Entre o céu e o inferno - A g...

By MarcosFaria1

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A mística cidade de Valis tornar-se-à improvável cenário de eventos que influenciarão diretamente no rumo de... More

Prefácio
Capítulo I - Despertar em meio ao coro dos anjos
Capitulo II - O anjo terrestre e o pequeno querubim
Capítulo III - Aquela que sonha com o amanhã
Capítulo IV - A morada do anjo
Capítulo V - Um toque de morte
Capítulo VI - Um lugar entre o céu e o inferno
Capítulo VII - O conhecimento oculto
Capítulo VIII - A Esmeralda do anjo Rafael
Capítulo IX - O culto ao espírito fragmentado
Capítulo X - A melodia do caos
Capítulo XI - A Espada de Miguel
Capítulo XII - O demônio de cabelos vermelhos
Capítulo XIII - A mesma capa para livros diferentes
Capítulo XIV - Uma paixão em meio à guerra
Capítulo XV - Matheus e Daniel no Jardim do Éden
Capítulo XVI - O Assassino de Amirom (Primeira Parte)
Capítulo XVII - A revelação dos sonhos
Capítulo XVIII - Trabalho noturno
Capítulo XIX - As peças no tabuleiro
Capítulo XX - Os guardiões de Amanda
Capítulo XXI - O Demônio vermelho ataca
Capítulo XXII - Os sobreviventes da dor
Capítulo XXIV - O Destino de Daniel
Capítulo XXV - O Confronto
Capítulo XXVI - A luta do anjo contra o demônio
Capítulo XXVII - Matheus enfrenta a morte
Capítulo XXVIII - Revelações que os sonhos não trazem
Capítulo XXIX - O Início
Capítulo XXX - Caso concluído

Capítulo XXIII - O Assassino de Amirom (segunda parte)

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By MarcosFaria1

Ao amanhecer nos pés da montanha, já era o nono dia da jornada de Amirom. Cansado ele seguiu caminho pelas planícies floridas sentindo-se bem consigo mesmo. Havia retirado da terra dois seres profanos deixando em seu lugar dois homens para reconstruir suas vidas. Contudo, Amirom desconhecia que alguém o acompanhava espreitando sua fraqueza física e mental. O "pai da mentira" apareceu diante dele com forma andrógina, extremamente bela entre as flores. Seu corpo era coberto parcialmente por um tecido mais branco e puro que as nuvens do céu. Longos cabelos loiros brilhavam como a própria luz. Seus olhos eram flamejantes como um sol negro de um eclipse e de seus lábios sensuais ao som de uma harpa, ele proferia o nome de Amirom de maneira lúdica.

"Amirom... Amirom... Por que fazes isso?"

O velho eremita era sábio, não respondeu. Seguia seu caminho, não ousava discutir com o príncipe dos caídos.

"Silêncio é sua resposta? Ele lhe deu uma jornada dura e nem ao menos uma montaria? Não mudou nada... Triste são os homens que se alimentam de esperança na fé. É como lutar segurando a espada pela lâmina".

"Triste é aquele que não aprende com os próprios erros, vá! Perdeu sua guerra, me deixe seguir meu caminho em paz".

"Mas se eu o fizesse, não seria o maldito, o caído, o pai da mentira... Quantos nomes ele me deu Amirom?"

Lúcifer se deixou levar com o vento. Seus cabelos e manto movimentavam se de maneira hipnótica. Ele colhia belas flores que ficavam ainda mais intensas em suas mãos.

"O que eu perdi Amirom?"

"Suas asas, agora tu estás condenado ao mar de fogo. Sei que não estás aqui, apenas enviou sua voz corruptora até meus ouvidos cansados. Tu és o adversário, seu novo nome é Satã!"

"Asas? Sim, eu me lembro delas. Eu as tinha para ele. Três pares de beleza inefável, mas nunca foram minhas na verdade. Agora sem elas eu ainda vôo saboreando a verdadeira liberdade".

"Mas eu também sou livre!" Exclamou Amirom caindo na armadilha intelectual de seu corruptor.

"Liberdade Amirom, é ter consciência dos atos e ainda sim executá-los. Essa sua jornada, por que fazes isso?"

"Eu escolhi".

"Então está me dizendo que se não fosse sua vontade teria dito "não" a ele?"

Amirom cometeu o erro de conversar com Lúcifer. Deveria ter ficado em silêncio caminhando, mas agora já não havia como retornar, estava enfurecido se sentindo um tolo e antes que pudesse organizar seus pensamentos e recobrar a razão, o "Caído" disse mais coisas. Sua língua era como uma chicotada na alma do velho eremita. Suas palavras ardiam como brasas.

"Claro! Tu dirias "não" a Ele, que varreu a Terra com águas enfurecidas derrubando em segundos o que os homens levaram anos para construir, Diria "não" a ele que matou tantos homens como tu, diria "não" a ele que é onipotente, diria não a ele... Afinal ele é muito compreensível, não é Amirom?" Lúcifer pronunciava indagações sarcásticas por seus lábios sensuais mantendo um olhar perturbadoramente sedutor.

"Ele me deu tudo. por que negaria essa missão?" Amirom defendeu-se com uma pergunta na tentativa de desarmar a ironia de seu adversário corruptor.

"Mas a pergunta não é essa Amirom. Está dizendo que o pai que tem o direito de pedir tudo o que quiser e que o filho deva tudo, mesmo não tendo escolhido o pai? E aquele livre arbítrio que "Ele" lhes deu por direito? São tantas questões Amirom, reflita sobre sua condição e entenda... Ou pensar demais também é proibido por Ele?"

"Cale-se! Afasta-te de mim! Mentiras! Corrupção!"

Amirom ajoelhou-se encolhido no chão na relva, tampando os ouvidos invocando sua fé. Lúcifer então falou e sua voz se fez ouvir na mente de Amirom.

"Vá então pobre coitado, mas não tampe os ouvidos na esperança de não me ouvir, porque eu estou em ti também, eu sou como a voz da razão em sua mente... Digo-lhe mais, que ao fim desse dia, se não abandonar teu caminho, Tu estarás morto sobre uma poça de seu próprio sangue..."

Um vento forte bateu sobre a planície arrancando as flores, e Lúcifer se desfez em pétalas carregadas pelo vento entre borboletas douradas. Amirom estava fraco caído ao chão, por fim, chorou.

Longe dali, uma criança vestida com trapos escondia-se em um bosque. Suas lágrimas eram mais puras que os rios próximos. Ao menor sinal de movimento ela corria e se escondia nas sombras acompanhada apenas por sua tristeza.

"Naamã por que se escondes?"

A criança se assustou com a voz que vinha de algum lugar no bosque, mas sentiu-se confortável com a pronúncia de seu nome e com o olhar infantil perscrutava pelo seu interlocutor.

"Quem está aí? Como sabe meu nome?"

"Eu sei muitas coisas criança, exceto porque se escondes dos homens, eles deveriam louvá-la como um deus..."

Entre os raios do sol que penetravam entre as árvores, um ser iluminado surgiu, com suas vestes brancas como lã da mais pura ovelha. Seus cabelos loiros tinha um brilho tão intenso que a criança forçava os olhos para conseguir admirá-lo. Lúcifer havia chegado ao terceiro Nefilin antes de Amirom.

"Você é um anjo?" Ela perguntou com uma expressão espantada.

"Talvez, quem sabe como você..."

"Mas eu sou um demônio, todos dizem isso".

"O quão tolos eles são, temem tudo o que não conhecem. Mas você é um anjo, me mostre Naamã..."

A criança estava confusa diante do ser belo e iluminado, mas obedeceu lhe. Retirou os mantos sujos que usava ficando completamente nu diante dele que sorriu quando viu que a criança possuía uma asa, apenas à direita.

"Veja que criatura linda". Ele disse enquanto acariciava a asa de Naamã.

"Mas sempre me disseram para esconder, que era feio e pecaminoso". A Criança disse voltando a chorar silenciosamente.

"Feio e pecaminoso? São eles, você é lindo. Não deves esconder o que verdadeiramente se é. Eles queriam ser como você, mas eles não são dignos, por isso a inveja os leva a amaldiçoarem sua existência. Contudo criança, não deve negar sua natureza, não há crime maior que esse, seja o que você é..."

"Entendo..." Ela respondeu com os olhos brilhantes que refletiam a luz daquele ser tão belo e encantador quanto as suas confortáveis palavras. Andou até ele e o abraçou com um sorriso de felicidade.

Amirom cruzava os campos floridos arrastando os passos. A beleza já não era tão encantadora aos seus olhos, em sua mente palavras gritantes, Já não sabia a natureza de sua missão pensava se todos, e não apenas esses bastardos da criação mereciam um julgamento. Pensava até onde a criatura devia servir ao criador. Andou por horas que pareciam dias em sua mente e ao se sentir doente sentou-se em uma arvore caída do bosque a que acabara de chegar.

"Pai, porque permitiste que ele me contaminasse com sua doença. Como posso realizar uma tarefa se a dúvida ameaça a sua causa em minha alma?"

"Estás sozinho e entregue a loucura ancião?" Uma voz veio detrás de uma das árvores cujas flores caiam no chão ao simples toque do vento.

Amirom olhou na direção da voz e viu uma criança que se escondia atrás da árvore deixando apenas o lado esquerdo de seu rosto à mostra.

"Criança, está perdida? Ou apenas brinca nesse bosque?"

"Escondo-me de homens que me querem mal".

"Por que eles querem mal a uma criança indefesa como ti?" Amirom perguntou com certa estranheza diante da situação.

"Dizem que não sou normal, me chamam de aberração". A criança respondeu com um olhar lamentoso.

"Não imagino o porquê. O que os levou a um julgamento severo assim?"

A criança saiu detrás da arvore revelando seu corpo. Estava vestindo um manto branco limpo, mas que revelava a sua única asa para o espanto brotar na face do velho eremita.

"Criança, a providência divina nos fez ter esse encontro. Trago a dádiva dos anjos, com ela poderei livrá-la dessa maldição para que uma nova vida seja construída por vós junto aos seus irmãos mortais". Amirom ergueu o cajado sobre a cabeça da criança.

"Velho ancião, eu agradeço, mas cometeu um engano". A criança disse em um tom tão serio quanto sua expressão, enquanto segurava o cajado travando forças com Amirom.

"O que está fazendo?"

"Eu não vou me juntar a essa raça como um irmão, mas como um rei. Tu como eles... apenas me inveja! Por isso quer retirar minha natureza divina!".A criança gritou e quebrou o cajado no meio.

"Tu é que cometes um engano!". Gritou inutilmente Amirom antes de ter o peito penetrado pela metade do cajado que a criança empunhava.

"Complete minha alma! Mas para ser de natureza não humana!". Ela gritou sobre o corpo de Amirom e a luz verde se fez sobre eles como o clarão de uma explosão que despertou os animais do bosque, que temerosos fugiam descontroladamente.

Quando a luz se desfez, Amirom estava caído sobre uma poça de seu próprio sangue. A criança agora era um adulto. Ainda tinha sua asa de anjo, mas, uma asa esquerda também se movimentava. Era a asa de um demônio. O único demônio sobre a face da Terra...

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