Essa fanfic contém menções a violência e suicídio, pode ou não ser um gatilho e deixar quem lê desconfortável.
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O jovem loiro estava totalmente concentrado nas palavras que seu pai proferia sobre seu treinamento e que ele teria que se dedicar tanto quanto o próprio rei para se tornar um governante melhor, quando chegar a hora. Com a postura ereta e vestindo uma roupa armadurada parecida com a que o pai usava, estavam em uma espécie de arena de combate pequena, onde a rainha Atlanna assistia tudo da janela de seus aposentos. Ela tinha uma insegurança quanto ao tratamento que Orm recebia de seu atual marido e temia que o rapaz apesar de muito semelhante a ela na aparência se tornasse tão frio quanto o rei em relação a superfície. Orm tem um irmão mais velho lá e seu maior medo seria que o mais novo odiasse tanto aquele mundo que repudiaria Arthur com todas as forças, a rainha pedia aos deuses por um motivo grande o suficiente para que o rapaz não sucumbisse totalmente às reflexões de Orvax.
Os pensamentos de Atlanna foram interrompidos em uma fração de segundos pelo tilintar dos tridentes que se chocaram, Orvax o treinava como qualquer outro soldado ou até mesmo pior. Orm conseguia apenas desviar dos ataques que recebia sem tempo algum para uma vantajosa investida.
_Vamos Orm!_ Esbravejou enquanto lançou o tridente contra o filho.
Neste instante o jovem conseguiu uma pequena vantagem desviando do ataque, chutou a mão de seu pai e começou investidas agressivas com movimentos bruscos e incrivelmente elegantes. Ele lutava como Atlanna, isso a mesma fez sorrir lembrando da desconfiança que tinha quanto ao filho vê-la lutar e lá estava a sua confirmação.
Após longas horas o combate havia terminado com um empate, Orm estava melhorando cada vez mais e Orvax sorria minimamente orgulhoso do guerreiro que estava criando. O rei o dispensou, era notável o cansaço no corpo do príncipe que seguiu até seu quarto. Atlanna havia saído dali a poucos minutos antes da luta terminar para receber o filho cansado em seu quarto.
_Você lutou bem hoje meu filho._ A rainha de Atlantis sorriu.
_Estou melhorando ainda, mas obrigado mãe._ O jovem disse.
O sorriso da mãe ficou torto, Orm começou a se cobrar demais desde que começou a ser treinado.
_Não se cobre tanto querido, você tem muitas habilidades. Respeite o seu tempo._ Falou segurando o rosto do príncipe em suas mãos.
Orm deu lhe um sorriso amarelo e assentiu, então sua mãe deu um beijo na testa do filho e o deixou para descansar. Ele merecia mais do que tudo.
[Quebra de Tempo...]
Orm acordou um tanto assustado, sem entender o porquê sendo que ainda sentia cansaço e algumas partes de seu corpo doíam. Mas logo sua dúvida foi sanada ao prestar atenção no ambiente, uma espécie de som reverberava em toda a Atlantis e só ficou mais claro que era uma voz feminina cantando depois que fechou os olhos e se concentrou para entender de onde aquilo vinha.
Contra toda sua vontade a curiosidade foi atiçada na mente do jovem príncipe que se levantou com o mínimo esforço e buscou vestes mais adequedas para sair de seus aposentos. Assim que atravessou a porta de seu quarto e foi seguindo para fora do palácio notou que quase todos estavam dormindo, então conseguiu se esgueirar para fora sem ser questionado ou barrado pelos guardas. Logo quando estava prestes a sair daquela enorme fortaleza ouviu a voz de Vulko:
_Vossa alteza, oque faz acordado tão tarde? Pretende ir à algum lugar?_ Disse calmamente e apesar disso sua postura tinha algo de ameaçador e autoritário.
_Você não ouve Vulko? Essa voz reverberando por todo o mar, eu acordei para investigar oque é que está acontecendo. Há alguma espécie de celebração?_ Diz o príncipe se aproximando do servo real.
Ele se mantém sério por alguns segundos diante de Orm e solta um suspiro.
_Não há nenhuma celebração acontecendo em Atlantis, meu príncipe. Essa canção é ouvida por todos nós desde os primórdios._ Esclarece.
Orm o olha confuso, então Vulko pede que venha com ele até a torre onde arquivos sobre Atlantis são guardados, como se fosse uma grande biblioteca. Onde o homem pega uma meia dúzia de documentos antigos e os distribui em uma mesa.
_Oque é isso?_ Indagou o jovem, se debruçando sobre a mesa.
_As lendas e histórias antigas escritas por nossas ancestrais. Acho que está na hora de lhe ensinar algo com um valor histórico significativo para o povo._
E então Vulko organizou todos os arquivos e imagens em ordem cronológica, começou a ler e explicar sobre oque se tratava aquele fenômeno que todas as noites reverberava por todo o mar. Era uma voz feminina que cantava melancolicamente uma canção antiga sobre os oceanos, na esperança de que Poseidon, o deus dos mares, atendesse suas preces mais genuínas. O jovem não pôde deixar de notar que se aquela canção era ouvida por todos e todas as noites porquê só agora ele ouviu? Então Vulko falou como se tivesse lido seus pensamentos:
_De tempos em tempos essa canção é ouvida em nosso reino, há anos eu deixei de ouvi-la e agora retornou. É a segunda vez que eu vejo o ciclo começar e terminar._
_Como assim um ciclo?_ Questionou o rapaz.
_As lendas dizem que essa voz é de uma alma que irá renascer até que enfim os deuses à ouçam. É sempre uma mulher jovem que canta, na maioria das vezes, melancolicamente. Ela não sabe de sua real natureza e canta para que alguém à tire desse ciclo e lhe apresente uma vida no qual haja sentido, ela jamais ficará em paz até o momento em que Poseidon a traga para nosso mundo e lhe dê um propósito. Contudo, até que nada seja feito ela está destinada a se auto flagelar até a morte e renascer pela eternidade._
_Mas Vulko, se é só trazê-la porquê não o fazem?_ Disse com a voz vacilante.
Orm ouvia atentamente a canção que cada vez mais parecia triste, era como se o loiro conseguisse sentir a dor dela, era um pedido de socorro agonizante de se ouvir.
_Os deuses tem medo dessa garota meu jovem príncipe._ Disse o homem, com a voz vacilante por 2 segundos.
_Oque tem de tão assustador em alguém pedindo ajuda? Isso não faz sentido! Não podemos simplesmente deixá-la sofrer para sempre._ Esbravejou incrédulo, já não aguentava mais escutar tanto sofrimento em uma voz tão bonita.
_Para isso, não há uma explicação correta. Esse é o problema com lendas, tem versões inúmeras e cada uma é totalmente diferente da outra e é um problema maior ainda se a lenda é verdadeira, pois não há como resolver corretamente._
_E oque nós sabemos sobre a resolução disso?_
_Que ela pode ser a filha de Poseidon com uma mulher da superfície molestada, sendo assim um ser extremamente poderoso que poderia destruir os mares atrás de vingança e fazer tudo oque conhecemos entrar em colapso universal. Ou, pode ser também o fruto de um ser atlaniano e um ser da superfície que precisa voltar ao lar para ficar em paz. E essas duas versões ela precisa ser trazida para cá por um deus ou um atlaniano se sangue nobre, é tudo oque diz.
_Há outras versões?_ Indagou ao seu tutor.
_Sim, mas todas elas são muito parecidas com as que eu lhe disse Alteza, sempre acaba com uma guerra universal ou a chegada pacífica ao lar. Algumas até mencionam a possibilidade de esse ser se apaixonar instantaneamente por quem o ajudar ou que o canto faça com que o ajudante fique obcecado para sempre._
O príncipe se quer conseguiu dizer alguma coisa ao seu auxiliador, apenas ficou avaliando e refletindo sobre as informações que haviam sido despejadas em cima dele de uma vez. A possibilidade de uma guerra entre um único ser e os seus deuses que levaria a desintegração total deste planeta ou apenas trazer alguém de volta para casa e acabar com essa tristeza agonizante sem fim, dando lhe um novo propósito para viver.
Antes que percebesse Vulko guardou os materiais que usou para o esclarecimento do adolescente e assim que o homem se voltou para ele a canção havia terminado.
_Vamos meu príncipe, precisa descansar. Amanhã o Rei Orvax terá mais um treino árduo para o senhor, além do resto de seus compromissos._
Por um momento Orm Marius olhou através do horizonte do mar direto para a superfície dizendo em pensamento que sentia muito por aquela alma e que também faria preces para que ela consiga em fim por um ponto final em sua tristeza de outra forma que não seja a morte. Segundos depois ele se levantou e foi direto para seus aposentos acompanhado do tutor, que desejou lhe uma boa noite e o deixou para dormir.
💀SrtaCastle💀