intenção de não fazer barulho. Passo pela sala e olho para a claridade que vinha de lá. Vejo minha mãe sentada na poltrona tragando seu cigarro.

— Aonde estava esse tempo todo? - Pergunta com uma voz calma, rouca e assustadora.

Engoli em seco e pisquei diversas vezes sentindo meu estômago embrulhar. Mesmo não tendo feito nada de errado, sinto-me uma criminosa sob seu olhar.

— Estava com minhas amigas. - Respondo com a voz trémula.

— Humm... Amigas novas? - Questiona com o cenho franzido.

— N-não, as meninas, as quais eu sempre andei.

— E quem era aquela em frente ao gramado? Se não era sua amiga... O que era? - Diz como se estivesse me confrontando. E está.

— Você quis dizer de S/n, ela é da mesma classe que eu e as meninas. Nos tornamos amigas. Esqueci de te apresentar. Apenas isso.

— Ok. Você tem quantos anos mesmo Dinah? - Pergunta franzindo o cenho em uma falsa confusão.

— 17. Por que? - Acho tudo muito estranho.

— Acha que esse é o horário que você deve chegar em casa? Está esquecendo que você é uma criança que ainda nem tirou as fraldas garota? - Esbraveja. — Passa o dia todo fora, fazendo não sei o que, para chegar agora em casa na maior cara de pau. Ainda por cima não pediu permissão para sair. Você só tem 17 anos. Menor de idade. Ou já está se achando a adulta? Dona do próprio nariz?

Meus olhos ficam úmidos e prendo o choro.

— Eu só fui dar uma volta. Não tinha nada para fazer aqui e eu aproveitei para fica-

— Não tinha nada pra fazer? Sério? A casa aí pra você arrumar, seus irmãos pra você cuidar. Você tem que é arrumar um emprego. Não tem nada pra fazer é? Isso vai mudar. Vou te arrumar um serviço. Já está mais que na hora. Só me traz prejuízo. Agora irá trabalhar pra me ajudar.

— Eu já sou grandinha mãe. Sei o que faço e não é nada de errado. A casa já estava arrumada porque eu arrumei de manhã e a senhora estava aqui para ficar com as crianças. Não tinha problema algum em sair. Eu também tenho 17 anos, não sou mais nenhuma criança e não está tão tarde assim. - Tento me defender.

— Não venha querer dar uma de independente. Minha casa, minhas regras. Enquanto morar de baixo do meu teto, é a mim que você vai obedecer. Não quero resposta na ponta da língua, não quero mal-criações e muito menos você infurnada na casa dos outros. Você tem sua casa.

— O que adianta ter minha casa se eu me sinto uma estranha dentro dela? O que adianta me manter aqui a disposição de viver num inferno? - Grito com amargura entre choros e soluços. — Pelo menos na casa dos "outros" como você diz, eles me dão atenção, me entendem e me tratam como alguém decente! Aqui eu me sinto um nada. - Desabafo levada por todo sentimento de rancor e tristeza em mim. As lágrimas descem sem cessar e os soluços se tornam fortes.

— Eu dou meu sangue por você e seus irmãos e você vem me dizer isso? sua ingrata! Eu coloco o pão de cada dia na mesa não te deixando faltar nada e você cospe no prato que come? Já que eles são tão bons pra você, por que não vai morar com eles? Já que lá você se sente bem. Aposto que eles não te aturaram por dois dias. Eu te aturo porque sou sua mãe. E eles? Que não são nada seus. Te largariam na primeira oportunidade. - Cospe ríspida e eu engoli todo o choro a força.

— Tenho certeza que não Milika. Família não dá as costas a família. E eles são a minha família. - Enxugo as lágrimas e me viro indo correndo para o meu quarto.

Camila Cabello Point of View

— Eu fico triste sabe? Pelas coisas que ela passa ali. Deve ser tão ruim ter uma relação desse tipo com os pais. Eu não me vejo assim. Não sei o que faria se ouvisse metade das coisas que ela ouve da mãe. Acho que não aguentaria. - Falo caminhando ao lado de S/n.

— É realmente difícil. Ainda mais nessa fase onde precisamos de um apoio emocional. Porque convenhamos, nossa idade e as coisas que passamos nessa fase, é barra. Muita pressão. Tem o colégio que temos que ser esforçados para conseguir avançar. Provas e toda pressão psicológica de se torna alguém, se formar e etc. As paranóias e insegurança, toda crise de ansiedade. É realmente muita coisa. - Ela diz e suspira cansada. — Hailee também está com problemas em casa. Eu já não sei mais o que fazer para ajudá-la. A última conversa que tivemos sobre acabei dizendo algumas coisas que estavam entaladas na garganta. Não vejo ela tem dois dias. Nenhuma mensagem e ainda não me ligou. Estou preocupada. - Desabafa com uma expressão cansada.

— Ela precisa de um tempo, baby. Talvez esteja ainda digerindo tudo. Não se preocupe, ela irá te procurar. - Respondo reconfortando a garota que está pensativa. — É muito complicado a situação porque estamos de fora tentando salvar nossas amigas e protegê-las mesmo sabendo que não podemos mudar a situação. Eu digo pela Dinah, então sei o que está passando. Mas temos que nos manter firmes ao lado delas dando-lhes o apoio que elas não têm em casa. Eu sei que não é muito, e sei também que não irá suprir a falta que faz a compreensão dos pais mas já é alguma coisa. Vai dar tudo certo. - Ela abaixa o olhar para me encarar e sorri. Seus olhos estão iluminados como a lua acima de nós. Sinto novamente borboletas no estômago. Pego em sua mão entrelaçando nossos dedos e seguimos para minha casa.

Fomos o caminho tentando nos distrair da áurea melancólica.

— Está entregue senhorita. - Diz parando em frente ao quintal. Sorrio entre os dentes e puxo a o cadarço de seu moletom a trazendo para mim.

Envolvo meus braços ao redor do seu pescoço e deposito um beijo calmo e rápido em seus lábios. Só um encostar.

— Babe, seus pais podem aparecer a qualquer momento... - Murmura apreensiva.

Lhe dou outro beijo. Dessa vez mais demorado.

Ela sorri assim que me afasto e me aperta em seus braços. Logo se aproxima e me beija com vontade. Um beijo apaixonante, cuidadoso e cheio de carinho.

Quando separa seus lábios dos meus, encosta nossas testas e olha em meus olhos.

— Eu queria te dizer uma coisa. Está entalado há um bom tempo e eu me sinto pronta pra dizer agora. - Ela diz me encarando fixamente.

Um fodido frio na barriga se instala e fico extremamente ansiosa.

— Eu também gostaria de dizer algo. - Informo engolindo em seco.

— Camila eu... - Inicia e também engole em seco.

— Camina, está tarde, amanhã vocês continuam a conversa. - Ouço a voz de mama e S/n descola nossas testas e arregala levemente os olhos.

— Relaxa. Ela sabe sobre nós. - Tranquilo a mais alta rindo da cara dela.

— Sabe? Como assim? Você não me contou isso. - Diz sussurrando.

— Bom... Contei a ela desde a primeira vez que ficamos. - Dou de ombros. Me viro para a porta ainda abraçada a S/n. — Já estou indo mama, só três minutinhos. - Respondo e ela então entra fechando a porta.

Volto minha atenção para S/n que me olha boquiaberta.

— Ah qual é. É minha mãe! Eu conto tudo para ela. - Me justifico com uma sobrancelha arqueada.

— Hum... Então disse também o que houve no trem fantasma? - Pergunta com um semblante malicioso balançando as sobrancelhas insinuantemente.

— Aí já é demais... - Murmuro e S/n gargalha.

— Bom, por mim não tem problema. Só não quero que algo nos atrapalhe. Ou que ela te proíba de ficar comigo por sei lá, eu ser uma garota? - Me olha hesitante.

— Minha mãe sempre foi muito mente aberta em relação a esses assuntos e também ela sempre soube que eu gostava de garotas por isso não seria nenhuma surpresa se eu aparecesse ficando com uma. Como está acontecendo agora. - Explico. — E mama nunca foi de me proibir de fazer algo ou de atrapalhar. Pode ficar tranquila. Ela só gosta de tudo certo sabe? Com discrição e respeito.

— Entendo... Isso é bom. Fico feliz. - Diz sorrindo.

— Você poderia parar de falar... De fazer perguntas e simplesmente me beijar? - Pergunto com um semblante pensativo. — Agora temos o total de zero minutos, mas vale a pena arriscar. -S/n ri divertida e se aproxima para me beijar. Fecho os olhos e espero o que vem a seguir.

Seus lábios se encaixam perfeitamente nos meus.

É como se eles fossem feitos um para outro.

Um verdadeiro encaixe perfeito.

Sua língua serpentea pela minha boca com calma e leveza.

Suas mãos acariciam minha cintura em um ato de carinho.

— Eu... Estou apaixonada por você. - Sussurro assim que desgrudamos nossos lábios, na esperança de que ela não escute mas desejando ardentemente que ouça claramente o que acabei de dizer.

Ela inspira fundo para logo soltar pelo nariz.

— Desculpa por isso. Não sou uma das melhores pessoas para se apaixonar. - Estreito os olhos deixando um tapinha em seu peito.

— Eu não sei se é recíproco, na verdade eu não me importo no momento. Só sei que se você estiver comigo, assim, eu estarei bem. Você não precisa diz-

— É muito mais que recíproco Camila. É real. - Me interrompe me levando a encara-lá. — Eu sinto coisas por você que... É estranho. - Diz rindo. — E bom. Muito bom. - Sorri docemente. — Eu simplesmente não consigo para de pensar em você. Tudo se tornou um motivo para lembrar de ti e me sinto louca. - Confessa divertida me e dou boas risadas. — Me apaixonei por você sem ao menos perceber, sem me dar conta. E mesmo que por um tempo eu não quis admitir, meu coração sempre clamou por você. Eu não sou boa com palavras nem com declarações... Sempre fui muito fechada e inacessível em relação a sentimentos. Mas eu me sinto segura em lhe mostrar o que guardo aqui dentro. Sobre qualquer coisa entende? Você me ganhou tão rápido e tão repentinamente... Enfim. Eu gosto muito de você. Muito mais que uma amiga. E gosto do que estou sentindo. Não quero que acabe... - Seu olhar se torna tristonho.

— Eu também gosto muito do que sinto por você. De todas as sensações que você me causa e até mesmo dos surtos de paranóia que me dão a noite por você enlouquecer minha mente. - Respondo rindo.

— Vou te contar um segredo. Prometo guardar ele com todas suas forças? - Pergunta olhando intensamente em meus olhos.

— Claro que sim. Pode confiar em mim. -Digo com certeza.

Ela umidece os lábios e suspira. Se aproxima do meu ouvido e me aperta mais em seus braços. Uma coisa que ela ama fazer é me apertar em seus braços e conectar mais nossos corpos.

— Eu sou completamente, fortemente e desesperadamente, apaixonada por você. - Sussurra de uma forma que faz meu coração ficar quentinho. Minha boca seca e meus sentidos, já não faz mais tanto sentido assim.

Ela me puxa para si em um abraço apertado e eu sinto vontade de chorar.

Eu gostaria de dizer muitas coisas. Gostaria de dizer-lhe que tudo o que eu mais quero é ficar ao seu lado. Mas tudo aquilo que eu gostaria de dizer, já estava sendo transmitido através do meu simples abraço.

S/n Evans Point of View

Feliz me deitei e extremamente feliz me levantei.

Fico um tempinho na cama distraída, pensando sobre tudo que aconteceu ontem. As palavras de Camila, o sentimento correspondido...

Todas as minhas inseguranças se esvaíram de mim assim que ela confessou que também sentia o mesmo eu.

Agora tudo parece estar claro. Minhas incertezas se tornaram certezas concretas. Camila vem sido o motivo dos meus mais sinceros sorrisos. Ela tem me motivado mesmo que indiretamente a ser uma pessoa centrada, a ter mais os pés no chão.

Sempre fui muito insegura em questão de proximidade.

No Brasil por exemplo. Não tive amigos porque os que eu confiei minha irmandade, me apunhelaram pelas costas.

Os mesmos que disseram um dia estar comigo em todos os momentos, foram os mesmo que no dia seguinte me humilharam para toda escola. Outros fatores que também ocorreram na minha vida que me fizeram ser a S/n seca e grossa que eu era. Nem mesmo minha família tinha um contato digno comigo.

Eu havia me tornado alguém frio, sem emoções e quaisquer sentimentos. Por anos fiquei nessa anestesia aonde não sentia absolutamente nada.

Minha mãe voltou a investir na aproximação e com muita insistência e conversa, me convenceu a frequentar consultas médicas para trabalhar minha mente como idas ao psicólogo.

Depois dessa fase me tornei um pouco mais receptiva em relação a minha família. Dei liberdade para Normani se aproximar e então, pude sentir que eles sim se importavam comigo.

Não confiava em ninguém além deles.

Nossa mudança de volta aos Estados Unidos foi um medo a qual enfrentei de começo. Por um lado foi bom para mim pois eu iria me afastar daquele monte de merda que me fazia se sentir inferior.

Iria finalmente deixar pra trás o lugar a qual sempre me trouxe lembranças a qual eu não queria recordar. Mas um lugar novo a qual ninguém me conhecia e eu não conhecia ninguém, soava assustador para mim.

E se eu fosse passar por tudo novamente?

E se fosse pior do que era no Brasil?

E se eu fosse rejeitada novamente?

Mesmo com toda a armadura de menina forte e inabalável a qual eu cheguei aqui, me senti amedrontada. Bem lá no fundo, senti. Mas veja só... Conheci Hailee que com certeza foi uma das melhores coisas que me aconteceu pois ela se tornou minha melhor amiga sem ao menos fazer esforço.

Conseguiu me fazer sentir liberdade e me fez ficar confortável apenas em perguntar meu nome. Em nenhum momento me senti desconfiada em confiar-lhe minha amizade e parei para perceber isso agora.

Como eu disse, nunca fui uma garota comunicativa. Sempre fui reprimida e até um tanto tímida. Aqui não. Eu converso com as pessoas. Elas me cumprimentam com sorrisos!

Em certas ocasiões me encontro rodeada de adolescentes que me fazem ser quem eu sou. Sem ao menos me conhecer profundamente. Como no luau que ocorreu há um tempo atrás. Como na festa que demos.

Nunca que o meu eu do passado imaginaria que estaria tão apta a deixar alguém de fora da família se aproximar.

Camila.

Nunca que a S/n de um ano atrás imaginaria que estaria completamente apaixonada por uma menina.

Logo ela, tão fria e indiferente que não acreditava em amor, em salvação.

Quem diria que eu, estaria pensando em querer algo a sério novamente com alguém? E ainda por cima, estar mesmo totalmente entregue a esse alguém.

Ouvi muitas vezes pessoas me dizer que nunca alguém me amaria por ser do jeito que sou.

Que nunca teria amigos por ser uma anormal.

Viveria em um mar de amargura onde não seria capaz de amar e ser amada.

Eles erraram.

Erraram sobre tudo.

Hoje eu vejo isso.

Hoje tenho amigos que se importam de verdade.

Hoje eu tenho uma amiga que é mais do que irmã, que eu daria o meu sangue e sei que ela faria o mesmo por mim.

Hoje, tenho uma garota incrível que mesmo sabendo da minha condição, gosta de mim do jeito que sou.

Uma garota incrível, linda e inteligente.

Quem diria?

Meu passado me condenava.

Hoje, não mais.

[...]

O sinal havia acabado de tocar anunciando o fim das aulas. Guardo meus materias e suspiro triste. Hailee mais uma vez não veio.

Espero pelas meninas encostada na mesa enquanto checo algumas notificações em meu celular.

Sinto braços na minha cintura e desvio o olhar para cabeleira castanha abaixo de mim.

Guardo o celular no bolso e envolvo meus braços ao seu redor.

— Com sono? - Pergunto com a voz um pouco rouca.

Ela apenas assente e eu faço um afago leve em seus cabelos.

— Por que essa voz tristonha? - Pergunta apoiando o queixo no meu ombro, me encarando.

Um suspiro derrotado escapa de meus lábios.

— Hailee... Ainda nada. Faltou mais uma vez, não me deu nenhuma notícia... - Conto preocupada. — Eu realmente queria dar esse tempo a ela mas não estou aguentando. Irei a casa dela ver como está as coisas. - Engulo em seco e abaixo o olhar para fitar seu rostinho lindo.

Camila me olha de um jeito tão fofo que me faz sorrir apaixonadamente. Deposito um selinho demorado em seus lábios e ouço coro dizendo "Owwwn". Nos afastamos sorrindo.

— Ai meu Deus, vocês são tão fofas! Tenho vontade de esmurrar de soco com tanta fofura. - Mandy diz apertando as mãos como se estivesse esmagando algo.

Gargalho.

Havia ainda algumas pessoas na sala. Como Shawn, que me encarava com um leve grande ódio. Ignoro seu olhar e o vejo sair da sala.

As meninas terminam de guardar as coisas e caminhamos de mãos dadas para fora da escola.

Recebemos muitos olhares curiosos e intrigados.

Camila não percebe pois conversa animadamente ao lado de suas amigas e mais algumas outras de turma diferente.

— Babe, eu vou deixar minha bolsa com Molly e já volto para te levar em casa. - Aviso e ela diz que tudo bem. Me dá um beijo rápido e eu caminho até as meninas.

Hoje ficarei até mais tarde na escola porque haverá treino.

— E aí, meninas super poderosas. - Cumprimento sorrindo.

— Ora se não é a senhora Cabello por aqui. - Lisa zomba e reviro os olhos. — Não sabia que estava namorando a Camila.

Essa tinha sido a primeira interação minha e de Camila para outras pessoas além de suas amigas e sua mãe. E claro, Hailee. Foram todos pegos de surpresa.

— Estamos nos conhecendo. - Respondo sem muito alarde.

— Isso está me cheirando a paixão. - Lisa diz risonha.

— Então, eu vou levá-la em casa e queria que alguma de vocês levassem minha bolsa pra academia. Não vou demorar.

— Own, que fofo. - Elas dizem em um coro, rindo.

— Parem com isso. - Respondo um pouco vermelha devido a súbita vergonha.

- Eu não sei muito bem, mas ouvi dizer que a Lovato não está em um dos melhores humores hoje. Acho melhor sermos pontuais e você... - Aponta para mim. — Não vá a lugar algum, porque como sei, não irá só levar ela e sim dar uns beijos. Isso levará tempo. - Lisa implica levantando as sobrancelhas. — Mas é sério, Lovato está soltando fogo pelas narinas. Tenho absoluta certeza que ela vai nos fazer suar mais que o normal hoje.

— Tudo bem, tudo bem. - Me dou por vencida.

— Demi também não está muito satisfeita com o sumiço de Hailee. Ela não deu nenhuma satisfação e não tem vindo aos treinos... Você sabe o que está acontecendo? - Molly pergunta.

— Ela não está muito bem. - Respondo sem saber muito o que falar já que também não sei o que há. — Na verdade, não falo com ela desde a última vez que ela veio ao colégio. Sinceramente. - As meninas se entreolham confusas. - -Bom, eu já volto. - Caminho até as meninas que me esperavam em baixo da árvore de frente para a rua.

— A galera disse que Lovato está uma fera hoje, não vai dar pra te acompanhar. Desculpe por isso. - Digo olhando para Camila.

— Tudo bem, não se preocupe. - Responde compreensiva.

— Assim que acabar o treino você vai lá pra casa. - Lauren diz. — Vamos assistir alguns filmes chatos e fofocar como sempre. - Olha para as unhas observando seu esmalte preto.

— Tá bom, pode deixar. - Volto minha atenção para Camila. — Eu vou nessa. - Me aproximo dela e deixo um beijo em sua bochecha para logo depositar um selinho rápido na sua boca.

— Até depois, meninas. - Aceno e elas respodem um "Até" e me despeço indo para a academia.

Adentro o local vendo a treinadora parada de costa para nós. As meninas ainda estão chegando uma por uma. Vou até o vestuário e troco de roupa.

— É o seguinte: Eu não estou nem um pouco satisfeita. Evans, onde está a fodida da Hailee? - Esbraveja virando para nós.

— Eu não sei treinadora. Ela não responde minhas mensagens e nem ligações. Não a vejo já tem alguns dias. - Respondo apreensiva.

Demi reprime os olhos em um ato irritado.

— Formação. Agora! - Grita com a cara fechada.

Horas depois finalizamos o treino.

Moída.

É a palavra que me resume nesse momento.

Parece que fui colocada em uma máquina para ser totalmente esmagada até virar um tapete estirado. Meu corpo todo dói.

As meninas saíram reclamando pela mesma coisa. Por causa da incompetência de Hailee, pagamos.

— Haiz me paga. - Liz diz andando torta a minha frente com a mão na cintura.

[...]

Caminho para fora do banheiro me sentindo renovada.

Minhas costas ainda doem e meus músculos estão tensos. Mas a sensação de "nova em folha" me revigoriza.

Pego meu celular e paro no meio do cômodo com a toalha enrolada na cintura e de repente alguém entra no meu quarto sem meu consentimento me pegando de surpresa.

Devido ao susto, solto a mãos que segurava a toalha e a mesma vai ao chão revelando minha nudez.

— Opa, você você cresceu. - Mamãe diz me olhando chocada. — Tinha que ter sangue latino mesmo. Seus seios estão maiores também. - Observa me analisando.

Rapidamente pego a toalha do chão e me cubro desesperadamente.

— Por que entrou sem bater na porta? Por acaso não tem mãos e respeito mais? - Grito furiosa.

— Olha lá como fala comigo. Tudo isso porque vi seu armamento? Esqueceu que quem trocou suas fraldas foi eu? Já vi esse negócio mais do que você mesma. - Diz com cara de tédio.

Ando apressadamente para o closet e visto minhas roupas íntimas.

Logo escuto sua voz na porta do mesmo.

— Dá pra você me dá privacidade? Estou querendo me trocar. - Reclamo irritada acabando de colocar a cueca.

Coloco uma blusa leve masculina e um short jeans para logo sair do closet.

— O que a senhora quer? - Pergunto querendo ser educada e respeitosa com a minha doce mãe.

— Preciso de cem dólares. - Diz simples.

— Cem dólares? - Arregalo os olhos.

— Sim oras. Me empresta que depois eu te devolvo.

— E por que você acha que eu tenho cem dólares? - Cruzo os braços franzindo o cenho

— Você sempre foi de juntar dinheiro e essas coisas, agora passa porque eu já sei que você tem. Olha lá, eu sou sua mãe.Te dei a vida. - Me chantageia na maior cara de pau. — Limpei coco seu até os três anos de idade. - Cruza os braços também batendo o pé no chão.

Reviro os olhos.

— Vira. - Se vira.

— O que? - Pergunta em confusão.

— Não quer o dinheiro? Então vira. - Respondo simples e ela vira de costas desconfiada.

Vou rapidamente até minha gaveta aonde fica minhas cuecas e tiro de lá cem pratas com muita dor no coração.

— Aqui. - Estendo a nota em sua direção.

— Eu sei aonde esconde há muito tempo, só  não mexi porque não me pertence. Pense se eu fosse uma mãe mal-caráter... Já teria pego sem te pedir. - Diz como se tivesse total razão.

— Ok... Mais alguma coisa? - Digo emburrada.

— Nah, obrigada filhinha. - Sai saltitante com um sorriso enorme.

A que ponto cheguei. Onde minha mãe me pede dinheiro, não ao contrário.

Arrumo meu cabelo e pego meu celular para logo sair do quarto trancando a porta.

— Estou saindo, mais tarde eu volto. Vou na casa de uma colega. - Grito para minha mãe ouvir e saio pela porta de trás pegando minha XMV e seguindo rumo a casa de Lauren.

Não é tão longe daqui. Pedalo calmamente até a casa. Minhas coxas doem demais, esse treino acabou comigo. Só estou indo mesmo porquê quero passar um tempinho com Camila. E as meninas, claro. Conhecer um pouco mais de suas amigas, que se tornaram as minhas.

Todas nos damos super bem.

Depois do ocorrido com Lauren, posso dizer que ela não nos trouxe mais problemas. Nos tornamos boas colegas e isso é mesmo muito bacana.

Deixo minha bicicleta na lateral da casa e caminho para a entrada.

Bato na porta de vidro e logo Lauren aparece para me receber. Adentro a casa e encontro com as meninas na sala de estar.

O ambiente está tudo muito escuro mas consigo vizualiza-las deitadas em cima do carpete cobertas por alguns edredons.

O ar está ligado, deixando a sala geladinha.

Percebi a presença de mais pessoas além das meninas.

— Oi, que saudades... - Camila diz segurando minha mão. Seu tom é baixo para não atrapalhar as demais. — Senta aqui. - Me sento sento ao seu lado. Ela me puxa um pouco fazendo-me deitar sobre seu colo e começa a acaricar meus cabelos em um cafuné gostoso.

Lauren pega o controle e volta o filme para o começo. Parece estar no início mesmo.

Ficamos assistindo em um clima confortável.

A hora passa que eu não vejo, já havíamos assistido três filmes e agora estamos jogando conversa fora.

Lauren apresentou sua irmã e sua prima e eu sabia que tinha mais pessoas a qual eu não conhecia, só não havia visto por causa do escuro que antes estava.

— Então é você que é namorada da Camila? - Taylor pergunta mudando de assunto.

Abro um sorriso fraco vendo Camila ficar vermelha.

— É... Quase isso. Você me conhece? - Pergunto para a garota fofinha a minha frente.

Ela é muito bonita. Genética boa o nome.

— Bom, já sei tudo sobre você. Antes de chegar, o assunto era sobre S/n. S/n pra cá, S/n pra lá. - Diz divertida.

— Taylor! - Camila exclama repreendendo a garota.

— Ah mas é verdade. - Dá de ombros rindo da reação de Camila, essa que já está mais do que vermelha.

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